segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

a Espiritualidade do TEMOR Religioso, no Cinema. O MAURITANO, 2021.

Assistir o filme baseado em fatos reais, O Mauritano, é obrigatório. ("The Mauritanian", do diretor Kevin Macdonald, 2021). Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 em território americano, o Governo dos Estados Unidos iniciou uma caçada a Bin Laden, líder maior da organização responsável pelos ataques. Junto de outros países e agências de inteligência, o Estado norte-americano do Pres. George W Busch e do Secretário de Defesa Donald Rumsfeld prenderam suspeitos por todo o mundo, e criaram a Prisão de Guantanamo para inicialmente interrogar os terroristas. Até que no decorrer dos anos, o local se tornou um campo de tortura com centenas de homens mantidos ali sem provas ou qualquer julgamento e sem o devido processo legal. Nesse contexto, o filme "O Mauritano" narra fatos reais da prisão do cidadão Mahammedou Slahi, nascido na Mauritânia e que foi mantido preso sem provas em Guantanamo por 14 anos pelas administrações de Busch e Obama. O filme traz a atriz Jodie Foster como Advogada de Defesa, em contraponto ao tenente-coronel do Exército que se dedica a preparar a acusação, interpretado por Benedict Cumberbatch e que será protagonista da experiência de temor religioso que se destaca no filme. Ambos os atores representam em atuações contidas e fortes, o que valoriza a temática judicial do enredo em seu objetivo de demonstrar o modo como o Estado e a Sociedade Civil se encontram, agem juntos ou em contrarieade tendo a vida dos cidadãos nas mãos. Na produção o filme conta com a costumeira agilidade na direção e edição, além da perfeição técnica de fotografia e de som na construção das cenas, que é marca dos filmes americanos de suspense envoltos no que se chama, "dramas de tribunal". A Espiritualidade do Temor religioso se manifesta de forma esplêndida e realista a partir de uma celebração cristã de batizado, em que os fiéis repetem compromissos de serem íntegros diante de Deus e dos homens. Especialmente, que eles deverão defender a justiça entre os homens na sociedade. É o momento em que o Advogado de acusação do Exército, que atua em favor do Estado contra o réu "mauritano" se dá conta de que carrega em seus ombros a decisão por acusar sem provas um homem que foi torturado para confessar um crime. A partir dali ele decide manter os valores de sua fé cristã em sua atuação na sociedade, o que gerá atitudes transformadoras na situação. Vimos tema parecido ocorrer no grandioso filme "Amistad" de Steven Spielberg (1997, baseado em fatos reais ocorridos no navio "La Amistad", em 1839), quando prestes a julgar o pedido de libertação de escravos trazidos da África aos EUA, o Juiz da causa entra numa Igreja Católica e ali reza para ser forte e fiel a seus princípios religiosos. O Juiz do condado vai até a Igreja para fortalecer com temor a sua consciência pra que sua atividade profissional possa ser regida pelos valores da integridade. Essa experiência o faz agir com correção, justiça e coragem para enfrentar todo o Estado e sociedade escravagistas norte-americanos. Assim, o Juiz decide justamente em favor dos escravos, ao definir que todos os homens e mulheres negros acorrentados no tribunal são, sim, cidadãos africanos; e devem ser libertados. Assistir ao filme "O Mauritano" esclarece o motivo porque a nova sociedade ocidental intolerante da "nova tolerância" persegue o Cristianismo, afinal, homens e mulheres de verdadeiro temor religioso são os que conseguem escapar da atitude determinada pelo Estado e pelo marketing da Mídia. Pois buscam agir com integridade na sociedade, ao serem capazes de pensar por si mesmos a partir dos desafios de consciência gerados em sua religião, para então virem a declarar a sua ética e valores existenciais na vida pessoal e especialmente na sociedade, de forma virtuosa. Bom filme! Autor. Ivan Santos Rüppell Jr é professor, advogado e ministro da Igreja Presbiteriana, tendo publicado livro, Resenhas espirituais de Meditações cinematográficas, com quase 40 resenhas de filmes na temática da espiritualidade, Dialética, 2020.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Meditação Bíblica. PARTE 2. O QUE DEUS ESTÁ FAZENDO EM 2024!

