terça-feira, 26 de setembro de 2023

A Espiritualidade do ENGANO, no Cinema. CRUZADA, de Ridley Scott, 2005.

O filme "Cruzada", do diretor Ridley Scott é talvez o maior épico do século 21 na Sétima Arte, apresentando com bom enredo e emoções diversas alguns valiosos temas culturais e históricos acerca das Cruzadas Cristãs da Idade Média. Após os muçulmanos terem conquistado diversas regiões no Oriente, vindo a dificultar e proibir a peregrinação dos cristãos até Jerusalém, o Papa Urbano II convocou lideranças monarcas e a população para guerrear em busca da reconquista da cidade e terras santas, aos cristãos. A narrativa do filme utiliza a essência de um fato histórico em que houve batalhas e uma trégua acordada entre cristãos e muçulmanos, a qual foi concluída com a entrega da cidade de Jerusalém ao Líder do Islâ, Saladino, num período ocorrido entre a Segunda (1147-1149) e Terceira (1189-1192) Cruzadas. O título original do filme, Kingdom of Heaven, que se traduz: Reino dos Céus, destaca a importância das regiões denominadas "terras santas" para os cristãos medievais, bem como, do essencial valor religioso da própria Cidade de Jerusalém. No entanto, o título original também nos leva a refletir sobre a Espiritualidade do Engano religioso que podemos anotar ao assistir o filme "Cruzada". Tudo a partir de um raciocínio dado exatamente por Jesus Cristo - fundador do Cristianismo, quando ensinou que a Nova Aliança e Religião que ele estava promulgando na terra para religar os homens aos céus, não deveria estar baseada em lugares, mas sim, na realidade espiritual interior dos seres humanos. Dá uma olhada: "Jesus respondeu: `Creia em mim, mulher, está chegando a hora em que já não importará se você adora o Pai neste monte ou em Jerusalém. (...) Mas está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. O Pai procura pessoas que o adorem desse modo. Pois Deus é Espírito, e é necessário que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade`." (Evangelho de João, cap. 4. versos 21-24). Dessa forma, sem desprezar ou ignorar a importância histórica e sacra, artística e social dos lugares e templos do Cristianismo e de qualquer religião, o que importa é estar atento ao tema que iremos refletir: a Espiritualidade do engano! Pois, para o Cristianismo, a religião que conduz a pessoa humana para o Reino dos céus a fim de que encontre-se com Deus e junto d´Ele permaneça até a Ressurreição, e depois na vida eterna, bem, é um relacionamento que ocorre através de uma religação espiritual, não sendo essencial que venha ocorrer de forma localizada em espaços físicos definidos de nosso mundo. Tá entendendo? Por isso que o "reino dos céus" localizado numa região e cidade, como sendo um valor espiritual para o filme e também para as Cruzadas cristãs evidencia uma experiência religiosa que não traduz a essência da religação cristã, já que essa ocorre entre o espírito do ser humano e o Espírito de Deus. Afinal, Deus é Espírito, e assim os seus adoradores deverão adora-lo em espírito (interiormente) e em verdade (com sinceridade). No filme, o jovem francês Balian descobre que é filho de um Barão fiel ao Rei de Jerusalém, algo que o faz honrar essa dedicação familiar através de uma viagem para a cidade santa. Nessa ocasião, ele se vê envolvido nas questões políticas e atos de guerra que dominavam a região e colocavam em lados opostos os Cristãos e Muçulmanos, sendo que Balian irá duelar e tratar do destino de Jesusalém, diante de Saladino, Rei dos Sarracenos. O enredo da experiência existencial de Balian é interessante, pois ele e um bom número de personagens do filme demonstram um padrão ético de honra que se perdeu no decorrer da história, especialmente a partir da razoabilidade da modernidade e do relativismo da pós modernidade. O diretor Ridley Scott conduz a narrativa do filme através de cenas espetaculares, seja na grandeza das batalhas e na realística apresentação de regiões e cidades, e ainda, na intimidade dos olhares e sensações críveis dados na interpretação valorosa de atores e atrizes. A espiritualidade cristã segue afirmando um encontro essencial entre o espírito consciente da personalidade interior do ser humano junto da Pessoa do Espírito de Deus, de modo que localidades e ambientes não devem jamais ser percebidos como o elemento fundamental para que vivenciemos um encontro real e verdadeiro com Deus, ao contrário. Outro engano espiritual percebivel no filme, e que pode-se entender a partir do engano religioso do falso valor dado aos ambientes físicos da fé é um essencial engano institucional da Cristandade. Jesus disse que a partir de sua vinda o Reino dos Céus não seria mais tomado pela força, e igualmente também não iria se mover no espírito humano pela força dos homens. Portanto, qualquer atuação social do Cristianismo como Instituição e qualquer ser humano que venha a ser conquistado para o Reino dos Céus, não é algo que vai ocorrer pela opressão de autoridades religiosas ou pela dominação de lideranças de guerra. Mas sim, pela força do Espírito Santo! De modo que o Cristianismo não promove batalhas de guerra pra dominar o espírito das pessoas e nem conquistar terrenos sacros; somente poderá defender os oprimidos e a liberdade religiosa de expressão, mas jamais iniciar os confrontos. Bom filme. Autor. Ivan S Rüppell Jr é autor do livro, a Espiritualidade de quase todo mundo no cinema, resenhas espirituais de meditações cinematográficas, com quase 40 resenhas espirituais de filmes, publicado em 2022, pela editora Dialética, São Paulo. Professor, advogado e ministro licenciado da Igreja Presbiteriana do Brasil.

sábado, 23 de setembro de 2023

UMA ORAÇÃO PELAS CRIANÇAS DO BRASIL, 12 de Outubro de 2023. Salmo 125!

A oração do Salmo 125 é a Intercessão vigorosa que os Cristãos precisam fazer para que Deus Pai visite o Brasil com real Justiça social neste ano de 2023, a partir de seus versos finais: "Óh Senhor, faze o bem àqueles que são bons, aos que tem coração sincero. Expulsa, porém, os que andam por caminhos tortuosos, óh Senhor; leva-os embora junto com os que praticam o mal. Que Israel tenha paz." Esta oração se faz cada vez mais urgente nestes dias, pois temos a informação de que o STF - Supremo Tribunal Federal avança na liberação e apoio ao ABORTO Assassinato de Bebês na sociedade brasileira, enquanto uma Resolução do Ministério do Gov. Federal orienta que as crianças de ambos os sexos - meninos e meninas, deverão utilizar o mesmo banheiro, sendo chamados pelo nome social que desejarem, e que deverão usar roupas indicando o sexo que escolherem. Dessa forma, eis que o CAOS existencial está se instalando como programa de Governo nas escolas e como um projeto de Juízes para a Nação Brasil. E isto ocorre em confronto e desprezo a 200 milhões de cidadãos brasileiros, 513 Deputados Federais e 81 Senadores eleitos pelo povo no Congresso - que são os únicos capacitados pela Democracia e Constituição brasileiras a debater, escrever e definir LEIS fidedignas para conduzir a vida social do povo brasileiro. Eis o motivo porque o Salmo 125 se torna a mais urgente Intercessão dos Cristãos pela sociedade do Brasil e toda terra neste ano de 2023, e pelo restante desta década. Acerca da Resolução do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, o texto "orienta todas as escolas do país a permitirem o uso do banheiro de acordo com a identidade de gênero, abrindo brecha para que uma pessoa que se considere mulher, mesmo tendo nascido homem, use o banheiro feminino." O objetivo do decreto do Governo do PT é garantir "o uso de banheiros, vestiários e demais espaços segregados por gênero, quando houver, de acordo com a identidade e/ou expressão de gênero de cada estudante". A resolução define e orienta que essas prescrições "devem ser estendidas e garantidas para todas e todos as/os estudantes transexuais MENORES DE 18 ANOS, sejam adolescentes ou CRIANÇAS" (*grifo meu), conforme informação destacada em reportagem da Gazeta do Povo. (22/09/2023, Governo orienta escolas a permitir uso de banheiro de acordo com identidade de gênero). Observe ainda, que além dos abusos e da opressão que as meninas irão sofrer no ambiente escolar, desde as meninas crianças até as meninas adolescentes, o caos relacional e a ruína da intimidade infantil estão sendo semeados no convívio educacional público do Brasil, devido ao engano e ignorância, incapacidade e soberba do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania do Governo Federal, a partir de um texto regulamentar que foi publicado no Diário Oficial da União pelas mãos do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Trans, Queers, Intersexos, Assexuais e Outras (CNLGBTQIA+). (Gazeta do Povo, 22/09/2023). Oremos, então, pela América e Brasil, pois "os que confiam no Senhor são como o monte Sião; não serão abalados, mas permanecerão para sempre." (Salmo 125.1). Que Deus tenha misericórdia do Brasil e que o próximo Dia 12 de Outubro seja um tempo de Orações e Clamor pelos Bebês e Crianças, Adolescentes e Escolas desta Nação. Veja que o contexto da instigante oração do Salmo 125 decorre de uma situação social em que os perversos governam a vida dos justos através dos atos de um Estado Político na sociedade. Decretos e decisões que vem estabelecer uma realidade existencial e social na qual o povo de Deus será tentado a praticar o que é mal diante do Senhor; conforme esclarece o verso 3, que traz a súplica de que "os perversos não governarão a terra dos justos, para que os justos não sejam tentados a fazer o mal." Segundo a Bíblia de Genebra, este versículo ensina que o "cetro (governo) dos ímpios... é um símbolo de governo político e militar e, neste caso, indica a opressão do povo de Deus por uma força ímpia." Dessa forma, os valores maléficos de um governo ímpio na sociedade agirão como uma força de tentação sobre os cristãos, que vai ocorrer "por meio de imitação, ou sob as pressões de um governo e de uma sociedade corruptos." (p 709). Além disso, especialmente para os Cristãos e suas famílias, as consequências de ser intimidado para viver debaixo de valores existenciais não cristãos poderá impedir parte do povo de Deus de receber as bençãos de que precisa para prosperar em sua jornada aqui na terra, conforme explica Davi no Salmo 18. Nesse texto, o salmista esclarece como o Deus Todo Poderoso se move com bondade especial na vida daqueles que se mantém firmes na aliança, pois "para com o benigno, benigno te mostras" (v. 25), sendo esse o motivo da súplica do salmo 125, que clama para que o povo de Deus seja liberto da autoridade pública opressora. A importância desse modelo de oração foi outrora definida pelo Apóstolo Paulo ao discípulo Timóteo, orientando uma Intercessão vigorosa pelas Autoridades públicas, a fim de que o Povo de Deus tenha "uma vida pacífica e tranquila", com liberdade religiosa na sociedade para anunciar o Evangelho, pois "isso é bom e agrada a Deus, nosso Salvador, cujo desejo é que todos sejam salvos e conheçam a verdade." (1Timóteo 2.1-6). Esse também é um tema valioso no pensamento do teólogo protestante João Calvino, do século XVI, que refletiu sobre a complexa relação entre os Cristãos, o Estado e Sociedade, ao apresentar o modo como os Dez Mandamentos são os fundamentos da Lei moral de Deus na história. Pois representam uma justiça interior e espiritual, já que seus princípios alcançam os pensamentos do coração do homem. Nesse contexto, em que os princípios morais dos 10 mandamentos são os fundamentos da Lei do amor de Jesus ao próximo, Calvino enfatiza a superioridade do padrão moral e relacional da lei de Deus para a vida do ser em sociedade, como sendo os mais excelentes valores e princípios que deverão reger e orientar a vivência comum dos homens. Assim, todo conteúdo da justiça de Deus deve ser percebido como um código de boas obras completo, posto que não haveriam quaisquer outros conhecimentos e virtudes capazes de superar aqueles que nos foram descritos por Moisés e Paulo. (Wiles, p 153-164, 1984). Sobre este assunto, destaca-se o pensamento autorizado de Abraham Kuyper (1837-1920), teólogo e filósofo calvinista que foi Primeiro Ministro da Holanda entre 1901 até 1905. Ele desenvolveu os princípios calvinistas do modo como a Soberania de Deus deve orientar a soberania do Estado diante dos homens, ressaltando o conflito recorrente entre os princípios da Liberdade e Autoridade, sendo que este confronto "revelou-se o meio ordenado por Deus para refrear a autoridade onde quer que ela tenha se degenerado em despotismo.” (Kuyper, p 88, 2003). Ao visualizar o estabelecimento da sociedade na realidade humana do pecado, o Calvinismo busca orientar a instituição do Estado conforme tem sido conduzida por Deus na história. Seja como um elemento necessário de preservação da sociedade através de atos de justiça, seja como um instituto que deverá ser vigiado, posto que carrega consigo o impulso de atuar contra a liberdade pessoal dos homens. (p 88). Assim, pautado pelos atos soberanos de Deus na organização social, Kuyper indica que devemos valorar o Estado e a autoridade do governante, cuidando para que estes se mantenham debaixo dos propósitos divinos. Neste sentido, devemos afirmar a impossibilidade de que um homem reine sobre outro, como atuava o Faraó diante dos camponeses no rio Nilo. Portanto, os cristãos deveriam se dedicar a Interceder pelo Brasil e suas autoridades políticas, para que o Temor de Deus esteja sobre nossa sociedade. Nesse contexto, Jesus afirmou que os cristãos deveriam exercer sua cidadania dando a Deus o que é de Deus, e a César (Estado) o que é de César. Isto significa que o Estado recebe tributos e obediência para atuar diante do crime e do mal; atentando para situações de injustiça. Enquanto que Deus recebe o Temor e honra de uma vida moral e científica, religiosa e artística, econômica e comunitária vivenciada livremente diante de d'Ele, e não aos pés de César. Pois a cultura não pertence ao Estado, mas é de Deus. Acerca deste tema político e social, Jesus definiu que a Igreja não deveria administrar os bens públicos e assumir as responsabilidades do Estado, da mesma forma que o Estado não deve controlar a Mensagem moral do Evangelho da Igreja; de modo que os cristãos não deverão ser controlados em sua ética familiar, social e política pelos valores de César. Sobre o mesmo tema, Paulo esclarece que as Autoridades do Estado foram instituídas por Deus para castigar na sociedade os que praticam o mal, ao que Pedro acrescentou: "Temam a Deus e respeitem o rei."(*) (*Lucas 20.25, Romanos 13.1-7, 1Pedro 2.13-17). REFERÊNCIAS. CALVINO, João. As Institutas. Editora Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2006. KUYPER, Abraham. Calvinismo. Tradução Ricardo Gouveia e Paulo Arantes – São Paulo: Cultura Cristã, 2003. WILES, J. P. As Institutas da Religião Cristã – um resumo – João Calvino. Tradução do inglês Gordon Chown. Primeira edição em português: 1984. Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo – SP. Autor. Ivan S Rüppell Jr é professor, advogado e ministro licenciado da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Meditação Dominical. A IRA DE DEUS!

