segunda-feira, 30 de agosto de 2021

INSTITUTAS de João CALVINO. A busca religiosa do Homem e o Conhecimento de Deus!

"Deus fez tudo apropriado ao seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim ele não consegue compreender inteiramente o que Deus fez." (Eclesiastes 3.11). JOÃO CALVINO escreveu "As Institutas" (fundamentos) do Cristianismo em diversas edições publicadas entre 1536 e 1559. Ele desenvolveu o Credo Apostólico nos seguintes temas, ao tratar da Soberania e Glória de Deus, da Graça e Redenção dos homens existentes no dom de Jesus Cristo e da Iluminação e Santificação promovidas pelo Espírito Santo nos cristãos, que são aspectos essenciais da Obra divina realizada na história da humanidade. O texto a seguir utiliza a leitura das Institutas de Calvino e tem por base um resumo das Institutas de J P Wiles, no interesse de apresentar o conteúdo exposto pelo reformador protestante. DA SOBERANIA E GLÓRIA DE DEUS! TÓPICO 3: O CONHECIMENTO DE DEUS É IMPLANTADO NO CORAÇÃO DO HOMEM DE MODO NATURAL. Todos os seres humanos tem consciência da existência de Deus. O escritor Cícero disse que não há uma nação ou povo tão bárbaro, que não saiba que existe um Deus. A própria idolatria religiosa da humanidade comprova isto, já que os homens preferem adorar pedaços de madeira e pedras, ao invés de se declararem ateus. Esse é um dos motivos que nos permitem afirmar que a religião não é uma invenção humana, ainda que alguns tipos de homens dela se utilizem para submeter as pessoas. Pois até estes enganadores tem a sua crença e junto deles, alguns dos piores homens, como Caio Calígula, que despreza a Deus, mas treme diante do Altíssimo ao menor sinal da ira divina. Eis algumas das razões e sentimentos que nos fazem entender que a existência de Deus é um conhecimento que está presente no coração de toda humanidade. TÓPICO 4: ESTE CONHECIMENTO É ABAFADO OU CORROMPIDO PARCIALMENTE PELA IGNORÂNCIA E PARCIALMENTE PELA MALDADE. Texto Bíblico Base: Capítulo 1 da carta de Paulo aos Romanos. “Sabem a verdade a respeito de Deus, pois ele a tornou evidente. Por meio de tudo que ele fez desde a criação do mundo, podem perceber claramente seus atributos invisíveis: seu poder eterno e sua natureza divina.” (Romanos 1.19-20). Embora a humanidade tenha esta semente religiosa em si mesma, nenhum ser humano consegue faze-la amadurecer corretamente, sendo que o resultado de sua incapacidade é que não há piedade verdadeira no mundo, que seja realmente consagrada ao Deus Altíssimo. No entanto, esta tolice gravíssima não os livra de serem responsáveis por sua rebeldia e de serem culpados por sua vaidade. Pois são rápidos para definir superficialmente a pessoa de Deus, tendo como único padrão de avaliação a si próprios. Desse modo, naturalmente afastam-se do Deus verdadeiro, até se apaixonarem por um sonho do próprio coração, conforme esclarece o Apóstolo Paulo: “Dizendo-se sábios, tornaram-se tolos.” (Romanos, 1.22). As palavras de Davi: “Os tolos dizem em seu coração: “Não há Deus!”, se refere a estes homens que sufocam em si mesmos a luz da revelação natural da grandeza de Deus. Davi também afirma que eles negam a Deus quando não acreditam no seu governo Soberano, dizendo que o Senhor está ausente da história. O salmista explica que não há temor em seus corações, pois até se orgulham de suas maldades, no entanto, Deus os leva para seu tribunal vez ou outra, utilizando a voz da consciência, não importando o tamanho de seu desprezo pelo Senhor Deus. Tal orientação explica o modo como a religiosidade comum dos homens é algo vazio, a partir dos fundamentos falhos do conteúdo de seus ensinos, mesmo que eles desejem agradar a Deus com tais crenças. Eles esquecem que a religião verdadeira deve ser completamente definida pelo ensino autorizado e verídico de Deus. Eis a razão porque Paulo disse aos Efésios que eles continuariam distantes de Deus, caso permanecessem sem o conhecimento correto do único Deus verdadeiro. Essa culpa dos seres humanos se torna cada vez mais grave, pois buscam a Deus somente quando ficam com medo diante da realidade. Ocasiões em que rapidamente voltam a praticar as suas próprias regras e ritos, de um projeto religioso enganoso tentando agradar a Deus, esquecendo que tais atitudes os tornam ainda mais desobedientes diante das verdades divinas. Isso faz com que a desobediência seja o padrão e princípio de suas atitudes cotidianas, enquanto procuram ficar de bem com Deus praticando uma falsa religiosidade – algo que também apaga de seus corações as fagulhas do conhecimento de Deus que carregam em seu interior. Desprezam a Deus na riqueza e correm atrás dele nas dificuldades, revelando através de falsas orações curtas que não ignoram o Senhor, mas sim, agem para ocultar de si mesmos o conhecimento de Deus que foi plantado lá no profundo de seus corações. TÓPICO 5. O CONHECIMENTO DE DEUS RESPLENDE NA ESTRUTURA DO UNIVERSO E NO GOVERNO CONTÍNUO DO MESMO. “Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento demonstra a habilidade de suas mãos. Dia após dia, eles continuam a falar; noite após noite, eles o tornam conhecido. Não há som nem palavras, nunca se ouve o que eles dizem. Sua mensagem, porém, chegou a toda a terra, e suas palavras, aos confins do mundo.” (Salmo 19.1-4). “Como a sua natureza essencial é incompreensível e está oculta à inteligência humana, Deus gravou em cada uma de suas obras certos sinais da sua gloriosa majestade, pelos quais ele se dá a conhecer segundo a nossa