TEXTO Bíblico. "Deus também disse a Noé e aos seus filhos: Eis que estabeleço a minha aliança com vocês, e com a descendência de vocês, e com todos os seres vivos... : nunca mais os seres vivos serão destruídos pelas águas de um dilúvio, nunca mais haverá um dilúvio para destruir a terra. Deus disse: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vocês... para todas as futuras gerações: porei o meu arco nas nuvens e ele será por sinal da aliança entre mim e a terra." (Gênesis cap. 9. 8-13). MEDITAÇÃO. Há aproximadamente alguns milhares de anos atrás, Deus Pai decidiu limpar o planeta da perversidade dos pecados dos homens, enviando o dilúvio de 40 dias e noites sobre a Terra. No entanto, logo depois, Deus Todo Poderoso também decidiu manter os seres humanos no planeta e fez uma aliança com todos nós para todos os tempos. Ele prometeu ao nosso Representante Noé que até o fim da História haveria sol e rios, alimentos e oxigênio neste mundo pra vida humana e toda criação seguir em frente. Mediante esta promessa, o Deus Soberano decidiu oferecer a toda humanidade a oportunidade de uma existência de algumas décadas. Uma oportunidade valiosa de vida para nós e um período bendito pra Deus enviar Jesus de Nazaré para todos terem conhecimento da Vida Eterna da Ressurreição. E neste período da História entre o início da Aliança do arco íris com Noé até a volta de Jesus vindo lá dos céus, bem, Deus cuida para que a descrença e rebeldia, vaidade e crueldade dos homens não destruam todos nós. Deus Pai mantém por sua Graça Comum as autoridades na familia e na sociedade pra impedir o caos, e tambem o Estado pra julgar os criminosos e proteger os inocentes. Desta forma, além de enviar sua ira sobre os homens rebeldes como vimos semana passada no cap. 1 de Romanos, Deus segue fazendo acontecer algumas bênçãos no ano de 2024 no mundo, no propósito de cuidar de nossas vidas e preparar o nosso destino. ORAÇÃO. Bendito seja o nome de Deus Pai, Soberano e Todo Poderoso. Somente Deus é bom e não há outro. Óh Deus, ilumina os nossos corações e renova a nossa fé no conhecimento da Páscoa do Messias, a Ressurreição de Jesus de Nazaré. Amém. Autor. Ivan S R Junior é professor, advogado e ministro da Igreja Presbiteriana, atuando na gestão de ações sociais de igrejas.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Meditação Dominical. O QUE DEUS ESTÁ FAZENDO EM 2024?

TEXTO Bíblico. "Assim, Deus mostra do céu sua ira contra todos que são pecadores e perversos, que por sua maldade impedem que a verdade seja conhecida. (...) Por meio de tudo que Deus fez desde a criação do mundo, podem perceber claramente seus atributos invisíveis: seu poder eterno e sua natureza divina. (...) Sim, eles conheciam algo sobre Deus, mas não o adoraram nem lhe agradeceram. (...) Dizendo-se sábios, tornaram-se tolos. Trocaram a grandeza do Deus imortal por imagens de seres humanos mortais, bem como de aves, animais e répteis." (Carta aos Romanos 1.18-23). MEDITAÇÃO. Deus é Soberano! Nada melhor que aprender nas Escrituras Sagradas o modo como Deus governa a história pra então dar uma olhada na realidade e juntar os fatos. Quando a humanidade faz continuamente o que o Apóstolo Paulo explicou nos versos bíblicos destacados acima, então ocorre o que vamos ler no texto bíblico citado a seguir: "Por isso, Deus os entregou aos desejos pecaminosos de seu coração... Trocaram a verdade sobre Deus pela mentira... Por isso, Deus os entregou a desejos vergonhosos." (Romanos 1.24-26). E assim visualizamos como será o ano de 2024 e toda a década de 20, já que desde o ano de 2010 a sociedade ocidental tem atacado gravemente a Deus e suas verdades de forma sistemática, motivo pelo que Deus entregou os homens para viver os desejos de seus corações. E por isso o fundo do poço aumenta cada vez mais. Agora, já visualizamos na população em geral e também em grande número de Lideranças sociais