TEXTO Bíblico. "Então o Senhor disse a Abrão: `Esteja certo de que seus descendentes serão forasteiros em terra alheia, onde sofrerão opressão como escravos por quatrocentos anos. (...) Depois de quatro gerações, seus descendentes voltarão a esta terra, pois a maldade dos amorreus ainda não chegou ao ponto de provocar o meu castigo`." (Gênesis, cap. 15. 13-16). MEDITAÇÃO. O Arco íris nos céus é um sinal criado por Deus na natureza para destacar a bondade divina sobre toda humanidade e a criação. Pois Deus disse e confirmou que Ele nunca mais iria fazer chover 40 dias sem parar sobre o planeta, como fizera ao criar um dilúvio para frear a maldade de toda uma geração, como ocorreu nos tempos do Patriarca Noé (Gênesis cap. 6. 5-8, e 9. 11-13). Mas, da mesma forma como as pessoas autoritárias aproveitam-se da paciência dos outros para oprimir famílias e a sociedade, assim também, a humanidade soberba despreza a bondade e a paciência de Deus. Agora, vou te dizer: essa ignorância e vaidade não dá muito certo com Deus na história, não. Nos anos de 1400 a.C, os países e a população da terra de Canaã foram acometidos por uma grave destruição de sua sociedade através de invasões e guerras - juízo divino que também caiu sobre o Egito, através de Moisés, décadas antes. Após séculos de idolatria, misticismo sexual e sacrifício de crianças, as nações dos cananeus e amorreus foram julgadas na história pelo Deus Todo Poderoso. Hoje, as autoridades e artistas, jornalistas e libertários que acreditam que o Aborto do Assassinato de bebês, e que a sexualização de crianças na integração de intimidades entre meninos e meninas nos banheiros comuns nas escolas, são atos comuns do progresso das leis, e que tudo vai acabar bem para eles e as próximas gerações; bem, eles estão esquecendo da Ira de Deus! E como disse Jesus, o Juízo de Deus Pai é a maior preocupação que os homens deveriam ter ao pensar na existência atual da espécie e na alma eterna dos seres humanos. ORAÇÃO. "Os que confiam no Senhor são como o monte Sião; não serão abalados, mas permanecerão para sempre. Assim como os montes cercam Jerusalém, o Senhor se põe ao redor de seu povo, agora e para sempre. Os perversos não governarão a terra dos justos, para que os justos não sejam tentados a fazer o mal. Ó Senhor, faze o bem àqueles que são bons, aos que têm o coração sincero. Expulsa, porém, os que andam por caminhos tortuosos, ó Senhor; leva-os embora junto com os que praticam o mal. Que Israel (Brasil) tenha paz!". (Salmo 125). Autor. Ivan Santos Rüppell Jr é professor, advogado e ministro licenciado da Igreja Presbiteriana do Brasil.

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Meditação Dominical. COMO CONHECER A DEUS? Cartas de João.

TEXTO Bíblico. "E sabemos que o conhecemos se obedecemos a seus mandamentos." (1 João cap. 2. 3). Pra conhecer a Deus é preciso ser sábio. O Apóstolo Tiago definiu a sabedoria cristã para a humanidade, quando explicou a essência do que significa ser alguém inteligente de acordo com as verdades de Deus: "Se vocês são sábios e inteligentes, demonstrem isso vivendo honradamente, realizando boas obras com a humildade que vem da sabedoria." (Tiago cap. 3. 13). Para Tiago, alguém tolo é toda pessoa que decide por si mesma as suas atitudes, sendo movida pelo orgulho de aparecer e a inveja de competir. Uma atitude tão soberba que transforma os homens em tolos e descrentes diante de Deus. Dessa forma, Tiago ensina que é impossível andar com Deus e conhecer Jesus para os que decidem viver a vida de acordo com os seus próprios valores e interesses. Jesus chamou a atenção para a gravidade de praticar uma religiosidade hipócrita diante de Deus, lá no final do Sermão da montanha: "Nem todos que me chamam: 'Senhor! Senhor!' entrarão no reino dos céus, mas apenas aqueles que, de fato, fazem a vontade de meu Pai, que está no céu. No dia do juizo, muitos me dirão: 'Senhor! Senhor!' ... Eu, porém, responderei: 'Nunca os conheci...". (Mateus 7. 21-23). Ao contrário da tolice do orgulho humano, a sabedoria de Deus é uma verdade que adquirimos vivendo os mandamentos de Deus, pois Deus não explica, Ele vive! Dá uma olhada: "Quem ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor." (1 carta de João, cap. 4. 7-8). Tá entendendo? A Sabedoria de Deus é um jeito de viver! E o que deve-se fazer religiosamente em Cristo pra ser sábio até conseguir viver os mandamentos pra bem conhecer a Deus? Vamos orar por isto hoje e meditar na Bíblia de novo, semana que vem. ORAÇÃO. Senhor, Senhor, tenha misericórdia de nós. Ilumina nossa mente e abençoa o nosso coração. Não nos deixa cair em tentação, mas livra-nos do mal. Que venha a fé e o temor do teu reino sobre nós. Ajuda-nos a viver com sabedoria a nossa religião, pra que possamos praticar os teus mandamentos e te conhecer de verdade. Amém! Autor. Ivan Santos Rüppell Jr é professor, advogado e ministro licenciado da Igreja Presbiteriana do Brasil.

sábado, 16 de setembro de 2023

Meditação Dominical. O HÁBITO DOS CRISTÃOS, Cartas de João.

TEXTO Bíblico. "Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Mas se alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo." (1 Carta de João, cap. 2.1). MEDITAÇÃO. Um cristão não é alguém que não comete pecados. Mas sim, é uma pessoa que acredita no Evangelho de Jesus Cristo. E a partir disto, não vive pecando como hábito, mas por acidente. Esse estilo de vida que sempre leva em conta a vontade e os mandamentos de Deus é algo que só ocorre através da religião cristã. Pois é a Religião Cristã que mantém a gente ligado aos céus, para que vivamos um relacionamento com Deus no cotidiano, mesmo quando pecamos. Essa benção é dada a todos que invocam Jesus como nosso defensor diante da Justiça de Deus, a cada vez que pecamos, seja por fraqueza ou de repente. É isso: o bom hábito do cristão é voltar correndo pra Deus, fazendo logo a Oração do Pai Nosso, pra pedir perdão pelos pecados, em nosso Justo advogado, Jesus. Pois o hábito do cristão é a confissão, não é o pecado. ORAÇÃO. Pai Nosso que está nos céus. Santificado seja o teu Nome, pois o Senhor é Deus! Perdoa os meus pecados assim como eu perdôo os pecadores, e não me deixes cair em tentação. Não deixa eu criar hábitos de pecado, mas livra-me do mal. Amém! Autor. Ivan S Rüppell Jr é professor, advogado e ministro licenciado da Igreja Presbiteriana do Brasil.

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

CREDOS E CONFISSÕES. Texto 4. Seminário Presbiteriano do sul - extensão Curitiba.