diminuta capacidade.” É impossível enxergar a beleza da natureza e continuar ignorando a Pessoa de Deus, pois Ele se revela na estrutura do mundo, ainda que seu Ser essencial permaneça oculto e desconhecido aos que só veem a criação. Eis a maneira como o Salmo 19 descreve a criação em movimento a fim de apresentar o próprio Deus, algo que o Apóstolo Paulo explicou ser o modo como Deus anuncia seu grandioso poder através das coisas que foram criadas. (Romanos 1.19). “Estamos cercados por todos os lados pelas provas da maravilhosa sabedoria do Criador.” Observe que existem obras de Deus que estão visíveis a todas as pessoas e há outras que somente os cientistas conseguem entender, como as órbitas e movimentos dos planetas e estrelas; que são segredos da sabedoria divina. A própria anatomia do corpo humano revela a destreza e exatidão do Criador da humanidade, o que motivou filósofos a definirem o “homem (como) um microcosmo, um pequeno mundo, porque ele é uma amostra tão maravilhosa do poder, da bondade e da sabedoria de Deus.” Portanto, Deus não está longe de cada um de nós (Atos 17.27), mas é preciso buscá-lo além do conhecimento que temos enquanto analisamos somente nosso próprio organismo e a natureza. Diante de tudo isso, percebemos a ingratidão dos seres humanos perante a Pessoa de Deus, pois cada vez que notam algum traço de grandeza e sabedoria em si mesmos ou na natureza, rapidamente exaltam a si próprios ou correm para valorizar outra "obra" realizada pela natureza. Ao pensar assim, eles desprezam a Deus e o conhecimento que Ele está revelando dia a dia para nós na terra. Alguns homens enganadores ensinam que a própria alma humana tem uma existência restrita somente ao corpo do homem, desenvolvendo de forma falsa a afirmação de Aristóteles, de que a alma teria seus próprios órgãos assim como o corpo. Negam a grandeza de Deus e exaltam a natureza em seu lugar. Ignoram o conhecimento científico e as próprias sensações do espírito humano, que são bastante superiores à nossa natureza física elementar. “O que devemos dizer acerca de tais coisas, senão que as marcas da imortalidade são indelevelmente impressas sobre a natureza humana? Aquilo que alguns tagarelas falam acerca de uma inspiração secreta que vivifica o universo inteiro não é apenas fraco – é totalmente ímpio. Como pode a piedade ser produzida e nutrida nos corações dos homens por esta vã especulação acerca de um intelecto que anima e vivifica o universo?” O correto é dizer que a Pessoa de Deus mesmo estabeleceu e organizou a natureza a fim de jamais confundirmos o Criador com as obras de sua criação. “Ademais, quantas manifestações ilustres do poder de Deus nos compelem a pensar n´Ele! Ele sustenta pela Sua própria palavra este arcabouço ilimitado do céu e da terra...”. Deus faz brilhar os céus com trovões e tempestades, enquanto movimenta fortemente as ondas do mar até as disciplinar pelas mãos para que fiquem calmas. O Livro de Jó e as profecias de Isaías dão testemunhos diversos acerca do poder de Deus que visualizamos na natureza. Assim, Deus vai revelando seu poder aos homens enquanto governa suas atitudes e a própria história através dos atos da sua Providência. Pois a cada novo dia Ele abençoa a todos, ao mesmo tempo que declara a sua bondade para com os justos e seu juízo para com os maus. E também sabemos que Deus castiga certos crimes no dia de hoje, enquanto outros somente serão penalizados no futuro. “Esta providência de Deus é ensinada no Salmo 107.” Deus ajuda os aflitos e protege os perdidos, cura enfermos e levanta os humildes até derrubar os orgulhosos. Tudo que os homens consideram uma obra do destino ou acaso são provas das atitudes e do cuidado providencial de Deus no mundo. E como o verdadeiro e fidedigno conhecimento de Deus é aquele que deve servir ao nosso bem existencial, somos orientados a investigar a vida e a criação para engrandecer a Deus, não somente para saber algo mais dos mistérios de Sua personalidade gloriosa. Pois é importante não desprezar que este conhecimento de Deus que estou apresentando é apenas uma prévia da vida futura completa que existe. Todas as desgraças e injustiças que vemos dia a dia serão tratadas e julgadas por Deus no tempo oportuno, pois como diz Agostinho, se todo pecado fosse castigado hoje, não haveria um juízo completo no futuro e nem uma providência bendita no tempo presente. Mas a ignorância dos homens continua grande, pois acreditam facilmente no acaso da vida e esquecem que Deus governa a história cotidiana da humanidade pela sua providência. Por essa razão é que o apóstolo Paulo afirma que negar a verdadeira religião da revelação dada por Deus nas Escrituras é rejeitar a própria fé! Afinal, somente o Evangelho de Jesus Cristo pode dar aos homens um conhecimento verdadeiro que irá capacita-los a adorar a Deus de forma digna. Eis alguns dos motivos pelos quais sabemos que o maravilhoso brilho da criação e natureza a cada manhã, não é capaz de orientar a humanidade no caminho correto do conhecimento da Pessoa de Deus. Sim, todos “precisamos de outro guia, de uma luz mais brilhante, para nos trazer ao verdadeiro conhecimento do nosso Criador. Desse guia passarei agora a falar.” “A lei do Senhor é perfeita e revigora a alma... Os preceitos do Senhor são justos e alegram o coração... O temor do Senhor é puro e dura para sempre.” (Salmo 19.7-9). REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. (págin(páginas 23 a 36, e p 55 a 69 das Institutas, vol 1).

