segunda-feira, 22 de abril de 2024

SÍMBOLOS DE FÉ. CITAÇÕES. Sem. Presb. do Sul. 2024.

Esse texto contém apenas citações de um livro dedicado ao conteúdo informativo sobre a história e temas teológicos da Igreja Presbiteriana do Brasil. Este resumo de citações é de uso exclusivo para utilização em aulas do SPS, no objetivo de definir contextos e entendimentos importantes acerca da Disciplina Símbolos de Fé de Westminster. "QUEM SOMOS. A Igreja Presbiteriana do Brasil - IPB - é uma federação de igrejas que tem em comum uma história, uma forma de governo, uma teologia, bem como um padrão de culto e de vida comunitária. Historicamente, a IPB pertence à família das igrejas reformadas ao redor do mundo, tendo surgido no Brasil em 1859, como fruto do trabalho missionário da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos. Suas origens mais remotas encontram-se nas reformas protestantes suiça e escocesa, no século 16, lideradas por personagens como Ulrico Zuinglio, João Calvino e João Knox. O nome "igreja presbiteriana" vem da maneira como a igreja é administrada, ou seja, através de "presbíteros" eleitos pelas comunidades locais. (...) Quanto à sua teologia, a Igreja Presbiteriana do Brasil é herdeira do pensamento do reformador João Calvino (1509-1564) e das notáveis formulações confessionais (confissões de fé e catecismos) elaboradas pelos reformados do século 16 e 17. Dentre estas se destacam os documentos produzidos pela Assembléia de Westminster, reunida em Londres na década de 1640. A Confissão de Fé de Westminster, bem como os seus Catecismos Maior e Breve, são adotados oficialmente pela IPB como os seus símbolos de fé ou padrões doutrinários." (p. 9-10, Nascimento e Matos, 2007). "REFORMADOS. O presbiterianismo derivou da Reforma Protestante do século 16. Pouco depois que o protestantismo começou na Alemanha, sob a liderança de Martinho Lutero, surgiu uma segunda manifestação do mesmo no Cantão de Zurique, na Suiça, sob a direção de outro ex-sacerdote, Ulrico Zuinglio (1484-1531). Para distinguir-se da reforma alemã, esse novo movimento ficou conhecido como Segunda Reforma ou Reforma Suiça. O entendimento de que a reforma suiça foi mais profunda em sua ruptura com a igreja medieval e em seu retorno às Escrituras, fez com que recebesse o nome de movimento reformado e seus simpatizantes ficassem conhecidos simplesmente como "reformados". Inicialmente, o movimento reformado esteve mais ligado à pessoa de Zuinglio. Porém, com a morte prematura deste, o movimento veio a associar-se com seu maior teólogo e articulador, o francês João Calvino (1509-1564). (...) Portanto, o movimento reformado é o ramo do protestantismo que surgiu na Suiça, no século 16, tendo como líderes originais Ulrico Zuinglio, em Zurique, e João Calvino, em Genebra. (...) Até hoje, as igrejas ligadas a essa tradição no continente europeu são conhecidas como Igrejas Reformadas (da Suiça, França, Holanda, Hungria, Romênia e outros países). Porém, o termo reformado é mais que a designação de uma tradição teológica ou eclesiástica. É um conceito abrangente que inclui todo um modo de encarar a vida e o mundo a partir de uma série de pressupostos, dentre os quais se destaca a soberania de Deus." (p. 10-11). "CALVINISTAS. O calvinismo, como o nome indica, é o sistema de teologia elaborado pelo mais articulado e profundo dentre os reformadores, João Calvino. Esse sistema, contido especialmente na obra magna de Calvino, a Instituição da Religião Cristã ou Institutas, resulta de uma interpretação cuidadosa e sistemática das Escrituras, e tem como um de seus principais fundamentos a noção da absoluta soberania de Deus como criador, preservador e redentor. (...) Todo calvinista é reformado, mas nem sempre a recíproca é verdadeira." (p. 12). "PRESBITERIANOS. O termo presbiteriano foi adotado pelos reformados nas ilhas britânicas (Escócia, Inglaterra e Irlanda). Isso se deve ao contexto político-religioso em que o protestantismo foi introduzido naquela região, no qual a forma de governo da igreja teve uma importância preponderante. Os reis ingleses e escoceses preferiam o sistema episcopal, ou seja, uma igreja governada por bispos e arcebispos, o que permitia maior controle da igreja pelo Estado. Já o sistema presbiteriano, isto é, o governo da igreja por presbíteros eleitos pela comunidade e reunidos em concílios, significava um governo mais democrático e autônomo em relação aos governantes civis. Das Ilhas Britânicas, o presbiterianismo foi para os Estados Unidos e dali para muitas partes do mundo, inclusive o Brasil." (p. 12). "Em conclusão, ao dizermos que somos reformados, calvinistas e presbiterianos, ficam implícitos outros dois elementos igualmente importantes da nossa identidade (...) somos cristãos e somos evangélicos." (p. 13). "EUROPA CONTINENTAL. Logo após o início da carreira de Calvino, o movimento reformado começou a difundir-se em muitas regiões da Europa, notadamente na França, no vale do Reno (Alemanha e Países Baixos), no leste europeu e nas Ilhas Britânicas. (fatores de difusão: a imprensa divulgando as ideias teológicas de Calvino; o deslocamento de refugiados entre as nações; e a condição de Genebra, local em que "eram treinados (homens e mulheres) nos preceitos da fé reformada e retornavam aos seus países imbuídos das novas ideias.) (...) Em 1559, reuniu-se o primeiro sínodo da Igreja Reformada da França representando centenas de comunidades locais. Pela primeira vez, o presbiterianismo era organizado em âmbito nacional. Esse sínodo aprovou uma importante declaração da fé reformada, a Confissão Galicana. (em razão da proximidade, houve penetração no sul da Alemanha, sendo que "nos Países Baixos, a fé reformada surgiu inicialmente em Antuérpia, em 1555", sendo formadas mais 300 igrejas, que adotaram a "declaração de fé, a Confissão Belga, escrita por Guido de Brés em 1561"). (p. 19-20). "ILHAS BRITÂNICAS... Nessa região é que surgiu o outro nome histórico associado ao movimento: "presbiterianismo". Esse nome tinha ao mesmo tempo conotações teológicas e políticas. (Os reis da Escócia e Inglaterra desejavam uma igreja episcopal com liderança de bispos o que daria maior controle do Estado sobre a religião, enquanto os "reformados da Escócia e Inglaterra (buscavam) uma igreja governada por presbíteros, eleitos pelas congregações e reunidos em concílios, era uma reinvidicação de independência da igreja em relação ao poder público. Tal foi a origem histórica do termo "presbiteriano" ou "igreja presbiteriana".) (p. 20). "O PROTESTANTISMO REFORMADO FOI LEVADO PARA A ESCÓCIA POR GEORGE WISHART, que estudara na Suiça e foi morto na fogueira em 1546. As primeiras igrejas reformadas surgiram no final da década seguinte. Os eventos se precipitaram com o retorno do líder John Knox (1514-1572), que passou alguns anos em Genebra como refugiado, estudou aos pés de Calvino e regressou ao país em 1559. No ano seguinte, o Parlamento aboliu o catolicismo, adotou a fé reformada e criou uma igreja nacional presbiteriana. Sua declaração doutrinária ficou conhecida como Confissão Escocesa. (A Escócia presbiteriana foi governada pela Rainha Católica Maria Stuart entre 1561 e 1567, enquanto que os reis escoceses seguintes buscaram "impor o anglicanismo e perseguiram os presbiterianos - especialmente Carlos II, entre 1660-1685). "Somente em 1689 o presbiterianismo foi estabelecido definitivamente." (p. 20-21). "NA INGLATERRA, surgiram fortes influências reformadas e calvinistas durante o reinado de Eduardo VI (1547-1553). No reinado de Carlos I (1625-1649) ocorreu um evento marcante na história do presbiterianismo. Esse rei precisou convocar a eleição de um parlamento, o que, para sua surpresa, resultou em uma maioria parlamentar puritana. Dissolvido o parlamento, foi feita nova eleição, que tornou a maioria puritana ainda mais expressiva. Esse parlamento puritano convocou a célebre Assembléia de Westminster (1643-1648), que produziu os "padrões presbiterianos" de culto, governo e doutrina. Quando esses documentos foram aprovados pelo parlamento, a Igreja da Inglaterra deixou de ser episcopal e tornou-se presbiteriana. Porém, depois que Carlos II assumiu o trono em 1660, houve a restauração do episcopado e seguiram-se vários anos de repressão contra os presbiterianos. Com o tempo, os padrões de Westminster tornaram-se os principais documentos teológicos adotados pelas igrejas reformadas ao redor do mundo." (p. 21). "ESTADOS UNIDOS. O calvinismo chegou à América do Norte com os puritanos ingleses que se radicaram em Massachusetts no início do século 17. O primeiro grupo fixou-se em Plymouth em 1620 e o segundo fundou as cidades de Salem e Boston em 1629-1630. Nas décadas seguintes, mais de 20 mil puritanos cruzaram o Atlântico em busca de liberdade religiosa e novas oportunidades. Todavia, esses calvinistas optaram pela forma de governo congregacional, e não pelo sistema presbiteriano. A Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos foi criada pelos escoceses-irlandeses que emigraram em grande número para a América do Norte no século 18, e pelos seus descendentes. O primeiro presbitério surgiu em 1706 e o primeiro sínodo em 1717, ambos em Filadélfia, na Pensilvânia. Finalmente, em 1789 foi organizada a Assembléia Geral da nova denominação. Os presbiterianos foram um dos grupos mais destacados na luta pela independência da nova nação... Outros grupos reformados que se estabeleceram nos Estados Unidos foram holandeses, alemães e franceses. (A guerra civil trouxe divisão para a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, surgindo a igreja do norte, PCUSA e a igreja do sul, PCUS. "Os missionários pioneiros dessas duas igrejas chegaram ao Brasil respectivamente em 1859 (Ashbel G. Simonton) e em 1869 (Edward Lane e George Nash Morton)." (p. 21-22). "NOSSOS SÍMBOLOS DE FÉ (...) A Confissão foi aprovada pelo Parlamento somente em 1648, com o seguinte título: "Artigos da religião cristã, aprovados e sancionados por ambas as casas do Parlamento, segundo o conselho da Assembléia de teológos ora reunida em Westminster por autoridade do Parlamento". (...) Como declaração da doutrina reformada e como