Esse texto tem objetivo didático de orientação para a disciplina Credos e Confissões do Curso de Teologia do Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba. Professor Ivan Santos Rüppell Jr, 2023. O PENSAMENTO DE JOÃO CALVINO. Institutas da Religião Cristã. Resumo. Deus Pai Criador. A Trindade, Deus Pai, o Filho e o Espírito Santo. 12: DEUS É DISTINGUIDO DOS ÍDOLOS, A FIM DE QUE O CULTO SEJA PRESTADO SOMENTE A ELE. “Já dissemos que o conhecer a Deus não pode consistir em vã especulação, mas sim implica em adoração ao Deus a quem conhecemos (...) , repito que quando as Escrituras asseveram que há um só Deus, e somente um, elas não estão argumentando em prol do mero nome, e sim, ordenam que nenhuma parte da honra que pertence a Deus seja dada a outro. Nisto vemos quanto a religião pura difere da superstição.” A verdadeira religião será sempre corrompida se agirmos com falsidade e pelo erro, pois “qualquer licença que tomemos no culto, devido a um zelo apressado e sem consideração, é de natureza supersticiosa.” De pouco adianta reconhecer as nossas faltas neste assunto, e ainda assim, escolher ignorar o fato de que estas atitudes nos afastam de Deus. Além de não ensinarem nada de bom, acerca de como se deve adorar ao único Deus verdadeiro. A questão principal é que Deus reafirma os seus direitos de ser a única Majestade dos céus, e revela o seu zelo com esta verdade, através de sua disposição de punir a todos que O confundem com ídolos. Ao mesmo tempo, Ele mesmo define o modo correto em que os homens devem oferecer-lhe um culto legítimo. Pois as ordenanças divinas também tem o propósito de nos desviar de celebrar uma adoração desvirtuada e corrompida. A superstição adota alguns subterfúgios para seguir os deuses falsos, embora procure conservar a aparência de que está servindo ao Deus verdadeiro; pois “concede-Lhe o lugar mais alto, e O cerca com uma multidão de deuses menores, entre os quais distribui suas prerrogativas e atributos; e, assim, com dissimulação astuciosa, a glória da divindade, que deve ser reservada somente para Deus, é mutilada e dispersada.” Foi através desse argumento e utilizando essas ideias que alguns idólatras compartilharam os poderes do Altíssimo com o maioral dos deuses dos homens, na antiguidade. É dentro desse contexto e pensamentos que se aplicam e são utilizadas as expressões “latria (adoração), e dulia (serviço), fazendo uma distinção que os libera para transferir as honras divinas." No entanto, ambos estes termos são usados sem esse tipo de distinção e diferenciação nas Escrituras Sagradas. "Ademais, todos devem reconhecer que o serviço é algo mais do que a adoração; e é uma distinção imprópria prestar aos santos aquilo que é maior, e a Deus aquilo que é menor.” Desta forma, Paulo condena os cristãos da Galácia por servirem a ídolos que sequer eram deuses, algo que faz o apóstolo denominar tal atitude, como sendo uma vã adoração. (Gálatas 4.8). O próprio Senhor Jesus Cristo foi contra o uso de tal distinção, pois respondeu prontamente ao tentador: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás.” Sendo que até o Apóstolo João foi reprovado por oferecer uma servidão indevida a um anjo, posto que tal reverência deveria ser dedicada somente para com Deus. Eu até entendo que existe um certo tipo de honra que foi prestada a alguns homens na história, mas somente, como uma obediência cívica e cidadã. Observe que Pedro também proíbe Cornélio de se prostrar diante dele, pois tal postura é orientada somente para ser dedicada à Pessoa de Deus, e a ninguém mais. “Se, portanto, desejamos ter um só Deus, e somente um, lembremo-nos que não deve ser roubado da mínima partícula da Sua glória.” TÓPICO 13 (parte 1): AS ESCRITURAS ENSINAM QUE A ESSÊNCIA (OU SEJA, O SER) DE DEUS É UNA, E QUE CONTÉM TRÊS PESSOAS. "As Escrituras nos informam que Deus é um Ser infinito e que Ele é Espírito." Porém, um antigo teólogo confundiu bastante a natureza do Ser divino, "ao dizer que tudo quanto vemos e tudo quanto não vemos é Deus." Esse engano é um dos motivos pelos quais Deus fala pouco sobre a sua Pessoa, revelando-nos somente algo acerca da sua grandeza, para que não procuremos medi-lo com nossas próprias mãos. Por isso mesmo, Deus está sempre esclarecendo para toda a humanidade que Ele é "Espírito", a fim de que não procuremos compreende-lo a partir do que é terreno e físico. O Senhor também afirma que Ele habita nos céus para elevar os nossos pensamentos acerca d´Ele, ainda que muitos homens tenham "pensamentos antropomórficos acerca de Deus; ou seja, atribuem a Ele uma forma humana porque as Escrituras falam d´Ele como tendo boca, olhos, mãos e pés." No entanto, essas expressões não representam a Deus, pois o objetivo delas é tratar da nossa dificuldade para compreender a natureza divina; sendo que o motivo para que sejam utilizados estes termos “humanos” é o de procurar revelar algum conhecimento válido sobre a Pessoa de Deus, que nos seja possível entender. "Mas há outra característica especial por meio da qual Deus Se faz mais distintamente conhecido a nós. Ele não somente nos diz que é Uno, mas sim que três pessoas devem ser conhecidas e distinguidas n`Ele." Preste atenção, pois este conhecimento é fundamental para todo aquele que deseja realmente conhecer o Deus verdadeiro! Pois, "quando o autor sagrado chama Cristo de a expressa imagem da pessoa do Pai, sem dúvida atribui ao Pai uma certa subsistência na qual é diferente do Filho - se posso assim traduzir a palavra grega hypostasis empregada em Hebreus 1.3." Sim, pois o escritor não fala neste texto da essência de Deus! - que é uma essência indivisível, sendo algo que tanto o Pai como o Filho têm completamente em si mesmos. O que ele deseja ensinar é que "visto que o Pai se expressou completamente no Filho, diz-se muito corretamente que o Filho é a expressa imagem da pessoa do Pai." Portanto, o texto bíblico indica que há uma essência "particular" de Deus Pai que resplandesce completamente na pessoa do Filho, dando a entender, ainda, que há uma outra "essência" particular (peculiar) no Filho, que igualmente o torna uma Pessoa distinta do Pai. "O mesmo argumento se aplica ao Espírito Santo, que é Deus, mas mesmo assim deve ser distinguido do Pai. Neste sentido, temos recebido o testemunho das Escrituras de que há três pessoas (hipóstases) em Deus." Alguns desprezam o uso da expressão "pessoas" para diferenciar as três personalidades do único Deus, posto que tal termo não está nas Escrituras. "Mas como pode ser ilícito explicar em palavras mais claras aquelas passagens das Escrituras que, para nossa compreensão, são difíceis e obscuras?" Afinal, alguns homens tementes foram convocados na história para apresentar com precisão e clareza nossa crença cristã, no objetivo de que homens maus não continuassem causando confusão. Observe que o homem Ário, por um lado, afirmava que Cristo era Deus e Filho de Deus, e de outro lado, também negava a sua eternidade, declarando que havia sido criado junto de outras criaturas. Daí a necessidade de esclarecer que o Filho é da mesma essência do Pai! Outro a falar deste tema foi Sabélio, que declarou que os termos Pai, Filho e Espírito Santo são somente maneiras distintas de expressar os atributos diferentes de Deus; pois, "ele mantinha que o Pai era o Filho, e o Espírito era o Pai, sem ordem ou distinção." Portanto, por causa destes enganos, entendemos que foi necessário definir que há três pessoas distintas em Deus, e que na unidade de Deus há uma trindade de pessoas. É importante saber que a expressão "pessoa" deseja definir o que é peculiar e particular à uma das pessoas divinas, diante das outras duas pessoas. "E com a palavra "subsistência" quero dizer alguma coisa diferente da "essência" ou do "Ser". Pois, se o Verbo fosse simplesmente Deus, e nada de particular tivesse em Si, João não poderia ter dito que "o Verbo estava com Deus." Ao mesmo tempo, ao dizer que, "e o Verbo era Deus", ele conduz os nossos pensamentos de volta à unidade da essência divina." "Concluímos, portanto, que quando a palavra "Deus" é usada de modo simples e indefinida, ela pertence ao Filho e ao Espírito tão verdadeiramente quanto pertence ao Pai." E quando o Pai é colocado ao lado do Filho, ao falar que o ama ou que o enviou ao mundo, cada pessoa divina se torna distinta em sua subsistência pessoal, diante da outra pessoa. "Agora passarei a dar provas da Deidade do Filho e do Espírito Santo." Observe que ao ler nas Escrituras algo acerca da "Palavra de Deus", não somos simplesmente informados de que Deus declarou algo, mas sim, que se trata daquela eterna Sabedoria que “está” com Deus! Ora, veja que aprendemos nos escritos de Pedro (1 Pd 1.11) que tanto os profetas antigos quanto os apóstolos falavam pelo "mesmo" Espírito de Cristo. E como o Cristo de Deus, conforme o vimos, ainda não havia sido manifestado ao mundo na época dos profetas, eis que entendemos que Pedro utilizava a palavra Cristo para designar o Verbo eterno do Pai. Uma realidade que Moisés observou desde o momento da criação; "pois atribui à Palavra uma participação na Criação ao dizer expressamente que Deus “disse” em todas as suas obras: haja isto ou haja aquilo." Os Apóstolos interpretam as Escrituras ensinando que o mundo foi feito pelo Filho (Hb 1.2), igualmente ao que Salomão (Pv 8.22) e o próprio Cristo afirmam: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também." (Jo 5.17). No princípio de seu evangelho, João "claramente demonstra como Deus, ao falar, criou o mundo"; enquanto também ensina que o Verbo é a causa primária de tudo que existe, sendo eterno Deus como o Pai, mas também distinto na pessoa de Deus Filho. "Seria bom dar aqui uns testemunhos bíblicos à divindade de Cristo." O Salmo 45 afirma: "Teu trono, ó Deus, permanece para todo o sempre." Em Isaías, o Cristo é "Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da Paz" e o Emanuel: "Deus conosco". Em Jeremias 23.6, lemos: "E este será seu nome: "O Senhor é nossa justiça." Observe que "é especialmente digno de nota que as predições no Velho Testamento sobre os atos de Deus são consideradas pelos apóstolos como tendo sido cumpridas em Cristo... (enquanto que) Isaías disse que o Senhor dos Exércitos