e artísticas, institucionais e políticas, o resultado final da briga com Deus. Dá uma olhada: "Uma vez que consideraram que conhecer a Deus era algo inútil, o próprio Deus os entregou a um inútil modo de pensar, deixando que fizessem coisas que jamais deveriam ser feitas. A vida deles se encheu de toda espécie de perversidade, pecado, ganância, ódio, inveja, homicídio, discórdia, engano... Espalham calúnias, odeiam a Deus, são insolentes, orgulhosos e arrogantes. Inventam novas maneiras de pecar e desobedecem a seus pais." (Rm. 1.28-30). Um projeto maligno em que as Elites atuam neste contexto de rebeldia e idolatria, desejos carnais e perversidade é a ideologia de gênero, no qual criam a multiplicidade sexual na identidade de crianças e adolescentes, sendo algo que irá lhes permitir usa-las para tráfico comercial e prazeres abusivos. Em 2024, vamos orar pelo Brasil! ORAÇÃO. "Ó Senhor, faze o bem àqueles que são bons, aos que têm o coração sincero. Expulsa, porém, os que andam por caminhos tortuosos, ó Senhor; leva-os embora junto com os que praticam o mal." (Salmo 125). "Em primeiro lugar, recomendo que sejam feitas petições, orações, intercessões e ações de graças em favor de todos, em favor dos reis e de todos que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida pacífica e tranquila, caracterizada por devoção e dignidade." (1Timóteo 2.1-2). Autor. Ivan S R Júnior é professor, advogado e ministro da Igreja Presbiteriana, atuando na gestão de ações sociais de igrejas.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Meditação Dominical. FALTAM 7 SEMANAS PARA A PÁSCOA!

TEXTO Bíblico. "Pois decidi que, enquanto estivesse com vocês, me esqueceria de tudo exceto de Jesus Cristo, aquele que foi crucificado." (1Coríntios 2.2). MEDITAÇÃO. Ao programar uma visita na Igreja em que os cristãos pensavam ter de tudo que precisavam de Deus, o Apóstolo Paulo anunciou que iria tratar com eles mais uma vez, do que era fundamental; "Jesus Cristo, aquele que foi crucificado". Ao falar de Jesus Cristo crucificado, Paulo ensina sobre a Páscoa Cristã, apresentando o modo como Deus fez Justiça na história sem mudar as regras da Lei no meio do jogo da existência da humanidade. E quando Deus Pai define que Jesus Deus Filho será o culpado substituto pelos pecados no mundo, então a Humanidade ganha um Representante que assume o nome e a identidade de cada um de nós perante o Tribunal de justiça celestial. O Tribunal da Verdade do Deus Triúno e 24 Anciãos, dos 4 Seres viventes e todos os Anjos, Arcanjos e Querubins. E a partir deste momento e evento, que é exatamente a primeira Páscoa Cristã ocorrida lá em Jerusalém no ano 33 do primeiro século, o resto é História! Uma nova história para Seres humanos como nós, que já não precisam viver condenados pelos pecados cometidos e nem escravizados pra seguir praticando pecados sem freios no futuro, incapazes de conseguir mudar a sua personalidade mais íntima e real. Não mesmo! Quando Jesus cumpriu a lei divina do cosmos completo, morrendo pelos pecadores humanos com fé, então Ele livrou os cristãos que creem de continuar vivendo distantes de Deus. Além de também determinar que irão viver eternamente no planeta do Reino dos céus. Acredite! ORAÇÃO. "Como é feliz aquele cuja desobediência é perdoada, cujo pecado é coberto! Sim, como é feliz aquele cuja culpa o Senhor não leva em conta, cuja consciência é sempre sincera! Enquanto me recusei a confessar meu pecado, meu corpo definhou e eu gemia o dia inteiro. Dia e noite, tua mão pesava sobre mim; minha força evaporou como água no calor do verão. Finalmente, confessei a ti todos os meus pecados e não escondi mais a minha culpa. Disse comigo: "Confessarei ao Senhor a minha rebeldia", e tu perdoaste toda a minha culpa." ( Salmo 32). Autor. Ivan S R Junior é professor, advogado e ministro da Igreja Presbiteriana, atuando na gestão de ações sociais de igrejas.

