sexta-feira, 28 de agosto de 2020

DEVEMOS CELEBRAR E ADORAR SOMENTE A DEUS! Devocionais nas INSTITUTAS de J Calvino, p/ Ivan S Rüppell Jr.

Devocionais nas Institutas de João Calvino, Semana 9, Tópico 12. A obra teológica “Institutas” do reformador protestante João Calvino contém uma explicação completa do conhecimento de Deus segundo o Cristianismo. Esse texto utiliza um resumo das “Institutas” de Calvino no objetivo de comunicar seu pensamento teológico através de breves devocionais semanais. 12: DEUS É DISTINGUIDO DOS ÍDOLOS, A FIM DE QUE O CULTO SEJA PRESTADO SOMENTE A ELE. “Já dissemos que o conhecer a Deus não pode consistir em vã especulação, mas sim implica em adoração ao Deus a quem conhecemos (...) , repito que quando as Escrituras asseveram que há um só Deus, e somente um, elas não estão argumentando em prol do mero nome, e sim, ordenam que nenhuma parte da honra que pertence a Deus seja dada a outro. Nisto vemos quanto a religião pura difere da superstição.” A verdadeira religião será sempre corrompida se agirmos com falsidade e pelo erro, pois “qualquer licença que tomemos no culto, devido a um zelo apressado e sem consideração, é de natureza supersticiosa.” De pouco adianta reconhecer as nossas faltas neste assunto, e ainda assim, escolher ignorar o fato de que estas atitudes nos afastam de Deus. Além de não ensinarem nada de bom, acerca de como se deve adorar ao único Deus verdadeiro. A questão principal é que Deus reafirma os seus direitos de ser a única Majestade dos céus, e revela o seu zelo com esta verdade, através de sua disposição de punir a todos que O confundem com ídolos. Ao mesmo tempo, Ele mesmo define o modo correto em que os homens devem oferecer-lhe um culto legítimo. Pois as ordenanças divinas também tem o propósito de nos desviar de celebrar uma adoração desvirtuada e corrompida. A superstição adota alguns subterfúgios para seguir os deuses falsos, embora procure conservar a aparência de que está servindo ao Deus verdadeiro; pois “concede-Lhe o lugar mais alto, e O cerca com uma multidão de deuses menores, entre os quais distribui suas prerrogativas e atributos; e, assim, com dissimulação astuciosa, a glória da divindade, que deve ser reservada somente para Deus, é mutilada e dispersada.” Foi através desse argumento e utilizando essas ideias que alguns idólatras compartilharam os poderes do Altíssimo com o maioral dos deuses dos homens, na antiguidade. É dentro desse contexto e pensamentos que se aplicam e são utilizadas as expressões “latria (adoração), e dulia (serviço), fazendo uma distinção que os libera para transferir as honras divinas." No entanto, ambos estes termos são usados sem esse tipo de distinção e diferenciação nas Escrituras Sagradas. "Ademais, todos devem reconhecer que o serviço é algo mais do que a adoração; e é uma distinção imprópria prestar aos santos aquilo que é maior, e a Deus aquilo que é menor.” Desta forma, Paulo condena os cristãos da Galácia por servirem a ídolos que sequer eram deuses, algo que faz o apóstolo denominar tal atitude, como sendo uma vã adoração. (Gálatas 4.8). O próprio Senhor Jesus Cristo foi contra o uso de tal distinção, pois respondeu prontamente ao tentador: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás.” Sendo que até o Apóstolo João foi reprovado por oferecer uma servidão indevida a um anjo, posto que tal reverência deveria ser dedicada somente para com Deus. Eu até entendo que existe um certo tipo de honra que foi prestada a alguns homens na história, mas somente, como uma obediência cívica e cidadã. Observe que Pedro também proíbe Cornélio de se prostrar diante dele, pois tal postura é orientada somente para ser dedicada à Pessoa de Deus, e a ninguém mais. “Se, portanto, desejamos ter um só Deus, e somente um, lembremo-nos que não deve ser roubado da mínima partícula da Sua glória.” ORAÇÃO: Pai Nosso que estás no céu, Santificado seja somente o teu nome em toda Terra e Universo! Pois o Senhor é o Deus Eterno, que nos tirou da terra do Egito, da vida de escravidão. Ilumina os nossos corações e quebranta-nos para que não tenhamos outros deuses além do Senhor. Ajuda-nos a não esculpir deuses com formas e aparências, e nos abençoa para não nos curvar diante deles, pois o Senhor é Deus zeloso. Como Deus é maravilhoso! E que bênção Ele é! Ele é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que nos leva aos mais elevados lugares de bênção. Glória a Deus na igreja! Glória a Deus no Messias Jesus! Glória por todas as gerações! Glória para todo o sempre! Amém! Ivan Santos Rüppell Jr. Teólogo, Cientista da religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. (pgs 51 a 71 do Resumo das Institutas de J P Wiles).

