quarta-feira, 30 de novembro de 2016

a ESPIRITUALIDADE e as Tragédias HUMANAS. O drama da "Chape".

Lá se foram dois meses, mas, não se deve esquecer. Diante da trágica morte de 71 passageiros do avião da "Chapecoense" de todos nós, os bons terapeutas e conselheiros das situações inexplicáveis da vida estão falando (bem) da necessidade de haver o momento do "luto" dos homens nas horas da sua desgraça. Pois cada um de nós tem sua dor e ninguém pode medir e saber a do outro. Jamais. E os muitos (bons) conselhos caminham perto uns dos outros: - é necessário confortar e não negar a dor daquele que sofre; - é preciso acolher o que sofre, pra ouvir tudo que ele diz e respeitar a maneira como (só) ele sabe bem o que sente; e, ainda, - é necessário permitir o choro e apoiar o luto (recolhimento) de cada um que nos procura, ou aguarda chegarmos nele, enquanto chora. O Profeta resumiu tudo isso em uma só frase: "chorai com os que choram!" Enfim, acredito que todos conhecemos esses conselhos e, - principalmente, já necessitamos de alguém que viesse tratar (bem) conosco em nossos tempos de sofrimento. O que não significa, porém, que agimos desse jeito ou conseguimos "acolher em afeto" os que perto de nós desabam em suas perdas inexplicáveis. Temos só uma boca e dois ouvidos, mas, falar ainda é o nosso melhor (pior) negócio. E quando não há nada pra explicar, bem, eis a hora em que nosso muito falar não ajuda ninguém a sofrer melhor. Isso mesmo, sofrer. Pois da dor se faz a vida, também, da humanidade. Mas as explicações surgem sempre, e até antes do que esperamos. E a mais frequente delas é que, sim, aqueles que aqui morreram estão lá no céu, agora mesmo, neste instante. Pois a vida precisa continuar e para os céus olhamos atrás do destino de nossos queridos. Na certeza de que será o nosso também, um dia. E não há nada mais certeiro que imaginar a continuidade da vida humana nos céus, acredite. Tanto as mitologias como as religiões, e ainda os filósofos e o próprio Deus apontam pra lá, desde sempre, como o lugar aonde a história dos espíritos humanos continua. Os mitos gregos viajam dos céus pra cá e as religiosidades mais antigas reconheciam na imagem do horizonte longínquo ou na força das tempestades a morada de seus deuses. Platão e Aristóteles também apontaram pra alma humana ou até o além, quando projetaram as questões mais profundas da vida - quem somos, de onde viemos e para onde iremos... E Deus, bem, o Deus judaico-cristão proeminente no Ocidente envia Anjos dos céus desde a antiguidade e seu Profeta maior, Jesus Cristo, subiu exatamente para o céu azul após sua ressurreição. Ou seja, olhar aos céus como o lugar e o destino da vida da humanidade, é sim, um pensamento bastante lógico a partir das experiências e da cultura de todos nós. Agora, o que importa mesmo é guardar algo bem verdadeiro no coração: pois nós, que sabemos que somos pessoas espirituais, também já descobrimos, de verdade, que nossa história não acaba aqui. E os céus acima de nós ainda são uma boa e real imagem do "lugar" deste destino certo na outra dimensão que nos aguarda. De verdade. Descubra mais sobre isso tudo e chegue lá! Mas, chegue bem. Assim como sonhamos e queremos que lá estejam bem, os nossos queridos que já nos deixaram. Paz!

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

a ESPIRITUALIDADE no Cinema: O Homem que não vendeu sua alma.

