sábado, 26 de março de 2022

A HISTÓRIA DE ABRAÃO. Meditação Bíblica Dominical.

"Então o Senhor disse a Abrão: "(...) por meio de você todos os povos da terra serão abençoados". (Gênesis 12.1-3). "Estabelecerei a minha aliança entre mim e você." (Gn 17.2). MEDITAÇÃO: O crescimento do povo de Israel no passado e a multiplicação do povo cristão nos últimos séculos é o modo como Deus tem cumprido sua promessa de abençoar toda a terra na pessoa de Abraão. E a atitude essencial pra qualquer ser humano partilhar desta bênção é acreditar no que Deus anda fazendo na história, tendo fé no Evangelho de Jesus Cristo. Afinal, Abraão foi o primeiro a agir assim, se tornando o pai da fé de todos os que crêem, como lemos em Romanos 4.16-17. (John Stott). Há aproximados 4 mil anos atrás, Abraão deixou a sua terra natal na cidade de UR da Babilônia (atual Iraque) e se dirigiu até a Palestina, terra de Canaã, em Siquém, próximo de Betel. Abraão viajou quase 2.500 km saindo de UR e passou pelos rios Tigre e Eufrates até chegar em Canaã. Tudo no propósito de viver sua vida com fé a partir das palavras ditas por Deus para ele. Segundo o livro da bíblia (*), "em clara demonstração de fé, Abraão obedece a Deus e deixa sua terra natal. Ele é acompanhado na grande jornada através do Crescente Fértil pela mulher, Sara, o sobrinho Ló e servos. Eles viajam por uma rota comercial de Harã, na Mesopotâmia, para o Egito. Seguindo as instruções de Deus, eles param por fim na Grande Àrvore de Moré, perto de um lugar chamado Siquém, no coração de Canaã. Lá, Deus aparece a Abraão mais uma vez e lhe diz que seus descendentes herdarão essa nova "Terra Prometida"." Em sua jornada de fé e buscando cumprir a vontade de Deus, Abraão demonstrou ser um homem comum, pois passou fome assim que chegou em Canaã, e ao descer para o Egito em busca de alimento, ele mentiu acerca de sua mulher para proteger sua vida. Abraão sempre teve problemas com os vizinhos em Canaã e sequer podia beber água do poço que ele mesmo fizera. Ele teve dificuldades com parentes e com os povos da redondeza, vindo a descobrir que a sua caminhada até a "terra prometida" traria surpresas e muitas situações inesperadas para ele. REFLEXÃO. 1. Abraão procurou ser obediente a Deus em sua jornada, sendo abençoado, mas também teve dificuldades de fome e conflitos. O que você aprende disto acerca de "andar com Deus pela fé"? 2. Pela fé, Abraão deveria deixar sua terra até cumprir os propósitos dos planos da salvação de Deus naquele momento da história. Quais os planos do Evangelho de Deus para os dias atuais, e de que maneira você pode agir com fé diante deles? ORAÇÃO. Santo Deus e Pai Nosso que está no céu. Pedimos que aumente a nossa fé enquanto passamos por dificuldades, pois o Senhor promete consolo e cuidado sobre nós. E oramos pra saber mais e melhor o que significa pedir que "venha o seu Reino e seja feita a sua vontade" sobre a nossa vida e toda família. Amém. Autor. Ivan S Rüppell Jr é Professor de Teologia e Ciências da Religião. REF. Stott, John. A Bíblia Toda o Ano Todo. Edit Ultimato, Viçosa MG, 2007. O Livro da Bíblia. editora resp. Camila Werner. 1 ed - São Paulo, 2018.

quarta-feira, 23 de março de 2022

SÍMBOLOS DE FÉ DA IPB, 4. Harmonia das Confissões Reformadas, introdução. SPS. Extensão Curitiba..