RELIGIÃO E MODERNIDADE. Abraham KUYPER

Esse texto contém um resumo do capítulo "Religião e Modernidade", do livro, Abraham Kuyper e as bases para uma teologia bíblica, de Thiago Moreira. INTRODUÇÃO. "Abraham Kuyper (1837-1920) foi um homem envolvido em diversas áreas. Desenvolveu atividades teológicas, jornalísticas, universitárias, acadêmicas, políticas e eclesiásticas. (...) Abraham Kuyper pretendia apresentar o calvinismo como um sistema de vida abrangente que se pautava em princípios cristãos e que ia de encontro ao outro sistema de vida antagônico que denominava de modernismo." (p. 25ss). CAPÍTULO 1. RELIGIÃO E MODERNIDADE. Religião e Cosmovisão. Notas históricas. "Questões como a relação entre religião e cultura; religião e espaço público; fé e razão; e conceitos como secularização e laicidade permearam e ainda permeiam os objetos de pesquisa do grande campo das Humanidades". (p. 57). Dentro do ramo teológico cristão oriundo da Reforma Protestante, houve bom número de movimentos que se dedicaram a organizar o pensamento doutrinário relativo à forma e atitudes com que o cristão deveria atuar diante da sociedade, cultura e Estado. A forte dedicação intra-mundana calvinista motivou o sociólogo Max Weber a refletir a influência da religião na economia e hábitos sociais através da obra, A ética protestante e o espírito do capitalismo. Enquanto isso, o movimento cultural fora dos arraiais da igreja que foi capaz de estabelecer um marco e posteriormente, conceitos e valores em distinção e confronto diante das religiões foi exatamente o "Iluminismo, que principalmente em sua faceta francesa trouxe para a religião questionamento, desafios, revolução e separação." (p. 59). Surge então no séc. 18 a declarada "Era da Razão", descrita como um tempo de "autonomia da razão humana e emancipação da humanidade diante da transcendência." (p. 59). "Desde lá surgiram... o Iluminismo de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e François-Marie Arouet (1694-1778), ou Voltaire... os primórdios da busca do Jesus histórico com Lessing (1729-1781) e as publicações dos Fragmentos póstumos de H. S. Reimarus (1694-1857); o positivismo de Augusto Comte (1798-1857) sintetizado em sua obra Filosofia positiva... o evolucionismo de Charles Darwim (1809-1892)... e, por fim, o marxismo, da autoria do alemão Karl Marx (1818-1883), que tinha em suas bases o materialismo dialético... e uma belicosa relação com a religião a ponto de denominá-la "consciência invertida" com teor alienador...". (p. 61). Foi o estabelecimento histórico de uma proposição que definia o lugar da religião para uma experiência particular e privada, e somente na esfera da moralidade, vindo a redundar numa adequação cultural de movimentos religiosos que vieram a se dedicar ao Jesus histórico e na organização da denominada teologia liberal. No decorrer, uma teologia cristã mais socialista criou o Evangelho social para o pobre, enquanto outra vertente se fechou para as novidades, abraçando a ortodoxia e se tornando defensora do movimento que veio a ser chamado de fundamentalismo. RELIGIÃO E COSMOVISÃO. A compreensão da religião ocorre em duas vertentes, seja o aspecto doutrinário originário do grupo religioso que a organiza, seja o aspecto de estudo originário do grupo que observa o "fenômeno religioso". Para Émile Durkheim, "religião seria "um sistema solidário de crenças seguintes e de práticas relativas a coisas sagradas... crenças e práticas que se unem na mesma comunidade moral, chamada igreja, todos os que a ela aderem". (p. 63). Trata-se de um conceito oriundo da escola funcional que entende a religião em sua função social de promover coesão comunitária, e aborda a visão dicotomica entre sagrado e profano. Numa perspectiva sociológica que observa a religião como