terça-feira, 30 de junho de 2020

A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO CRISTÃO. Bíblia e Política.

Ivan S Rüppell Jr. INTRODUÇÃO. A vontade de Deus para os Cristãos no exercício da cidadania Política está relacionada ao conteúdo teológico do Mandato Social do povo de Deus. O texto bíblico inicial deste mandato está em Gênesis 1.27-28: “Assim, Deus criou os seres humanos à sua própria imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou e disse: Sejam férteis e multipliquem-se. Encham e governem a terra... Dominem sobre os peixes do mar...”. Segundo a Bíblia de Genebra, “os versículos 28-30 mostram Deus abençoando os seres humanos que acabara de criar, conferindo-lhes o poder de governar a criação, como seus representantes e delegados.” (p 10). Para o comentarista bíblico John Stott, “esse “domínio” que Deus concedeu ao homem se refere a uma administração delegada e responsável.” (p 24). Esse autor complementa o pensamento, ao demonstrar a maneira como Deus deseja abençoar a humanidade: “embora a graça especial de Deus traga salvação aos que creem, sua graça comum é estendida a toda a humanidade, fornecendo provisão de vida, saúde e de todas as coisas necessárias à sobrevivência.”(p 36) . A Bíblia de Genebra vai desenvolver este princípio da graça comum, ao expor a razão do governo civil na sociedade: “O governo civil é um meio ordenado por Deus para reger e manter a ordem nas comunidades. Em nosso mundo decaído, essas autoridades são instituições da “graça comum” de Deus (providência bondosa), colocadas como um anteparo contra a anarquia e contra a dissolução da sociedade ordenada.” O principal teólogo da Reforma Protestante e artífice do pensamento reformado, João Calvino, além de tratar da Providência, também desenvolve estes princípios numa perspectiva mais pessoal, ao convocar os cristãos para assumirem sua cidadania existencial no mundo: “saibamos que o Senhor nos ordena sermos fiéis a nosso chamamento em todas as ações de nossa vida... E para que ninguém possa ir além dos limites estabelecidos, tem chamado a tais esferas da vida vocações ou chamamentos (...) O magistrado levará todas as tarefas de sua oficina com maior entusiasmo. O pai de família cumprirá com seus deveres com mais valor e afinco.” (p 76). Portanto, o Mandato Social bíblico trata da responsabilidade e dever que os cristãos tem de assumirem o cuidado necessário sobre a sociedade, para prover uma vida bendita para a humanidade no planeta Terra. SEGUEM ALGUNS TEXTOS BÍBLICOS com princípios e regras para a obediência cristã na área da cidadania política e sociedade, que foram editados em acordo ao tema e segundo o desenvolvimento deste conteúdo. Esses textos não sofreram acréscimos e nem alterações. Foram agrupados num texto corrido no desejo de que a própria bíblia explique a bíblia, em dois grupos de textos. Ao final, você irá encontrar as referências de cada texto bíblico utilizado. GRUPO 1: (1) "Em primeiro lugar, recomendo que sejam feitas petições, orações, intercessões e ações de graças em favor de todos, em favor dos reis e de todos que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida pacífica e tranquila, caracterizada por devoção e dignidade. (2). Mestre... diga-nos: É certo pagar impostos a César ou não?... "Mostrem-me uma moeda de prata. De quem são a imagem e o título nela gravados?" "De César", responderam. "Então deem a César o que pertence a César, e deem a Deus o que pertence a Deus". (3). É por esse motivo também que vocês pagam impostos, pois as autoridades estão a serviço de Deus no trabalho que realizam. Deem a cada um o que lhe é devido: paguem os impostos e tributos àqueles que os recolhem e honrem e respeitem as autoridades. (4). Pois toda autoridade vem de Deus... Portanto, quem se rebela contra a autoridade se rebela contra o Deus que a instituiu... As autoridades são servos de Deus para o seu bem... Pois elas tem o poder de puni-lo, pois estão a serviço de Deus para castigar os que praticam o mal. Portanto, sujeitem-se a elas, não apenas para evitar a punição, mas também para manter a consciência limpa.”