Aula. Da obra: HARMONIA DAS CONFISSÕES REFORMADAS. Esse livro publicado pela Edit Cultura Cristã no Brasil em 2006, foi originalmente organizado por Joel R. Beeke e Sinclair B. Ferguson. O contexto histórico destas Confissões de Fé origina do período em que as igrejas reformadas desenvolveram Sete Confissões, as quais foram comparadas por nossos autores a fim de que seu conteúdo fosse apresentado em sua singularidade e harmonia para conhecimento dos estudantes e fiéis. "As igrejas reformadas dos séculos 16 e 17 produziram várias coleções de confissões reformadas ortodoxas que diferenciavam a fé reformada tanto do Catolicismo Romano como de outros grupos de igrejas protestantes." Conforme vimos anteriormente, as Confissões de Fé formam um terceiro grupo de anúncio e declaração da Palavra de Deus para os Cristãos protestantes, sendo que a Bíblia (Escrituras) é o documento primário, o Credo Apostólico é o documento secundário e as Confissões são o documento terceiro, sendo que as Confissões de Fé Cristãs Reformadas limitam o seu texto ao conteúdo das Escrituras, enquanto buscam fundamentar e esclarecer a interpretação bíblica estabelecida por essa vertente cristã oriunda do século 16, a partir da Reforma Protestante. Neste grupo de confissões reformadas que serão base da comparação de harmonia desenvolvida pelo livro base desse texto e aula, temos: as confissões da "família suiça", que são a Primeira Confissão Helvética (1536), a Segunda Confissão Helvética (1566), e a Fórmula de Consenso Helvética (1675). A "família anglo-escocesa", que contém a Confissão da Escócia (1560), com os Trinta e Nove Artigos (1563), a Confissão de Fé de Westminster (1646-47) e os Catecismos Maior e Breve de 1647. E ainda, a denominada "família germânico-holandesa", que apresenta três formas: a Confissão de Fé Belga (1561), o Catecismo de Heidelberg (1563) e os Cânones de Dort (1618-19). Sendo que, "as sete mais adotadas pelas várias denominações reformadas... são as Três Formas de Unidade, a Segunda Confissão Helvética e a Confissão e os Catecismos de Westminster." O propósito dos organizadores da comparação e apresentação da visão singular destas Confissões, é de que "esta harmonia permitirá fácil acesso ao conteúdo das grandes confissões reformadas e também ajudará os cristãos holandeses reformados, os húngaros reformados, os ingleses presbiterianos e outros cristãos reformados a apreciar mais profundamente as confissões desses diversos grupos (...) A beleza deste livro é que ele ressalta a harmonia entre as confissões reformadas, a despeito da diversidade de suas inúmeras tradições históricas." (todas as citações anteriores são do autor, Joel R. Beeke). INTRODUÇÃO HISTÓRICA ÀS CONFISSÕES DE FÉ REFORMADAS. A CONFISSÃO BELGA tem seu nome dado a partir dos países baixos, atualmente denominados Holanda e Bélgica, sendo que seu autor foi o Pastor Reformado Guido de Brès. "Durante o século 16, as igrejas reformadas na Holanda sofreram forte perseguição sob o comando de Filipe II da Espanha, partidário da Igreja Católica Romana. Em 1561, de Brès preparou esta confissão em francês como uma defesa para os crentes reformados perseguidos nos Países Baixos que formaram as assim chamadas "igrejas sob a cruz". (...) A confissão foi moldada a partir da Confissão Gaulesa, uma confissão reformada francesa de 1559 que, por sua vez, se baseava no modelo de Calvino... a Confissão Belga segue o que se tornou a ordem doutrinária tradicional da teologia sistemática reformada: as doutrinas a respeito de Deus (teologia, artigos 1-11), do homem (antropologia, 12-15), de Cristo (cristologia, artigos 16-21), da salvação (soteriologia, artigos 22-26), da igreja (eclesiologia, artigos 27-35) e dos últimos acontecimentos (escatologia, artigo 37)." Essa Confissão Belga carrega um forte apelo de unidade ao apresentar suas declarações como pensamento de toda uma comunidade, tendo sido enviada ao rei Filipe II com a promessa de que os fiéis cristãos que a seguiam tinham o propósito de seguir retamente as leis e obedecer as autoridades, sendo algo que não encontrou lugar no coração das lideranças da Espanha, culminando com o martírio do autor de Brès em 1567. "A Confissão Belga foi prontamente recebida pelas igrejas reformadas na Holanda depois de sua tradução para o holandês em 1562." O professor