"A Man for All Seasons" é um filme maravilhoso. "O Homem que não vendeu sua alma" (título nacional) foi produzido em 1966, com direção de Fred Zinnemann e ganhou dois prêmios "Oscar": melhor filme e ator. O drama ocorre no século 16 e mostra como o Rei da Inglaterra, Henrique Oitavo deu origem à Igreja Anglicana ao se separar da Igreja Católica, a fim de conseguir se divorciar pra de novo casar, agora com Ana Bolena. Mas há um "homem que não vendeu sua alma", o Chanceler Thomas More, católico fervoroso que até fica em silêncio sobre as escolhas do monarca. Mas um silêncio que ecoa na multidão britânica pois toda Inglaterra sabe que o melhor homem da nação considera pecado a decisão do Rei Henrique. Bom, parece que só pela breve resenha já deu pra saber um pouco da Espiritualidade do filme e de Sir Thomas More, certo? Errado. Pois por aqui falamos de Espiritualidade, não de ética, e tomara que não, só de religiosidades. Daí que existe a (boa) possibilidade de Thomas More ter vivenciado experiências espiritualmente relevantes em sua trajetória existencial de sofrimentos, pois quem desobedece aos reis, também não permanece passando bem por muito tempo pra contar a história. E como Sir Thomas More era católico, e então cristão, sua Espiritualidade gira ao redor da pessoa de Jesus Cristo, e também, do Espírito Santo de Deus. E daqui (pode) e deve surgir uma relação mística de Thomas More com o Espírito (Santo) de Jesus, que ocorria em sua alma assim que era por lá visitado pelo Espírito que vinha pra lhe conduzir em um relacionamento junto da pessoa de Deus. A particularidade aqui é que esse relacionamento místico acontecia ao redor da experiência do sofrimento - e pelo sofrimento é que o relacionamento fazia Sir Thomas amadurecer. O Apóstolo Paulo escreveu algo interessante sobre tudo isso, e que vai ajudar no caso em questão. Disse que desejava conhecer Jesus pessoalmente, pra ser um companheiro de seus sofrimentos. Como Jesus - desde o ano 33, só anda pelo planeta Terra em Espírito, tanto Paulo como qualquer outro cristão só o conhece assim - em espírito, e em verdade. Enfim, é provável que Thomas More também tenha encontrado Jesus, certo... Mas, que tipo de encontro foi esse? E que caminhada Espiritual fizeram juntos? Parece que foi uma caminhada parecida com a de Paulo, que desejava ser um companheiro existencial espiritual de Jesus em seus... sofrimentos. E sofrimentos não faltaram pra Sir Thomas experimentar, especialmente pra manter sua fé, e tomara, o Espírito Santo de Deus junto dele. Tá entendendo? Se alguém assume atitudes éticas, religiosas ou não, pela grandeza de suas virtudes, que bom. Eis aí um homem de valor. Mas quando alguém vivencia valores a fim de se manter junto do Espírito daquele que acredita ser seu Profeta, e Deus - aí sim, falamos de Espiritualidade, mística. E o que importa bastante por aqui, é que aquilo que chamamos de uma caminhada espiritual de sofrimento - é na verdade, uma experiência existencial de vivência do Amor. Pois o Amor tudo sofre, e tudo crê, também. E quando se Ama pra melhor conhecer Deus, ou se vive com Deus pra de verdade conhecer o seu Amor; então - falamos de Espiritualidade, sim. Das boas!