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

A DEPRESSÃO E A ESPIRITUALIDADE, Reflexões no Salmo 42. p/ Ivan S Rüppell Jr

A Depressão foi considerada a "doença do século", e segundo o Ministério da Saúde, "é uma doença psiquiátrica grave que apresenta sintomas recorrentes de tristeza profunda, baixa auto-estima e prostração", além de um sentimento de desesperança. O comentarista bíblico John Stott observa que "a depressão parece ser uma condição bastante comum entre os cristãos", enquanto destaca algumas experiências depressivas descritas pelo salmista nos Salmos 42 e 43, que são um único salmo. E como este Salmo apresenta a queixa angustiada de um homem fiel reclamando a presença de Deus, Stott também entende que a principal enfermidade que acomete o autor se refere à uma Depressão Espiritual. Isso não quer dizer que os outros tipos de Depressão que acometem a humanidade não sejam espirituais, afinal, como o ser humano é uma pessoa única, um ser integralmente "físico e espiritual, emocional e consciente", então, tudo que ocorre numa parte da sua personalidade também está acontecendo num outro aspecto dele, seja os sentimentos e a mente, seja no corpo físico ou no seu espírito. Então, já é importante você saber que toda vez que ficamos deprimidos, sentindo uma tristeza profunda ou um forte sentimento de desesperança que se tornam constantes e crônicos, bem, estamos deprimidos por inteiro, corpo e espírito, mente e coração. Agora, o que o comentarista bíblico quer ressaltar é que a "origem" da depressão do salmista se encontra no seu espírito, ou nas suas relações espirituais mais diretas diante de Deus, tá entendendo? O que não quer dizer que esta Depressão de origens espirituais não vá atingir os pensamentos, os sentimentos e o próprio corpo do cidadão, como bem já contava o salmista Davi, ao expor um outro problema espiritual (culpa), cuja dor já estava ficando vísivel no seu corpo: "Enquanto me recusei a confessar meu pecado, meu corpo definhou, e eu gemia o dia inteiro." (Salmo 32.3). Portanto, quando John Stott destaca que "a depressão parece ser uma condição bastante comum entre os cristãos", ele anota um dado da realidade acerca dos seres humanos religiosos e também esclarece que os Salmos 42 e 43 irão apresentar as origens e o tratamento da chamada Depressão de origem espiritual. Observe que a Depressão Espiritual é um tipo de depressão que somente as pessoas espirituais e religiosas irão perceber e tratar, exatamente porque todo aquele que ignora que é uma pessoa espiritual, jamais vai prestar atenção neste aspecto da sua personalidade, a fim de buscar cuidar da sua vida de maneira integral e completa. Daí o nosso tema de hoje ser este: "A Depressão e a Espiritualidade", já que iremos pensar tanto naqueles tipos de depressão que tem origens espirituais, como iremos avaliar os tipos de tratamento e cura para esta depressão, de modo mais específico. Veja que, assim como nos outros tipos de Depressão, o quanto antes a pessoa que está sofrendo falar alguma coisa sobre sua dor, melhor! O salmista deprimido resolveu fazer uma oração diante de Deus, reclamando de suas dores e compartilhando as suas queixas, o que faz com que este tipo de oração seja considerada um "salmo de lamento"; que são aqueles salmos escritos como canções e orações pra expressar sentimentos de angústia e dúvida sobre a situação que estamos vivendo, e também pelo fato de sentir que estamos distantes ou abandonados por Deus. Ao falar de Depressão e Espiritualidade, é preciso ficar atento a este tipo de "conversa espiritual" que devemos praticar para tratar a nossa dor e tristeza, que são as orações, como bem ensina o ministro religioso Tim Keller: "uma terceira forma de oração é a súplica - pedir a Deus coisas para si mesmo, para outros e para o mundo. A oração primordial é um grito de ajuda. "Ouve a minha oração. Dos confins da terra clamo a ti, clamo enquanto meu coração se abate" (Sl 61.1,2) (...) Por outro prisma, vemos que o segundo objetivo da oração de petição é interno. Através das nossas