de teologia Zacarias Ursino desenvolveu o CATECISMO DE HEIDELBERG sob orientação do princípe Frederico III, no interesse de preparar um conteúdo "reformado com o objetivo de instruir os jovens e orientar pastores e professores", sendo considerado um "catecismo de beleza e impacto incomuns, uma reconhecida obra-prima", o qual acabou aprovado pelo Sínodo de Heidelberg no ano de 1563, tendo recebido outras três edições alemãs, além de ter sido traduzido ao holândes. "As 129 perguntas e respostas do Catecismo de Heidelberg estão divididas em três partes, padronizadas de acordo com a Epístola aos Romanos... as perguntas 3-11 se referem à experiência do pecado e à miséria (Rm 1-3, 20); as perguntas 12-85 se referem à redenção em Cristo e à fé (Rm 3.21-11.36), juntamente com uma longa exposição do Credo dos Apóstolos e dos sacramentos: as perguntas 86-129 abordam a verdadeira gratidão pelo livramento dado por Deus (Rm 12-16), basicamente por meio de um estudo dos Dez Mandamentos e da Oração Dominical... seu conteúdo é mais subjetivo que objetivo, mais espiritual que dogmático... (tendo) sido chamado "o livro de conforto" para os cristãos." O Catecismo de Heidelberg foi traduzido para o holândes em 1563 e foi aceito grandemente em toda Holanda, sendo uma base de orientação para as pregações dos ministros holandeses, vindo a ser aprovado nos "Sínodos de Wesel (1568), de Emden (1571), de Dort (1578), de Haia (1586) e de Dort (1618-19), que oficialmente o adotaram como a segunda das Três Formas de Unidade", além de ter sido traduzido posteriormente para nações de toda Europa e línguas diversas da África e Àsia. "A SEGUNDA CONFISSÃO HELVÉTICA é de importância muito maior (que a primeira)", tendo surgido de um testemunho pessoal escrito por Heinrich Bullinger no ano de 1562. A cidade de Zurique estava acometida de grande peste, e Bullinger dedicou-se a revisar o documento diante da morte próxima, que não houve para ele, sendo a ocasião em que Frederico III solicitou uma confissão reformada, vindo a receber do líder protestante uma cópia da confissão, a qual Frederico utilizou como defesa na Dieta Imperial de 1566, devido a críticas de Lutero em alguns posicionamentos do príncipe. "Depois de algumas revisões, numa conferência em Zurique no mesmo ano, a confissão foi aceita por Berna, Biel, Genebra, os Grisons, Muhlhausen, Schaffhaunsen e St. Gall. Depois, foi amplamente aprovada na Escócia, na Hungria, na Polônia e em vários outros lugares." Esta confissão é um "manual compacto da teologia reformada"... tendo como cenário a edição definitiva das Institutas de Calvino (1559) e a Contra-Reforma, reunida em Trento (1545-1563)... tendo como ponto de partida as Escrituras, ela avança pelas ideias da teologia sistemática, abordando questões características da Reforma e de Calvino: a pregação de que a Palavra de Deus é a Palavra de Deus (cap 1); Cristo é o espelho no qual devemos contemplar a nossa eleição (cap 10); a providência e a predestinação recebem tratamentos separados; o corpo e o sangue de Cristo não são recebidos carnalmente, mas espiritualmente, ou seja, por intermédio do Espírito Santo...". A Segunda Confissão Helvética tornou-se um "valioso testemunho das obras e da fé de Heinrich Bullinger", tendo sido traduzida para o inglês, holandês, polônes, italiano, turco, árabe etc; sendo percebida como "uma declaração madura da teologia reformada para a segunda metade do século 16". CÂNONES DE DORT (1618-1619). "O Sínodo de Dort foi realizado para resolver uma série de controvérsias nas igrejas holandesas, iniciada pelo surgimento do Arminianismo. Jacob Armínio... divergia da fé reformada em vários pontos...". A reunião das igrejas reformadas da Holanda na cidade de Dordrecht entre os anos de 1618 e 1619 recebeu vinte e sete delegados de oito países, que se juntaram aos sessenta e dois representantes da Holanda. Armínio viveu até 1609, e em 1610 alguns de seus defensores apresentaram suas postulações na assembleia da Holanda; ensinando uma eleição embasada na fé posterior dos homens que seria base para a decisão anterior de Deus sobre eles, um caráter universal da salvação em Cristo, a condição do livre arbítrio numa visão de depravação parcial da humanidade, a condição do homem resistir diante da graça, e ainda, a possibilidade de ocorrer uma queda