seria uma pedra de tropeço para Judá e Israel"; sendo que Paulo afirma que esta sentença foi cumprida na Pessoa de Cristo, diante de quem iremos comparecer no tribunal divino, conforme Romanos 14.10-11. O evangelista João testifica que a glória de Jeová vista por Isaías era a glória do próprio Cristo (cap. 6). O próprio Tomé adorou a Cristo com estas palavras: "Senhor meu e Deus meu!" Saibam que todos os milagres de Jesus são uma prova de sua divindade, pois os praticava a partir de um poder inerente em si mesmo, ao contrário dos apóstolos. TÓPICO 13 (parte 2): AS ESCRITURAS ENSINAM QUE A ESSÊNCIA (OU SEJA, O SER) DE DEUS É UNA, E QUE CONTÉM TRÊS PESSOAS. (parte 2). “No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia, a escuridão cobria as águas profundas, e o Espírito de Deus se movia sobre a superfície das águas.” (Gênesis 1.1-2). João Calvino destaca a importância do conhecimento de Deus, conforme foi revelado nas Escrituras, pois, "nas mesmas fontes documentárias devemos procurar a prova da Deidade do Espírito Santo." Afinal, Moisés começou a apresentar esta verdade já nos primeiros registros da criação, ao dizer que o Espírito de Deus pairava sobre as águas, ocasião em que Ele manifestava o seu poder sobre o caos. E há um outro testemunho como este, que nos foi dado pelo Profeta Isaías, ao dizer: "Agora, o Senhor Soberano e seu Espírito me enviaram com esta mensagem..."; a fim de enaltecer a presença do Espírito na autoridade dada aos Profetas, evidenciando a majestade divina de sua Pessoa. Mas, penso que a melhor confirmação desta verdade ocorre em nossa experiência como cristãos, ao reconhecer os atributos santos da divindade presentes na Pessoa do Espírito, sabendo que Ele está em todos os lugares, nos sustenta e traz vida, enquanto nos renova para uma vida incorruptível. "Ora, as Escrituras nos ensinam em muitos lugares que por uma energia que não Lhe foi emprestada, e sim que pertence a Ele mesmo - Ele é o Autor da regeneração. E não somente da regeneração, mas também da futura imortalidade." Observe que é o próprio Espírito Santo que nos capacita para que sejamos sábios e tenhamos eficácia em nossas palavras, sendo que estes poderes pertencem ao Deus Jeová; pois, "vêm d´Ele o poder, a santificação, a verdade, a graça e toda bênção concebível."; conforme as orientações dadas por Paulo, que atribuem ao Espírito todo poder, a fim de esclarecer que Ele é uma pessoa divina: "Tudo isso é distribuído pelo mesmo e único Espírito, que concede o que deseja a cada um." (1 Co 12.11). Sobre o conhecimento da divindade do Espírito Santo, devemos meditar em "um testemunho que requer atenção especial": Paulo declara que nós somos o templo de Deus, sendo que a ocorrência desta promessa decorre da profecia de que receberíamos o Espírito em nossas vidas. Conforme a explicação de Agostinho: "Se tivéssemos sido ordenados a edificar um templo de madeira e de pedra para honrar o Espírito, essa teria sido prova clara da Sua Deidade: quanto mais clara então, a prova que diz que não devemos edificar, mas sim, ser o templo d´Ele! E o Apóstolo Paulo diz num lugar que somos templo do Espírito Santo, com o mesmo significado. Além disso, quando Pedro repreende Ananias por ter mentido ao Espírito Santo, acrescenta: "Não mentiste aos homens, mas a Deus". (At 5.3-4). Observe que o Autor das profecias é o Senhor Jeová, sendo reconhecido desta forma pelos profetas como o “Senhor dos Exércitos”, ao mesmo tempo em que Ele é confirmado por Cristo e pelos Apóstolos, como sendo igualmente o Espírito Santo. A majestade divina do Espírito também se torna conhecida quando entendemos que Ele é tomado por tristeza, diante da rebeldia do povo (Isaías 63.10), e pelo fato de que os pecados cometidos contra Ele devem ser considerados como uma blasfêmia sem perdão, segundo as escrituras; (Mateus 12.31; Marcos 3.29, e Lucas 12.10). Sobre os testemunhos da Palavra de Deus acerca da divindade da Trindade, observamos que "quando Cristo veio ao mundo, Deus Se revelou mais claramente do que nunca e, portanto, ficou sendo mais intimamente conhecido a nós no que diz respeito às Suas três pessoas. E dentre as muitas passagens relevantes no Novo Testamento, bastará uma, (Efésios 4.5): "Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual está sobre todos, em todos, e vive por meio de todos.". O argumento apresentado neste texto é muito claro, e podemos perceber isso da seguinte forma: "visto haver uma só fé, pode haver um só Deus; e visto haver um só batismo, pode haver uma só fé." Eis a razão porque devemos ser batizados no Nome do único Deus verdadeiro, o qual, conforme Cristo ordenou, será em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. As Escrituras ensinam a distinção entre as três pessoas da Trindade, sendo que a revelação desse mistério deve nos causar grande temor, nas palavras de Gregório de Nazianzo: "Logo que contemplo um, estou cercado pela glória dos três; logo que meus pensamentos distinguem os três, são levados de volta ao um." Portanto, devemos saber que ao reconhecer a Trindade, nós honramos de forma devida a unidade do Deus único, pois o ensino das Escrituras indica que há uma distinção sem divisão, entre Eles. O Verbo estava com Deus e desfrutou de Sua glória porque era distinto d´Ele. O Pai igualmente criou todas as coisas pelo Verbo porque é distinto d´Ele, sendo que não foi o Pai que desceu ao mundo, morreu e ressuscitou; mas sim, aquele que foi enviado pelo Pai, o Filho. E ainda, "Cristo infere que há uma distinção entre o Espírito e o Pai, ao dizer que o Espírito procede do Pai; e distingue o Espírito de Si mesmo ao chamá-LO "outro"; quando diz: "O Pai vos dará outro consolador". Não pretendo tratar desse mistério através de ilustrações naturais, ao mesmo tempo em que não posso me calar sobre uma distinção tão clara, conforme foi dada nas Escrituras. "É da seguinte natureza: ao Pai é atribuído o começo da operação, a fonte e origem de todas as coisas; ao Filho, a sabedoria e o conselho, a dispensação de todo o governo; ao Espírito, o poder e a eficácia demonstrados na ação." E ainda que as três Pessoas sejam igualmente eternas, como o único Deus é eterno; "no entanto, a observância de uma certa ordem em falar das pessoas divinas não é vã nem supérflua: o Pai é assim considerado o primeiro, o Filho é da parte do Pai, e o Espírito é da parte de ambos. Nossa mente pensa instintivamente em Deus como sendo o primeiro, e depois, da Sua Sabedoria que procede da parte d´Ele, e finalmente, do poder do Espírito pelo qual os decretos do Seu conselho são executados. (...) Em nenhum lugar é isto mais claramente apresentado do que no cap. 8 de Romanos, onde o mesmo Espírito é primeiramente chamado o Espírito de Cristo, e depois, o Espírito d´Aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos." Pedro confirma esse entendimento para nós, pois esclarece que os Profetas falaram pelo Espírito de Cristo, enquanto as Escrituras ensinam que foi pelo Espírito de Deus Pai que eles falaram; o que nos faz compreender que todos Eles são igualmente Um! Segundo Agostinho: "Cristo, quando considerado somente em relação a Si mesmo, é chamado Deus; em relação ao Pai, é chamado o Filho. E, outra vez, o Pai, considerado em Si mesmo, é chamado Deus; com respeito ao filho, é chamado o Pai. O Pai não é o Filho, e o Filho não é o Pai, mas o Pai e o Filho são o mesmo Deus." Observe que "esta distinção entre as pessoas, em vez de ser oposta à unidade da essência divina fornece uma prova disso. A unicidade do Filho com o Pai aparece nisto: que Eles têm um só Espírito; e o Espírito não pode ser algo diferente do Pai e do Filho por esta mesma razão, que Ele é o Espírito do Pai e do Filho. De fato, em cada pessoa está a Deidade inteira, ao mesmo tempo que cada uma tem Sua própria personalidade distinta." Portanto, é necessário declarar com sobriedade que cremos num só Deus: "único e indiviso, em quem há três pessoas; e, portanto, quando usamos o vocábulo "Deus" de modo indefinido, queremos dizer o Filho e o Espírito tanto quanto o Pai." E para respeitar à ordem dada na revelação acerca da Trindade divina, devemos utilizar a palavra “Deus” somente para a pessoa do Pai, quando o citamos junto da pessoa do Filho, como quando dizemos: o Filho de Deus e o Espírito de Deus. Pois, quando honramos esta ordem das Pessoas de forma correta, nós também reverenciamos a essência Única de Deus, ao mesmo tempo em que não desprezamos a Divindade do Filho e do Espírito Santo. 14: AS ESCRITURAS, NO SEU REGISTRO DA CRIAÇÃO, DISTINGUEM O DEUS VERDADEIRO DE TODOS OS DEUSES FALSOS. Texto Bíblico: “Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento demonstra a habilidade de suas mãos. Dia após dia, eles continuam a falar; noite após noite, eles o tornam conhecido. Não há som nem palavras; nunca se ouve o que eles dizem. Sua mensagem, porém, chegou a toda a terra, e suas palavras, aos confins do mundo.” (Salmo 19. 1-4). Quando entendemos que Deus é o Criador de tudo que existe no Universo, ficamos maravilhados e nos tornamos reverentes diante d´Ele. “Por meio deste registro aprendemos que Deus, pelo poder da Sua palavra e do Seu Espírito criou do nada o céu e a terra; que fez trazer à existência todas as criaturas animadas e inanimadas; que distinguiu umas das outras... deu a cada coisa sua própria natureza peculiar, atribuiu-lhes suas várias funções e colocou-as nas suas várias posições... algumas espécies Ele conserva de modo misterioso... a outra dá o poder de procriação... Desta maneira, adornou o céu e a terra com todas as coisas em maravilhosa abundância...”. (p 77). Não há palavras capazes de expressar as obras de Deus com a dignidade merecida, a fim de que consigamos “demonstrar quão inestimável sabedoria, poder, justiça e bondade brilham no sistema do universo...”