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

A PARÁBOLA DO RICO INSENSATO, Evangelho de Lucas cap 12

TEXTO BÍBLICO para leitura: Evangelho de Lucas, cap 12, versos 13-34. VERSOS BÍBLICOS em destaque: "Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens". Então lhes contou esta parábola: "A terra de certo homem rico produziu muito... Então disse: "Já sei o que vou fazer. Vou derrubar os meus celeiros e construir outros maiores... E direi a mim mesmo: Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se". Contudo, Deus lhe disse: "Insensato! Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida. Então, quem ficará com o que você preparou?" "Assim acontece com quem guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus"... Dirigindo-se aos seus discípulos, Jesus acrescentou: "Portanto eu lhes digo: Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. A vida é mais importante do que a comida, e o corpo, mais do que as roupas. Observem os corvos: não semeiam nem colhem... contudo, Deus os alimenta. E vocês tem muito mais valor do que as aves (...) Não busquem ansiosamente o que comer ou beber; não se preocupem com isso. Pois o mundo pagão é que corre atrás dessas coisas; mas o Pai sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, o Reino de Deus, e essas coisas lhes serão acrescentadas. Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino... Pois onde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração." (versos 15-21, 22-24, 29-32, 34). COMENTÁRIO E REFLEXÃO. Ainda que esse desafio radical de Jesus de Nazaré tenha sido dirigido a seus discípulos mais próximos num primeiro momento, os textos apostólicos do Novo Testamento desenvolvem esse princípio cristão do cuidado e providência de Deus sobre nossas vidas, de maneira que todos os cristãos são chamados a refletir e buscar viver debaixo destes valores e bênçãos do Reino de Deus aqui na Terra. E um primeiro pensamento importante acerca deste ensino de Jesus surge dos livros do maior comentarista bíblico do séc 20, em que John Stott enfatiza a importância das pessoas se prepararem e dedicarem ao trabalho, pois Deus alimenta aves e dá água aos pássaros, porém, eles precisam voar entre as árvores ou se mover na terra para alcançar estas bênçãos dadas por Deus. E assim, devemos aprender que tudo que Deus dá aos homens na terra vai chegar em nossas vidas quando soubermos o modo correto de viver pela Fé Cristã; quê significa que iremos pensar e sentir, aguardar e também agir de acordo aos Mandamentos e promessas de Deus diante das situações e necessidades da vida; sendo que trabalhar é uma atividade orientada e abençoada por Deus desde a origem da história, quando fomos chamados pra cuidar do Éden. Eis o motivo porque o Apóstolo Paulo ensina os Cristãos da Igreja de Tessalônica, para que não vivam ociosamente e nem sejam fardos uns para os outros, orientando que todos "trabalhem tranquilamente e comam seu próprio pão", além de definir de forma clara: "Se alguém não quiser trabalhar, também não coma." (2 Ts 3.6-12). Acerca do mesmo assunto, Paulo instrue os Cristãos de Corinto para que sejam solidários com os que tem passado por dificuldades financeiras e de sustento, orientando que "a contribuição é aceitável de acordo com aquilo que alguém tem" (...) pois, "no presente momento, a fartura de vocês suprirá a necessidade deles... Então haverá igualdade, como está escrito: "Quem tinha recolhido muito não teve demais, e não faltou a quem tinha recolhido pouco". (2 Coríntios 8. 10-15). Nesse contexto, o teólogo protestante João Calvino orientou os cristãos a perceber que Deus chama os que tem bens materiais para assumir o "Ministério do Rico", de modo a que sejam servos de Deus na sociedade nestes dias. Então, o importante é saber que tanto o que recebemos vem de Deus, como também, descobrir que o modo como administramos o que temos recebido deve ser de acordo com a vontade d´Ele, pois assim seremos abençoados continuamente com o "Pão Nosso" de cada dia, conforme bem revela o Apóstolo Paulo na mesma carta, indicando a fonte e segurança alimentar dos cristãos: "Aquele que supre a semente ao que semeia e o pão ao que come, também lhes suprirá e multiplicará a semente e fará crescer os frutos da sua justiça. Vocês serão enriquecidos de todas as formas, para que possam ser generosos em qualquer ocasião e, por nosso intermédio, a sua generosidade resulte em ação de graças a Deus." (2 Coríntios 9. 10-11). Um outro pensamento essencial nesta questão surge exatamente do valor da caridade e solidariedade, pois uma parábola com mensagem gravissima que pode-se colocar junto da do "Rico Insensato", é a do "Rico e Lázaro". Nesta, a riqueza de bens se torna motivo de egoísmo e ateísmo, de modo que o Rico vai viver no Hades em sofrimento após deixar esse mundo. E junto destas histórias e situações ensinadas por Jesus, não se pode esquecer das Parábolas dos Talentos e das Dez Virgens em Mateus cap 23, em que somos avisados que o Dia do Julgamento sobre sermos ricos para com Deus, ou ricos conosco mesmos e pobres com Deus, não é um "Dia" e hora lá no fim dos tempos. Mas sim, como Jesus bem anuncia ao "Rico Insensato", será um dia que pode ser hoje a noite mesmo, pois ocorre na história quando Deus nos chama pra sua presença, assim que nos tira desse mundo pela morte. E utilizando esse princípio fundamental com que finalizamos esse esclarecimento inicial, que trata do modo como nossa Fé deve ser orientada a obedecer e seguir a vontade primeira de Deus para nossas vidas, vejamos com cuidado alguns dos versos principais da parábola do Rico Insensato, para que Deus nos ilumine nesse conhecimento: "Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade de seus bens"; "Contudo, Deus lhe disse: "Insensato! Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida. Então, quem ficará com o que você preparou?" "Assim acontece com quem guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus"; "Busquem, pois, o Reino de Deus, e essas coisas lhes serão acrescentadas, "Pois onde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração." Tá entendendo? A ganância das riquezas vai nos colocar numa caminhada de conquistas sem fim, sendo que aquilo que ganharmos não será utilizado nem por nós mesmos; enquanto aquele que Buscar em primeiro lugar o Reino de Jesus vai se tornar uma pessoa "rica para com Deus" - e aí o que importa é você entregar o coração pra Deus, pois onde você colocar o coração, ali também estará o seu tesouro. Bem, não há nada mais objetivo e profundo acerca do modo como devemos entregar nosso coração e consciência, personalidade e espírito para Deus do que meditar nas Bem Aventuranças (Mateus 5.1-12). Quê definem os sentimentos e atitudes que devemos conhecer e praticar nesta vida, se quisermos ser ricos no conhecimento da Pessoa de Deus, de modo que nossa existência atual e futura sejam prósperas. E a primeira bem aventurança já diz muito, pois anuncia que somente os pobres em si mesmos é que serão enriquecidos com o Reino de Deus, já que estarão abertos a aprender de Deus, ao invés de conquistar por si mesmos o que importa ganhar nesta vida. E daí seguem algumas virtudes e atitudes valiosas que desenvolvem as riquezas de Deus em nossa pessoa e existência, como a de sermos humildes diante da superioridade de Deus sobre nós, para que possamos herdar a terra enquanto o seguimos como alunos discípulos, tendo sempre fome e sede de "justiça", pois no tempo certo seremos saciados com o perdão de Jesus e a transformação do Espírito Santo. Essa mudança é a perfeita e completa "justiça" de Deus que os homens necessitam, já que realiza total transformação do mal que há em nós, em bem. E depois, é preciso ser misericordioso com os outros para alcançar a misericórdia de Deus, pois o Perdão derramado por Deus é uma experiência de vida que recebemos e compartilhamos, e não há outro modo de receber além desse, em que passamos a vivenciar o dom do perdão em vida. Finalmente, os puros de coração são aqueles que irão ver e enxergar Deus além e adiante das paixões e vaidades humanas nas situações da vida, enquanto que os pacificadores entre os homens serão chamados filhos de Deus, ainda que em tempos difíceis venham a ser perseguidos por anunciar o Amor de Deus que está em Cristo Jesus, o Messias; pois também somos bem-aventurados quando somos insultados e perseguidos por causa de Deus. Então, eis as riquezas incomparáveis da própria Personalidade de Deus e de seu caráter que tem sido colocadas à nossa disposição nestes dias em que devemos sim, correr atrás do que é fundamental e eterno, ao invés de nos dedicar somente por algo que logo passa e se perde, pois assim também viveram os Profetas de Deus que viveram antes de nós na terra. Neste sentido, enquanto saímos pra trabalhar na sociedade, somos chamados por Deus a nos preocupar em desenvolver as virtudes das bem aventuranças que irão moldar nossa personalidade dia a dia diante de Deus, e junto da humanidade, ao invés de passarmos por cima de Deus e das pessoas em nome das conquistas materiais. Dessa forma, nossa vida não irá passar por nós e escorregar entre os dedos da mão, de um jeito sombrio em que numa só noite terminam nossos desejos e sonhos, tanto os de agora, como os futuros. E aqui, finalizamos a reflexão sobre a parábola do Rico Insensanto com as palavras que Jesus disse em uma outra parábola, do Prudente e Insensato: "Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha." (Mateus 7.24-25). Boa semana!