linguagem, Peter Berger trará o aspecto em que as definições religiosas promovem a edificação de um "cosmos sagrado" - "a ousada tentativa de conceber o universo inteiro como humanamente significativo". (p. 64). Os que utilizam esse conceito para observar a religião poderão analisa-la tanto para compreender o "fenomêno religioso" ou verificar o significado deste conhecimento "em termos mais ontológicos ou existenciais". (p. 64). Paul Tillich apresenta uma visão que busca valorar a "dimensão de sentido da existência humana" que a religião deseja promover, de forma que para esse teórico, "religião é "o estado pelo qual se é possuído pelo que nos toca incondicionalmente", trazendo o aspecto da importância existencial numa perspectiva do ser, para a religiosidade. (p. 65). A religião também é vista como atuação humana, para Joshua Heschel: "religião é a resposta humana daquele que se sente estar diante do divino". (p. 66). Há diversos outros conceitos de religião, ora num viés sociológico para afirmar seu campo de observação, ora num viés ontológico para afirmar sua análise de sentido, como nas pesquisas da religião. Acerca do que importa para esse texto, numa aproximação ao tema da cosmovisão e visão de mundo, destaca-se que "a religião é, pois, uma busca e uma elaboração de significado", sendo que nosso interesse se volta para o "fato da elaboração intuitiva, teórica ou orgânica de uma cosmovisão religiosa que dê conta de explicar, mediante uma concepção que perpassa a noção do sagrado, divino ou incondicional (a depender do conceito de religião a ser adotado), a totalidade das coisas." (p. 66). "Uma cosmovisão, nos aponta o filósofo Mário Ferreira dos Santos, se caracteriza por três pontos fundamentais, quais sejam: "primeiro, um anelo de saber integral; segundo, a apreensão de uma totalidade; terceiro, a solução dos problemas do sentido do mundo e da vida". (p. 66). Neste contexto, as religiões se organizam diante de tais questões para intermediar na sociedade e cultura o pensamento ontológico-existencial de que precisa o ser diante da realidade. "É nessa linha que Kuyper apresenta a tradição calvinista do cristianismo como sendo uma cosmovisão, ou em suas palavras "um sistema de vida". (p. 67). Nesse contexto, três autores analisam a cosmovisão; James Sire: "cosmovisão é um compromiso, é uma orientação fundamental do coração... sobre a constituição básica da realidade, e que fornece o fundamento no qual vivemos, nos movemos e existimos" - sendo que coração para o autor, num olhar kuyperiano, indica que "a cosmovisão está situada no eu - na câmara operacional central de todo o ser humano. É a partir desse coração que todos os pensamentos e ações de uma pessoa procedem." (p. 67-68). David Naugle parte da bíblia para descrever o "coração" como "a faculdade elementar de pensamento, afeição e vontade", evocando o centro do intelecto, afeto, vontade e "da vida religiosa do ser humano (Ez 6.9; Dt 6.5), possuindo, pois, um papel "elementar e vital". (p. 68). "Nos usos e referências presentes no Novo Testamento, o coração (kardia) é reafirmado como sua essencialidade na vida psíquica e espiritual humana, transformando-se assim em "centro psíquico das afeições humanas" (Mt 22.37-39; Jo 14.1), "fonte da vida espiritual" (At 8.21; Rm 2.29) e a "sede do intelecto e da vontade" (Rm 1.21; Hb 4.12). (p. 68-69). Como Jesus bem definiu, é do coração que originam "as fontes da vida", declaração com a qual o autor reafirma o modo como Cristo entendia o coração, sendo este "a pedra angular" dos seres humanos. O terceiro autor a abordar o tema da cosmovisão é Ninian Smart, aproximando gravemente religião e cosmovisão; em que a "religião seria "um organismo de seis dimensões, tipicamente contendo doutrinas, mitos, ensinamentos éticos, rituais e instituições