. (p 78). A criação é como um espelho das infinitas riquezas da sabedoria e virtudes do Senhor, e por isso é da vontade de Deus que todos possamos contemplar as suas obras com a devida atenção. Pois jamais iremos honrar a Deus como o Senhor Criador de toda terra, se continuarmos ignorando os Seus atributos visíveis na criação, pois essa realidade precisa chegar ao nosso coração a fim de que estimule o nosso conhecimento sobre o Senhor. Vamos prestar atenção na magnitude da grandeza do Criador a partir do fato de que Ele colocou nos céus as estrelas, definiu as suas posições e o seu curso, e governa seus movimentos de maneira a medir dias e semanas, meses e anos. Observe e contemple a grandeza do poder d´Aquele que sustenta toda a estrutura da natureza e controla a evolução dos astros nos céus, pois estes são alguns exemplos dos milagres da majestade de Deus que se encontram em todas as obras da criação. “Pela fé percebemos que Deus designou todas as coisas para nosso proveito e bem-estar, e assim aprendemos a erguer nosso coração a Ele em confiança, oração, louvor e amor.” (p 78). Devemos perceber o modo como Deus criou o mundo cuidadosamente, para nos oferecer uma existência bendita na terra, sendo essa uma boa razão para jamais duvidarmos de Sua Paternidade amorosa para conosco. Ele nos abençoou grandemente ao criar tudo de que necessitamos antes de nascermos, sujeitando toda a criação ao nosso proveito e deleite. “Portanto, sempre que falamos de Deus como o Criador do céu e da terra, lembremo-nos que Ele retém o domínio de todas as obras das Suas mãos, e que nós somos Seus filhos, aos quais Ele se empenhou em nutrir, sustentar e proteger.” (p 79). Amparados nesse conhecimento, devemos fortalecer a confiança em Deus acerca da nossa existência e necessidades, esperando unicamente n´Ele e pedindo-Lhe tudo de que precisamos, já agradecidos pelo que temos recebido desde sempre. E constrangidos pela grandeza do amor e cuidado do Senhor para conosco nas obras da criação, “esforcemo-nos a amar e adorá-Lo de todo o nosso coração.” (p 79). REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. (pgs 51 a 85 do Resumo das Institutas de J P Wiles). TEMAS E CONTEÚDO. Resumo. AULA. 15/08. 12: DEUS É DISTINGUIDO DOS ÍDOLOS, A FIM DE QUE O CULTO SEJA PRESTADO SOMENTE A ELE. - “Já dissemos que o conhecer a Deus não pode consistir em vã especulação, mas sim implica em adoração ao Deus a quem conhecemos (...) , repito que quando as Escrituras asseveram que há um só Deus, e somente um, elas não estão argumentando em prol do mero nome, e sim, ordenam que nenhuma parte da honra que pertence a Deus seja dada a outro. Nisto vemos quanto a religião pura difere da superstição.” - A questão principal é que Deus reafirma os seus direitos de ser a única Majestade dos céus, e revela o seu zelo com esta verdade, através de sua disposição de punir a todos que O confundem com ídolos. Ao mesmo tempo, Ele mesmo define o modo correto em que os homens devem oferecer-lhe um culto legítimo. Pois as ordenanças divinas também tem o propósito de nos desviar de celebrar uma adoração desvirtuada e corrompida.” TÓPICO 13 (parte 1): AS ESCRITURAS ENSINAM QUE A ESSÊNCIA (OU SEJA, O SER) DE DEUS É UNA, E QUE CONTÉM TRÊS PESSOAS. - "As Escrituras nos informam que Deus é um Ser infinito e que Ele é Espírito." Porém, um antigo teólogo confundiu bastante a natureza do Ser divino, "ao dizer que tudo quanto vemos e tudo quanto não vemos é Deus." (...) Por isso mesmo, Deus está sempre esclarecendo para toda a humanidade que Ele é "Espírito", a fim de que não procuremos compreende-lo a partir do que é terreno e físico. - "Mas há outra característica especial por meio da qual Deus Se faz mais distintamente conhecido a nós. Ele não somente nos diz que é Uno, mas sim que três pessoas devem ser conhecidas e distinguidas n`Ele." Preste atenção, pois este conhecimento é fundamental para todo aquele que deseja realmente conhecer o Deus verdadeiro! Pois, "quando o autor sagrado chama Cristo de a expressa imagem da pessoa do Pai, sem dúvida atribui ao Pai uma certa subsistência na qual é diferente do Filho - se posso assim traduzir a palavra grega hypostasis empregada em Hebreus 1.3." - O que ele deseja ensinar é que "visto que o Pai se expressou completamente no Filho, diz-se muito corretamente que o Filho é a expressa imagem da pessoa do Pai." Portanto, o texto bíblico indica que há uma essência "particular" de Deus Pai que resplandesce completamente na pessoa do Filho, dando a entender, ainda, que há uma outra "essência" particular (peculiar) no Filho, que igualmente o torna uma Pessoa distinta do Pai. "O mesmo argumento se aplica ao Espírito Santo, que é Deus, mas mesmo assim deve ser distinguido do Pai. Neste sentido, temos recebido o testemunho das Escrituras de que há três pessoas (hipóstases) em Deus." - É importante saber que a expressão "pessoa" deseja definir o que é peculiar e particular à uma das pessoas divinas, diante das outras duas pessoas. "E com a palavra "subsistência" quero dizer alguma coisa diferente da "essência" ou do "Ser". Pois, se o Verbo fosse simplesmente Deus, e nada de particular tivesse em Si, João não poderia ter dito que "o Verbo estava com Deus." Ao mesmo tempo, ao dizer que, "e o Verbo era Deus", ele conduz os nossos pensamentos de volta à unidade da essência divina." - "Agora passarei a dar provas da Deidade do Filho e do Espírito Santo." Observe que ao ler nas Escrituras algo acerca da "Palavra de Deus", não somos simplesmente informados de que Deus declarou algo, mas sim, que se trata daquela eterna Sabedoria que “está” com Deus! Ora, veja que aprendemos nos escritos de Pedro (1 Pd 1.11) que tanto os profetas antigos quanto os apóstolos falavam pelo "mesmo" Espírito de Cristo. E como o Cristo de Deus, conforme o vimos, ainda não havia sido manifestado ao mundo na época dos profetas, eis que entendemos que Pedro utilizava a palavra Cristo para designar o Verbo eterno do Pai. Uma realidade que Moisés observou desde o momento da criação; "pois atribui à Palavra uma participação na Criação ao dizer expressamente que Deus “disse” em todas as suas obras: haja isto ou haja aquilo." TÓPICO 13 (parte 2): AS ESCRITURAS ENSINAM QUE A ESSÊNCIA (OU SEJA, O SER) DE DEUS É UNA, E QUE CONTÉM TRÊS PESSOAS. (parte 2). - “No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia, a escuridão cobria as águas profundas, e o Espírito de Deus se movia sobre a superfície das águas.” (Gênesis 1.1-2). - "Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual está sobre todos, em todos, e vive por meio de todos.". O argumento apresentado neste texto é muito claro, e podemos perceber isso da seguinte forma: "visto haver uma só fé, pode haver um só Deus; e visto haver um só batismo, pode haver uma só fé." Eis a razão porque devemos ser batizados no Nome do único Deus verdadeiro, o qual, conforme Cristo ordenou, será em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. - As Escrituras ensinam a distinção entre as três pessoas da Trindade, sendo que a revelação desse mistério deve nos causar grande temor, nas palavras de Gregório de Nazianzo: "Logo que contemplo um, estou cercado pela glória dos três; logo que meus pensamentos distinguem os três, são levados de volta ao um." Portanto, devemos saber que ao reconhecer a Trindade, nós honramos de forma devida a unidade do Deus único, pois o ensino das Escrituras indica que há uma distinção sem divisão, entre Eles. O Verbo estava com Deus e desfrutou de Sua glória porque era distinto d´Ele. O Pai igualmente criou todas as coisas pelo Verbo porque é distinto d´Ele, sendo que não foi o Pai que desceu ao mundo, morreu e ressuscitou; mas sim, aquele que foi enviado pelo Pai, o Filho. E ainda, "Cristo infere que há uma distinção entre o Espírito e o Pai, ao dizer que o Espírito procede do Pai; e distingue o Espírito de Si mesmo ao chamá-LO "outro"; quando diz: "O Pai vos dará outro consolador". - Portanto, é necessário declarar com sobriedade que cremos num só Deus: "único e indiviso, em quem há três pessoas; e, portanto, quando usamos o vocábulo "Deus" de modo indefinido, queremos dizer o Filho e o Espírito tanto quanto o Pai." E para respeitar à ordem dada na revelação acerca da Trindade divina, devemos utilizar a palavra “Deus” somente para a pessoa do Pai, quando o citamos junto da pessoa do Filho, como quando dizemos: o Filho de Deus e o Espírito de Deus. Pois, quando honramos esta ordem das Pessoas de forma correta, nós também reverenciamos a essência Única de Deus, ao mesmo tempo em que não desprezamos a Divindade do Filho e do Espírito Santo. 14: AS ESCRITURAS, NO SEU REGISTRO DA CRIAÇÃO, DISTINGUEM O DEUS VERDADEIRO DE TODOS OS DEUSES FALSOS. - Texto Bíblico: “Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento demonstra a habilidade de suas mãos. Dia após dia, eles continuam a falar; noite após noite, eles o tornam conhecido. Não há som nem palavras; nunca se ouve o que eles dizem. Sua mensagem, porém, chegou a toda a terra, e suas palavras, aos confins do mundo.” (Salmo 19. 1-4). - Quando entendemos que Deus é o Criador de tudo que existe no Universo, ficamos maravilhados e nos tornamos reverentes diante d´Ele. “Por meio deste registro aprendemos que Deus, pelo poder da Sua palavra e do Seu Espírito criou do nada o céu e a terra; que fez trazer à existência todas as criaturas animadas e inanimadas; que distinguiu umas das outras... deu a cada coisa sua própria natureza peculiar, atribuiu-lhes suas várias funções e colocou-as nas suas várias posições... algumas espécies Ele conserva de modo misterioso... a outra dá o poder de procriação... Desta maneira, adornou o céu e a terra com todas as coisas em maravilhosa abundância...”. (p 77). - “Pela fé percebemos que Deus designou todas as coisas para nosso proveito e bem-estar, e assim aprendemos a erguer nosso coração a Ele em confiança, oração, louvor e amor.” (p 78). Devemos perceber o modo como Deus criou o mundo cuidadosamente, para nos oferecer uma existência bendita na terra, sendo essa uma boa razão para jamais duvidarmos de Sua Paternidade amorosa para conosco. Ele nos abençoou grandemente ao criar tudo de que necessitamos antes de nascermos, sujeitando toda a criação ao nosso proveito e deleite. - Amparados nesse conhecimento, devemos fortalecer a confiança em Deus acerca da nossa existência e necessidades, esperando unicamente n´Ele e pedindo-Lhe tudo de que precisamos, já agradecidos pelo que temos recebido desde sempre. E constrangidos pela grandeza do amor e cuidado do Senhor para conosco nas obras da criação, “esforcemo-nos a amar e adorá-Lo de todo o nosso coração.” (p 79).