do estado de graça. "Eles solicitaram a revisão dos padrões doutrinários das igrejas reformadas e a proteção do governo aos pontos de vista arminianos." As discussões acerca da controvérsia entre arminianismo e calvinismo estavam conduzindo a Holanda para um conflito civil de grandes proporções, até que a assembleia deliberou para que um Sínodo discutisse a questão. "O Sínodo, então, desenvolveu os cânones, que rejeitaram totalmente o Protesto de 1610 e estabeleceram a doutrina reformada dos pontos debatidos com base nas Escrituras. Esses pontos, conhecidos como os Cinco Pontos do Calvinismo são: eleição incondicional, redenção limitada, depravação total, graça irresistível e a perseverança dos santos (...) Eles podem ser resumidos do seguinte modo: (1) A eleição incondicional e a fé salvadora são dons soberanos de Deus. (2) Conquanto a morte de Cristo seja suficiente para expiar os pecados de todo o mundo, sua eficácia salvadora é restrita aos eleitos. (3,4) Todas as pessoas são tão completamente pervertidas e corrompidas pelo pecado que não podem exercer o livre-arbítrio em favor de sua salvação, nem efetuar nenhuma parte da salvação. Em soberana graça, Deus nos chama irresistivelemente e regenera o eleito para uma vida nova. (5) Deus graciosamente preserva o redimido para que ele persevere até o fim... Exposto com simplicidade, o assunto principal dos cânones é a graça soberana concebida, a graça soberana merecida, a graça soberana necessitada e aplicada e a graça soberana preservada." Observe que o contexto doutrinário do surgimento dos Cânones de Dort tornam esse documento uma declaração de fé única em seu conteúdo e características, pois surgiu como conclusão de um julgamento e abordou somente os temas doutrinais em discussão referente ao pensamento de Armínio e de Calvino. "Ao todo, os cânones contém 59 artigos de exposição, e 34 rejeições de erros (...) (os Delegados da Assembleia) se uniram num culto de ação de graças para louvar a Deus pela preservação da doutrina da graça soberana entre as igrejas reformadas." DOUTRINA REFORMADA EM COMPARAÇÃO - Harmonia das Confissões de Fé Reformadas: (exemplo do conteúdo das Confissões de Fé). Tema: A santa trindade. 1. Confissão Belga: "Deus é um em essência, porém distinguido em três pessoas. De acordo com essa verdade, e com essa Palavra de Deus, nós acreditamos num só Deus, que é de uma só essência, na qual há três pessoas, realmente, verdadeiramente e eternamente distintas, conforme suas propriedades incomunicáveis, ou seja, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. 2. Catecismo de Heidelberg: P. 25: Por que você fala do Pai, do Filho e do Espírito Santo se há apenas uma divina essência... R: Porque Deus se revelou desse modo na sua Palavra, que essas três pessoas distintas são o único, verdadeiro e eterno Deus. 3. Segunda Confissão Helvética: "Cremos e ensinamos que o mesmo Deus infinito, uno e indiviso é um ser inseparavelmente e sem confusão, distinto em pessoas - Pai, Filho e Espírito Santo - e, assim como o Pai gerou o Filho desde a eternidade, o Filho foi gerado de modo indescritível, e o Espírito Santo verdadeiramente procede de um e de outro, desde a eternidade e, assim, deve ser adorado como ambos (...) Enfim, aceitamos o Credo dos Apóstolos, porque ele nos comunica a verdadeira fé." 4. Confissão de Fé de Westminster: "Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade: Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O Pai não é de ninguém - não é gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho." 5. Breve Catecismo de Westminster: "Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e estas três são um Deus, da mesma substância, iguais em poder e glória." 6. Catecismo Maior de Westminster: "Na Divindade há três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; essas três pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas propriedades pessoais." REFERÊNCIA: Beeke, Joel R e Ferguson, Sinclair B. Harmonia das confissões de Fé Reformadas. Edit Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2006 (páginas 9 a 12, 20-21). Autor: Ivan S Ruppell Jr é Professor em Ciências da Religião e Teologia.

sexta-feira, 18 de março de 2022

COMPANHEIROS DE CAMINHADA DIANTE DE DEUS! Estudo de Pequenos Grupos da Igreja Presbiteriana Olaria, Março de 2022.

