terça-feira, 29 de novembro de 2022

NÃO SE DEVE DAR A CÉSAR, O QUE É DE DEUS.

Tudo aquilo que se entrega nas mãos de Deus a fim de que Ele oriente o modo em que devemos viver, também é uma situação em que nós seremos capazes de experimentar sentimentos e atitudes de forma mais integral e verdadeira em nossa personalidade e existência, acerca do tema que oferecemos para Deus. Seja nossa religião e família, profissão e cidadania etc. O Apóstolo Paulo explica isto no cap 12 da carta aos Romanos, ao definir que devemos oferecer a nossa maneira de viver para Deus, para que consigamos vivenciar uma vida boa, perfeita e agradável em nossa experiência humana aqui no mundo. Ou seja, sempre que viermos saber e obedecer um princípio de Deus para algo em nossas vidas, isso significa que a nossa vivência nesta situação será uma experiência de vida pessoal e livre para nós. No sentido em que não será controlada por outros, nem será distante e superficial para nós mesmos. E o mais importante de tudo isso é que essa experiência será abençoada por Deus, tanto para nós como para a comunidade e sociedade de que somos parte. Neste sentido, um grave pecado dos Cristãos neste século 21 é tanto abandonar a liberdade espiritual do Messias para abraçar uma libertação só temporal e terrena; como especialmente, desprezar o ensino de Jesus, Paulo e Pedro acerca da função do Estado na sociedade, a partir da chegada do Reino de Deus ao mundo. O aspecto mais danoso de abraçar uma visão libertária terrena para a Humanidade é o modo em que tal escolha resulta no abandono da instrução que a Palavra de Deus propõem como benção para a Sociedade organizada. Afinal, o Deus Soberano somente abençoa os povos e suas classes oprimidas a partir dos princípios e propósitos do Senhor para as nações. Jesus definiu de modo breve e amplo o princípio cristão social que os Apóstolos Paulo e Pedro vieram a desenvolver mantendo as bases e diretrizes do Messias, conforme expressas no Evangelho de Mateus, 22.21: "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus", disse Jesus aos que pretendiam coloca-lo em conflito com o Estado de César e com a Nação de Israel. Ora, se o Império Romano estava oferecendo ao povo de Deus a condição de ter paz social e oportunidades econômicas através de seu exército e sua organização monetária, então, que assim os cristãos viessem a se servir e, especialmente, a contribuir com impostos para tais realizações. Ponto. A partir dessa orientação, vemos que o grande problema que ainda existe e cresce entre os cristãos na hora de serem cidadãos, surge de sua ignorância das letras bíblicas, sendo que tal vaidade é apoiada pela entrega de sua mente e coração às ideologias dos homens. Observe que uma boa leitura bíblica irá demonstrar que os valores e a moralidade do ser humano são exatamente os aspectos que devem ser dados a Deus; e jamais entregues nas mãos de César. Pois a cultura é de Deus, jamais do Estado. No entanto, há um grande número de cristãos que abandonam o que é de Deus ou são neutros em suas atitudes cidadãs, unindo-se assim aos que escolhem entregar a moralidade e civilidade dos homens direto nas mãos das ideologias de Estado, sejam elas de direita, esquerda ou centro. Isto é um erro! Jesus foi enfático ao definir que deveríamos "dar a Deus o que é de Deus", num ensino em que tanto valorou a proposição social dos 10 mandamentos que veio cumprir, como também as atualizou em seu esplêndido Sermão da Montanha. E no desenvolvimento do ensino de Jesus, vemos como Paulo e Pedro afirmam que o Estado deve especialmente organizar e fazer cumprir a atuação judicial de proteger o inocente e disciplinar o criminoso, posto que para isto recebeu de Deus a espada da justiça. Neste sentido, pode-se incluir tantos outros aspectos de vivência básica do homem e de suas relações e necessidades, em que o Estado poderá representar os anseios da sociedade, e assim construir igualdade e justiça. Ponto. Infelizmente, o que vemos é o modo em que a ideologia dos homens tem feito cristãos abraçarem até a indisciplina moral como valor de regulação social, de maneira que não só desobedecem a Jesus, mas inclusive negam e agem contra os seus princípios para a sociedade. Parecem aquela juventude que deseja salvar da morte os filhotes de papagaios, desde que isto não impeça o aborto de bebês. Assim, aprendemos que a cultura das artes e economia, profissões e ciência, agricultura e literatura, moralidade e sociedade é de Deus; de modo que os cristãos devem assumir a responsabilidade de afastar do Estado a oportunidade de que César venha com sua retórica legal desviar moralmente e dominar socialmente toda comunidade humana. Afinal, se o sal não tiver mais sabor e nem a condição de preservar a sociedade de que faz parte, melhor é ser lançado fora. Eis a razão bíblica para que cristãos não sigam totalmente ideologias quaisquer que buscam controlar toda criatividade cultural do espírito humano, especialmente, a cultura religiosa; a qual nas mãos de César irá redundar na censura do Evangelho e no desprezo ao espírito humano. É isso. Boa semana. Referências: Carta de Paulo aos Romanos 13. 1-11. 1Pedro 2.11-17. Autor. Ivan Rüppell Jr é Professor de Teologia e Ciências da Religião, e Capelão Escolar e Social.