. COMENTÁRIOS DA BÍBLIA DE GENEBRA: Seguem os comentários (interpretações) dadas a esses textos bíblicos, segundo o entendimento reformado protestante evangélico. (1): “Conforme é possível observar através da expressão seguinte (“em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade”), (isto se refere a) “todos os tipos de pessoas”, seja qual for a sua posição na vida.” (2): “Jesus não pôde ser acusado de deslealdade nem aos judeus nem aos romanos. Ele tornou claro que há deveres próprios para com Deus, mas também deveres para com o estado.” (3): “Paulo estava familiarizado com a declaração de Jesus e, aqui, indica como essa declaração é empregada. Visto que a tarefa do governo é divinamente ordenada e requer apoio financeiro, o crente pode pagar imposto com um motivo distintivo e com grande compreensão, como um elemento de sua devoção a Deus.” (4): “Os crentes tem uma base racional para se submeterem, de modo apropriado, às autoridades governamentais: o reconhecimento de que o próprio Deus é a fonte do governo na sociedade humana.” Nota teológica da Bíblia de Genebra; “Os Cristãos e o Governo Civil”: “A autoridade do estado visa ao benefício da sociedade; essa é sua função normal... O que um indivíduo não pode fazer por motivo de vingança, o estado pode fazer de modo legítimo, na busca pela justiça.”. TEXTOS BÍBLICOS, GRUPO 2: (5) “Pois toda a lei pode ser resumida neste único mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo.” (6). Quem ama seu próximo cumpre os requisitos da lei de Deus. Pois os mandamentos dizem: “Não cometa adultério. Não mate. Não roube. Não cobice”. Esses e outros mandamentos semelhantes se resumem num só: “Ame o seu próximo como a si mesmo.” O amor não faz mal ao próximo, portanto o amor cumpre todas as exigências da lei de Deus. (7). “Sujeitem-se uns aos outros por temor a Cristo. Esposas, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor... Maridos, ame cada um a sua esposa, como Cristo amou a igreja... Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, porque isso é o certo a fazer... Pais, não tratem seus filhos de modo a irritá-los; antes, eduquem-nos com a disciplina e a instrução que vêm do Senhor. Escravos, obedeçam a seus senhores terrenos, com respeito e temor... Senhores, assim também tratem seus escravos. Não os ameacem; lembrem-se de que vocês e eles têm o mesmo Senhor no céu.”. COMENTÁRIOS DA BÍBLIA DE GENEBRA: (5) “A carta de Paulo aos Gálatas não anula a lei. Cristo cumpriu a lei; não a aboliu (Mt 5.17); os mandamentos morais da lei permanecem como declarações da vontade de Deus para a conduta cristã.” (6) “Antes, que ele (o crente) se preocupe com o próximo, como alguém que foi criado segundo a imagem de Deus. Essa é a atitude que devemos demonstrar para com os nossos semelhantes.” (7) “Independentemente da classe social a que pertencem, todos os cristãos devem moldar sua conduta na sociedade pela humildade e bondade de Cristo. Essa submissão “uns aos outros” é a base para os modelos de autoridade nos diferentes relacionamentos examinados (5.22-6.9). Tal liderança não é absoluta, mas dá ao marido a iniciativa no casamento, à qual a mulher responde. Os preceitos mais importantes da Lei são revelações do caráter de Deus e formam os princípios éticos permanentes. Um deles é que os filhos precisam honrar os seus pais. A família é a mais antiga e a mais básica das instituições humanas. A Bíblia descreve uma clara estrutura da autoridade dentro da família, pela qual o marido conduz a esposa e os pais conduzem os filhos. Porém, como toda liderança deve ser exercida como uma forma de ministério, ao invés de uma tirania, assim esses papéis de liderança doméstica devem ser cumpridos em amor.” (Ef 5.22 – 6.4; Cl 3.18-21; 1Pe 3.1-7). REFERÊNCIAS BÍBLICAS: (1 - Apóstolo Paulo, 1 Timóteo 2.1-2); (2 - Jesus Cristo, Evangelho de Lucas 20. 20-26); (3 - Apóstolo Paulo, Carta aos Romanos 13. 