sábado, 19 de novembro de 2016

a ESPIRITUALIDADE no Cinema: a Última tentação de Cristo

"A Última Tentação de Cristo" é o apropriado título do já clássico filme realizado em 1988 por Martin Scorsese. Pois o aclamado diretor se baseou no livro do grego Níkos Kazantzákis, a fim de levar ao cinema aquela que seria a última das tentações de Cristo: viver como se fora um homem comum os seus dias na Terra. A partir disso o filme tanto desenvolve a tentação que chega na última hora da vida de Jesus, como também apresenta uma tentação que Ele não havia passado até então. Pois Jesus já fora tentado por um anjo caído maligno no objetivo de transformar uma pedra em pão, e até para que se jogasse do alto de uma igreja altíssima direto ao chão, pra que, talvez, anjos o segurassem na queda. De tal forma que a tentação do filme é tanto uma novidade pra Jesus, como também é a última mesmo pela qual passou. Mas, que tentação é essa? Qual seu aspecto espiritual fundamental? Bem, as tentações de Jesus se aproximam das nossas, às vezes, mas também são provas e lutas particulares só da história dele. Pensando um pouco nesta última tentação de Jesus, dá pra perceber que ele foi tentado com o propósito de que não fosse mais quem particularmente deveria ser, e também pra deixar de fazer o que só Ele deveria realizar - e essas são situações que só tem a ver com ele mesmo. Mas, mesmo assim, são tentações surgidas a partir da sua humanidade, iguais as que ocorrem conosco, neste aspecto de serem geradas a partir de sensações humanas. Exemplo: Fome de pão e auto estima, vaidade e até angústia em solidão. Eis algumas das experiências da vida de Jesus que lhe colocaram junto das tentações espirituais com que os seres malignos o atormentaram. São necessidades que todos podemos ter, e temos, mesmo. São sensações que aproximam qualquer ser humano das tentações vivenciadas por Jesus. E pensando na tentação de Jesus - ser um homem comum; às vezes até desejamos viver uma vida bem mais simples, até pensando em deixar de lado certas responsabilidades da nossa existência particular - mas aí, esse já é um tema complicado demais pra estas poucas linhas. Enfim, o que, bem de verdade, diferencia mesmo todas as tentações de Jesus de qualquer uma das nossas, é o fato de que Ele está sendo convidado a deixar de ser o... Messias. É isso! O Messias de Israel e das profecias judaico-cristãs. Pois como Messias, Jesus deve assumir a responsabilidade de reinar sobre as almas humanas, no exato objetivo de mudar o destino delas. No caso, um destino mais atemporal e metafísico do que somente realizar um bom governo de justiça e honestidade em alguma região e país do planeta. Ou seja, o que precisa acontecer é que o Messias deve transformar a eternidade das pessoas! Daí que Jesus precisava encarar a morte humana e o "Hades" dos espíritos mortos para retirar estas experiências da história da humanidade. A ideia é que Jesus passe por estas vivências, mas não, mais, os seres humanos. Algo que Jesus jamais iria realizar se aceitasse sua última tentação, saindo da cruz pra viver a vida como um homem comum; e deixando pra lá o seu destino de ser o Messias dos homens. Haja Espiritualidade!