TEXTO Bíblico Base: "Quem sabe se não foi para um momento como este que você chegou à posição de rainha". (Ester 4.16). COMENTÁRIO: "A narrativa sobre uma rainha judia que fala para salvar seu povo deve ter sido incluída na Bíblia para mostrar como mesmo um Deus silencioso faz o bem triunfar."(*). Ester se tornou esposa do Rei Assuero da Pérsia no século 5 a.C, sendo que Ester foi criada e cuidada pelo seu parente Mardoqueu, um homem íntegro que acaba sendo vítima do ministro chefe de Estado, Hamã. Nesta situação, "Mardoqueu pede à rainha que intervenha diante do Rei. Ester fica relutante, pois quem se aproxima do rei é punido com a morte, mas o devoto Mardoqueu crê que Deus colocou Ester em uma posição elevada para realizar a obra e propósitos do Senhor."(*). REFLEXÃO:(#) Mardoqueu se tornou uma referência na vida de Ester, sendo a ele que ela ouvia quando precisava tomar alguma decisão difícil. Mardoqueu tinha a liberdade de mostrar para Ester se havia algum engano em suas atitudes, sendo que ele tomava a liberdade de indicar o que ela deveria fazer e como deveria agir em determinadas situações. Mardoqueu ajudava Ester a discernir qual era a vontade de Deus para a vida dela. Refletindo sobre a relação de Mardoqueu e Ester, eu costumo dizer que todo cristão maduro deve fazer três perguntas a si mesmo: - a quem eu me submeto; - com quem eu compartilho minha vida; e, - de quem eu cuido como um cristão que transmite o que Deus tem me ensinado. Observe que são três esferas diferentes de submissão que devem ocorrer em nossas vidas. Nós precisamos saber a quem nos submetemos em certas situações, a quem de fato ouvimos; pois se não tivermos ninguém a quem nos submeter, então iremos ficar entregues ao nosso próprio coração, e a Bíblia ensina que o coração é enganoso e pode causar muitos males. Em segundo lugar, deve ocorrer uma espécie de relação de sujeição mútua entre duas pessoas, e isso acontece quando compartilhamos o que vivenciamos com outra pessoa, pois se alguém guardar tudo pra si mesmo, bem, em algum momento essa pessoa vai "explodir". Finalmente, é preciso que haja alguém em nossa vida de quem nós cuidamos, e que nos enxerga dessa forma e nos vê como uma referência cristã para ela, pois isso significa que estamos amadurecendo e frutificando. Pense e reflita nesta três perguntas hoje mesmo, e se algum destes relacionamentos não está ocorrendo em sua vida e está vazio em seu coração, peça a Deus para mostrar com quem você deverá praticar essas experiências abençoadas em sua vida. COMPARTILHAR: 1. Você tem alguém que é uma autoridade em sua vida? Você tem dificuldades em se submeter a essa pessoa? 2. Você tem alguém para compartilhar suas dúvidas, problemas e situações desafiadoras? 3. Você tem cuidado de pessoas? Tem sido uma referência a outros acerca do conhecimento e sabedoria de Deus? ORAÇÃO e Intercessão pelos Pedidos dos membros do grupo e pela celebração dominical da Igreja Presbiteriana Olaria. BOA SEMANA! Referências: (*) O Livro da Bíblia, Editora Globo, p 132. São Paulo, SP. (# reflexão baseada em texto do devocional: cadadia.org.br - Igreja Presbiteriana do Brasil.)