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

AS OBRAS PIEDOSAS DOS CRISTÃOS. Encontros de Pequenos Grupos da Igreja Presbiteriana Olaria, Maio de 2022

TEXTO Bíblico Base: "Tenham o cuidado de não praticar suas obras de justiça diante dos homens para serem vistos por eles..." (Mateus 6.1). COMENTÁRIO. A exortação do Senhor Jesus é para termos o cuidado de não praticar obras piedosas cristãs, mais preocupados em ser "honrados pelos outros", do que em servir a Deus! Jesus estava ensinando seus discípulos a ficar atentos aos desejos orgulhosos do coração, no momento deles praticarem atitudes religiosas em sua vida e na sociedade, como são as "obras de justiça", de oração, doação e jejum (Mateus cap 6). Neste sentido, um valioso projeto cristão de piedade religiosa e boas obras na história foi o "Exército da Salvação": Esta obra surgiu quando a Revolução industrial do séc 19 também aumentou rapidamente a população das cidades e assim ajudou a crescer a miséria social. Preocupado com o clamor dos pobres, William Booth e sua esposa, Catherine, fundaram em 1865 uma missão aos pobres, na periferia de Londres. Ao redor do casal de evangelistas estavam lares superlotados, nos quais havia violência familiar, bebedeira, prostituição e desemprego. William acreditava que a situação só mudaria quando o coração das pessoas fosse transformado pelo conhecimento de Jesus Cristo. Os Booths criaram estabelecimentos comerciais chamados de "Comida para Milhões", oferecendo refeições baratas. Se a pessoa estivesse de estômago cheio, seria mais fácil ouvir a mensagem de Cristo. Em 1878, o grupo assumiu o nome de Exército da Salvação, e suas bandas marchavam pela cidade e faziam sucesso, tocando músicas seculares de apelo popular com letras cristãs. A vida familiar melhorou por causa da influência do Exército da Salvação, com William viajando 8 milhões de km e pregando 60 mil sermões, tendo alistado 60 mil obreiros oficiais na causa. Enquanto levava sua mensagem aos pobres da Inglaterra, o Exército da Salvação representava o trabalho incansável daquele que havia ministrado aos pescadores, às meretrizes e aos leprosos." (*p 196-198). COMPARTILHAR. 1. O que chama sua atenção no fato de Jesus ensinar a importância da oração, caridade e jejum como práticas religiosas aos cristãos? 2. Por que a Igreja e povo cristão tem dificuldades em organizar, desenvolver e manter obras de ação social nas comunidades e diante do próximo? 3. De que maneira a Igreja Cristã poderia utilizar a experiência do Exército da Salvação nos dias atuais na sociedade? ORAÇÃO pelos pedidos do grupo e pela Celebração conjunta do Povo de Deus na Igreja, aos Domingos! (Referência: livro, Os 100 acontecimentos mais importantes da História do Cristianismo, Curtis, Lang e Petersen, Editora Vida Acadêmica, São Paulo, 2003).