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

a ESPIRITUALIDADE no Cinema: Um Lugar ao Sol

O final de "Um Lugar ao Sol" é a mais bela cena trágica romântica da história do cinema, superando até "Casablanca" e "E o Vento levou". Os belíssimos e jovens Elizabeth Taylor e Montgomery Clift estrelam com talento excepcional este drama extraído do romance de Theodore Dreiser, com direção de George Stevens, USA, 1951. Montgomery Clift é George Eastman, que vai trabalhar na fábrica do tio e lá namora uma colega de trabalho. Até que conhece a belíssima Elizabeth Taylor (Angela Vickers) e com ela inicia outro namoro. O drama trágico está desenhado, e você deve assistir este belo filme, com certeza. Já os conflitos espirituais surgem mesmo, nas cenas finais da história. Montgomery Clift enfrenta um julgamento penal e recebe a visita de sua mãe, acompanhada de um Padre. E tudo parece normal, até que a conversa entre eles rodeia a possibilidade do pecado do assassinato. E quem assistiu o filme até ali sabe que o rapaz não o cometeu. Mas, diante do tribunal dos homens e perto da possibilidade de chegar ao tribunal de Deus, a mãe busca no rosto do filho e o Padre nas palavras do réu alguma resposta para o dilema comum que agora se faz eterno. Porém, a única certeza sincera de George Eastman é a de que - de verdade mesmo, ele não sabe realmente o que aconteceu. A mãe pede ao filho que descubra logo a verdade, seja ela qual for; pois se algum dia ele chegar ao tribunal de Deus, é bom que apareça por lá, já perdoado. Algo que deve ser resolvido logo, de preferência naquele instante mesmo, e diante do Padre; que está ali só pra ouvir a confissão do rapaz e assim lhe propor o perdão. Mas George não tem certeza de nada. Uma confusão profunda que o ator representa de forma magistral, em palavras e expressões faciais que só confirmam ser Montgomery Clift um dos maiores atores do século. E assim caminha a humanidade, e também o enredo do filme. Isso até que o Padre resolve analisar o coração do rapaz, pois é ali que se esconde oculta a resposta espiritual do romance. A pergunta é muito simples, e o Padre a faz com cuidado e certo afeto. Pois afinal, quando George estava no barco junto de sua namorada; ele pensava neles dois? Ou não? Pensava mesmo era na outra garota, Elizabeth Taylor, com quem ele vinha saindo desde sempre? O olhar e a face de George respondem de pronto a crucial questão, e o Padre e sua mãe conseguem, finalmente, suas respostas. E assim também todos os espectadores do filme. O aprendizado existencial para seres humanos físico-espirituais como nós é de que o coração humano é o que Deus primeiro enxerga, principalmente. Pois através do coração Deus a tudo vê e conhece. É por isso que o coração deve ser pra nós como que um espelho do espírito - a nossa personalidade real. Pois até podemos nos confundir em pensamentos e ideias, mas as questões que estão no coração são aquelas que verdadeiramente definem a nossa humana história espiritual, eterna. Não que este encontro seja algo perfeito, longe disso. Mas é o início de um encontro verdadeiro, daqueles que realmente movem nossa existência pra alguma realidade, da verdade. Cuide bem disso, então. E bom filme.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

SER ou não Ser ESPIRITUAL. Eis a QUESTÃO!