quinta-feira, 17 de março de 2022

SÍMBOLOS DE FÉ da IPB. AULA 3, SPS, 2023

Texto em resumo e citações para disciplina Símbolos de Fé da IPB, Seminário Presbiteriano do Sul extensão Curitiba. CATECISMO MAIOR DE WESTMINSTER - Origem e Composição, de Chad B. Van Dixhoorn. Este pequeno livreto editado no Brasil em 2012 traz interessantes anotações sobre a feitura dos Símbolos de Fé quando da ocasião da Assembléia de Westminster no Parlamento da Inglaterra no século 17. Segundo nosso autor, "O Breve Catecismo de Westminster é um dos mais amados e bem utilizados de todos os Catecismos da Reforma, e o documento mais famoso da Assembleia que se reuniu na Abadia de Westminster de 1643 a 1649. A Confissão de Fé de Westminster, em seu original e nas suas formas modificadas, tornou-se "de longe o símbolo doutrinário mais influente na história da América Protestante." (no destaque de Sidney E Ahlstrom). Segundo nosso autor, o Catecismo Maior não tem sido percebido e utilizado da mesma forma e valor, podendo-se dizer que tem sido inclusive desprezado, tanto pela igreja presbiteriana como pelo povo evangélico, posto que há dezenas de comentários sobre o Breve Catecismo escritos entre os séculos 17 e 20, sendo que o autor reconheceu apenas um comentário sobre o Catecismo Maior, sendo que este também não consta nos hinários, ao contrário da Confissão e do Breve Catecismo que comumemente são ali incluídos. Assim, o propósito do livro do autor é buscar recuperar a importância e valor do Catecismo Maior, sendo que iremos utilizar seu conteúdo para saber mais sobre a feitura da Confissão de Fé e Catecismos. Segundo o autor, "em 1642, o mundo foi virado de cabeça para baixo (pelo menos na Grã-Bretanha). Os nobres ingleses, os barões, os cavaleiros, os cavalheiros, os cidadãos, os burgueses, os plebeus de todos os tipos, e os ministros do evangelho, pegaram todos em armas contra o Rei Carlos I." Reclamavam das condições sociais e do autoritarismo imperial do rei, sendo que "muitos eram puritanos que desejavam uma mudança no culto e na teologia", algo que o Rei Carlos I e sua esposa rainha eram contrários, de forma que perto do ano de 1643 os grupos parlamentares perceberam que estavam frágeis nas batalhas diante do Rei, e por isso pediram ajuda aos protestantes da Escócia, que aceitaram ajudar os cidadãos ingleses desde que assumissem os princípios de um documento denominado "Solene Liga e Aliança", com seis itens: "O primeiro ponto da Aliança estabelecia que as igrejas em ambos os países deveriam ser reformadas em "doutrina, culto, disciplina e governo". Para atingir essa unidade, a Assembleia do Parlamento inglês, designada no início de 1643, deveria criar uma "confissão de fé, uma forma de governo da Igreja, um diretório de culto" e eles acrescentaram um diretório de "catequese." Neste sentido, o objetivo primordial da feitura do catecismo desenvolvido em Westminster "foi a unidade religiosa, que era também o objetivo de cada um dos seus documentos." Ainda que já existissem outros documentos religiosos à época, e de grande valor ao pensamento protestante, se fazia necessário redigir "um documento confessional para os propósitos ecumênicos", pelos quais se pretendia unir as Igrejas de todo Reino Unido. Neste contexto, além da Confissão de Fé, a assembleia orientou que os teológos escrevessem catecismos, sendo que o preparo de um texto menor e breve foi considerado como importante, posto que seu conteúdo seria mais geral e portanto, seria aprovado com mais facilidade. O primeiro esboço foi rejeitado e ainda em 1643 um grupo da assembleia se voltou para organizar o catecismo, até que outras questões acabaram impedindo seu desenvolvimento. Finalmente, em 1646 a Confissão de Fé foi concluída e enviada para debate na Assembleia, sendo que no início de 1647 houve a decisão pelo preparo de dois catecismos, cada um adequado a seu propósito; confome descrito pelo teólogo Richard Vines, em proposição para que "a Comissão do Catecismo preparasse um esboço de dois catecismos baseados na Confissão de Fé, e nas questões do Catecismo já iniciado." O princípio basilar para a escrita dos catecismos é de que a Assembleia "decidiu não ter nenhum outro assunto teológico dentro (dos catecismos) além daqueles já estabelecidos na Confissão"; pois o fundamento era de que somente as doutrinas da Confissão deveriam estar descritas nos Catecismos - "Os Catecismos, portanto, seriam uma condensação da Confissão." Dessa forma, a Assembleia orientou a feitura de dois catecismos, sendo "um mais exato e abrangente", enquanto o segundo deles "seria mais fácil e