sociais e animado por experiências religiosas de vários tipos", sendo importante destacar que cada movimento religioso poderá ser dedicar a valorar e desenvolver um destes aspectos mais do que outro. (p. 69-70). COSMOVISÃO RELIGIOSA, NARRATIVA E HISTÓRIA. A observação da história para seu entendimento religioso na busca de sentido existencial gera a edificação de "uma cosmovisão religiosa que invariavelmente implica uma leitura da história e sua dinâmica, o que, em dadas tradições, pode ter um início (cosmogonia) e um fim (escatologia), enquanto em outras tradições, haveria ciclos de eternos retornos. A relação entre a história e seus sentidos (ou ausência destes) também é importante para a área da cosmovisão religiosa". (p. 72). Nesse contexto, o entendimento e validação da história dentro da visão de sentido de uma cosmovisão origina e se estabelece a "partir dos conceitos fundamentais ou centros da fé religiosa que se analisa, e não meramente da coletânea de fatos", a fim de que "os conceitos centrais sejam o horizonte interpretativo do processo histórico." (p. 72). Conforme David K Naugle, desde a antiguidade a humanidade procura organizar sua solução para os dilemas e mistérios do universo através de "narrativas", sendo que dentre estas, "existe uma que possui um caráter fundamental, a saber, a cosmogônica (não ignoro também a narrativa antropogônica), pois, em razão de seu caráter de "história sagrada primordial", dela deriva toda a gama de significações e espectros de sentido - e não só das demais narrativas, mas da existência como um todo." (p. 73). Ao anotar a visão cristã segundo o pensamento do ramo calvinista neerlandês orientado pelo olhar de Kuyper, deve-se destacar tanto o "grande evento cosmogônico da criação narrado no livro bíblico de Gênesis", como especialmente, observar a realidade de que "existe um outro evento que marca e delimita a existência e a interpretação histórica: a encarnação de Jesus Cristo enquanto o eterno no tempo." (p. 74). Assim, a interpretação cristã da história surge dos fatos e declarações essenciais dados por esta fé e doutrina acerca da realidade, como foram dados nos "eventos chave na história como a criação, a queda da humanidade, a revelação de Deus a Moisés, a formação do povo de Israel como o povo eleito de Deus para que dele nascesse o Messias redentor da humanidade, a encarnação de Jesus Cristo, sua morte e ressurreição. A leitura e a participação existencial na história são uma matéria de fé moldada pela cosmovisão religiosa." (p. 74). Assim, a concepçâo da realidade do cosmos e da humanidade na história não se limita a perceber um certo direcionamento dado por Deus em determinados eventos, "mas se apresenta como a crença na direta intervenção de Deus na vida da humanidade, por intermédio de sua ação concreta e pessoal em momentos e lugares definidos." (p. 75). A partir dessa cosmovisão, o sentido e compreensão reais sobre o significado da história jamais será dado por qualquer filosofia política ou ramo de estudo abrangente da história, pois "os eventos mundialmente transformados, os quais alteram completamente o curso da história humana, ocorrem por baixo da superfície da história e passam despercebidos por historiadores e filósofos. Esse é o grande paradoxo dos Evangelhos, sobre o qual São Paulo discursa com tanta força." (p. 75). Ainda, a tradição judaico-cristã de entendimento da história rompe com a visão cíclica do eterno retorno, pois define que a história tem não somente um marco inicial mas igualmente um evento conclusivo e final; sendo essa "uma premissa (que) também implica uma valorização sagrada do tempo no qual se realizam propósitos divinos." (p. 76). Ao abandonar a visão cíclica do tempo, a cosmovisão cristã oferece para o entendimento da realidade a