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

RELIGIÃO E PÓS MODERNIDADE. Texto 4. Seminário Presbiteriano do sul extensão Curitiba.

Esse texto tem objetivo didático de orientação para a disciplina Religião e Pós modernidade do Curso de Teologia do Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba. O texto contém resumos e citações longas, devendo ser utilizado somente como apoio do estudo da disciplina. Professor Ivan Santos Rüppell Jr, 2023. O CRISTIANISMO DIANTE DE OUTRAS RELIGIÕES. Desde o início, a doutrina religiosa cristã foi colocada diante da religião judaica, sendo vista então, como uma prática decorrente do judaísmo, enquanto que no decorrer dos primeiros séculos, o cristianismo foi posicionado diante de tradições diversas, como do paganismo clássico na Europa, e a partir do século 5, na Índia, diante das tradições hindus que estavam debaixo do guarda-chuva do hinduísmo; enquanto que, igualmente se posicionou diante do islamismo no oriente. "Na era moderna, a questão do relacionamento entre o cristianismo e as demais tradições religiosas assumiu nova importância na teologia acadêmica ocidental, em parte devido ao surgimento do multiculturalismo na sociedade ocidental." (McGrath, p. 612, 2005). Algo fundamental no desenvolvimento deste tema é anotar o modo em que a cultura tem definido a conceituação de religião, sendo que já não mais cabe o entendimento clássico de que toda religião orienta a crença num ser superior, de forma que, a essência da religião na atualidade não surge de um ou outro elemento que estaria presente em todas elas, bem como, também é possível dizer que "não existe algo como religião. Temos apenas tradições, movimentos, comunidades, povos, crenças e práticas que possuem várias características que as pessoas associam àquilo que entendem por religião." (p. 612, 2005). Este entendimento é importante a fim de orientar o modo em que se deve desenvolver a relação entre as diversas religiões do mundo, sendo que hoje se compreende que mais do que religiões, deve-se decidir pela existência de vivências culturais que carregam consigo "aspectos religiosos", como há no budismo e confucionismo. Sendo que, a proposta de uma compreensão una da religião surgiu no pensamento iluminista que, a partir da biologia buscava anotar neste mesmo sentido, conceitos de outros aspectos da realidade, propondo que haveria uma gênero essencial da religião do qual surgiriam as demais. Observe que, o nosso propósito neste texto é propor uma análise da relação do Cristianismo perante as demais religiões dos homens, a partir do contexto da revelação do Evangelho, portanto, numa perspectiva cristã, voltada aos seguidores de Cristo. Neste contexto, há três posições: "o particularismo, que defende que somente podem ser salvos aqueles que ouvem e respondem ao evangelho cristão; o inclusivismo, que alega que, embora o cristianismo represente a revelação oficial de Deus, ainda há possibilidade de salvação para os que pertençam a outras tradições religiosas; e o pluralismo, que prega que todas as tradições religiosas da humanidade são caminhos válidos para a mesma essência da realidade religiosa." (p. 613, 2005). O PARTICULARISMO. O destaque dado por Hendrik Kraemer (1888-1965) na obra: Mensagem cristã em um mundo não cristão (1938) anotava que, "Deus havia revelado em Jesus Cristo o Caminho, a Verdade e a Vida, e queria que isso fosse revelado por todo o mundo". Observe que, tal doutrina definia a mensagem cristã como única e diferencial diante das outras religiões. Para McGrath, as declarações do autor ainda carregam certa tolerância diante das outras religiões, posto que através da história e do conhecimento, Deus poderia brilhar seu conhecimento aos homens, ainda que de forma confusa, surgindo o questionamento sobre como tal tipo de conhecimento geral pode ser validado religiosamente; como sendo um conhecimento capaz de ser atualizado em Cristo, ou então, somente o conhecimento surgido de uma estrutura religiosa cristã é que deve ser considerado como verdadeiro. (p. 613, 2005). Karl Barth entende que "não há conhecimento de Deus fora de Cristo", enquanto outros, como Kraemer, compreendem que Deus anuncia seu conhecimento de diversas formas, embora a sua interpretação correta somente irá ocorrer "à luz da definitiva revelação de Deus em Cristo." (p. 614, 2005). Neste contexto, ao tratar dos seres humanos que jamais ouviram ou irão ouvir o evangelho, John Hick afirma que, desta forma, a "vontade redentora universal de Deus" não tem lugar na visão particularista, enquanto que Barth defende que a salvação depende sim, somente de Cristo, e que a mesma irá surgir a partir de uma "ideia da vitória escatológica suprema da graça sobre a descrença (...) No futuro, a graça de Deus triunfará completamente, e todos crerão em Jesus Cristo. (...) Para Barth, a particularidade da revelação de Deus por meio de Cristo não se contradiz pela universalidade da salvação." (p. 614, 2005). No século 19, o escritor inglês Lesslie Newbigin defendeu a visão particularista, expondo uma crítica para o pensamento que defende uma única realidade transcendente para todas as religiões, vindo a valorizar a distinção e particularidade da pessoa de Cristo revelada somente na religião cristã. Acerca de uma revelação geral una para todas as religiões, ele afirma que "não existem quaisquer critérios pelos quais os distintos conceitos de Transcendente possam ser comprovados. Assim, a subjetividade absoluta faz-nos calar: é impossível conhecer o Transcendente." Segundo McGrath, "Newbigin reafirma aquilo que considera a posição cristã clássica - que Jesus Cristo é o único fundamento e o único núcleo de uma fé única e singular." Vale anotar que o termo particularismo se tornou o modo correto de expressar o entendimento da unicidade de Cristo como expoente de uma Salvação Religiosa, superando a expressão outrora usada, exclusivismo. (p. 614-615, 2005). O INCLUSIVISMO. O escritor jesuíta Karl Rahner desenvolveu 4 teses sobre o modo em que "todas tradições religiosas em geral, mesmo as não-cristãs, podem ter acesso à graça redentora de Deus." (p. 615, 2005). 1. "O cristianismo é a suprema religião que se fundamenta no evento único da auto-revelação de Deus em Cristo." Trata-se de uma revelação em período específico da história, de forma que, a vontade redentora de Deus vai observar os que viveram antes deste evento, ou os que no futuro não venham a ter conhecimento dele. 2. Assim, "as tradições religiosas que não são cristãs também são tidas como válidas e capazes de intermediar a graça redentora de Deus, até que o evangelho seja conhecido por seus membros", sendo que após ouvirem, somente o evangelho será legítimo. 3. "O adepto fiel e zeloso de uma tradição religiosa não-cristã deve ser considerado um "cristão anônimo." 4. Não haverá substituição das outras religiões pela cristã, de forma que a existência da humanidade será marcada pelo pluralismo religioso. Rahner apresenta a religião cristã na redenção de Cristo como a única tradição religiosa capaz de salvar, agregando o entendimento que, a partir da vontade redentora universal de Deus - que deseja que todos sejam salvos, não se faz necessário que todos tenham conhecimento de Cristo ou estejam unidos a Ele nas igrejas cristãs. (p. 615-616, 2005). Observando a diferença de entendimento entre autores, "Kraemer alega que as tradições religiosas não-cristãs não passam de meras criações humanas que servem de justificativa para si mesmas, ao passo que Rahner defende que tais tradições podem perfeitamente possuir elementos de verdade." (p. 616, 2005). Rahner utiliza uma interpretaçao peculiar do AT para defender sua tese, indicando que a religião própria do judaísmo tem alguns de seus temas validados pelo cristianismo no NT, sendo algo possível de ser realizado igualmente diante de outras tradições religiosas. "Assim, a graça redentora de Deus encontra-se disponível por intermédio das tradições religiosas não-cristãs, apesar de suas deficiências." Rahner apresenta o termo "cristãos anônimos", para aqueles que irão receber a graça divina, sem ter completo conhecimento deste fato. John Hick fez críticas a essa posição por seu "paternalismo", ao ofertar graça divina para os que jamais demonstraram interesse por ela, embora Rahner tenha se preocupado em qualificar aspectos da graça divina em outras tradições religiosas, que não a cristã, de forma que o acesso à graça cristã não depende do acesso à verdade da revelação em Cristo. Rahner entende que a tradição cristã é única e que não há comparação desta com as outras tradições religiosas, expondo porém, que as outras tradições possam vir ter algum tipo de acesso à graça redentora de Deus. (p. 616, 2005). Em relação ao pensamento católico, conforme exposto no II Concílio Vaticano (1965), pode haver aspectos da graça divina em outras religiões, no entanto, a reconciliação com Deus somente ocorre através do conhecimento de Jesus Cristo. Assim, "Rahner assume uma posição inclusiva tanto em termos de revelação quanto da salvação; o Vaticano II tende a ser inclusivo em termos da revelação, porém particularista em termos da salvação." O Pluralismo no Evangelicalismo. (p. 617, McGrath, 2005). O pensamento da grande maioria dos autores evangelicais é particularista, embora Clark Pinnock tenha escolhido ser universalista, utilizando argumentos da apologética que se serviam do Logos no séc I. Ele entende que o amor de Deus para com todo o mundo e seu desejo de que todos sejam salvos deve orientar o entendimento de "que todos devem ter acesso à salvação (...) Eles não podem perder a oportunidade simplesmente pelo fato de que alguém falhou em trazer o evangelho de Cristo até nós. A vontade redentora universal de Deus implica igualmente acesso universal à salvação para todas as pessoas." (p. 617, 2005). As dificuldades das visões particularista e exclusivista podem ser superadas pelo entendimento "inclusivista", para Pinnock; sendo esta última uma proposição bastante criticada, também, especialmente por aqueles que se dedicam a defender a abordagem "pluralista". O PLURALISMO. Cada religião apresenta uma visão própria, porém também válida sobre a realidade transcendente e superior, que pode ser identificada como "deus"; sendo que, os voltados a esse pensamento utilizam a expressão "realidade superior" ou "o Real", ao invés de Deus, para nominar essa realidade espiritual. John Hick é um dos maiores defensores dessa corrente e entende que deve-se parar de ensinar uma perspectiva cristocêntrica, para em seu lugar defender uma perspectiva teocêntrica. Deve-se abandonar a ideia de que o cristianismo é o centro das religiões, e também não se deve dizer que outras religiões giram ao redor do cristianismo. O objeto principal ao focar a essência das outras religiões acerca da compreensão da natureza de Deus deve ser "sua vontade redentora universal". (p. 617-618, 2005). Se Deus deseja que todos sejam salvos, é correto entender que isto não deve ocorrer com somente um pequeno grupo de seres humanos, sendo necessário compreender que todas as religiões levam a Deus, de forma que "os cristãos não possuem um acesso especial a Deus, pois ele está ao alcance de todas as tradições religiosas." O pensamento filosófico de Kant sobre a realidade superior no aspecto em que as religiões do mundo o representam posto que não se pode conhece-lo diretamente, orienta que nossa compreensão deve ser aquela dada pelas religiões - que são proposições humanas sobre o "Real" superior a que não temos acesso, como humanos, no mundo fenomenôlógico. "De acordo com sua ótica, as religiões devem ser vistas como percepções complementares de uma mesma realidade divina, em vez de ser entendidas como algo contraditório. Essa realidade se encontra no cerne de todas as religiões." (p. 619, 2005). O desenvolvimento histórico e as influências diversas de cada uma destas religiões é o aspecto e fundamento que as levou a serem diversas e com aspectos tão próprios. Trata-se de um pensamento que encontra paralelo na visão de existência de "uma religião natural, racional e universal", conforme foi dada por pensadores deístas, e que veio a perder conteúdo e essência no decorrer da história. Uma reflexão e ponderação que pode-se fazer sobre essa realidade de tantas e distintas religiões na história defendida por Hick, igualmente se torna um fator que demonstra a dificuldade de aceitar que as religiões não-cristãs estejam tratando do mesmo Deus que o Cristianismo. Ainda, sabe-se que o Cristianismo é conhecido a partir essencialmente de Cristo, algo que Hick busca tratar ou refletir em defesa de seu pensamento, quando ele define que prefere se dedicar ao aspecto teocêntrico, ao invês de cristocêntrico do conhecimento de Deus. Acerca deste ponto, ao afastar-se de Cristo como paradigma, Hick igualmente deixa de falar aos cristãos e assim, sua perspectiva religiosa não deve mais ser considerada cristã. "O debate acerca da perspectiva cristã no que concerne à relação entre o cristianismo e as