breve para os iniciantes". Assim, em meados de outubro de 1647 o Catecismo Maior estava pronto, enquanto que o Breve Catecismo foi finalizado em dezembro. Sobre o uso dos catecismos nas celebrações da igreja, "os ministros da Assembleia de Westminster consideraram que o pregador não devia pregar a partir de uma proposição, ou argumento, mas apenas das próprias Escrituras. Por mais importantes que fossem os catecismos, os teólogos de Westminster não quiseram seguir a prática das igrejas reformadas do continente, que pregavam com base no Catecismo de Heidelberg." Nesse contexto, entende-se que o objetivo principal da feitura dos catecismos não foi fornecer "mensagens" bíblicas prontas aos pregadores, mas sim, promover "unidade de crença" e "instrução mais detalhada na fé cristã." Os teológos escoceses entendiam que os cristãos amadurecidos das igrejas iriam receber do catecismo maior o conteúdo sólido e profundo que necessitavam em sua caminhada e discipulado. Uma característica distinta do Catecismo Maior de Westminster estava em sua organização e formato: "A Assembleia teve o cuidado de fazer com que todas as perguntas fossem sentenças completas em si mesmas, sem depender, para o seu sentido, da pergunta anterior; eram, na verdade, aforismos (sentença breve) inconfundíveis, contendo sucintamente os fundamentos da religião cristã". Esse aspecto foi considerado importante e inovador, já que grande parte dos catecismos daquele período "requeriam que o usuário memorizasse em ordem tanto a pergunta quanto a resposta a fim de obter o sentido das doutrinas bíblicas do catecismo", sendo necessário saber diversas questões para se entender o que uma delas apresentava acerca da doutrina. Outro aspecto distinto dos Catecismos foi o de que estes não se dedicaram a desenvolver o conteúdo do Credo Apostólico, "porque o credo, embora fosse bíblico, não tinha sido extraído da Bíblia", enquanto um texto direto. Essa decisão permitiu que o objetivo de feitura dos catecismos se consolidasse, a fim de que toda doutrina apresentada tivesse as Escrituras como fonte, enquanto também buscava superar uma fragilidade do credo, que é o pouco conteúdo sobre a vida de Cristo; posto que, afinal, a história da vida de Jesus é a própria e completa realização da redenção dos homens: "A vida de Cristo tem mutissímo a ver com a nossa salvação: Ele gastou a vida cumprindo toda a justiça; Ele observou a Lei que o primeiro Adão transgrediu. É por causa da obediência ativa de toda a Sua vida que Deus o Pai nos vê como justos em Cristo." A FÉ CRISTÃ, ESTUDOS NO BREVE CATECISMO, de Thomas Watson. "A Body of Divinity (em nossa edição, A Fé Cristã - Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster) é uma das mais preciosas e inigualáveis obras dos puritanos... Watson foi um dos escritores mais objetivos, profundos, sugestivos e elucidativos dentre os célebres teológos que fizeram da era puritana o período dourado da literatura evangélica. Há uma união feliz entre a boa doutrina, a profunda experiência e a sabedoria prática evidentes em todas as suas obras." O contexto do período em que viveu Watson e um grande número de teólogos puritanos, se refere ao período imediatamente anterior a Assembleia de Westminster: "Em 1641, na Irlanda Católica, inicia-se um levante separatista contra o domínio protestante dos ingleses. Católicos confederados se rebelam contra as forças do Estado inglês. Agricultores foram mortos nos campos, outros fugiram e morreram de fome por todo o país. Foi o ataque conhecido como o massacre de protestantes do Ulster, no Norte da Irlanda. Foi a primeira fase da Revolução Puritana." Neste sentido, o nome de Thomas Watson é colocado ao lado de mais de uma dezena de pregadores puritanos, dos quais se diz: "A maioria destes homens é mencionada na lista de sofredores a favor do não-conformismo e aparece no rol dos alunos matriculados no Emmanuel College. Apesar de serem muitos, sem dúvida são da mesma sociedade que produziu pregadores no contexto das infelizes mudanças de 1641." Thomas Watson foi reitor da paróquia Saint Stephen, no centro de Londres, atuando como pastor por 16 anos, enquanto viu a igreja crescer, sendo que o pregador foi reconhecido pelo valor de suas mensagens "instrutivas e espirituais". Foi uma época confusa e bastante perigosa, pois ainda que Watson e outros pregadores puritanos houvessem sido leais ao Estado e ao Rei, o fato de defenderem uma doutrina bíblica de pureza, os posicionou como inimigos diante do ato de uniformidade que buscava enquadrar novamente a igreja da Inglaterra numa doutrina contrária ao