petições, recebemos paz e descanso. Assim como dormir é "abrir mão do controle", a súplica também o é: ela significa descansar e confiar que Deus cuidará das nossas necessidades." Uma das dificuldades da humanidade que atrapalham bastante o tratamento da Depressão surge daquela atitude prepotente que nos torna autossuficientes, sendo que esse tipo de orgulho impede que falemos nossas queixas pra alguém ou para Deus; e daí, como acabamos não orando, também ficamos sem receber as bênçãos divinas. A Depressão Espiritual do salmista percebe duas situações que estão gerando uma tristeza profunda em sua vida: a ausência de Deus e a proximidade dos maus. É isso! Veja que a humanidade inteira sofre com uma Depressão de origem Espiritual, exatamente porque todos os seres humanos se afastaram da Pessoa de Deus, que alías, é um dos principais motivos para que a humanidade seja tão religiosa, pois o que se deseja alcançar com a religião é exatamente a "religação" do nosso espírito e pessoa junto da pessoa espiritual de Deus - já que estamos afastados. Tá entendendo? O salmista estava distante de Jerusalém e não podia frequentar o templo, que era o local preparado para ele e todos os cidadãos fiéis irem se encontrar com a Pessoa de Deus; e esta situação e dificuldade é apresentada pra Deus na oração. Um dos elementos mais bonitos desta oração de lamento pra tratar da Depressão Espiritual da humanidade é o tipo de "conversa" que o salmista desenvolve entre a sua mente e seu espírito, que é mais um jeito de falar e clamar, e também algo poético e emocional, do que uma realidade; afinal, a mente e o espírito são uma só pessoa. Presta atenção: "Por que você está tão abatida, ó minha alma? Por que está tão triste? Espere em Deus! Ainda voltarei a louvá-lo, meu Salvador e meu Deus! (...) Agora estou profundamente abatido, mas me lembro de ti,... Durante o dia, porém, o Senhor me derrama seu amor, e à noite entoo seus cânticos e faço orações ao Deus que me dá vida." (Salmo 42. 5-8). Observe que o salmista utiliza a oração para chamar a atenção de seu espírito interior tanto para notar sua dor, como pra recordar a verdade de que Deus está vivo, sendo algo que ele não deveria esquecer! Ele faz isto recordando pra si mesmo algumas bênçãos que Deus já fez na sua história, além de anotar como Deus o manteve vivo por mais um dia, que se torna um motivo para ele cantar e fazer suas orações à noite. É assim que o salmista trata do problema mais grave acerca das depressões espirituais; que é a nossa distância de Deus, buscando exatamente lembrar sobre Quem Deus é, e de tudo de bom que Ele faz, além de conversar com Deus, orando e cantando pra se aproximar d´Ele. Tim Keller indica dois salmos para ajudar a tratar da nossa distância diante da Pessoa de Deus: "O salmo 4 é uma oração noturna voltada para aceitar o que aconteceu ao longo do dia e refletir sobre isso à luz de Deus. O salmo 5 é uma oração matutina pedindo a Deus que mude o status quo do mundo." Agora, o melhor de tudo é que já não precisamos ir até Jerusalém para encontrar Deus Pai, pois Jesus Cristo anunciou que "está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. O Pai procura pessoas que o adorem desse modo." (Evangelho de João 3.23). É importante você saber que "em espírito" significa que você deve apresentar a sua personalidade inteira e interior nas palavras ditas em oração pra Deus, e "em verdade" significa que as suas súplicas devem ser sinceras, especialmente no caso da Depressão Espiritual, o que requer que você faça súplicas cheias de queixas e lamentos, também, certo? "Portanto, orem da seguinte forma: Pai Nosso que estás no céu...". (Mateus 6.9). Boas orações e conversas, e melhoras pra todo mundo! STOTT, John. A Bíblia Toda o Ano Todo. Editora Ultimato, MG, 2007 (p 97). GENEBRA, Bíblia. Editora Cultura Cristã, SP, 1999 (p 614). KELLER, Timothy. Oração, experimentando intimidade com Deus. Ed Vida Nova, SP, 2016 (p 217 - 224).

NÃO TERÁS OUTROS DEUSES DIANTE DE MIM! Devocionais nas INSTITUTAS de J Calvino, p/ Ivan S Rüppell Jr.