demais tradições religiosas, alimentado pelo surgimento do multiculturalismo na sociedade ocidental, ainda se prolongará por um tempo considerável." (p. 620, Mcgrath, 2005). O EXISTENCIALISMO E O NIILISMO PÓS MODERNO. O fato de estar consciente de sua própria existência e os questionamentos sobre essa realidade é a essencial diferença dos seres humanos diante do restante da criação. "O surgimento da filosofia existencialista é acima de tudo uma reação a essa percepção crucial. Nós não somente existimos: também compreendemos a dimensão disso, temos consciência de que existimos e de que um dia nossa existência terminará com a morte." (McGrath, p. 232, 2005). O existencialismo se posiciona contra os que desprezam a realidade pessoal e consciente do ser humano que distingue a humanidade. Há dois sentidos para o existencialismo: o primeiro se dedica a observar a experiência direta e imediata que vivenciamos diante da realidade, relacionado a um movimento forte entre 1938/68 a partir dos escritos de Soren Kierkegaard. "Esse filósofo destacou a importância da decisão individual e de uma consciência dos limites da existência humana." (p. 233, 2005). O pensador Martin Heidegger trouxe reflexão fundamental acerca do existencialismo a partir da teologia, com pensamentos que influenciaram Rudolf Bultmann na busca de "uma narrativa existencialista cristã a respeito da existência humana, e a forma como ela é iluminada e transformada pelo evangelho." (p. 233, 2005). Heidegger reflete o termo "ser" na perspectiva de alguém "estar lá, estar no mundo", fazendo uma diferenciação entre o significado de existência precária e existência autêntica, sendo algo utilizado por Bultmann em sua interpretação da mensagem do NT. Assim, há duas formas de existência percebíveis no NT, para Bultmann: "Primeiro, temos a existência incrédula, não-redimida, que representa uma forma de existência precária. Nela, os indivíduos recusam a admitir aquilo que realmente são: seres dependentes de Deus para sua felicidade e salvação (...) Essa tentativa humana de ser auto-suficiente é chamada de "pecado", tanto no Antigo como no Novo Testamento." (p. 233, 2005). Os que abandonam essa vida e passam a confiar em Deus, vivenciam a denominada existência crédula, em que se percebe o engano da auto-suficiência e se busca a dependência de Deus. Busca-se abandonar os bens transitórios do mundo para crer em Deus, e se procura confiar na justiça dada por Deus como dom da graça, reconhecendo a fragilidade da existência e o fato da vitória sobre a finitude na ressurreição de Cristo. "O surgimento do existencialismo, no período moderno, reflete a importância atribuída ao mundo interno da experiência humana." (p. 234, 2005). Essa perspectiva está presente nos textos e pensadores das Escrituras, desde o AT e NT, passando por Agostinho até Lutero, que dizia que "a experiência faz o teólogo" ao tratar do modo como o julgamento de Deus sobre o pecado deve ser uma vivência real ao estudante da Bíblia. "(...) O movimento literário conhecido como romantismo atribuiu uma grande importância ao papel dos "sentimentos", abrindo um caminho para um novo interesse ligado a esse aspecto da vida cristã." (McGrath, p. 234, 2005). "No século XX surgia uma nova visão de mundo, que aceitava os fatos nus do materialismo e ao mesmo tempo oferecia sentido para o indíviduo. Essa visão de mundo é o existencialismo." "Não há sentido nem finalidade inerente na vida" é uma frase que representa o pensamento existencialista acerca da vida e experiência humana, a partir de uma análise da ordem natural e lógicas racionalistas, buscando apresentar o fato de que "as leis naturais não tem sentido. A esfera objetiva é absurda, vazia de qualquer significação humana." O aspecto evidenciado pelo existencialismo indica que não há sentido algum nas esferas objetivas da realidade que possa servir ao ser humano, sendo que cabe a cada pessoa de forma livre e particular descobrir e assim construir suas próprias regras de sentido, sendo que, esse sentido peculiar e individual igualmente não serve para outro ser humano. "Cada um deve determinar seu próprio significado, que deve permanecer particular, pessoal e desligado de qualquer sorte de verdade objetiva." Deste modo, entende-se que "o existencialismo oferece a base lógica para o relativismo contemporâneo. Visto que cada um cria seu próprio significado, todos os significados são igualmente válidos." A experiência religiosa é absolutamente pessoal e particular, de forma que todas tem seu valor, o qual deve ser somente individual, e jamais deverá ser imposto a qualquer outra pessoa. "O conteúdo de seu significado não faz diferença alguma, somente o compromisso pessoal: para dar sentido à vida Sartre optou pelo comunismo; Heidegger escolheu o nazismo; Bultmann o Cristianismo. Cada um habitou sua própria realidade particular. "O que é verdadeiro para você pode não ser verdade para mim." (Edwards Jr, p. 31, 1999). A moralidade é proposta e decidida na perspectiva da vontade pessoal, não havendo necessariamente uma decisão a favor ou contra o aborto, por exemplo, mas sim, a orientação de que cada mulher deve decidir por si mesma. "O existencialismo começou no século XIX, mas na metade do século XX emergiu como o maior movimento filosófico. Hoje o existencialismo não é mais da alçada única dos romancistas avant garde ou de intelectuais franceses reunidos em cafés. O existencialismo entrou para a cultura popular (...) O existencialismo é a base filosófica do pós-modernismo." (Edwards Jr, p. 32, 1999). NIILISMO. conceito básico. "O Niilismo é uma concepção filosófica baseada na ideia de não haver nada ou nenhuma certeza que possa servir como base do conhecimento. Ou seja, nada existe de fato. Assim, em sua extensão para o existencialismo, o niilismo é a compreensão de que a vida não possui nenhum sentido ou finalidade. O conceito está pautado na subjetividade do ser, onde não existe nenhuma fundamentação metafísica para a existência humana. Ou seja, não há “verdades absolutas” que alicercem a moral, os hábitos ou as tradições. Do latim, o termo “nihil” significa “nada”. Trata-se, portanto, de uma filosofia, que apoiada ao ceticismo radical, é destituída de normas indo contra os ideais das escolas materialistas e positivistas. Note que o termo niilismo é utilizado de diferentes maneiras. Para alguns estudiosos é um termo negativo, pessimista, associado à destruição e negação de todos os princípios (sociais, políticos, religiosos). https://www.todamateria.com.br/niilismo/. Conceito. "Niilismo é uma corrente filosófica que opera de forma radicalmente cética e pessimista sobre as interpretações acerca da realidade. O termo niilismo vem do latim “nihil”, que significa nada. No limite, o niilismo se fundamenta nas ideias de vazio, de ausência de verdades absolutas, de não explicação para a existência, de desvalorização ou aniquilamento do sentido e da não existência de um télos (fim ou finalidade). É importante ressaltar que o niilismo não é limitado a uma única escola filosófica. Muitos pensadores conceituaram e utilizaram a noção niilista nas suas teorias – não necessariamente como o objeto central. Dada a forma como a humanidade está se desenvolvendo, pode-se dizer que o niilismo é uma, dentro muitas outras, das respostas possíveis para compreender o que é a vida e o existir humano. A resposta niilista é que não existe um sentido e devemos aprender a viver com isso." DESENVOLVIMENTO E ESTABELECIMENTO DA MODERNIDADE. Conceitos e pensamentos. CITAÇÕES. (livro: A experiência de Deus na pós modernidade). "No livro Âmbitos da pós-modernidade (os âmbitos da reconstrução do sujeito), falava da crise do sujeito moderno (entendendo por crise a iminência de uma transformação mais ou menos profunda, mudando de orientação, processo ativo que traz consigo desorientação, embora também imaginação e criatividade, falta de rigidez e possibilidade de novas visões.)". Três âmbitos da crise: "o âmbito antropológico (que inclui o âmbito ético - relação do ser humano consigo mesmo e com os outros -, o âmbito cívico - relação do indivíduo com as microcoletividades orgânicas, tais como o grupo, o bairro, a cidade - e o âmbito político - relação da pessoa com as macrocoletividades sociais); o âmbito ecológico, que afeta especialmente as relações do homem com a natureza, e o âmbito transcendente, que afeta as relações do homem com o sagrado". (p. 15, 1997). CRISES e Consequências: "A crise do âmbito antropológico acarreta, acima de tudo, uma crise de ideologias (conjunto de crenças e valores de natureza secular aos quais se confere uma transcendência social e coletiva e, ao mesmo tempo, um sentido histórico). A crise de âmbito ecológico traz uma série de atuações, de relações... com a natureza. A crise de âmbito transcendente, porém, comporta uma mudança na experiência interior do homem - em sua identidade, religiosa - como uma transformação significativa no núcleo da fé". (p. 16, 1997). Os âmbitos antropológico e religioso atuam na chamada "crise de crenças" - "de assentimentos ou manifestações da vontade, sobre os quais fundamentamos a vida humana, com que contamos e naquilo que somos...". A CRISE DO ÂMBITO TRANSCENDENTE. 1. O núcleo da fé dos homens se mantém como outrora foi estabelecido, ou tem mudado ao se configurar a novas sensações do homem? 2. A "aventura da modernidade" tem influenciado e afetado de que forma o núcleo da fé? a secularização, atuação filosófica e nova ciência tem marginalizado o cristianismo? O cristianismo tem dialogado com estes movimentos? A modernidade perdeu o interesse pela "questão de Deus" e a religião? "Qual é, então, o saldo ou balanço final desta etapa no que se refere ao cristianismo?". (p. 16, 1997). As novas realidades oriundas da pós-modernidade transformaram o núcleo da fé cristã e vivência religiosa dos homens, ou as dificuldades das ideologias dão oportunidade para que a teologia cristã seja uma "proposta original e renovada?". "Tratar-se-ia, portanto, de partir da suposição de que as mudanças culturais e sociais afetaram também, diretamente e não perifericamente, a fé, a sua firma pública de apresentação e a sua popularidade, como também à consciência e à identidade cristã dos fiéis. Tratar-se-ia de definir a troca de horizonte mental de referência em que nos movemos, compreender assim a condição pós-moderna e a atual complexidade cultural para, partindo desta, vislumbrar o possível espaço cultural do cristianismo... os erros que deveriam ser citados e, acima de tudo, a partir das análises das dificuldades que o homem de hoje encontrar para crer, programar uma nova discussão sobre a questao de Deus, que abra caminhos para uma nova compreensão da questão". (p. 17, 1997). A PÓS-MODERNIDADE. "A pós-modernidade poderia ser catalogada como filosofia da incessante finitude, enquanto deixa de questionar ou negar as referências a Deus e passa a considerá-las como irrelevantes. Estaríamos assim vivendo o exílio de Deus ou, ainda mais, a impossibilidade e pensar-comunicar com Deus. Apesar disso, a pós-modernidade, por outro lado, supõe também recusa de um modelo de sujeito do conhecimento excessivamente racionalizado, o qual pode permitir a incorporação, a abertura ou a interação com um princípio heterônomo não fundado pelo sujeito, embora presente nele". (p. 19, 1997, Angel Castineira). Acerca das dificuldades para que o homem moderno e pós-moderno venha a crer, poderia se refletir em dois aspectos, para formular um "discurso sobre a questão de Deus: "o nível propriamente teológico, que incorporaria as novas buscas do sagrado e os caminhos possíveis para uma nova compreensão de Deus sob a condição cultural pós-moderna"; "e em nível propriamente filosófico que encontraria seu desenvolvimento, por um lado, na suposta crise da ideia de Deus na filosofia moderna e, por outro lado, e particularmente, na impossibilidade de delinear de novo a experiência de Deus sob uma concepção fechada da subjetividade que negue toda abertura à alteridade..."; (entendida do ponto de vista do homem e do ponto de vista do transcendente). (p. 19-20, 1997). https://www.todoestudo.com.br/filosofia/niilismo. Para busca de conteúdo amplo, segue link: https://descomplica.com.br/blog/niilismo-significado-movimento-e-frases/. CONTEÚDO. Unidades 5 a 7. Desconstrucionismo. Pragmatismo. Hedonismo e Sexualidade. (Edward Jr, Gene. Tempos Pós-modernos. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 1999). REFERÊNCIAS. CASTINEIRA, Angel. A experiência de Deus na pós modernidade. tradução Ralfy Mendes de Oliveira. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. MCGRATH, Alister. Teologia sistemática, histórica e filosófica. uma introdução à teologica cristã. São Paulo, sheed publicações, 2005. EDWARD JR, Gene. Tempos pós-modernos. tradução: Hope Gordon Silva. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 1999. Autor. Ivan Santos Rüppell Jr é professor de teologia e ciências da religião, advogado e ministro licenciado da Igreja Presbiteriana do Brasil.