Não somos só espíritos. E nao somos somente corpos de carne e osso, seres físicos vagando pelo mundo. Somos mais. Somos seres humanos, pessoas bem diferentes de outros seres que existem por aí. Por isso é necessário enxergar logo quem realmente somos, pra de algum jeito aprender a viver intensamente a vida única de todos nós. Que é uma vida exemplar e distinta, pois é a vida de toda a humanidade. Ah, e também não somos deuses. Algumas limitações são importantes de ver na procura de Quem realmente somos ao viver. Tanto diante da natureza e também do desconhecido, o místico mundo espiritual. Isso sem esquecer os sonhos e enganos contínuos da mente, a partir dos mil desejos e interesses que brotam lá do nosso interior – do espírito. Bem, logo de início já deu pra ver que esse passeio simplório em busca do conhecimento de nós mesmos demonstra que não será fácil entender, e viver a vida que há em nós. De qualquer modo, vamos olhar pra tudo isso como seres espirituais que somos. Pois jamais iremos viver de verdade sem um olhar espiritual sobre nós mesmos, e jamais teremos uma Espiritualidade saudável se esquecermos das realidades básicas da nossa existência física. Todo ser humano logo percebe que nosso espírito vive num corpo físico que habita um mundo material – o cosmos. E as limitações de vida que esse frágil corpo humano forte revela pra nós, junto da pequenez grandiosa de nosso ser racional diante do esplendor da natureza que nos rodeia; bem, só anunciam e ensinam melhor a nossa humanidade. Conhecimentos essenciais para o florescer da vida que todos desejamos experimentar. Acredite! Daí que uma vida humana saudável precisa se equilibrar tanto num corpo físico bem cuidado, quanto junto de um mundo bem governado. Bem básico, né; só pra começar. E quanto ao mundo desconhecido? É, pensei nisso também. Se diante dos já conhecidos corpo e mundo físicos nossos, não nos é fácil administrar a vida; imagine então, entender o mundo e os seres invisíveis que nos rodeiam? Mas, viver é preciso. O que apenas se alcança quando se sabe a realidade espiritual da vida, também. Pois se os sentimentos mal explicados do coração e da alma, já causam confusão; imagine então, dos que vêm das sensações e visitas das outras dimensões? Talvez seja necessário gastar um pouco mais de tempo buscando algum tipo de “conhecimento” da vida espiritual de nós mesmos, e também da existência de outros seres e das dimensões que nos cercam, certo? Algo que pode ser feito mais ou menos com a mesma atitude que temos quando mudamos de residência ou emprego, de amigos ou até de namorado. Damos alguns passos pra cá e pra lá junto de poucas palavras até que saibamos um pouco mais quem somos por ali. Uma coisa eu lhe digo, os seres humanos aprendem tudo da mesma maneira: pensando e sentindo, ou seja, experimentando enquanto se raciocina e pensando enquanto se vive. Ou é assim, ou nada se aprende, só se deixa conduzir. Pois pra melhor aprender algo de novo acerca do que já existe sobre nós, é só começar, a si mesmo se notar. As sensações e reações, como vêm e o quanto ficam, e o que nos dão e quanto nos levam. Quase tão fácil quanto se coçar. E pra isso fazer em nossa vida espiritual basta que a observação se mantenha um pouco no coração, que é uma mistura do que se deseja e do que sentimos, do que se imagina entender e do que já se sabe. Um pouco do nosso interior, enfim. Mas do que vêm do exterior, também, pois esse trata das palavras espirituais que nos são ditas, tanto pra nos provar quanto para nossa tentação, que podem trazer tanto a ruína como bênçãos. É esse, então, o velho novo conhecimento que todos os humanos deveriam logo adquirir, e bem rápido. Um aprendizado das nossas realidades humanas bem essenciais, pois bastante existenciais. Quê são todas aquelas que falam do espírito pessoal nosso de cada dia, enquanto se vive num corpo e mundo bem físicos, rodeado de outras dimensões e seres espirituais diversos, por aí. E para isso servem, sim, os Profetas. De verdade!