expectativa da realização dos eventos e fatos oriundos do que se chama, "esperança escatológica", numa "compreensão histórica (que) trabalha juntamente com a convergência de atuação de um Deus atemporal, transcendente e pessoal que atua no tempo e que, no caso da interpretação calvinista, desde a eternidade já havia escolhido os seus para a salvação... e determinado seu propósito na história com o agir humano." (p. 76-77). Nessa perspectiva oriunda da cosmovisão cristã, a própria história se torna um evento de significado posto que revela "a vontade ordenadora de Deus", indicando para o discípulo fiel e seguidor religioso que sua atitude existencial mais valorosa surge a partir de uma resposta "de acordo com e para o louvor de Deus". Sendo importante anotar que nesta cosmovisão, também é Deus "que impulsiona a história com sua ação concreta e direta e com a concessão de dons vários aos seres humanos, independente de sua predestinação à salvação, e que lhe permitem o desenvolvimento da arte, das ciências, da cultura, da política, a economia e afins, por meio do que se chama graça comum, restringindo a ação do pecado na humanidade e dinamizando a história." (p. 77). REFERÊNCIAS. MOREIRA, Thiago. Abraham Kuyper e as bases para uma teologia bíblica. Brasília, DF - Editora Monergismo, 2020. Autor. Ivan S Rüppell Jr é professor, advogado e ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil, atuando na gestão de ações sociais das igrejas.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Meditação Dominical. VIVENDO 2024 COM SATISFAÇÃO.

TEXTO Bíblico. Livro de Eclesiastes, cap. 3. MEDITAÇÃO. Como bem diz o Pastor Arthur Martins, em 2024 todo mundo vai partilhar nascimentos e mortes, plantar e colher projetos, abraçar e se afastar de gente, rir e chorar, e por aí vai. Afinal, o pastor está "ouvindo" o Sábio Salomão lá em Eclesiastes 3, dá uma olhada: "Há um momento certo para tudo, um tempo para cada atividade debaixo do céu... Tempo de procurar, e tempo de deixar de buscar; tempo de guardar, e tempo de jogar fora; tempo de rasgar, e tempo de remendar;... E sei que tudo que Deus faz é definitivo; não se pode acrescentar ou tirar nada. O propósito de Deus é que as pessoas o temam." (Eclesiastes, cap. 3. 1-14). Agora, o importante é saber o que fazer com essa informação lógica sobre a vida da gente, pois é um fato que isto já houve em 2023 e que irá ocorrer em 2025. Ou seja, a vida humana aqui no planeta Terra é agendada por todos estes acontecimentos, e pra sermos sábios é necessário aprender a estar satisfeitos, mesmo com tantas situações difíceis acontecendo conosco. Alías, ter sabedoria na vida é exatamente valorizar todos estes tipos distintos de experiências. Pois todos os sentimentos e relacionamentos de cada uma delas é o que torna as nossas vidas em uma bênção de Deus, já que Ele tem um propósito para a nossa personalidade em cada um destes momentos. Pensando nisto, valorize ao invês de reclamar sobre o fato de que a sua vida é tão cheia de situações diferentes, e busque experimentar tudo com mais temor, ou seja, perto de Deus. Iniciar cada dia com Deus é o que transforma o dia inteiro num período de maior contentamento. ORAÇÃO. "Jesus disse: "Orem da seguinte forma. "Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu reino. Dá-nos hoje o pão para este dia, e perdoa os nossos pecados, assim como perdoamos aqueles que pecam contra nós. E não nos deixes cair em tentação"... "Portanto eu lhes digo: peçam, e receberão. Procurem, e encontrarão. Batam, e a porta lhes será aberta. Pois todos que pedem, recebem. Todos que procuram, encontram. E, para todos que batem, a porta é aberta." (Lucas 11.2-10). Autor. Ivan S Rüppell Jr é professor, advogado e ministro da Igreja Presbiteriana, atuando na gestão de ações sociais de igrejas.