afirmação do calvinismo do século 17, a Confissão de Fé é um documento extremamente moderado e judicioso. O autor William Beveridge concluiu: "Devemos agradecer a Deus por essa declaração sábia, completa e equilibrada de nossa fé, que chegou até nós como uma preciosa herança da Assembléia de Westminster." Com o auxílio dos escoceses, as forças parlamentares lideradas por Oliver Cromwell esmagaram o rei Charles e seus exércitos. Cromwell e o exército inglês eram partidários do congregacionalismo; assim sendo, os presbiterianos foram expulsos do Parlamento em 1648. O rei foi decapitado na Torre de Londres em janeiro de 1649, sendo então criada a Comunidade (Commonwealth), tendo Cromwell como Lorde Protetor da Inglaterra e da Escócia. Cromwell morreu em 1658 e dois anos depois foi restaurada a monarquia, com Carlos II no trono dos dois países. O episcopado foi restaurado, sendo aprovadas rígidas leis que impunham submissão ao governo e ao culto da Igreja da Inglaterra. Cerca de dois mil ministros presbiterianos foram expulsos de suas igrejas e residências. Seguiu-se um longo período de intolerância e cerceamento. Somente no século 19 foi organizada a Igreja Presbiteriana da Inglaterra (1876). Na Escócia, os Padrões de Westminster foram prontamente adotados pela Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana, substituindo os antigos documentos que vinham desde a época de John Knox. Isso é notável se lembrarmos que a Assembléia de Westminster era composta de 121 ministros puritanos ingleses e apenas quatro ministros escoceses. Os presbiterianos escoceses agiram assim por causa dos méritos intrínsecos dos Padrões de Westminster e em especial devido ao seu desejo de promover a unidade entre os presbiterianos das Ilhas Britânicas. Através da imigração e do esforço missionário dos presbiterianos escoceses, esses padrões foram levados para a Irlanda do Norte, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Brasil e muitos outros países ao redor do mundo." (p. 74). "RELEVÂNCIA ATUAL. A Confissão de Fé de Westminster é considerada uma das melhores e mais equilibradas exposições da fé reformada. Suas definições doutrinárias foram cuidadosamente elaboradas por alguns dos homens mais cultos e piedosos do século 17... Temos de reconhecer que a maior parte das suas formulações continuam plenamente válidas para os dias atuais. Embora seja um documento muito importante e valioso para os reformados, ela não está no mesmo nível das Escrituras, ficando subordinada à mesma. Que essas considerações estimulem os leitores a conhecer melhor esse documento histórico que é parte essencial da nossa identidade presbiteriana." (p. 73-74). NASCIMENTO, Adão Carlos, e MATOS, Alderi Souza de. O que todo presbiteriano inteligente deve saber. Santa Bárbara do Oeste, SP : SOCEP Editora, 2007. Autor. Ivan S R Jr é professor do Seminário Presbiteriano do Sul, extensão Curitiba, e ministro da IPB, atuando na gestão de ações sociais de igrejas. RESENHA TEMÁTICA. "A Igreja Presbiteriana do Brasil - IPB - é uma federação de igrejas que tem em comum uma história, uma forma de governo, uma teologia, bem como um padrão de culto e de vida comunitária. Historicamente, a IPB pertence à família das igrejas reformadas ao redor do mundo, tendo surgido no Brasil em 1859, como fruto do trabalho missionário da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos. (...) O presbiterianismo derivou da Reforma Protestante do século 16. Pouco depois que o protestantismo começou na Alemanha, sob a liderança de Martinho Lutero, surgiu uma segunda manifestação do mesmo no Cantão de Zurique, na Suiça, sob a direção de outro ex-sacerdote, Ulrico Zuinglio (1484-1531). Para distinguir-se da reforma alemã, esse novo movimento ficou conhecido como Segunda Reforma ou Reforma Suiça. O entendimento de que a reforma suiça foi mais profunda em sua ruptura com a igreja medieval e em seu retorno às Escrituras, fez com que recebesse o nome de movimento reformado e seus simpatizantes ficassem conhecidos simplesmente como "reformados". (...) O calvinismo... é o sistema de teologia elaborado (por)... João Calvino. Esse sistema... resulta de uma interpretação cuidadosa e sistemática das Escrituras, e tem como um de seus principais fundamentos a noção da absoluta soberania de Deus como criador, preservador e redentor. (...) O termo presbiteriano foi adotado pelos reformados nas ilhas britânicas (Escócia, Inglaterra e Irlanda). Isso se deve ao contexto político-religioso em que o protestantismo foi introduzido naquela região, no qual a forma de governo da igreja teve uma importância preponderante. (...) Logo após o início da carreira de Calvino, o movimento reformado começou a difundir-se em muitas regiões da Europa, notadamente na França, no vale do Reno (Alemanha e Países Baixos), no leste europeu e nas Ilhas Britânicas. (fatores de difusão: a imprensa divulgando as ideias teológicas de Calvino; o deslocamento de refugiados entre as nações; e a condição de Genebra, local em que "eram treinados (homens e mulheres) nos preceitos da fé reformada e retornavam aos seus países imbuídos das novas ideias.) (...) As primeiras igrejas reformadas surgiram no final da década seguinte (década de 1550, na Escócia). Os eventos se precipitaram com o retorno do líder John Knox (1514-1572), que passou alguns anos em Genebra como refugiado, estudou aos pés de Calvino e regressou ao país em 1559. No ano seguinte, o Parlamento aboliu o catolicismo, adotou a fé reformada e criou uma igreja nacional presbiteriana. Sua declaração doutrinária ficou conhecida como Confissão Escocesa. (...) Na Inglaterra, surgiram fortes influências reformadas e calvinistas durante o reinado de Eduardo VI (1547-1553). No reinado de Carlos I (1625-1649) ocorreu um evento marcante na história do presbiterianismo. Esse rei precisou convocar a eleição de um parlamento, o que, para sua surpresa, resultou em uma maioria parlamentar puritana. Dissolvido o parlamento, foi feita nova eleição, que tornou a maioria puritana ainda mais expressiva. Esse parlamento puritano convocou a célebre Assembléia de Westminster (1643-1648), que produziu os "padrões presbiterianos" de culto, governo e doutrina. Quando esses documentos foram aprovados pelo parlamento, a Igreja da Inglaterra deixou de ser episcopal e tornou-se presbiteriana. Porém, depois que Carlos II assumiu o trono em 1660, houve a restauração do episcopado e seguiram-se vários anos de repressão contra os presbiterianos. Com o tempo, os padrões de Westminster tornaram-se os principais documentos teológicos adotados pelas igrejas reformadas ao redor do mundo." (...) O calvinismo chegou à América do Norte com os puritanos ingleses que se radicaram em Massachusetts no início do século 17. O primeiro grupo fixou-se em Plymouth em 1620 e o segundo fundou as cidades de Salem e Boston em 1629-1630. Nas décadas seguintes, mais de 20 mil puritanos cruzaram o Atlântico em busca de liberdade religiosa e novas oportunidades. (...) A Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos foi criada pelos escoceses-irlandeses que emigraram em grande número para a América do Norte no século 18, e pelos seus descendentes. O primeiro presbitério surgiu em 1706 e o primeiro sínodo em 1717, ambos em Filadélfia, na Pensilvânia. Finalmente, em 1789 foi organizada a Assembléia Geral da nova denominação. Os presbiterianos foram um dos grupos mais destacados na luta pela independência da nova nação... Outros grupos reformados que se estabeleceram nos Estados Unidos foram holandeses, alemães e franceses. (A guerra civil trouxe divisão para a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, surgindo a igreja do norte, PCUSA e a igreja do sul, PCUS. "Os missionários pioneiros dessas duas igrejas chegaram ao Brasil respectivamente em 1859 (Ashbel G. Simonton) e em 1869 (Edward Lane e George Nash Morton)." (...) A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER foi aprovada pelo Parlamento somente em 1648, com o seguinte título: "Artigos da religião cristã, aprovados e sancionados por ambas as casas do Parlamento, segundo o conselho da Assembléia de teológos ora reunida em Westminster por autoridade do Parlamento". (...) Como declaração da doutrina reformada e como afirmação do calvinismo do século 17, a Confissão de Fé é um documento extremamente moderado e judicioso. O autor William Beveridge concluiu: "Devemos agradecer a Deus por essa declaração sábia, completa e equilibrada de nossa fé, que chegou até nós como uma preciosa herança da Assembléia de Westminster." Com o auxílio dos escoceses, as forças parlamentares lideradas por Oliver Cromwell esmagaram o rei Charles e seus exércitos. Cromwell e o exército inglês eram partidários do congregacionalismo; assim sendo, os presbiterianos foram expulsos do Parlamento em 1648. (...) Na Escócia, os Padrões de Westminster foram prontamente adotados pela Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana, substituindo os antigos documentos que vinham desde a época de John Knox. Isso é notável se lembrarmos que a Assembléia de Westminster era composta de 121 ministros puritanos ingleses e apenas quatro ministros escoceses. Os presbiterianos escoceses agiram assim por causa dos méritos intrínsecos dos Padrões de Westminster e em especial devido ao seu desejo de promover a unidade entre os presbiterianos das Ilhas Britânicas. Através da imigração e do esforço missionário dos presbiterianos escoceses, esses padrões foram levados para a Irlanda do Norte, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Brasil e muitos outros países ao redor do mundo." (...) A Confissão de Fé de Westminster é considerada uma das melhores e mais equilibradas exposições da fé reformada. Suas definições doutrinárias foram cuidadosamente elaboradas por alguns dos homens mais cultos e piedosos do século 17... ela não está no mesmo nível das Escrituras, ficando subordinada à mesma. Que essas considerações estimulem os leitores a conhecer melhor esse documento histórico que é parte essencial da nossa identidade presbiteriana." FIM.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Meditação. EM ESPÍRITO E EM VERDADE.