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

SÓ a ESPIRITUALIDADE conduz da Paixão ao AMOR

Cresci assistindo na TV cenas de cinema que demonstravam o ardor do amor eterno entre um homem e uma mulher. Hoje mesmo revi um destes romances cinematográficos maravilhosos: "O Céu pode esperar", com Warren Beatty e Julie Christie, de 1978. A cena final é uma obra prima das paixões eternas, pois o casal se reencontra, mesmo já não sabendo bem quem são, e Julie lembra da "voz" de seu amado. A partir disso parte com ele para a vida eterna... que no filme inicia em um campo de futebol, onde os dois caminham juntos para viverem felizes pra sempre. E quem não iria querer viver algo assim após assistir alguns destes belos filmes de romance, não é mesmo? Pois é, eu também. Então, uma boa maneira de falar de amores eternos e paixões além da vida é utilizar palavras símbolo, como, por exemplo, "alma gêmea". E daí, surge a pergunta que antigamente se fazia: "Você já encontrou sua alma gêmea?". Como fui desde jovem um idealista romântico e sonhador, carreguei sempre comigo a frase na mente, e também no coração. Até que chegou na minha alma, o que me transformou em um romântico "espiritual" existencial, que é o quê estou pensando por aqui. Enfim, eis o início da questão: quando encontramos nossa alma gêmea, a paixão é eterna? Bom, para os cristãos, o amor eterno espiritual que nasce da alma e chega no coração até alcançar o corpo inteiro do cidadão é uma paixão, sim, só que pela pessoa de Deus. Isso mesmo! Não, não estou falando de freiras ou padres, que são só pessoas obedecendo as interessantes orientações de seus sacerdócios religiosos. Falo de todas as pessoas, em todos os tempos e lugares, e de suas iguais e constantes buscas pela paixão eterna da existência de todos nós. Busca que nasce da mais profunda e real pessoa que somos - lá do nosso espírito. O negócio é que "paixão eterna" e "alma gêmea" trazem a ideia de um relacionamento completo, daqueles em que a gente precisa - e deseja, a pessoa junto conosco 24 horas por dia. E até mais tempo, se for possível. Os bons inícios de namoro são assim mesmo, mas, tomara Deus, espero que isso mude logo. Se não, bem, não vai dar certo. Por que? Porque ninguém é Deus pra estar sempre com alguém e pra ser tudo pra ele. Simples assim. Uma constatação quase obvia, mas que parece escapar aos apaixonados; exatamente porque apaixonados estão. De qualquer modo, não é possível e nem saudável que sejamos apenas dois no mundo, pois há muitas conversas e refeições, muitos passeios e atividades, muitos pensamentos e necessidades, muitas afeições e também dores, e muito mais até - tudo pra ser vivido com muito mais gente que apenas só mais um conosco. E o interessante, ou trágico de tudo isso é que ao querer viver tudo com uma só pessoa, não se consegue viver bem o que se deve viver somente junto com ela. Neste negócio de alma gêmea e na ideia de um homem ser tudo para uma mulher, e vice versa, bem, "quem tudo quer, tudo perde!". É como as coisas são. Algo que já não ocorre com os espirituais que se relacionam com Deus, segundo o Rei Davi (aquele que lutou com Golias). Só lembrando que os espirituais que se relacionam com Deus precisam ser "espirituais" mesmo, pois Deus é espírito, e aí, só espiritualmente pra encontra-lo. Embora pra viver junto com Deus a gente vá ter que usar o corpo inteiro, claro. Mas, enfim, Davi percebeu que só Deus pode participar de tudo que vivemos - em todos os momentos e lugares, sem com isso nos impedir de viver junto das muitas pessoas da nossa história. Deus pode ser a tal paixão eterna, então. Foi o que Davi descobriu e por isso escreveu uma canção, o Salmo 16. Veja alguns de seus versos: "Digo ao Eterno: Sem ti, nada faz sentido."; "Tu foste minha primeira e única escolha, ó Eterno. E, agora, descubro que sou tua escolha!"; "Noite e dia, portanto, ficarei com o Eterno. Tenho uma coisa boa em meu poder e não vou deixa-lo escapar."; "Estou feliz por dentro e, por fora, firmemente formado."; "Desde que me seguraste pela mão, estou no caminho certo." É isso, eis a canção de amor eterno de Davi pra Deus. Uma das boas razões do festejado Rei de Israel ser considerado um homem segundo o coração de Deus. Quanta paixão existencial, não é mesmo? Portanto, parece que o vazio interior que nos faz procurar alguém para ser próximo e constante conosco, em todos os lugares e momentos da vida; foi algo que Davi resolveu quando encontrou... Deus. O bom dessa história é que quando Deus é aquele que vai ter que ser "Deus" pra nós, então as pessoas da nossa vida já não precisam mais ser. E aí podemos aprender a ama-las, com paciência e compreensão, esperança e gratidão, perseverança e perdão na caminhada que será, sim, um relacionamento verdadeiro pra nós - mas não o único. Pois algo único e total não é amor, mas paixão, que mais vicia e engana, submete e oprime, do que o contrário; que é o jeito do amor viver. Parece que somente encontrando algo parecido com o que o Rei Davi descobriu, é que iremos nos livrar do estigma e engodo da "alma gêmea" dos humanos. A partir daí seremos livres pra viver histórias completas uns com os outros, pois serão do jeito e maneira que devem ser, e somente assim, finalmente, "serão"! Parece pouco, mas é muito. Pois é a verdade da nossa existência relacional. Eis o modo como as relações humanas ficam cada vez melhores e mais verdadeiras. É preciso deixar Deus ser "Deus", e assim nós seremos apenas pessoas, e cada vez mais, umas das outras. Por que não?