Devocionais nas Institutas de João Calvino, Semana 8, Tópico 11. A obra teológica “Institutas” do reformador protestante João Calvino contém uma explicação completa do conhecimento de Deus segundo o Cristianismo. Esse texto utiliza um resumo das “Institutas” de Calvino no objetivo de comunicar seu pensamento teológico através de breves devocionais semanais. Tópico 11: É ILÍCITO ATRIBUIR A DEUS UMA FORMA VISÍVEL; E TODOS AQUELES QUE FABRICAM ÍDOLOS PARA SI, SEPARAM-SE DO DEUS VERDADEIRO. “Não faça para si espécie alguma de ídolo ou imagem de qualquer coisa no céu, na terra ou no mar." (Êxodo 20.4). “Devemos firmar-nos solidamente neste princípio: sempre que atribuirmos qualquer forma ou formato a Deus, Sua glória é maculada por uma falsidade ímpia.” Deus decidiu que toda a glória divina seria somente Sua, proibindo qualquer representação visível de Sua figura, já que todas elas devem ser consideradas inapropriadas para representa-lo. “Tenham muito cuidado! No dia em que o Senhor lhes falou no meio do fogo no monte Sinai, vocês não virão forma alguma. Portanto, não se corrompam fazendo ídolos de qualquer forma, seja de homem ou de mulher.” (Dt. 4.15-16). Assim como Moisés ensinou nos livros de Êxodo e Deuteronômio, o Profeta Isaías também afirma que é uma ofensa assemelhar “aquele que é imaterial a alguma forma material, aquele que é invisível a uma imagem visível, aquele que é infinito a um pedaço finito de madeira, pedra ou ouro.” Um pensamento compartilhado também, pelo Apóstolo Paulo: “E, por ser isso verdade, não devemos imaginar Deus como um ídolo de ouro, prata ou pedra, projetado por artesãos.” (Atos 17.29). Eis a razão que temos para afirmar que é um insulto à majestade divina fazer qualquer estátua ou quadro para representar a Pessoa de Deus. Afinal, quando Deus foi visto face a face fazendo-se representar por sinais, estes eram adequadamente apropriados para transmitir a maneira como a Sua pessoa é incompreensível aos homens: “As nuvens, a fumaça e as chamas, embora simbolizassem a Sua glória, ao mesmo tempo refreavam as mentes de todos os homens de procurarem penetrar mais profundamente.” Esse entendimento foi bem esclarecido a Moisés da seguinte maneira: “Mas você não poderá olhar diretamente para minha face, pois ninguém pode me ver e continuar vivo.” (Êx. 33.20). Observe que a própria aparição do Espírito Santo em forma de pomba durou pouco tempo a fim de que a crença n´Ele viesse a oferecer satisfação a partir de Seu poder e Sua graça, jamais pela sua forma ou imagem. “Os ídolos das nações não passam de objetos de prata e de ouro, formados por mãos humanas.” (Sl. 135.15). O salmista argumenta acerca das imagens dos deuses falsos, já que todos eles são feitos de minérios, esclarecendo que o brilho dos metais não irá lhes tornar objetos dignos de reverência, pois “nenhuma matéria morta pode ser transformada em deuses. Realmente, como pode o homem, que é uma criatura de um só dia, conferir divindade a um pedaço de metal?” O Profeta Isaías repreende novamente o povo de Deus, acerca deste conhecimento: “O ferreiro trabalha na forja para criar uma ferramenta afiada; martela e modela com toda a força. De tanto trabalhar, sente fome e fraqueza, fica sedento e desfalece... Corta cedros, escolhe ciprestes e carvalho, planta um pinheiro no bosque, para que a chuva o faça crescer. Então, usa parte da madeira para fazer fogo e com ele se aquece e assa o pão. Depois, pega o que resta e faz para si um deus para adorar.” (Isaías 44. 12, 14-15). “Um ídolo pintado é tão proibido quanto uma imagem esculpida. Os membros da igreja grega, pois, consideram-se livres de toda a culpa porque não tem imagens esculpidas; no entanto, no seu uso de quadros vão a excessos maiores do que os idólatras.” Eu sei que Gregório disse que “as imagens servem de livros para o povo comum.” "Mas, se Gregório tivesse aprendido acerca do assunto com o Espírito Santo, jamais diria isso.” O Profeta Jeremias assevera que “ensino de vaidades é o madeiro” (10.8), e o Profeta Habacuque afirma que “a imagem de fundição é mestra de mentiras.” (2.18). Eis o modo como os Profetas condenam a ideia de que as imagens são os “livros” do povo comum, pois Deus deseja instruir os homens através do ensino de Sua Palavra e pela ministração de Suas ordenanças. É importante saber que aqueles que Deus chama para serem seus discípulos não devem ser considerados um “povo comum”, que somente serão capazes de aprender de Deus através de imagens. No entanto, este povo comum será considerado tolo, caso deixe de escutar a doutrina que poderia lhes tornar sábios, pois o próprio Paulo adverte que “é mediante a pregação da Palavra que Jesus Cristo é representado como crucificado.” (Gl. 3.1). Ora, caso “os homens tivessem sido ensinados fiel e honestamente que Cristo morreu para carregar nossa maldição na cruz”, não haveria necessidade de preencher as igrejas com cruzes diversas de todos os tipos. “Não importa se os homens simplesmente adoram uma imagem, ou adoram a Deus na imagem; é idolatria quando honras divinas são atribuídas a uma imagem sob qualquer pretexto.” Perceba que os pagãos utilizavam os mesmos argumentos para a sua idolatria, que ora encontramos sendo usados por alguns dos cristãos. Pois eles negam a acusação de idolatria, “dizendo que prestam às imagens um “serviço” (dulia), mas não uma “adoração” (latria); e alegam que tal serviço pode ser prestado a estátuas e quadros sem qualquer ofensa a Deus... Como se o serviço não fosse algo mais que adoração!... Mas, para um grego, o significado daquela palavra é tal que a desculpa se torna a seguinte: “Adoramos imagens sem adorá-las.” E sobre o Sínodo de Nicéia (787 d.C), “o qual decretou que as imagens não somente deveriam ser colocadas nas igrejas, como também deveriam ser adoradas”, gostaria de apresentar aqui, alguns de seus argumentos: um delegado de nome João disse: “Deus criou o homem à Sua imagem; logo, concluo que é correto ter imagens... E outro preletor defendeu assim a colocação de imagens nos altares: “Nem se acende uma candeia, para coloca-la debaixo do alqueire”. Mas, o argumento mais engenhoso de todos, foi este: “Como temos ouvido dizer, assim o vimos (Salmo 48.8). Concluímos, que aprendemos a conhecer a Deus não somente ao ouvir Sua palavra, mas também ao olhar para as imagens.” Enfim, depois de tudo isso, eu já “estou cansado de referir-me a tais absurdos... (pois) que confiança pode ser dada às declarações destes reverendos pais, que manuseiam as Escrituras com tal tolice infantil?...”. “Já dissemos que o conhecer a Deus não pode consistir em vã especulação, mas sim, implica em adoração ao Deus a quem conhecemos (...) (e agora) repito, que quando as Escrituras asseveram que há um só Deus, e somente um, elas não estão argumentando em prol do mero nome, e sim, ordenam que nenhuma parte da honra que pertence a Deus seja dada a outro.” ORAÇÃO: Pai Nosso que estás no céu, Santificado seja o Nome do Senhor. Não permita que tenhamos outros deuses além do Senhor. Não nos deixe cair em tentação, mas livra-nos do mal. Não permita que nos curvemos e nem adoremos a qualquer ser e espécie dos céus, terra e mar. Óh Deus, livra-nos de toda idolatria, seja pela avareza ou cobiça, orgulho e vaidade. Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento demonstra a habilidade de suas mãos... A lei do Senhor é perfeita e revigora a alma. Os decretos do Senhor são dignos de confiança e dão sabedoria aos ingênuos... O temor do Senhor é puro e dura para sempre. As instruções do Senhor são verdadeiras e todas elas são corretas... Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, Senhor, minha rocha e meu redentor.” (Salmo 19. 1-14). Ivan Santos Rüppell Jr. Teólogo, Cientista da religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. (pgs 51 a 71 do Resumo das Institutas de J P Wiles).

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Devocionais nas INSTITUTAS de J Calvino. A BÍBLIA AFASTA A HUMANIDADE DA SUPERSTIÇÃO. p/ Ivan S Rüppell Jr

Devocionais nas Institutas de João Calvino. Semana 7, Tópicos 9-10, Agosto de 2020. Esse texto traz um resumo do conteúdo das “Institutas” de Calvino no objetivo de comunicar seu pensamento teológico através de breves devocionais semanais. 9: AQUELES QUE NEGLIGENCIAM AS ESCRITURAS, E PROCURAM REVELAÇÕES, TRANSTORNAM TODOS OS PRINCÍPIOS DA PIEDADE. “Certos homens tolos surgiram recentemente, os quais orgulhosamente fingem ser guiados pelo Espírito e desprezam a simplicidade daqueles que ainda se apegam à “letra morta – letra que mata”. Seria interessante saber qual é o “espírito” que os visita, para ensina-los a menosprezar a doutrina das Escrituras, pois os Apóstolos e os primeiros Cristãos que foram iluminados pelo Espírito Santo, sempre consideraram a Palavra de Deus com reverência. “E esta é minha aliança com eles”, diz o Senhor. “Meu Espírito não os deixará, nem estas palavras que lhes dei. Estarão em seus lábios, nos lábios de seus filhos e nos lábios de seus descendentes, para sempre. Eu, o Senhor, falei!” (Isaías 59.21). O Profeta Isaías destaca que a grande alegria da Igreja seria o fato dela ser guiada conjuntamente, tanto pela Palavra quanto pelo Espírito de Deus. Alguns zombadores desejam quebrar o vínculo sagrado existente entre a Bíblia e o Espírito Santo, conforme foi orientado pelo Profeta, sendo que o próprio Apóstolo Paulo, que subiu ao terceiro céu, permaneceu submisso à Palavra e assim ensinou a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer perceber o que não está em ordem em nossa vida. Ela nos corrige quando erramos e nos ensina a fazer o que é certo. Deus a usa para preparar e capacitar seu povo para toda boa obra.” (2Tm 3.16-17). Desde que aprendemos que o Espírito enviado pelo Senhor Jesus não viria ao mundo para falar de si mesmo, mas sim, para anunciar o Cristo das Escrituras, também entendemos que é loucura dizer que as letras da Bíblia possam ter um valor apenas temporário. “Portanto, não é o papel do Espírito prometido dar revelações estranhas e esquisitas, ou fabricar algum novo tipo de doutrina para nos desviar do evangelho que recebemos; pelo contrário, a função do Espírito é selar em nossos corações aquela mesma doutrina que o evangelho de Cristo nos entregou.” “Se quisermos obter algum fruto ou algum proveito do Espírito de Deus, devemos dedicar-nos diligentemente a ouvir e a ler a Escritura.”