Para Adorar a Deus em espírito e em verdade, o cidadão precisa comparecer com toda a sua personalidade e cheio de sinceridade na presença de Deus Pai. Isto porque o Reino dos Céus é uma manifestação da Graça e Poder de Deus no planeta Terra que inicia no espírito do ser humano, até avançar pelo nosso corpo e assim tomar conta dos ambientes em que vivemos. Portanto, nós precisamos entregar para Deus o nosso pensar e o sentir nas orações, para que o Reino dos Céus ocupe espaço nos lares e negócios através de nossas atitudes benditas até que a família e sociedade sejam abençoadas. Tá entendendo? É isso! O Reino dos Céus já está no meio de nós aqui no mundo físico em que vivemos, e agora é preciso abraçar a Pessoa do Espírito de Deus direto lá em nossos corações. Isto ocorre quando nascemos da água e do espírito - através de um arrependimento inicial muito simples na consciência da personalidade: é preciso crer e declarar que Jesus é o Messias de Deus Todo Poderoso, já que não há outro a quem se deve amar e temer para ser capaz de estar na Presença de Deus Pai. ORAÇÃO. "É assim que eu quero que vocês façam: encontrem um local tranquilo e isolado, de modo que não sejam tentados a interpretar diante de Deus. Apenas fiquem lá, tão simples e honestamente quanto conseguirem. Desse modo, o centro da atenção será Deus, não vocês, e vocês começarão a perceber sua graça (...) Na oração, há uma conexão entre o que Deus faz e o que você faz. Por exemplo, você não pode obter perdão de Deus se não perdoa os outros. Se recusar a fazer sua parte, você estará separado de Deus." (Evangelho de Mateus, cap. 6, versos 6 - 15, Bíblia A Mensagem). Autor. Ivan S Rüppell Jr é professor e advogado, capelão da Repas e ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil, atuando na gestão de parcerias de ações sociais de igrejas.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Meditação. COMO POSSO ENXERGAR O REINO DOS CÉUS?