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

o TEMPO e o ESPAÇO, a Espiritualidade de WESTWORLD, Parte 2

No domingo, 2 de outubro a série WESTWORLD estreou na TV (HBO), e já está fazendo história. "Westworld" é um parque temático que oferece aos visitantes pagantes a experiência de viver no Velho Oeste norte-americano junto de perfeitos personagens da época - todos androides. O drama robótico de "Westworld" inicia quando os robôs resgatam memórias antigas pra reagir a situações inesperadas de suas "vidas" no velho oeste. A inquietação de viverem "sensações" para as quais não foram criados os tornam "pessoas" existencialmente ansiosas, entre outros sentimentos perturbadores que os acometem. Sensação e sentimentos que nos aproximam de alguns dos simpáticos robôs da série. Afinal, somos todos ansiosos - desde sempre. Pois do mesmo jeito que os robôs não foram criados pra sentir, nós humanos também não teríamos sido criados para saber - todo o conhecimento do bem e do mal. Eis a ideia que vêm desde Adão até Salomão, e ainda surge de vez em quando por aí pra tentar nos explicar. Enfim, o Sábio de Israel reconheceu nossa dificuldade e por isso afirmou pra quem quisesse ouvir: A vida é inútil! Não há sentido na história, da existência da gente. Ele escreveu isso em "Eclesiastes", um livro de sabedoria considerado dos mais depressivos da história. Mas, vale a pena a leitura. De qualquer forma, esta "estranha" e interessante ideia de eu e você termos sido criados pra não saber (e viver) tudo que hoje vivemos, até que ajuda a entender algumas coisas. Por exemplo: quando acontece da gente conquistar algo que muito desejamos, e mesmo assim continuamos vazios. Ou quando experimentamos um prazer e sensação especiais demais, mas que, ao mesmo tempo, não duram muito, certo? Parece que pra alcançar uma real satisfação na vida é preciso ir sempre um pouco mais adiante, ou então, procurar algo lá dentro do interior, de todos nós. Daí que aquilo que se vive mais parece vício - que precisa ser logo repetido, pra não perder o sabor; ao invés de uma realização, que bem satisfaz até a próxima oportunidade de viver algo bom de verdade, novamente. Os androides de "WESTWORLD - Onde ninguém tem Alma", estão vivenciando esse tipo de preocupação em uma série já considerada das mais existenciais de bom tempo pra cá. Enquanto isso, vamos pensar, pois o que Salomão percebeu foram duas limitações básicas da vida humana na terra: a limitação do tempo - pois não vamos durar mais que algumas décadas por aqui; e a limitação do espaço, pois o mundo até a lua é o nosso limite. Daí que não adianta conquistar "tudo" que por aqui existe se somente neste mundo iremos existir, e também, se desta (curta) vida quase nada iremos levar, de tudo que já vivenciamos. Que dor, hein? O irônico é que Salomão mesmo descobriu uma solução, ou metade dela, em outro livro que escreveu anos antes, já que Eclesiastes ele "pensou" quando já bem velho estava. O tal livro é "Provérbios", observações da vida humana a partir de um olhar espiritual pra tentar definir em frases simples o que vale, ou não vale a pena viver e "ser" nestes dias. Só pra gente se tocar do que Salomão disse que é bom experimentar hoje em dia, trago um resumo de Eugene Peterson acerca dos temas de "Provérbios":"a sabedoria tem relação direta com tornar-se preparado para honrar os pais, criar nossos filhos, lidar com dinheiro, conduzir a sexualidade, trabalhar e exercitar liderança, usar bem as palavras, tratar os amigos com gentileza, comer e beber saudavelmente, cultivar emoções e atitudes em relação aos outros de modo pacífico." Ou seja, ao mesmo tempo em que Salomão descobriu que conseguir alcançar vida completa aqui no planeta Terra é uma grande dificuldade pra humanidade, também deixou orientações pra fazer valer (bastante) a pena estes dias que por aqui vivemos. Seu conselho de sabedoria é bem simples: pare de olhar (a toda hora) para o tempo e o espaço, e observe as pessoas e relacionamentos que acontecem (agora mesmo) diante de você, aqui, lá e em todo lugar. Eles são bem verdadeiros. Viva-os! Continuamos na parte 3, a ORIGEM da Religião.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