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

O HOMEM É ESCRAVO DAQUILO QUE O DOMINA! Estudo de Pequenos Grupos da Igreja Presbiteriana Olaria, 23 a 27 de Agosto, 2021

"Prometendo-lhes liberdade, eles mesmos são escravos da corrupção, pois o homem é escravo daquilo que o domina." (2 Pedro 2.19). TEXTO Bíblico Base: leitura da segunda Carta de Pedro, cap 2, versos 15 a 22. COMENTÁRIO. Antes do Apóstolo Pedro, o Apóstolo Paulo já havia enfrentado alguns falsos mestres cristãos que ensinavam que a "liberdade de Cristo" significava viver livres das leis e regras morais de Deus, só que não! Na verdade, em situações em que os Mandamentos Morais de Deus não estavam sendo quebrados, o Apóstolo ainda convocava os cristãos pra limitarem suas escolhas, conforme fosse melhor para a caminhada cristã da igreja de que eram parte. (1 Corintios 10.23-33). Sobre esse tema, Paulo afirma na carta aos Romanos cap 8, que "agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus, porque por meio de Cristo Jesus a lei do Espírito da vida me libertou da lei do pecado e da morte." Portanto, o Cristanismo atua para libertar o ser humano de viver e existir escravo de suas atitudes pecaminosas, que viciam ao invés de dar satisfação. COMPARTILHAR. 1. O que chama a sua atenção no versículo 19 e no tema de estudo desta semana? 2. Qual era a atitude e postura erradas dos falsos mestres que o Apóstolo Pedro condenou, e por que era tão grave? 3. Os dois ditados culturais do verso 22 se referem a uma situação de afastamento de Deus devido à prática forte de paixões humanas. Você já passou por isso ou então, enfraqueceu na fé e compromissos cristãos ao se dedicar a algum outro interesse? ORAÇÃO pelos pedidos do grupo e pela Celebração Dominical conjunta dos Cristãos na Igreja. Boa semana!

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

A JUSTIÇA DE DEUS NA HISTÓRIA. Estudo de Pequenos Grupos da Igreja Presbiteriana Olaria, 16 a 20 de Agosto, 2021

TEXTO Bíblico Base: leitura de 2 Pedro cap 2, versos 1 a 16. COMENTÁRIO. "Justiça é uma expressão da santidade de Deus. Ele mostra a sua justiça como Legislador e Juiz e, também, como cumpridor de promessas e Perdoador de pecado." Conforme o comentário da Bíblia de Genebra sobre os três exemplos citados por Pedro acerca dos atos judiciais de Deus na história, a conclusão é de que "Deus certamente julgará os maus e libertará os justos". E aqui não podemos esquecer que os "justos" cristãos são aqueles que demonstram Temor diante das Palavras de Jesus de Nazaré, o Messias, que chama os seres humanos para serem humildes diante de Deus, buscando segui-lo de todo coração, alma e entendimento. Pois os "justos" cristãos não são pessoas perfeitas e que não cometem erros e pecados, mas sim, são pessoas que se relacionam com Deus de forma piedosa e sincera, através da mediação e senhorio de Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, vemos que anjos malignos foram lançados no inferno, homens maus foram afogados no dilúvio e ainda, sociedades idólatras e sensuais foram destruídas, sendo todos estes, exemplos dos Juízos de Deus na história. COMPARTILHAR. 1. O que chama sua atenção no texto bíblico lido? 2. No versículo 9, o Apóstolo Pedro anuncia o ato final da Justiça de Deus na história, apontando para o profetizado "Dia do Senhor", quando Jesus irá voltar ao nosso planeta fisicamente através dos céus para "julgar" a humanidade. O que esse acontecimento fala a seu coração? 3. De acordo com os versos 10 a 14, quais eram os pecados dos falsos mestres e de que forma nós podemos ser tentados como eles em nossa caminhada cristã? ORAÇÃO pelos pedidos do grupo e pela Celebração Dominical do Dia do Senhor na Igreja. Boa semana! (REFERÊNCIAS. Bíblia de estudo de Genebra, p 141 e 1505, São Paulo, 1999)

terça-feira, 10 de agosto de 2021

JOÃO CALVINO, Introdução. Contexto histórico e formação teológica.