(*) É por esse motivo que Pedro orienta que as Palavras dos Profetas devem receber uma honra especial do povo de Deus, mesmo sabendo que o Evangelho fornece um conhecimento mais amplo da Verdade. Observe que qualquer ato de desprezo para com a Palavra de Deus no interesse de ensinar uma outra doutrina é algo que provém de pessoas falsas e vaidosas, pois se até Satanás travestiu-se de anjo de luz, como aceitar a autoridade de qualquer outro espírito? O sinal verdadeiro de que realmente estamos na presença do Espírito de Deus é que este concorda com a Palavra do Senhor. Alguns argumentam que não devemos submeter o Espírito de Deus às Escrituras, e para eles eu respondo que isto nós somente faríamos caso a regra para defini-lo fosse dada por homens ou anjos. "A verdade é que o Espírito se alegra em ser reconhecido pela semelhança que tem com Sua própria imagem imprimida por Ele sobre as Escrituras. (Pois) Ele é o Autor das Escrituras e não pode mudar...”. É importante saber que jamais nos tornamos "escravos da letra que mata", quando nos sujeitamos aos ensinos da Palavra bíblica, pois “quando Paulo disse que a letra mata (2Co 3.6), estava se opondo a certos falsos apóstolos que ainda se apegavam à lei e que teriam privado o povo do benefício da nova aliança, na qual Deus declara que colocará Sua lei nas mentes dos fiéis, e que a escreverá em seus corações. Segue-se, portanto, que a lei do Senhor é uma letra morta que mata quando ela é separada da graça de Cristo, e que simplesmente soa ao ouvido sem tocar o coração.” “O certo é que na mesma passagem, o apóstolo denomina a sua pregação de “ministério do Espírito”(*) Desta forma, Paulo esclarece que o poder do Espírito é revelado e se move somente naqueles que reverenciam a Palavra de Deus. Afinal, nós só acreditamos na Palavra do Senhor, exatamente por que ela foi confirmada em nós pelo testemunho do Espírito, “porque o Senhor ligou as juntas, por um tipo de vínculo mútuo, a certeza de Sua Palavra e a autoridade do Seu Espírito.” Assim, nós reverenciamos a Palavra iluminados pelo Espírito e honramos a presença do Espírito Santo pela sua coerência com a Palavra bíblica. 10: AS ESCRITURAS PROVIDENCIAM UM REMÉDIO PARA TODA A SUPERSTIÇÃO, AO DISTINGUIREM O DEUS VERDADEIRO DE TODOS OS DEUSES DAS NAÇÕES. A Bíblia nos dá um conhecimento verdadeiro da Pessoa de Deus ao anunciar a sua bondade e as suas misericórdias, e também os seus atos de juízo aos malfeitores que vivem ultrapassando a longanimidade do Senhor, com as suas maldades. “O Senhor passou diante de Moisés, proclamando: “Javé! O Senhor! O Deus de compaixão e misericórdia! Sou lento para me irar e cheio de amor e fidelidade. Cubro de amor mil gerações e perdoo o mal, a rebeldia e o pecado. Contudo, não absolvo o culpado; trago as consequências do pecado dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração.” (Êx 34. 6-7). Moisés anuncia os atributos que esclarecem quem é a Pessoa de Deus, perante toda humanidade: “Ora, são mencionados os mesmos atributos que já ressaltamos estarem brilhando na criação, isto é, a mansidão, a bondade, a misericórdia, a justiça, o juízo e a verdade. O testemunho dos profetas é o mesmo.” “Na realidade, nossa própria experiência nos ensina que Deus é tal qual Sua Palavra declara que Ele é.” Um ensino confirmado pelo Profeta Jeremias, quando apresenta as próprias palavras de Deus: “Aquele que deseja se orgulhar, que se orgulhe somente disto: de me conhecer e entender que eu sou o Senhor, que demonstra amor leal e traz justiça e retidão à terra; isso é o que me agrada. Eu, o Senhor, falei!” (Jr 9. 24). “Eis aí três coisas que é especialmente necessário sabermos: a misericórdia, da qual depende a salvação de todos nós; o juízo, que é diariamente executado contra os iníquos, e que os ameaça com a mais severa sentença da ruína eterna no mundo do porvir; e a justiça, através da qual os fiéis são conservados e cuidados com o máximo amor.” São estas as verdades acerca do Senhor que se deve entender para realmente adquirir um conhecimento real da Pessoa de Deus. Observe que ainda que o “nome” do Senhor seja percebido até por aqueles que seguem uma multidão de deuses no dia a dia, quando às vezes, falam: “Deus!”, ao reconhecer sua glória na natureza ou serem avisados em suas consciências; a verdade é que só o conhecimento dado nas Escrituras irá esclarecer para eles Quem é o único Deus verdadeiro, pois somente a Bíblia rejeita o ensino acerca de falsos deuses. Por isso mesmo, o Profeta Habacuque nos convoca a buscar o Senhor no seu santo templo, para que possamos conhecer o verdadeiro e único Deus “que Se revelou na Sua própria Palavra.” (Habacuque 2.20). ORAÇÃO: Santo Deus e Pai nosso que está nos céus, ilumina o nosso entendimento através do Espírito Santo, para nos ensinar o valor e a autoridade da Bíblia. Quê as palavras dos Profetas estejam em nosso coração, e que o nosso espírito interior seja ensinado pelo teu Espírito a descobrir a verdade de todas as tuas Palavras bíblicas. Não nos deixe cair na tentação de seguir a nós mesmos ou a espíritos enganadores, mas, livra-nos do Maligno! Venha nos abençoar com um conhecimento consciente e um culto razoável e coerente, de acordo com tudo aquilo que o Senhor falou na história através dos Profetas, Apóstolos e mediante teu Filho único, Jesus Cristo! Ivan Santos Rüppell Jr. Teólogo, Cientista da religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. As citações em destaque e asterisco são das Institutas de João Calvino. As citações em destaque são do Resumo de Joseph Pitts Wiles. (páginas 69 a 80 das Institutas, vol 1, 2006, Editora Cultura Cristã). (páginas 36 a 51 do Resumo de J.P. Wiles).