É preciso nascer de novo para enxergar o Reino dos Céus aqui no planeta Terra, como bem explicou Jesus. O ser humano precisa nascer da água e do espírito, ao invés de ter que voltar ao ventre de sua mãe, como pensou sem pensar, o bom fariseu Nicodemos no evangelho de João, cap. três. Ora, nascer da água e do espírito são palavras que representam as atividades religiosas transcendentes que a humanidade precisa vivenciar como pessoas fiéis diante de Deus Pai, ou seja, gente que pratica a religião cristã de verdade. No caso, tem que se arrepender e se converter! Isto é assim porque o Reino dos Céus é uma dimensão divina celestial tomando forma e ocupando espaço no planeta Terra através da vida, corpo e mente dos seres humanos. Tá entendendo? Então, vai ser necessário ocorrer um movimento religioso - de religação entre o Deus dos céus junto aos humanos aqui da terra. Neste sentido, vemos no capítulo quatro de João, o modo como a mulher samaritana pensou direito pra conversar sobre o tema fundamental para ser capaz de enxergar o Reino dos Céus. Dá uma olhada: "A mulher então lhe disse: - Agora eu sei que o senhor é um profeta! Nossos pais adoravam neste monte, mas vocês dizem que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Jesus respondeu: - Mulher, acredite no que digo: vem a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém vocês adorarão o Pai... Mas vem a hora - e já chegou - em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. Porque são esses que o Pai procura para seus adoradores. Deus é Espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e verdade." (João, cap. 4. 19-24). É isso! Para enxergar o Reino dos Céus é preciso prestar toda atenção na Pessoa de Deus, levando junto o ardente desejo do coração de se relacionar de forma espiritual e sincera junto da Trindade. ORAÇÃO. "Abençoados são vocês, que nada mais têm para oferecer. Quando vocês saem de cena, há mais de Deus e do seu governo. Abençoados são vocês, que sofrem por terem perdido o que mais amavam. Só assim, poderão ser abraçados por aquele que é o amor supremo. Abençoados são vocês, que se contentam com o que são - nem mais, nem menos. Assim, vocês se verão como orgulhosos donos de tudo que não pode ser comprado. Abençoados são vocês, que sentem fome de Deus. Ele é comida e bebida - é alimento incomparável." (Evangelho de Mateus, cap. 5. 3-6, Bíblia A Mensagem). Boa semana! Autor. Ivan S Rüppell JR é professor, advogado e ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil, atuando na gestão de ações sociais cristãs.