João Calvino nasceu em Noyon, França em 1509; “educado na Univ de Paris, ele transferiu-se para a Univ de Orleans, de tendência mais humanista, na qual estudou Direito Civil.” Após sua conversão ao redor dos anos 1530-35, se aproximou dos movimentos protestantes, vindo a se exilar na Basiléia em meio a conflitos religiosos. Segundo McGrath, “a segunda geração de reformadores tinha uma consciência muito maior que a anterior a respeito da necessidade de obras que tratassem da teologia sistemática. João Calvino... percebeu a necessidade de produzir uma obra que introduzisse de forma clara, os fundamentos da teologia evangélica, justificando-a com base nas Escrituras e defendendo-os da crítica católica.” (Teologia sist., hist. e filosófica, 2005). Havia dois movimentos de reforma do cristianismo "católico" em desenvolvimento na Europa na década de 1530; com o luteranismo mais ligado à regiões da Alemanha tendo base nos "catecismos de Martinho Lutero e nos escritos teológicos de Philip Melanchton", e com a "facção reformada" ocorrendo ao sul da Alemanha e na Suiça, tendo por líderes a Ulrico Zuinglio, Heinrich Bullinger e Martin Bucer. (McGrath, p. 87, 2012). AS ORIGENS DA REFORMA EM GENEBRA. "Durante a década de 1520, os movimentos reformistas evangélicos alcançaram considerável sucesso nas cidades da Suiça. Apesar de o movimento ter começado em Zurique, no final da década de 1520, ele conquistara algumas das principais cidades da região, incluindo Basileia e Berna. No entanto, essas eram cidades de língua alemã." (p. 92, 2012). No decorrer desta década um grupo de cidades francesas e suiças começaram a se interessar pela causa reformista e por interesses comerciais junto aos suiços vieram a pressionar lideranças em favor do protestantismo, algo ocorrido nas regiões de Pays de Vaud e cidades de Neuchatel, Lausane e Genebra. Como não havia reformadores fluentes em francês, buscaram Guilherme Farel na diocese francesa de Meaux, trazendo-o para Basileia em 1534, de onde foi expulso por radicalismos, vindo a residir em Berna. "Genebra, tendo conquistado sua independencia do vizinho Ducado de Savoia naquele ano, estava determinado a moldar seu próprio futuro, em vez de ser dominada por um de seus vizinhos. Em agosto de 1535, o conselho da cidade votou que a República de Genebra aceitaria os princípios da Reforma protestante e aboliria a missa." Neste momento, Farel buscou alguém que pudesse ajuda-lo na tarefa de implementar a visão religiosa protestante na cidade, vindo a pensar em João Calvino para a empreitada. Calvino nasceu na cidade francesa de Noyon, e ao passar pela Univ. de Paris teve contato com conceitos de reforma da igreja, antes de estudar e concluir Direito em Orléans, tendo voltado a Univ. de Paris então, e se aproximado do Reitor Nicholas Cop que fez palestras reformistas, o que causou grave conflito junto às autoridades, de modo que Calvino teve que fugir para a cidade suiça da Basileia, refúgio protestante; sendo esse um período de muita desinformação e gerador de conflitos entre as autoridades e líderes protestantes, de modo que até o Rei Francisco I acabou perdendo o interesse pelo protestantismo. Neste contexto Calvino buscou escrever um livreto "que expunha os elementos básicos da percepção reformista da fé cristã que ele pessoalmente abraçava. Calvino, em acréscimo à exposição de sua percepção sobre o Credo e o Pai Nosso, escreveu um prefácio dirigido a Francisco I, pedindo tolerância para essa forma evangélica moderada de cristianismo e distinguindo-a dos excessos e da violência do anabatismo. A obra Institutas da Religião Cristã, publicada pela primeira vez em maio de 1536, no fim, tornar-se-ia uma das publicações mais influentes do século 16 - não por causa de seu prefácio gracioso, mas por causa de seu relato lúcido, sistemático e convincente dos elementos básicos do cristianismo reformado." (p. 92-93, 2012). Ao passar por Genebra em 1536 Calvino foi convidado por Farel para ajudar nas reformas que a cidade buscava, exatamente a partir dos conhecimentos de Calvino da língua francesa, do valor da escrita teológica das Institutas e do entendimento de Direito Civil; sendo que Calvino aceitou o convite. O conhecimento teológico de Calvino e seu respeito, citação e utilização dos pensamentos dos pais da Igreja surgiu como conteúdo relevante da liderança que viria adquirir no movimento reformado de Genebra e região, especialmente a partir de um debate em que ele participou na cidade de Lausane. "Lausane foi conquistada para a Reforma, e Genebra foi conquistada por Calvino." (p. 94). No entanto, Farel buscou definir estruturas religiosas na sociedade de Genebra que não foram bem recebidas pela liderança, já que haviam se separado do Ducado de Savóia e não aceitavam facilmente serem governados por estruturas que entendiam dominantes demais; especialmente pela grande quantidade de estudos teológicos e reflexões que formavam os demorados sermões na Igreja, de modo que a cidade expulsou Calvino e Farel, numa situação que deixou Calvino perplexo e triste. Calvino vai até a cidade de Estrasburgo e se dedica à teologia, escrevendo uma nova edição ampliada das Institutas (1539), além da versão em francês (1541), atuando como pastor dos moradores e refugiados de língua francesa, vindo a vivenciar a realidade das dificuldades porque passavam os sacerdotes reformados naquele período. De modo especial, "por meio de sua amizade com o principal reformador de Estrasburgo, Martin Bucer, Calvino conseguiu desenvolver seu pensamento sobre a relação entre a cidade e a igreja e também os fundamentos intelectuais para seu programa de reforma. (...) A igreja e a comunidade reformadas que existiram apenas na mente de Calvino em Genebra em 1538 eram, agora, realidades concretas. Teoria abstrata e puras divagações deram lugar à experiência prática. Calvino estava pronto para começar tudo