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Devocionais nas INSTITUTAS de J Calvino. A VERACIDADE DA BÍBLIA. Semana 6, Agosto 2020

Devocionais nas Institutas de João Calvino, Semana 6, Tópico 8. Esse texto utiliza um resumo das “Institutas” de Calvino no objetivo de comunicar seu pensamento teológico através de breves devocionais semanais. “Uma das inovações mais importantes da exegética de Calvino é justamente o conceito da acomodação, segundo o qual Deus ajustou sua palavra revelada às capacidades da mente e do coração humanos. Para ilustrar este ponto, Calvino utiliza a analogia do orador: um bom orador conhece as limitações de sua audiência e adapta a sua linguagem a ela.” (R. Q. Gouvêa). 8: HÁ PROVAS SÓLIDAS E RACIONAIS QUE SERVEM PARA CONFIRMAR A VERACIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS. Somente Deus pode oferecer a credibilidade adequada a respeito de Si mesmo, algo que Ele realiza através do testemunho do Seu Espírito, que é o único capaz de gerar uma fé verdadeira no coração dos homens. (Isaías 59.21). A autoridade da Bíblia somente será conhecida a partir do ensino dado acima, sendo que não há argumento humano ou mesmo uma declaração autorizada da igreja que seja capaz de limpar do coração do homem as suas incertezas acerca da autoridade das Escrituras. Porém, logo após eles receberem o testemunho essencial do Espírito Santo, toda boa argumentação acerca da pureza e da ordem das doutrinas divinas será muito benéfica ao desenvolvimento de sua fé. “E nossos corações ficam ainda mais consolidados quando observamos que nossa admiração é excitada, não pelas belezas da linguagem, e sim pela dignidade das coisas reveladas.” A providência divina revelou sua Palavra em estilo simples e humilde a fim de que os ateus não explicassem a sua grandeza como sendo oriunda da beleza da linguagem do texto. Eis a razão para que Paulo afirmasse que a fé dos coríntios se baseava no poder de Deus ao invés de na sabedoria dos homens, pois ele não anunciou o evangelho através de belas argumentações, mas sim, pela demonstração do Espírito e de poder (1Co 2.4). Esse entendimento surge de um discernimento interior sublime que somente a leitura das Escrituras traz ao espírito do homem, pois é algo que jamais sentimos mesmo diante dos escritos dos maiores oradores e filósofos do mundo. Ao observar o estilo literário elegante e até mesmo esplêndido de alguns dos profetas, aprendemos que não foi para desprezar tal eloquência que o Espírito Santo empregou em outros escritos um estilo mais simples. Na verdade, foi para comprovar que em qualquer dos textos das Escrituras a excelência humana será sempre superada pela majestade do Espírito. A credibilidade das Escrituras também não se baseia em sua antiguidade, pois foi escrita a partir de Moisés, que nada apresentou de novo, mas somente testemunhou o que seus pais já sabiam acerca da aliança do Deus eterno feita com Abraão, muito tempo antes. “Os numerosos milagres que ele (Moisés) registra são as (reais) confirmações da autoridade das suas leis e da veracidade da sua doutrina.” Moisés subiu ao monte e lá permaneceu solitário por quarenta dias, e seu rosto tornou-se brilhante como o sol, além dele ter sido acompanhado por uma nuvem ao entrar no tabernáculo: “porventura tudo isto não é o testemunho do próprio Deus à inspiração do Seu servo?” O testemunho dado pelos milagres divinos se tornou a base da autoridade de Moisés para que fosse falar ao povo ao descer do Monte Sinai, acusando-os de atitudes de descrença e rebeldia. “Fica claro, portanto, que os israelitas somente admitiram a veracidade das suas palavras porque estavam plenamente convictos dela pela sua própria experiência.” Uma percepção que se repete acerca dos Profetas, como quando Isaías previu a destruição de Jerusalém pelos caldeus e o exílio do povo, ainda numa época em que o reino de Judá estava em paz, anunciando também que o rei persa Ciro iria liberta-los da Babilônia num futuro distante, sendo que estas profecias foram ditas cem anos antes da existência de um certo Ciro. Você deseja uma prova maior acerca das palavras de Isaías serem verdadeiros oráculos de Deus? E