sábado, 6 de abril de 2024

Meditação. ONDE ESTÁ O REINO DOS CÉUS?

O Reino dos Céus está no meio de nós! Jesus de Nazaré explica que os seres humanos são capazes de participar do Reino dos Céus vivendo as suas vidas aqui na Terra mesmo, em nosso corpo físico e na dimensão deste mundo, desde agora. Essa mensagem é surpreendente porque estamos acostumados a pensar que uma vida espiritual valiosa e próspera é algo que virá somente no decorrer de um longo período de tempo, ou então só vai acontecer em outra vida ou noutra dimensão. Por isso, fique atento, pois quando Jesus Cristo ensina que o reino celestial já está no meio de nós, também nos convoca e desafia para entrar nele desde agora. Isto significa que a realidade da nossa existência pessoal como seres humanos pode ser transformada e vivenciada de uma maneira absolutamente diferente e inovadora hoje mesmo, tendo Jesus como Mestre e Messias. Tá entendendo? Uma pequena renovação de princípios também vai se tornar uma transformação ética que fará eu e você vivenciarmos os valores do reino de Deus agora mesmo em nossa existência. "Certo dia, os fariseus perguntaram a Jesus: "Quando virá o reino de Deus?" Jesus respondeu: "O reino de Deus não é detectado por sinais visíveis. Não se poderá dizer: "Está aqui!" ou "Está ali!", pois o reino de Deus já está entre vocês". (Evangelho de Lucas, cap. 17, versos 20-21). ORAÇÃO. "Nosso Pai do céu, Revela-nos quem tu és. Dá um jeito neste mundo. Faz o que é melhor - tanto aí em cima quanto aqui em baixo. Conserva-nos vivos com três boas refeições. Preserva-nos perdoados por ti e perdoando os outros. Guarda-nos de nós mesmos e do Diabo. Tu estás no comando! Tu podes fazer tudo o que quiseres! Tua beleza é fascinante! Amém. Amém. Amém." (Evangelho de Mateus, cap. 6, versos 12-13, Bíblia A Mensagem). Boa Semana! Autor. Ivan S R Junior é professor, advogado e ministro da Igreja Presbiteriana, atuando na gestão de parcerias de ações sociais de igrejas.

sexta-feira, 29 de março de 2024

A Espiritualidade do DESTINO, no Cinema. DUNA PARTE 2, 2024.