de novo - mas, dessa vez, ele estava determinado a fazer certo. Por fim, no outono de 1541, veio o convite para que retornasse a Genebra." (p. 95). A cidade estava sem rumo e direção, também em meio aos conflitos graves diante dos anabatistas, de modo que a liderança da cidade abraçou o projeto de reforma de Calvino; e assim, "na última década de sua vida, ele teve praticamente liberdade nos assuntos religiosos da cidade." (McGrath, p. 95, 2012). AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ. Calvino se fez um notável líder da Reforma Protestante do século 16 a partir de seu tratado teológico “As Institutas da Religião Cristã”, bem como por sua atuação como líder religioso e social na cidade de Genebra, até sua morte em 1564. O denominado "Exegeta da Reforma" devido à sua "clareza, simplicidade e fidelidade textual", escreveu sua maior e mais conhecida obra, Institutas, num período de 23 anos (1536-1559), ao mesmo tempo em que comentava praticamente todos os livros da bíblia. (Herminsten, Maia. O Pensamento de João Calvino, 2000, p 37). Nessa perspectiva, a partir da reflexão exposta nos comentários, Calvino extraiu as verdades e princípios de Deus que veio a desenvolver e apresentar nas Institutas, conforme o seu propósito de escrever uma obra didática, segundo explica Timothy George, como se fora "um manual de instrução... que apresentasse os rudimentos de uma teologia bíblica e levasse os jovens cristãos a uma maior compreensão da fé." (1993, p. 178). Nesse sentido, Calvino expõe o conteúdo bíblico, buscando manter integrado e uniforme todo o conhecimento das Escrituras, procurando formular um sistema de aprendizado acerca do conhecimento de Deus, que ao ser apresentado de forma progressiva nas Institutas, orienta uma compreensão correlata e contínua de temas amplos sobre Deus e a existência do homem. (Herminsten, Raízes da Teologia Contemporânea, 2004, p. 139-141). Entendemos que João Calvino desenvolvia uma teologia bíblica – estudo objetivo e particular de cada texto bíblico para extrair unicamente o tema ali exposto, à luz da orientação e contexto doutrinais das Escrituras, sendo que essa teologia bíblica era organizada em temas gerais – conforme Calvino entendia que a Bíblia mesmo os indicava, pelo pensamento dos Profetas e Apóstolos. “O primeiro livro, tratava do Deus criador e de sua soberania em relação àquilo que havia criado. O segundo livro, trata da necessidade de salvação do ser humano e de como alcançar essa redenção por meio de Cristo, o mediador. O terceiro livro, trata da maneira pela qual o ser humano se apropria dessa redenção, enquanto o último livro trata da igreja e de seu relacionamento com a sociedade (...) o único princípio que parece nortear a forma como ele organizou seu sistema teológico é, por um lado, a preocupação de ser fiel às Escrituras e, por outro lado, a obtenção de máxima clareza possível na apresentação dos temas.” (McGrath, p 103, 2005) “Em as “Institutas”, Calvino afirma claramente as crenças do protestantismo. Em um volume, o reformador aborda as crenças principais... Ele começou com o Credo apostólico, destacando quatro pontos: “Creio em Deus Pai (...) Jesus Cristo (...) o Espírito Santo (...) e na santa igreja universal” – que correspondem às quatro sessões do livro. Em cada uma, Calvino buscava não apenas afirmar uma teologia, mas procurava aplica-la à vida cristã. (...) Calvino concentrou-se de forma veemente na soberania de Deus... o reformador repetia: “Você não pode manipular Deus ou torna-lo seu devedor. Ele é quem o salva; pois você não pode fazer isso por si mesmo.” (...) No livro quatro, Calvino criou uma ordem eclesiástica baseada no que ele observava nas Escrituras. A congregação deveria eleger homens de boa moral – os presbíteros ou anciãos – que seriam os responsáveis por guiar a igreja. Ele também abordou a questão dos pastores, doutores (mestres) e diáconos. As doutrinas e a política reformada, que criou, espalharam-se pela Escócia, Polônia, Holanda e América.” (Curtis, Os 100 acontecimentos mais importantes da história do cristianismo, p 117-119, 1991) Sendo fundador da Universidade de Genebra, humanista cristão, dedicado estudioso da Bíblia e reconhecido como literato entre acadêmicos, Calvino fomentou através de sua doutrina e liderança o início de um movimento de transformação na religião e sociedade que influenciou gerações em diversas nações. As Igrejas Reformada e Presbiteriana do Brasil carregam consigo as doutrinas deste reformador, conquanto, porém, qualquer movimento protestante jamais possa negar diversas influências teológicas ou éticas que saíram do entendimento deste homem que, junto a Martinho Lutero, tornou-se um dos líderes da Reforma Protestante. Acerca das Confissões de Fé, anotamos o seguinte pensamento de Calvino: "De bom grado concedemos que, se há disputa acerca de algum dogma, não existe melhor e mais correto meio do que reunir um concílio de bispos verdadeiros, no qual se examine o dogma em litígio; pois muito maior autoridade terá a determinação conveniada em comum pelos pastores das igrejas, depois de invocar o Espírito de Cristo, do que se cada um ensinasse ao povo por sua iniciativa particular, ou que o fizessem uns tantos em particular. Além do mais, quando os bispos se reúnem, tem mais oportunidade para comparar e observar o que devem ensinar, e em que forma, e assim conseguir unanimidade, a fim de que a diversidade não engendre escandâlo". (Simões apud Institutas, vol. II, p. 65, 2012). Referências. MCGRATH, Alister. A Revolução Protestante. tradução Lena e Regina Aranha. Brasília - DF: Palavra, 2012. SIMÕES, Ulisses. A Subscriação Confessional. Necessidade, Relevância e Extensão. Belo Horizonte: Efrata Publicações e Distribuição, 2002. Autor. Ivan S Ruppell Jr é Professor de Ciências da Religião e Teologia no Seminário Presbiteriano do Sul extensão Curitiba e Uninter.