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Meditação Dominical. O PECADO ORIGINAL, Cartas de João.

TEXTO Bíblico. "Se dissermos que não cometemos pecado, fazemos dele um mentiroso, e a sua palavra não está em nós." (1 Carta de João, cap. 1. 10). MEDITAÇÃO. A doutrina cristã do Pecado Original da humanidade ensina que toda a raça humana se afastou de Deus devido ao primeiro ato de desobediência ocorrido no início da nossa história. A descrença dos primeiros representantes de toda humanidade quebrou a harmonia de nosso relacionamento com a Trindade, Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Ao praticar o primeiro ato de pecado da história, o homem e a mulher incluíram no DNA da humanidade a experiência primordial do pecado original. E por isso somos pecadores e existimos distantes de Deus na atualidade. O propósito da religião cristã é exatamente resolver o problema deste relacionamento quebrado, vindo a promover uma religação entre Deus e os homens. Uma dificuldade original que se mantém até hoje é que os seres humanos que não se consideram doentes, jamais serão curados. E aqueles que não se consideram afastados de Deus, jamais serão aproximados. Por isso que a primeira desobediência hoje é a descrença acerca da verdade existencial de sermos uma raça pecaminosa, de sermos uma raça de pessoas que vivem afastadas e descrentes diante de Deus que é Santo. Mas, como dizia Jesus, bem-aventurados são os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos céus, e de toda a vida com Deus! Daí a orientação do Apóstolo João para que os cristãos acreditem na verdade de que somos uma raça pecadora, a fim de que a Confissão ensinada pela religião cristã traga o perdão de Jesus e a cura de Deus. "Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos enganamos, e sua verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e purificar de toda injustiça." (1 João cap. 1. 8-9). ORAÇÃO. Santo, Santo, Santo é o Deus Todo Poderoso. Senhor dos céus e da terra. Pai Nosso que está nos céus, perdoa os nossos pecados, e não nos deixa cair em tentação. Que venha o teu reino e seja feita a tua vontade em nossas vidas, agora e para sempre. Amém! Autor. Ivan S Rüppell Jr é professor, advogado e ministro licenciado da Igreja Presbiteriana.

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

A Espiritualidade da Adolescência, no Cinema. VIDAS SEM RUMO, de Francis F. Coppola.

O grande cineasta Francis Ford Coppola renovou a carreira na década de 1980 com dois pequenos filmes, após os incríveis sucessos de O Poderoso Chefão I e II na década de 70 e do grave prejuízo financeiro de duas películas: o grande filme doente, Apocalipse Now, e o experimento técnico e poético, Do Fundo do coração. O primeiro filme da retomada foi "The Outsiders", Vidas sem rumo, que apresenta em visual lúdico alguns pensamentos adolescentes sobre a existência. A história trata de dois grupos sociais de jovens de classes baixa e média em conflito, ocorrendo numa técnica cinematográfica que utiliza closes dos personagens junto de imagens ao pôr do sol, gerando cenas sensíveis e realistas para esse período da juventude. Há cenas emblemáticas em que a música retrata uma atmosfera quase piegas, mas bastante eficiente na demonstração da emoção juvenil, sendo uma linguagem sonora e visual que remete aos clássicos Westerns e Épicos do cinema. Francis Coppola direciona a câmera para os rostos abatidos de adolescentes dominados por um ambiente familiar e escolar opressor. Realidade formatada numa situação econômica e social que os despreza de tal forma, que somente a poesia com que Coppola revela suas angústias consegue bem traduzir a valiosa experiência adolescente que ora vivenciam. A espiritualidade da adolescência trata das sensações que filtram a realidade no olhar de um sonho idealista, movidas pela esperança de garotos que seguem rapidamente para a vida adulta, na qual não há espaço para eles. Alguns destes valores juvenis definem a narrativa com que Coppola envolve a história, já que ele anota as sensações dos olhares e frases pueris com que os jovens anseiam tornar-se parte da comunidade. Sendo que os adolescentes almejam apenas o que deveriam ser uns para com os outros; uma raça humana única em meio à sociedade separatista em que coexistem. O apóstolo Paulo tratou desta realidade humana oriunda do espírito, ao citar poetas gregos no objetivo de ensinar a audiência de filosófos no Areópago de Atenas. Explicou que todos os seres humanos são "descendência de Deus", gerados outrora e sustentados hoje pelo Senhor Criador, já que nele vivemos, nos movemos e existimos, como destacou o apóstolo no livro de Atos, cap. 17. Assim, da mesma forma que temos saudade da casa e presença do Pai celestial, igualmente sonhamos viver a solidariedade oriunda da irmandade espiritual de que origina toda raça humana. O diretor Francis Coppola veio superar a qualidade técnica e narrativa desse filme, no primoroso e exuberante, O Selvagem da Motocicleta, também baseado em livro da autora S. E. Hinton. No entanto, o carisma emocional e a sensibilidade juvenil que conseguiu apresentar neste filme cult, Vidas sem rumo, merecem a nossa especial atenção e reflexão, sobre a importância de guardar no coração temas da espiritualidade da adolescência. Pois vivemos também, da poesia e da esperança, sempre! Bom filme, disponível na prime vídeo. Autor. Ivan Santos Rüppell Jr é autor do livro, Resenhas espirituais de Meditações cinematográficas, a espiritualidade de quase todo mundo no cinema. Teólogo, advogado e professor.

A Espiritualidade da Justiça, no Cinema. 12 HOMENS E UMA SENTENÇA, de Sidney Lumet.

Um homem decide gastar algum tempo e sentimentos, discussões e argumentos em favor de um rapaz acusado de assassinar o próprio pai. Tudo pela única e simples razão de que a condenação por homicídio de um homem deve ser uma Justiça com provas inegáveis de que ele realmente praticou o crime. O diretor Sidney Lumet iniciou a carreira no cinema em 1957, conseguindo unir atores brilhantes neste seu primeiro filme, sob a liderança do protagonista "da justiça", Henry Fonda. Desta forma, o talentoso orientador de atores e brilhante técnico de cenas e ângulos de câmera Lumet, trouxe ao mundo um dos maiores dramas de tribunal da sétima arte. Exatamente porque se dedicou ao "drama humano" relacionado à discussão da condenação para a pena de morte de um jovem acusado de assassinato. A espiritualidade da Justiça surge no filme como uma virtude transcendente que deseja criar harmonia na sociedade, sendo um valor que deverá ser utilizado contra o crime, não contra a humanidade. Neste sentido, o apóstolo Paulo anuncia na carta aos Romanos, cap. 13, o modo como as autoridades existentes no mundo foram providas por Deus para a sociedade, no objetivo de proteger o inocente e condenar o criminoso. Com o destaque de que todo acusado é inocente até que se prove bem provado o contrário. Este valor humanitário tomou forma através do Profeta Moisés, que determinou a criação de "cidades de refúgio" no estabelecimento da nação do povo de Deus, para que alguém acusado por homicídio culposo pudesse aguardar em segurança as investigações, feitas por um tribunal de anciãos, conforme lemos no Livro de Números, cap. 35. Por isso que pais e professores, delegados e promotores, e especialmente juízes e ministros da Justiça pública perdem valor e dignidade a cada vez que perseguem o ser humano, ao invés de perseguir as provas do crime. Ou até pior, quando trabalham pra impedir que o culpado seja disciplinado na forma devida da lei, nem mais e nem menos. O diretor Sidney Lumet carrega no currículo dois dos maiores filmes de tribunal, pois junto deste 12 Homens e uma Sentença, deve-se incluir O Veredito, com Paul Newman, 1982. É isso! A espiritualidade da Justiça está presente na busca incessante dos homens que desejam proteger os inocentes diante dos culpados, sem com isso ferir a humanidade em condenações desmedidas. E ainda, sem dar poder aos autoritários do Estado para que oprimam a sociedade. Bom filme, disponível na apple tv e Brasil paralelo. Autor. Ivan Santos Rüppell Jr é autor do livro, Resenhas espirituais de Meditações cinematográficas, a espiritualidade de quase todo mundo no cinema, publicado pela Editora Dialética, 2020. Teólogo, advogado e professor.

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Meditação Dominical. ANDANDO NA LUZ, Cartas de João

TEXTO Bíblico. "Esta é a mensagem que ouvimos dele e que agora lhes transmitimos: Deus é luz, e nele não há escuridão alguma." (1 Joao, cap. 1.5). MEDITAÇÃO. Deus é Luz, e por isso os cristãos precisam andar na Luz para que consigam viver com Deus, de verdade. O apóstolo João vai explicar pra nós que viver e andar junto de Deus não é tão difícil, mas é complicado. E complexo. Pois a humanidade é complicada e complexa. Mas, fora isto, não é tão difícil assim andar e viver com Deus. Afinal, a Luz de Deus está no mundo e se fez homem; e aí surge um caminho para a humanidade seguir. Dá uma olhada: "Mas, se andarmos na luz, como o próprio Deus é luz, vamos experimentar também uma vida de comunhão uns com os outros, enquanto o sangue derramado de Jesus, o Filho de Deus, nos purifica de todo o nosso pecado." (v. 7). Observe que a comunhão religiosa que faz os cristãos andarem com Deus acontece no encontro conjunto diante da Pessoa que tem a missão de conduzir os seres humanos para a Luz. Sendo algo que Jesus inicia em nós a cada momento em que Ele perdoa os nossos pecados, mantendo eu e você junto com Deus e uns com os outros, mesmo em meio às nossas falhas. Então, pra seguir por este caminho, verdade e vida, comece confessando os seus pecados durante a oração do Pai Nosso, para que tudo vá bem pra você com Deus, hoje! "Escrevo isto, filhos queridos, para orientá-los a não pecar. Mas, se alguém cometer pecado, temos um Amigo Sacerdote na presença do Pai: Jesus Cristo, o justo." (1 João, 2.1). ORAÇÃO. Pai Nosso que está nos céus. Bendito seja o teu nome em toda terra e no meu coração. Santo, santo, santo é o Senhor Deus, a Luz dos homens. Perdoa os meus pecados, assim como eu perdoo os pecadores. Amém! Autor. Ivan Santos Rüppell Júnior é professor de ciências da religião e teologia, advogado e ministro licenciado da Igreja Presbiteriana.