A ESPIRITUALIDADE DO DESTINO, NO CINEMA. DUNA PARTE 2. O grande cineasta Steven Spielberg descreveu DUNA 2 como uma das ficções cientificas mais brilhantes já realizadas na Sétima Arte. Logo ele que aponta o filme "Lawrence da Arábia" (1962) de David Lean, como um dos maiores clássicos do cinema, sendo inclusive, o predileto de Spielberg. Anoto esse destaque porque considero o filme DUNA 2 o legítimo herdeiro da grandiloquência cinematográfica vista em "Lawrence da Arábia", devido à comum exuberância da fotografia do ambiente de deserto e das batalhas de guerra travadas nestes filmes; e também pela complexa personalidade tanto majestosa como simplíce que marca ambos os protagonistas de Duna e Lawrence. O Diretor de Duna 1 e 2, Denis Villeneuve já tem excelentes histórias de cinema no curriculo para contar, especialmente o maravilhoso filme "A Chegada" e o inspirativo "Blade Runner 2049". Em nossa perspectiva por aqui, vê-se que a temática da Espiritualidade do Destino se relaciona com o desafio existencial premeditado que conduz o enredo da história e também o amadurecimento dramático do protagonista Paul Atreides; sendo este um tema que Jesus igualmente apresenta aos cristãos quando os desafia para a vivência da espiritualidade: "Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome diariamente sua cruz e siga-me." (Evangelho de Lucas, cap. 9, verso 23). Observe que essa convocação dada por Jesus Cristo diretamente no coração dos que creem revela tanto um destino, como também esclarece a importância das escolhas e decisões tomadas no decorrer da jornada espiritual. Nessa perspectiva, sabe-se que o destino da espiritualidade cristã é a própria Pessoa de Jesus de Nazaré, no entanto, tanto Paul Atreides na realização de seu chamado em Duna, como os discípulos de Cristo em sua vocação deverão ambos abraçar as decisões éticas da jornada até alcançar o destino de suas histórias. O desafio é desenvolver valorosa e sensivelmente a vivência dos relacionamentos familiares e sociais, funcionais e de cidadania a partir dos propósitos éticos que se busca tanto ao forjar a personalidade que precisamos nos tornar, como ao promover a sociedade que almejamos estabelecer. Pois um destino manifesto não vêm pronto com o anúncio de sua existência, mas sim, se torna o princípio da efetivação de sua realidade. Até porque não há duas jornadas existenciais pra se viver, mas somente uma, que nasce agora e se consolida no decorrer da eternidade que se experimenta em espírito e verdade desde hoje, como bem apregoa o Cristianismo. Portanto, tanto Paul Atreides em "Duna" como os cristãos no Reino de Jesus em movimento neste mundo são identificados como pessoas com um destino virtuoso já traçado. Mas que será plenamente realizado somente a partir do entendimento consciente da jornada que se deve trilhar, junto das atitudes de renúncia e coragem que deve-se obrigatoriamente assumir. Sabendo que as perdas e dores das escolhas estarão sempre presentes, seja nos sonhos de amor negados e nas tragédias mortais multiplicadas de Duna, seja no aniquilamento da vaidade e no desgaste do corpo do fiel Cristão que decide negar a si mesmo pra amar como Jesus amou. Diante de tais desafios, Jesus promete estar junto dos cristãos "até a consumação dos séculos", sendo que amparado nesta companhia, o Apóstolo Paulo apregoa que ainda não alcançou o alvo, mas prossegue "a fim de conquistar essa perfeição para a qual Cristo Jesus me conquistou". (Filipense 3. 13). Sim, a Espiritualidade Cristã do Destino é uma jornada em que a vivência ética virtuosa dos meios na atualidade nos fará alcançar fielmente os valorosos fins na eternidade, como bem aprendemos nas verdades existenciais dignas do nome. Especificamente acerca da espiritualidade de DUNA, obra literária e filme, destaco a seguir, algumas passagens extraídas de uma análise que você poderá ler em seu conteúdo completo ao final dessa resenha: "Mas os caminhos do destino, em Duna, são traçados pelo passado, e, particularmente, pela memória. Pois é a memória, a memória genética, a memória dinástica, e a sua curadoria, que dirigem as ações dos principais personagens. Quase todos os eventos e ações que se desenvolvem no enredo são o reflexo dos planos milenares das Bene Gesserit, a sororidade religiosa que comanda a vida espiritual da aristocracia intergalática a alguns 10 mil anos. As membras dessa ordem exibem poderes telepáticos quase sobrenaturais, que lhe conferem o poder de controlar minuciosamente os processos químicos intracorporais (...); e, o mais importante, a habilidade – exibida pelas irmãs de posição mais elevada, as Reverendas Mães – de vislumbrar o passado e prever coisas futuras. Todos esses dons, e especialmente o último, derivam do acesso que as acólitas e mestras possuem, em graus mais ou menos elevados, das memórias e da consciência de suas antepassadas mulheres. (...) O segundo filme, que cuida, com significativas alterações, da segunda metade do livro inicial, se inicia com a tentativa de Paul de tentar ser aceito pelo povo nativo do planeta, os Fremen, e sobre sua ambivalência frente ao seu destino, tanto como herdeiro de uma família nobre, quanto como o Messias profetizado pela religião de sua mãe. Esse povo do deserto planetário possui suas próprias tradições religiosas, que foram, todavia, manipuladas por missionárias das Bene Gesserit, que introduziram na mitologia autóctone dos Fremen o conceito de um Messias que viria de outro planeta, o “Lisan al-Ghaib” ou “Mahdi”, a fim de permitir que o Kwisatz Haderach pudesse encontrar aliados dentre os povos guerreiros de Arrakis. Essas profecias são, inicialmente, negadas pelo personagem principal, que busca integrar-se numa comunidade Fremen, a fim de buscar vingança contra os Harkonnen. Ele inicia um relacionamento com uma das guerreiras, Chani, é aceito pelo Fremen, toma o nome de “Maud-Dib Usul” e promove, junto deles, a destruição das facilidades do inimigo. Ainda assim, ele tenta fugir, a todo custo, do destino que sua linhagem e suas crenças traçaram para ele. (...).” (por Ivan Santos Rüppell Netto). Bom filme! Autor. Ivan Santos Rüppell Jr é professor de ciências da religião e ministro da Igreja Presbiteriana, tendo publicado o livro, Resenhas espirituais de Meditações cinematográficas, com quase 40 análises de filmes, (Edit. Dialética, 2020). A ESPIRITUALIDADE DE DUNA. (por Ivan Santos Rüppell Netto): "Mas os caminhos do destino, em Duna, são traçados pelo passado, e, particularmente, pela memória. Pois é a memória, a memória genética, a memória dinástica, e a sua curadoria, que dirigem as ações dos principais personagens. Quase todos os eventos e ações que se desenvolvem no enredo são o reflexo dos planos milenares das Bene Gesserit, a sororidade religiosa que comanda a vida espiritual da aristocracia intergalática a alguns 10 mil anos. As membras dessa ordem exibem poderes telepáticos quase sobrenaturais, que lhe conferem o poder de controlar minuciosamente os processos químicos intracorporais (permitindo-lhes, por exemplo, controlar o sexo dos seus filhos durante a gestação, manipular a temperatura corporal, e transmutar venenos e outras substância nocivas); a capacidade de influenciar as ações de terceiros, atráves de comandos vocalizados em uma frequência sonora específica; e, o mais importante, a habilidade – exibida pelas irmãs de posição mais elevada, as Reverendas Mães – de vislumbrar o passado e prever coisas futuras. Todos esses dons, e especialmente o último, derivam do acesso que as acólitas e mestras possuem, em