6-7); (4 - Apóstolo Paulo, Carta aos Romanos 13. 1-5); (5 -Apóstolo Paulo, Carta aos Gálatas 5.14); (6 - Apóstolo Paulo, Carta aos Romanos 13. 8-10); (7 – Apóstolo Paulo, Carta aos Efésios 5.21 - 6.9). NOTA TEOLÓGICA: OS CRISTÃOS E O GOVERNO CIVIL. A Bíblia de Genebra traz uma nota específica sobre o tema, que transcrevo a seguir: “O governo civil é um meio ordenado por Deus para reger e manter a ordem nas comunidades. É um dentre vários desses meios, inclusive ministros na Igreja e pais no lar. Isso significa que cada um deles tem a sua própria esfera de autoridade sob Cristo, que agora governa e sustenta a criação, e os limites de cada esfera são estabelecidos mediante referência a outras esferas. (...) Pelo fato de o governo civil existir para o bem de toda a sociedade, Deus lhe confere o “poder da espada”, o uso legal da força para aplicar as leis justas (Rm 13.4). Os cristãos devem reconhecer isso como parte da ordem de Deus (Rm 13.1-2). Um governo pode cobrar impostos pelos serviços que presta (Mt 22.15-21; Rm 13.6-7). A esfera de autoridade da Igreja relaciona-se com o governo civil no âmbito da moralidade. A Igreja tem a responsabilidade de tecer comentários sobre a moralidade de governos e de seus programas de ação, com base na Palavra de Deus, mas não deve, ela mesma, apropriar-se do direito de ditar tais programas de ação. Visto que essas avaliações podem levar cristãos à ação política, eles devem agir na sua capacidade de cidadãos e não como representantes da Igreja. Desse modo, o evangelho opera através da persuasão moral e da operação da graça de Deus entre os cidadãos. Os cristãos devem exigir que os governos civis cumpram o seu devido papel. Devem orar pelos governos civis, obedecer-lhes e estar atentos com relação a eles (1Tm 2.1-4; 1Pe 2.13-14), lembrando-os de que Deus os estabeleceu para governar, proteger e manter a ordem. (Bíblia de Genebra, p 1339). CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER. As igrejas protestantes reformadas e a Igreja Presbiteriana do Brasil seguem o entendimento e instrução desta confissão, nos seguintes termos, acerca dos textos bíblicos de Rm 13.1-7 e 1Pe 2.13-17, acerca da esfera do governo civil: “Deus, o Senhor supremo e Rei de todo o mundo, para a sua própria glória e para o bem público, constituiu sobre o povo magistrados civis, a ele sujeitos, e para este fim os armou com o poder da espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores. Os magistrados civis não podem tomar sobre si a administração da Palavra e dos Sacramentos ou poder das chaves do Reino de Deus” (XXIII. 1,3). CONCLUSÃO: Seguem algumas ponderações pessoais sobre os textos bíblicos analisados: a orientação de Paulo para orarmos pelas autoridades para que tenhamos vida tranquila, reconhece a importância e propósito de sua existência em nossa sociedade. A orientação de Jesus dizendo que devemos dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus, ensina a legitimidade da existência de duas instituições diferentes e separadas na sociedade, o Estado e a Igreja. A orientação de Paulo para que busquemos fortalecer a instituição da autoridade civil na sociedade, esclarece que sua existência tem o objetivo de servir à Justiça de Deus, através da punição dos que praticam o mal. A explicação de Paulo de que os requisitos da lei de Deus para com o próximo são exatamente a prática dos mandamentos mosaicos, esclarece a maneira em que devemos atuar socialmente, e o modo em que a sociedade deve ser organizada. Pois os princípios morais bíblicos e cristãos de “amor ao próximo” são aqueles oriundos dos mandamentos, como não matar, não roubar, não cobiçar. Sendo oportuno destacar que as leis para a vida em sociedade de uma Nação, oriundas de um Congresso democrático em que a maioria votou segundo as bases morais dos 10 mandamentos, são leis que irão tanto resguardar a sociedade da selvageria e impiedade, como também irão fazer com que os cidadãos cristãos “amem” o próximo da sociedade em