pensamento reformado. (Ato de Uniformidade da Rainha Elizabeth, de 1559, definindo o uso do Livro de Orações nas celebrações e a participação semanal dos cidadãos ingleses nas igrejas, valorando a Igreja Anglicana como denominação única e oficial na Inglaterra) "Os mais cultos, santos e zelosos do clero da Igreja da Inglaterra descobriram que o ato de uniformidade não lhes permitiria manter suas consciências puras e seus estilos de vida, por isso se submeteram a perder tudo por causa de Cristo. (...) Com muitas lágrimas e lamentos, a congregação de Saint Stephen viu seu pastor ser arrancado do seu rebanho... ouviram suas palavras de despedida... (Watson) despediu-se deles "sem saber onde ia". Assim que deixou a igreja, Watson procurou pregar a Palavra onde houvesse oportunidade, pois as multas e prisões não conseguiram calar a mensagem dos ministros, já que "em barracões, cozinhas, casas de fazendas, vales e florestas, os poucos fiéis se reuniam para ouvir a mensagem de vida eterna... a Palavra do Senhor era preciosa naqueles dias. Pão comido em secreto é proverbialmente doce e a Palavra de Deus na perseguição é especialmente deliciosa..." Anos mais tarde, "após o grande incêncio de 1666, quando igrejas foram queimadas, o Sr. Watson e outros não-conformistas prepararam grandes salas para os que desejavam se reunir. Em um tempo de tolerância, em 1672, ele conseguiu uma licença para usar uma grande sala na Crosby House... Foi uma circunstância em que o digno nobre favoreceu a causa da não-conformidade e que tão distinta câmara estava à sua disposição. Ali, Watson pregou por vários anos... Thomas Watson, depois de um tempo, voltou a Essex, onde morreu repentinamente em seu quarto enquanto orava. Morreu por volta dos anos de 1689 ou 1690. A data de seu nascimento e a de sua morte não são mencionadas em lugar algum." Watson publicou diversos livros, sendo que sua obra principal permanece A Body of Divinity, "uma coleção de 176 sermões sobre o Breve Catecismo da Assembleia de Westminster, que só apareceu depois de sua morte. Esse livro foi publicado em um volume, em 1692... por muitos anos, esse volume continuou a ensinar teologia ao povo comum e ainda pode ser encontrado em cabanas pobres da Escócia." SERMÃO DE WATSON (breve introdução). Firmes e Fundamentados na Fé. "Se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes..." (Colossenses 1.23). "Considerando que, no próximo domingo, iniciarei uma instrução na doutrina com a igreja... Este sermão está dividido em duas partes: 1. É dever dos cristãos se firmarem na doutrina, e 2. É dever dos cristãos se fundamentarem na doutrina. 1. É DEVER DOS CRISTÃOS SE FIRMAREM NA DOUTRINA. É obrigação dos cristãos serem firmes na doutrina da fé. O apóstolo afirma: "Ora, o Deus de toda graça..., ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar" (1 Pedro 5.10). Essas palavras ensinam que os cristãos não devem ser semelhantes a meteoros no céu, mas como as estrelas fixas. O apóstolo Judas fala sobre "estrelas errantes" (Jd 13). São chamadas estrelas errantes porque, como Aristóteles diz: "elas vão para cima e para baixo vagueando por várias partes do céu; e por não serem feitas do material celeste do qual as estrelas fixas são, mas apenas uma emanação dele, essas estrelas geralmente caem na terra." Assim são aqueles que não são firmes na fé. Uma hora ou outra, eles farão como as estrelas cadentes, perderão a firmeza e vaguearão de uma a outra opinião. Agirão impetuosamente à semelhança da tribo de Rúben (Gn 49.4); como um navio sem lastro, levado por qualquer vento de doutrina. O francês Leodore Beza (1519-1603), sucessor de Calvino, escreve sobre Belfectius de quem a religião mudava como a lua. Os arianos, por sua vez, a cada ano mudavam a sua fé. Pessoas assim não são pilares no templo de Deus, mas caniços movidos para todas as direções. O apóstolo chama tal atitude de "heresias destruidoras" (2 Pe 2.1). Uma pessoas pode ir para o inferno tanto por heresia quanto por adultério. Não ser firme na fé é querer julgamento. Se as mentes deles não fossem volúveis, não mudariam tão rápido de opinião. A razão de tal atitude é a falta de substância. Como penas sopradas para todos os lados, assim também são os cristãos sem fé." REFERÊNCIAS. Van Dixhoorn, Chad B. Catecismo Maior de Westminster. Origem e composição. Edit Os Puritanos. Recife, PE, 2012. (páginas 7 a 16). Watson, Thomas. A Fé Cristã. Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster. Cultura Cristã, São Paulo SP, 2009. (pg 7 a 15). Autor. Ivan S Ruppell Jr é Mestre em Ciências da Religião e Professor de Teologia.