graus mais ou menos elevados, das memórias e da consciência de suas antepassadas mulheres. E é, de fato, essa manutenção das memórias ancestrais que rege o principal objetivo da Ordem: a geração do “Kwisatz Haderach” (expressão que, em sua língua ficcional, significa “O Encurtamento do Caminho”), um telepata masculino que conseguirá evocar todos os seus ancestrais, tanto masculinos quanto femininos, acessando toda a riqueza da memória humana a fim de conduzir a humanidade pelo “Caminho Dourado”. Para esse fim, as Bene Gesserit manipularam, durante milênios, os genes das famílias aristocráticas que dominam o Império intergalático, a fim de produzir esse grande telepata. O nosso protagonista, Paul Atreides, é o produto desse messianismo eugenista: nascido uma geração antes da calculada chegada do Kwisatz Haderach, ele é criado pela sua mãe, a acólita Jessica, com a convicção de que as Reverendas Mães erraram em seus cálculos, e que ele mesmo poderá ser o tão esperado mensageiro de Deus. Por isso, as Bene Gesserit manipulam os ânimos do Imperador, que acaba por mandar a Casa Atreides para uma missão suicida no planeta Arrakis, onde eles são praticamente todos exterminados pelos seus rivais, a Casa Harkonnen, à exceção de Paul, Jessica, e alguns poucos servos da Casa. É essa tragédia dramatizada no primeiro filme, que adaptou a primeira metade do primeiro volume da série de romances de Frank Herbert. O segundo filme, que cuida, com significativas alterações, da segunda metade do livro inicial, se inicia com a tentativa de Paul de tentar ser aceito pelo povo nativo do planeta, os Fremen, e sobre sua ambivalência frente ao seu destino, tanto como herdeiro de uma família nobre, quanto como o Messias profetizado pela religião de sua mãe. Esse povo do deserto planetário possui suas próprias tradições religiosas, que foram, todavia, manipuladas por missionárias das Bene Gesserit, que introduziram na mitologia autóctone dos Fremen o conceito de um Messias que viria de outro planeta, o “Lisan al-Ghaib” ou “Mahdi”, a fim de permitir que o Kwisatz Haderach pudesse encontrar aliados dentre os povos guerreiros de Arrakis. Essas profecias são, inicialmente, negadas pelo personagem principal, que busca integrar-se numa comunidade Fremen, a fim de buscar vingança contra os Harkonnen. Ele inicia um relacionamento com uma das guerreiras, Chani, é aceito pelo Fremen, toma o nome de “Maud-Dib Usul” e promove, junto deles, a destruição das facilidades do inimigo. Ainda assim, ele tenta fugir, a todo custo, do destino que sua linhagem e suas crenças traçar para ele. Esse conflito interno do protagonista corre em paralelo com o conflito entre diferentes facções do povo Fremen: alguns deles acreditam piamente nas profecias das Bene Gesserit, e aceitam Paul como o Messias já de cara; outros, inclusive a própria Chani, negam a necessidade de um “libertador estrangeiro”, insistindo que “o Mahdi deve ser Fremen”. Essa divisão interna na sociedade Fremen, que não estava presente no romance adaptado, serve diversos propósitos narrativos: como já dito, ela expande a caracterização de Paul Atreides, oferecendo um paralelo às suas próprias dúvidas acerca de seu papel messianico; também expande arco da personagem de Chani, que ganha complexidade maior que aquela vista no texto original; o mais relevante, no entanto, é o adiantamento de uma gama de temas explorados em volumes posteriores, como “Filhos de Duna” e “Imperador Deus de Duna”, que o diretor, Denis Villeneuve, sinalizou que não pretende adaptar. O motto de que “o Mahdi deve ser Fremen” não representa uma rejeição completa da profecia, nem um quase-ateísmo, que pretende abandonar as tradições e a espiritualidade daquele povo. É, antes, uma reinterpretação dessa tradições, que serve tanto para edificar a identidade dos Fremen, quanto para, inadvertidamente, subverter os objetivos das Bene Gesserit. Se o Mahdi é Fremen, os povos do deserto não ficarão vinculados às promessas messiânicas daquela ordem estrangeira; o seu Messias é, ao contrário, aquele que liberta o planeta Arrakis da submissão ao Império Intergalático e aos seus emissários, os Harkonnens. E, de fato, ao longo do filme, o Mahdi quase vira Fremen; Paul inicia sua campanha o Império não como um emissário do espaço sideral, mas como Muad’Dib Usul, como um guerreiro assimilado àquele povo e às suas tradições. A promessa de libertação que ele oferece, espiritual, política e civilizacional, é, para ele, uma fuga das profecias do Kwisatz Haderach; para os Fremen, uma oportunidade para redefinir as suas tradições; para ambos, é uma chance de tomar as rédeas dos próprios destinos. Essa chance é, no entanto, frustrada pelos rumos da Guerra de Libertação, pelo fundamentalismo dos grupos Fremen que se apegam às profecias e, não menos importante, pelos desígnios da mãe de Paul, que, no final, consegue acordar nele os poderes do Kwisatz Haderach e colocá-lo de volta no “Caminho Dourado” das Bene Gesserit. Isso é ilustrado pelo seu discurso posterior aos Fremen, em que ele se identifica não mais como Muad’Dib, mas como “Paul Atreides, Duque de Arrakis”, brandindo, orgulhosamente, o anel que recebeu do seu pai, símbolo da continuidade dinástica da Casa Atreides. A luta não se dirige mais à libertação planetária e à conservação da religião autóctone, mas à guerra santa profetizada pelas Bene Gesserit, de cujos escombros emergirá o Messias. O destino, então, retorna como uma continuação dos objetivos dos ancestrais: os poderes de premonição de Paul se escoram na experiência e nas memórias de seus ancestrais. Seguem, portanto, a linhagem construída pela manipulação genética das Reverendas Mães: uma linhagem de oligarcas, elitista e incestuosa, fruto de um projeto eugenista que ultrapassa os sonhos mais ambiciosos da doutrina racialista do Terceiro Reich – uma comparação que é traçada, implicitamente, nos próprios livros. Sob o comando de seu Mahdi, os Fremen abandonam seus preciosos ideais libertários e igualitários, e assumem o papel de super soldados fanáticos na Guerra Santa (chamada, explicitamente, de “jihad” nos livros) que não servirá senão para o fortalecimento do sistema imperial, agora encabeçado pelo Kwisatz Haderach. O destino é, portanto, a escravização do futuro pelo passado, por meio à submissão do presente aos ditames da memória: as previsões de Paul, pelas quais ele procura traçar não o melhor caminho, mas o menos pior, pautam-se no agregado das experiências dos seus antepassados, e, por isso, refletem os valores e a visão de mundo do passado. É a dominação “das Filhas da Memória, sem as Filhas da Inspiração” , de uma humanidade incapaz de se libertar do seu passado. É essa a visão que triunfa no final do filme: Paul vence o herdeiro dos Harkonnen, Feyd-Rautha, casa-se com a Princesa Imperial Irulan e assume o trono, bem a tempo de iniciar sua Guerra Santa contra as demais famílias nobres do Imperium. O povo Fremen é, agora, reduzido a um novo exército imperial, e o sonho do Mahdi autóctone – de uma Arrakis paradisíaca e livre do controle imperial, e de uma religião extirpada das ambições temporais das Bene Gesserit alienígenas – sobrevive apenas no coração partido de Chani, que, ao contrário do que ocorre no livro, em que ela permanece ao lado do protagonista, deixa o novo Imperador para, na última cena, voltar sozinha ao deserto – a última crente de uma doutrina, que, como certamente veremos em “Messias de Duna”, ainda poderá dar frutos." Autor. Ivan Santos Rüppell Netto é Advogado, pós graduando em Direito Tributário.