que residem, numa perspectiva civil; ainda que isto não seja compreendido pelos que desconhecem as verdades de Deus. Ao instituir o governo civil no objetivo de resguardar a sociedade e penalizar o mal, certamente Deus aguarda que esta instituição governe a Justiça segundo os princípios morais das leis divinas; pois não há valores melhores disponíveis ao nosso conhecimento para bem regular a comunidade dos homens. REFLEXÃO FINAL. Concluo esse estudo utilizando alguns princípios bíblicos, conforme foram destacados pela Bíblia de Genebra, na nota teológica citada neste texto, “Os Cristãos e o Governo Civil.” Observe que quando a Igreja é orientada a não ditar os programas de ação dos governos, isso se refere à separação entre Estado e Igreja, conforme orientada por Jesus e o Apóstolo Paulo; o que nos ensina a importância do Estado Laico, que requer ocorra uma distinção entre as instituições do estado e igreja. Observe que os comentários sobre a moralidade de governos como sendo uma responsabilidade das igrejas, conduzem os cristãos à ação política, a fim de que atuem em sua capacidade de cidadãos. Ou seja, que se apresentem como candidatos aos cargos do Legislativo e Executivo, e procurem votar em candidatos que irão bem representar seus valores e princípios morais, tanto na feitura de leis como na administração do Estado. Nessa perspectiva, veja que o envolvimento dedicado dos cristãos na cidadania política não significa idolatria ou desprezo aos princípios de Deus; mas, ao contrário, significa atuar com obediência cristã na sociedade, segundo um mandato social ordenado pelo próprio Senhor dos céus e da terra. O cristão que deixa de praticar sua cidadania política será irresponsável perante Deus, pois irá abandonar a sociedade dos homens aos rumos de outros princípios e valores, que não serão os bíblicos. Esta desobediência irá conduzir a sociedade a um destino cada vez mais selvagem e enganoso, conforme os valores oriundos da filosofia e paixão dos homens. Sabe-se que muitos cristãos não assumem seu mandato social bíblico na perspectiva deste estudo, pois decidem ser solidários junto da humanidade para que esta organize a sociedade em seus próprios valores morais, demonstrando compaixão aos pecadores, no interesse de evangelizar o mundo. Tal atitude acaba transformando a seara da cidadania em um projeto evangelístico, o que irá impedir o povo cristão de abençoar a sociedade resguardando sua existência com os mandamentos de Deus. Além de atrapalhar a Igreja na missão de evangelizar a Terra através do anúncio das Boas Novas, já que o desconhecimento da Lei na sociedade impede a busca do arrependimento de pecados para a salvação. Mas, este é um assunto para um próximo estudo. *Ivan Santos Rüppell Júnior; Teólogo, Cientista da Religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: BÍBLIA Sagrada, NVT. 1 ed – São Paulo : Mundo Cristão, 2016. BÍBLIA de Estudo de Genebra. Editora Cultura Cristã, São Paulo, SP, 1999. STOTT, John. A Bíblia Toda o Ano Todo. Trad Jorge Camargo – Viçosa, MG : Ultimato, 2007. CALVINO, João. A Verdadeira Vida Cristã. Novo Século, São Paulo, 2001.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

a Espiritualidade dos NAMORADOS, no Cinema. p/ Ivan Rüppell Jr

Namorar tem a ver com aqueles desejos e interesses que fazem um homem e uma mulher se tornarem grandes amigos e bons amantes. A melhor maneira de conseguir um bom namoro é através do conhecimento um do outro, daí o valor de quatro filmes que eu convido você a assistir nestes dias, pra meditar na espiritualidade dos namorados. O inspirativo filme “Nossas Noites” (Netflix, de Ritesh Batra, 2017) conta com os astros Robert Redford e Jane Fonda vivenciando um romance sensível que inicia em razão da solidão que passam na velhice, o que os motiva a se aproximar um do outro: “- Podíamos tentar conversar, o que acha? – Acho uma boa ideia. Nunca se sabe aonde pode levar...”