a ORIGEM da RELIGIÃO. a Espiritualidade de WESTWORLD, Parte 3

"WESTWORLD, Onde Ninguém Tem Alma", estreou na TV (HBO) no início de outubro e seus robôs do Velho Oeste americano é que sofrem os primeiros dramas da série assim que os humanos visitantes lhes fazem sentir o que não foram criados para "ser". Uma certa ansiedade existencial que parece dominar os androides é parecida com aquela sensação que temos quando algo que vivenciamos parece não combinar direito com a pessoa que somos, ou queremos ser - interiormente. E se os robôs de "WESTWORLD" não foram criados para "sentir", nós - os humanos, não fomos criados para saber todo o conhecimento do Bem e do Mal que há no mundo, e Universo. Tem muita gente boa dizendo que vêm daí certa confusão existencial espiritual que faz com que eu e você não consigamos nem entender e tampouco bem existir a vida que por aqui levamos, muitas vezes. Salomão foi o Sábio de Israel que "pensou" esta quase sensação de incompetência pra viver que às vezes sentimos, e por isso também escreveu "Eclesiastes", observando que a própria "Vida não tem sentido". Mas também escreveu o livro de "Provérbios", e nele anotou situações diversas e relacionamentos cotidianos de todos nós que, bem vivenciados, fazem (quase) tudo valer bastante a pena nesta vida. Ou seja, como bom sábio que é, Salomão escreve sempre sobre os dois lados de uma só moeda. Ele não facilita a realidade pra ninguém. Os "Provérbios" de Salomão são conselhos didáticos que buscam fazer eu e você olhar para as muitas coisas boas que temos pra viver por aqui - ao invés de gastar um bom tempo só procurando solucionar a vida que parece nos ter escapado pelas mãos. Pois a nossa história até parece uma existência pela metade, já que somos limitados pelo espaço físico do planeta, e também pelo (curto) tempo de vida que a morte não nos cansa de anunciar. Mas o livro de Provérbios deseja atenuar este dilema dando orientações objetivas pra que eu e você aproveitemos esta vida na Terra e todos os anos temporais que por aqui passamos. Afinal, o tempo não para, como bem já dizia Cazuza. Mas nem só de Provérbios viverá o homem. Pois o espírito - ansioso, estremece dentro de nós à procura da verdadeira história de quem realmente somos. Ansiedade espiritual é isso. E está sempre por perto, sem jamais nos deixar. Trata do nosso vazio pessoal e de tudo que nos falta para sermos o que tanto desejamos "ser" nesta vida que continua nos desafiando, sempre, a melhor viver. Parece que temos uma alma chorosa dentro de nós, por motivos às vezes desconhecidos, ou complicados demais pra saber do que trata tudo isso que, sim, nos entristece. Será que seremos uma espécie infeliz, afinal? Quem nos livrará disso tudo? A série "WESTWORLD" também mexe nesse (bom) vespeiro espiritual, existencial. E faz isso logo no fim do primeiro capítulo, quando a androide mais antiga do Velho Oeste é desligada diante do seu... Criador. E quem está lá pra brincar de "Deus" é o maravilhoso ator Anthony Hopkins, o inventor de "Westworld". É possível sentir uma tensão histórico existencial atemporal no ar assim que e o engenheiro cérebro e a robô primeva ficam a poucos metros de distância um do outro. Esse encontro entre criatura e criador é o modo pelo qual a série dá um salto dramático diante de nossos olhos surpresos, e corações já bastante sensíveis pela dor existencial dos robôs que, agora, bem de perto compartilhamos. Pois é dor nossa, também. Enfim, é este o encontro que inicia, então, a história da religião - o momento exato quando a humanidade olha pra cima ou pra dentro de seu espírito atrás de respostas para uma existência que já não sabe bem se é realmente a sua. Ainda que não haja outra à vista pra seguir e abraçar. Será isso mesmo? Ora, para isso existem os Profetas, certo? E a boa religião, também. Bom filme, na TV.