quinta-feira, 28 de março de 2024

Meditação Bíblica. A PÁSCOA CELESTIAL.

TEXTO Bíblico. "Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro em forma de rolo escrito por dentro e por fora, e selado com sete selos. Vi, também, um anjo forte, que proclamava com voz forte: "Quem é digno de quebrar os selos e abrir o livro? (...) E eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. Então um dos anciãos me disse: Não chore! Eis que o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para quebrar os sete selos e abrir o livro. Então vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, em pé, um Cordeiro que parecia que tinha sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados por toda a terra." (Livro do Apocalipse, cap. 5, versos 1-6). MEDITAÇÃO. A Páscoa Cristã é a realização divina mais importante da história da Humanidade. A primeira Páscoa ocorreu no Egito há 3500 anos e a Páscoa original aconteceu nos arredores de Jerusalém há quase 2 mil anos atrás. Hoje é dia de meditar na Páscoa celestial, especialmente porque a primeira é sua "sombra" e a Páscoa original em Jerusalém é seu evento fundamental. E ao olhar agora para a Páscoa celestial iremos ter boa noção do que aconteceu realmente na ocasião da Páscoa original em Jerusalém. Somente assim iremos saber melhor quem é Jesus de Nazaré, que pegou o livro da Vida dos seres humanos nas mãos para abrir a eternidade para nós na Páscoa Cristã: "O Cordeiro foi e pegou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono. E, quando ele pegou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos se prostraram diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, e cantavam um cântico novo, dizendo: "Digno és de pegar o livro e de quebrar os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra." (Apocalipse, 5. 7-10). ORAÇÃO. "Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a honra, a glória e o louvor." (...) Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o domínio para todo o sempre." "E os quatro seres viventes respondiam: "Amém!" Também os anciãos se prostraram e adoraram." (Apocalipse, cap. 5. 12-14). Feliz Páscoa! Autor. Ivan S R Junior é professor, advogado e ministro da Igreja Presbiteriana, atuando na gestão de parcerias de ações sociais de igrejas.

sexta-feira, 22 de março de 2024

Meditação Bíblica. A PÁSCOA ORIGINAL!

TEXTOS Bíblicos. "No dia seguinte, João (Batista) estava novamente com dois de seus discípulos. Quando viu Jesus passar, olhou para ele e declarou: "Vejam! É o Cordeiro de Deus!" Ao ouvirem isso, os dois discípulos de João seguiram Jesus." (Evangelho de João, cap. 1. 35-37). "Mas, quando chegou o plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher e sob a lei. Assim o fez para resgatar a nós que estávamos sob a lei, a fim de nos adotar como seus filhos. E, porque nós somos seus filhos, Deus enviou ao nosso coração o Espírito de seu Filho, e por meio dele clamamos: "Aba, Pai". (Gálatas 4.4-6). MEDITAÇÃO. A plenitude do tempo revela o momento em que ocorreu no planeta Terra e todo Universo a Páscoa original, que é algo bem diferente de ser a primeira Páscoa. Afinal, a primeira Páscoa ocorreu no Egito assim que instituida por Deus e ali realizada junto da última das dez pragas. Pois a praga da morte dos primogênitos foi derramada sobre a terra egípcia até alcançar toda a população, sendo que os filhos de Israel foram libertos desta maldição porque seus pais tiveram fé e colocaram sangue de um cordeiro nas laterais das portas de suas casas. E assim a morte passou sobre essas casas não causando desgraças ali, vindo dai o nome Pessach - passar sobre, Páscoa! No entanto, a Páscoa original não ocorreu no Egito, e não ficou limitada naquela região e nem foi feita com o sangue derramado de um bicho cordeiro. Na verdade, a Páscoa original do Universo ocorreu em Jerusalém e alcançou todas as dimensões da existência, quando o Filho do Homem Jesus de Nazaré foi sacrificado para que toda a Humanidade pudesse ser salva da morte espiritual eterna, pois "Deus tanto amou o mundo que entregou seu filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna". (João 3.16). Conforme o destaque do comentarista biblico John Stott sobre a plenitude dos tempos em que a Páscoa aconteceu; no início do primeiro milênio do Cristianismo havia a pax romana que garantia certa ordem e segurança no império, o que iria facilitar o envio de discípulos de Cristo para anunciar a muitas nações o evento da Páscoa Cristã, numa época em que o grego era a língua predominante, sendo algo que ajudaria na propagação da mensagem. Ainda, era um período de grande fome espiritual da humanidade, devido ao cansaço com as divindades romanas e o engano das religiões de mistério e gnosticismo, ao mesmo tempo em que os povos tementes a Deus se achegavam nas sinagogas em busca do conhecimento dado pelos profetas sobre a verdade do monoteísmo oriundo do judaismo. Em meio a tudo isso, o apóstolo Paulo definiu a sua missão de anunciar para todas as pessoas em todos os lugares a mensagem da Páscoa original: "Assim, desde Jerusalém a arredores, até o Ilírico, proclamei plenamente o evangelho de Cristo". (Rm 15.19). Feliz semana de Páscoa! ORAÇÃO. Pai Nosso que está nos céus. Ilumina os nossos corações e renova a nossa Fé Cristã nesta semana de Páscoa. Abençoa nossas mentes e alegra nosso espírito no conhecimento da Páscoa original de todas as eras e lugares, que ocorreu na plenitude dos tempos do Amor de Deus derramado sobre a humanidade, amém! Autor. Ivan S Rüppell JR é professor, advogado e ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil, atuando na gestão de ações sociais de igrejas.