. Estas frases poderiam ser as primeiras de outros belos filmes, como “Mensagem pra Você” (de Nora Ephron, 1999) e “Diário de Uma Paixão” (de Nick Cassavetes, 2004), obras que formam a melhor trilogia da espiritualidade do amor romântico das últimas décadas. Desde que o filósofo Platão descobriu que a consciência do ser traz para o dia a dia as sensações transcendentes da humanidade, bem, falar uns com os outros se tornou uma boa maneira de partilhar nossa espiritualidade mais pessoal. Sensações de nossa interioridade romântica que iremos conhecer melhor nestes filmes, pois neles o diálogo vem sempre antes da paixão, enquanto que é através da conversa que surge o amor. Dai o grande prazer em partilhar das conversas destes casais, já que vivem aquele companheirismo apaixonado que traz pra existência as vivências mais íntimas. É isso! A espiritualidade do Amor Romântico é uma experiência a dois, na qual nosso espírito confidencia a quem desejamos amar exatamente a pessoa que somos. Pois a espiritualidade do amor romântico é uma experiência que se constrói mediante a melhor expressão de nós mesmos: nossas conversas. Seja pelo diálogo cômico e sensível, cotidiano e prazeroso que Tom Hanks e Meg Ryan compartilham no filme Mensagem pra Você; seja no diálogo irritadiço e sincero, instigante e provocativo que Ryan Gosling e Rachel McAdams convidam eu e você a partilhar no filme Diário de Uma Paixão; e ainda, através do diálogo inquisitivo e interessado, revelador e terno que Robert Redford e Jane Fonda entregam pra nós em "Nossas Noites". Não perca nenhum deles! Sem contar que os relacionamentos destes casais apresentam alguns dos melhores aspectos artísticos e sentimentais que poderíamos encontrar na sétima arte sobre o romance: seja o amor apaixonado e juvenil de Ryan e Rachel; o namoro adulto e jovial de Tom e Meg; e ainda, o afeto amadurecido das descobertas tardias de Robert e Jane. Acredite, vai ser um aprendizado de sentimentos e expectativas como poucas vezes se viu no cinema e na vida, pois iremos descobrir que pra amar de verdade também é necessário assumir plenamente nossa idade integral, corpo e espírito. E não dá pra deixar de fora da lista, um dos melhores filmes acerca da vida comum da gente: Questão de Tempo, de Richard Curtis, com Domhnall Gleeson e Rachel McAdams, 2013 (disponível na Netflix). A história ultrapassa a paixão de um casal pra anunciar de forma exuberante a paixão pela vida, num enredo que celebra as oportunidades da existência através do melhor do drama e comédia ingleses. Questão de Tempo apresenta algumas cenas relacionais icônicas, sem que consigamos perceber tal valor enquanto assistimos, devido à simplicidade e profundidade com que valoriza as experiências básicas da vida. Uma reflexão magistral sobre a importância de viver cada momento como se fosse único, ao invés do último. Há um livro de sabedoria, de Salomão, que apresenta o princípio espiritual de que o amor surge do desejo de estar juntos, "Cântico dos Cânticos", e que descreve as três qualidades do amor romântico: autodoação, desejo e compromisso, numa mensagem revelada em versos, como um poema que valoriza o companheirismo apaixonado: "Eu sou de meu amado, e ele me deseja. Venha, meu amor, vamos aos campos, passar a noite entre as flores silvestres. Vamos levantar cedo para ir aos vinhedos ver se as videiras brotaram, se as flores abriram e se as romãs já estão em flor; ali eu lhe darei meu amor. Ali as mandrágoras espalham sua fragrância, e os melhores frutos estão à nossa porta, delícias novas e antigas, que guardei para você, meu amado." (Cânticos 7. 10-13). Portanto, fique atento às palavras, pois são elas que movem os relacionamentos espirituais dos românticos. E voltando ao filme "Nossas Noites", não perca o desenrolar da conversa que abriu este texto, pois irá lhe ajudar a namorar melhor, aqui e acolá: Robert Redford - Podíamos tentar conversar, o que acha? Jane Fonda - Acho uma boa ideia. Nunca se sabe aonde pode levar... Robert - Sobre o que você quer falar? Jane - Meu Deus. Qualquer coisa. Tudo... O tempo.