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

FELIZ DIA DO DEUS PAI NOSSO QUE ESTÁ NOS CÉUS! 08 de Agosto 2021

Todo ser humano que crer nas obras de Jesus realizadas na Páscoa será batizado (unido espiritualmente) pra viver junto de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Eis a mensagem essencial da religação entre Deus e os homens feita pela religião do Cristianismo, que logo convida os Cristãos pra falar com Deus no dia a dia através da Oração do Pai Nosso. Afinal, ao nascer de novo como pessoas humanas através de um ato espiritual de Deus em nossa consciência e personalidade, somos feitos filhos de Deus. Mas, esse novo relacionamento diante de Deus Pai não é tão fácil de ser plenamente vivenciado por nós, não. Se aprender a ser filho de um pai terreno e visível não é tão simples, imagina então, aprender a ser filho de um Pai espiritual e transcendente como Deus. Sobre esse tema, o Apóstolo Paulo escreveu alguns versos na carta aos romanos 8.15-17, que vale a pena meditar, começando pelo verso 16, que diz assim, em duas versões: "O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.", e "O Espírito de Deus entra em contato com nosso espírito e confirma nossa identidade. Sabemos quem ele é, e sabemos quem somos: Pai e Filhos." (Bíblia A Mensagem). Paulo explica neste capítulo 8 de Romanos que os cristãos se tornam livres da condenação imposta pela natureza humana; que sempre nos impulsiona para praticar o que não satisfaz, pois agora os cristãos já tem acesso aos impulsos e desejos do Espírito Santo; que vai produzir interesses e sensações saudáveis e satisfatórias em nós. Sendo que essa experiência existencial ocorre sempre diante da Pessoa de Deus, ao redor do desafio se iremos nos relacionar com Deus como Senhor, ou se iremos agir como os donos de nossas vidas. Nessa realidade, o Espírito Santo trabalha em nossa consciência racional e personalidade espiritual pra que saibamos que Deus é... Pai! Isso mesmo! Só que não vai ser tão fácil para o Espírito Santo realizar essa obra em nós, pois naturalmente aprendemos a confrontar a Autoridade bendita de Deus, e assim atrapalhamos essa relação essencial de nossas vidas. Afinal, já buscamos ser independentes e assumir nós mesmos a autoridade sobre a vida desde sempre. Mas o negócio é que não adianta ser Pai celestial, tem que participar, e por isso Deus sempre corre atrás de nós, iluminando e quebrantando nossa pessoa pra ver se paramos de correr atrás do próprio rabo. E assim começamos a olhar pra frente, olhar para o Deus e Pai Nosso que está na área. Por isso mesmo, o Espírito Santo fala ao nosso coração que Deus é Pai, sendo algo que iremos semear quando começarmos a dizer isto pela fé em nossas palavras, ao orar o "Pai Nosso". E nessa caminhada de Fé na obra de Jesus que promete nos colocar na Presença de Deus Pai e numa experiência junto do Espírito Santo, a promessa divina é que não teremos mais medo de crer e confiar, buscar e depender da Presença e Autoridade de Deus Pai em nossas vidas. Bem interessante é o modo como o Messias e Mestre Jesus ensina eu e você a desenvolver esse relacionamento, nos chamando pra estar com Deus sempre atentos em primeiro lugar... na Pessoa d'Ele! Pra fazer isso, Jesus repete no Sermão do Monte algumas orientações sobre o modo como devemos nos encontrar com Deus, sendo que o princípio fundamental é termos a atenção e interesses voltados para a Pessoa de Deus. Assim, Jesus diz para sempre nos preocuparmos com o Deus Pai que vê em secreto, ao invés de nos preocupar com os outros, que se interessam com as aparências. Jesus diz que nas caridades nossa mão esquerda não deve saber o que faz a direita, para que nosso Pai que vê em segredo nos recompense. Jesus ainda diz pra orar em secreto no quarto, pois nosso Pai celestial que vê em secreto, nos recompensará, pois Ele sabe o que precisamos antes mesmo de fazermos o pedido. E Jesus diz pra jejuar bem arrumado diante dos outros, pois assim o nosso Pai que vê em secreto vai recompensar. Jesus também diz que o Pai celestial sabe de tudo que precisamos na vida material, e por isso devemos buscar a Deus e seu Reino e Justiça em primeiro lugar, e tudo nos será acrescentado enquanto vivemos e trabalhamos abençoados por Deus. Enfim, a questão é que temos diversos ensinos práticos sobre caridade e orações, jejuns e situações que surgem a partir da nossa fé, em que Jesus procura conduzir os Cristãos batizados para a melhor relação disponível aos homens no dia a dia - que é a relação diante de Deus como nosso verdadeiro Pai. E para aprender isto, devemos prestar atenção na Presença invisível e real, espiritual e paternal de Deus Pai em primeiro lugar, ficando atentos para o nosso interior e espírito, aonde iremos conhecê-lo pessoalmente em secreto - em espírito e verdade. Conforme Jesus, é desse modo que vamos estar semeando a presença do Espírito Santo, que irá agir em nossa consciência e personalidade pra confirmar ao nosso coração, os cuidados pessoais que Deus Pai realiza em nossas vidas. Esse relacionamento bendito é dificultado pela nossa rebeldia natural e o engano existencial de que as autoridades impedem a nossa Liberdade. No entanto, conforme e dentro dos princípios e valores de Deus, as autoridades são instrutores e cuidadores benditos da nossa existência, de acordo com a condição e função para que são capacitados - sendo que Deus Pai Todo Poderoso é completo e único como a Autoridade da vida toda da gente. Ao mesmo tempo, Deus também nos abençoa na história com professores e mentores, lideres e chefes, e autoridades públicas diversas, além de nossos pais terrenos - que mesmo sendo imperfeitos sabem dar boas coisas pra nós; imagine então, o que não nos dará o nosso Pai perfeito que está nos céus. É isso! Fica o chamado de Jesus pra aprendermos mais sobre a verdadeira relação com Deus, que é conhecê-lo como Pai Nosso que está nos céus! Sendo que o Espírito Santo deseja confirmar hoje mesmo ao nosso espírito esse conhecimento maravilhoso. Feliz dia do Pai Nosso que está nos céus, pra você! (p/ Ivan Santos Rüppell Júnior, Pastor da Igreja Presbiteriana e Professor)

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

OS ANJOS DARIAM TUDO PRA FAZER PARTE DISSO. Estudo de Pequenos Grupos da Igreja Presbiteriana Olaria, 9 a 13 de Agosto de 2021

TEXTO Bíblico Base: leitura de 2 Pedro Cap 1, versos 16 a 21. COMENTÁRIO. Nosso tema de hoje trata do conhecimento que a Palavra de Deus dá aos homens, sendo que após receber de Jesus as instruções sobre o Evangelho, vemos que Pedro foi capaz de confessar: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo", destacando a fé dos discípulos em Jesus como Deus entre nós, em pessoa, cumprindo a eterna obra da salvação." (*). E sobre o modo como Deus fala com a Humanidade na História, entendemos que "o princípio cristão da autoridade bíblica significa que Deus é o autor da Bíblia e deu-a para dirigir a crença e o comportamento do seu povo (...) as Escrituras são inspiradas ou "sopradas" por Deus (2Tm 3.16)... As Escrituras canônicas são a voz de Deus no mundo." (*). De maneira especial, houve duas situações históricas em que se ouviu a voz de Deus de forma presencial; pois no batismo de Jesus, Deus falou "Tu és meu filho amado, de ti me agrado", e na Transfiguração, Deus disse "Este é meu Filho amado. Ouçam-no!". COMPARTILHAR: 1. Como você reagiria se estivesse no Batismo e Transfiguração ouvindo Deus falar sobre Jesus? 2. O Apóstolo Pedro diz que os Anjos voltam o rosto pra saber mais sobre a Mensagem do Evangelho de Jesus. O que chama sua atenção na mensagem do Amor e da Graça de Deus revelados no Evangelho? 3. Pedro ouviu a voz de Deus, e os Profetas e Apóstolos foram inspirados, tendo recebido a "Palavra de Deus" em sua consciência na hora de escrever a Bíblia. O que significa pra você saber que A Bíblia é a Palavra de Deus revelada sobre a história do mundo e o destino da Humanidade? ORAÇÃO pelos pedidos do grupo e pela Celebração Dominical dos Cristãos no Dia do Senhor. REFERÊNCIAS. Biblia A Mensagem, e Bíblia de Genebra.