o que dizer do Profeta Jeremias, que também guiado pelo Espírito de Deus, fez a previsão de que o cativeiro seria de 70 anos, quando este estava apenas começando? “E Daniel não previu o futuro seiscentos anos antes...?” Eu não ignoro os pensamentos espertos de alguns, que argumentam que Moisés e os Profetas talvez não tenham escrito os livros que levam seus nomes, e até mesmo, se Moisés realmente existiu? “Todavia, se perguntássemos: já existiu um Platão, um Aristóteles, um Cícero, seríamos considerados culpados da estultícia mais absurda.” A lei de Moisés foi preservada pela providência de Deus e desde que foi redescoberta pelo rei Josias tem estado disponível aos homens. E para os que perguntam de onde vieram os exemplares que hoje possuímos, já que Antíoco ordenou a destruição de todos os livros sagrados? Eu lhes devolvo a questão, arguindo de que forma poderiam ser escritos tão rapidamente, de novo, pra estarem hoje em nossas mãos? Ora, “quem pode deixar de reconhecer a maravilhosa obra de Deus na preservação deles naquela época e no suceder de todos os desastres subsequentes dos judeus?” “Quando chegamos ao Novo Testamento, descobrimos que sua veracidade está firmada em alicerces igualmente sólidos. Três dos evangelistas relatam sua história num estilo humilde e sem adornos.” São textos plenos de uma simplicidade desprezada por aqueles que não percebem a grandeza da mensagem que transcende a capacidade humana, a qual se eleva acima dos céus pelos breves relatos dos sermões de Cristo. “João, porém, trovejando das alturas, confunde, como através de um raio, a obstinação de todos quantos não conseguem trazer à obediência da fé. De modo semelhante, os escritos de Paulo e Pedro compelem nossa admiração devido (à) sua celestial majestade.” E não devemos esquecer que embora Satanás e o mundo procurem esmagar e obscurecer a Palavra de Deus, a mesma permanece firme à nossa disposição. A comprovação da dignidade das Escrituras no coração dos crentes ocorre por um grande número de outras razões, e que somente irão transmitir a fé verdadeira quando o próprio Pai celestial isto realizar no interior do homem. Pois é absurdo querer provar aos que não creem que as Escrituras são a Palavra de Deus, já que somente mediante a fé é que se alcança tal entendimento. ORAÇÃO: Deus e Pai nosso que está nos céus, ilumina nossa mente e coração pelo agir do teu Espírito Santo, pra que consigamos perceber a autoridade da Bíblia. Ajuda-nos a perceber e discernir as boas provas que o Senhor tem dado acerca da autoridade das Escrituras através dos tempos, na vida de Profetas e Apóstolos, e nos ensinos e anúncios que foram escritos por eles, segundo a tua inspiração. Abençoa-nos como leitores da bíblia e estudiosos do conhecimento da veracidade das Escrituras, iluminando os nossos corações para valorizar a simplicidade e grandeza das tuas revelações acerca da verdade e do Evangelho. Amém! Ivan Santos Rüppell Jr. Teólogo, Cientista da religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. CALVINO, João. A Verdadeira Vida Cristã, introdução p/ Ricardo Quadros Gouvêa. Trad Daniel Costa, Editora Cristã Novo Século, São Paulo, SP, 1998. As citações em destaque e asterisco são das Institutas de João Calvino. As citações em destaque são do Resumo de Joseph Pitts Wiles. (páginas 55 a 69 das Institutas, vol 1, 2006, Editora Cultura Cristã). (páginas 23 a 36 do Resumo de J.P. Wiles).

terça-feira, 4 de agosto de 2020

O PENSAMENTO CRISTÃO CONSERVADOR NO SÉC. 21. Estado e Sociedade. p/ Ivan S Rüppell Jr

As diferenças de pensamento e valores entre os Cristãos conservadores e progressistas se destacam no ambiente globalizado e polarizado deste século 21, em que a religião se torna uma vivência cultural essencial de influência e vivência na sociedade. Esse texto apresenta três breves tópicos de esclarecimento deste tema, na seguinte estrutura: primeiro, algumas breves frases e parágrafos acerca do pensamento cristão conservador sobre o Estado e Sociedade; num segundo item, algumas citações de um texto publicado na Gazeta do Povo, de título “A infiltração dos cristãos progressistas na igreja.”; e pra finalizar, o terceiro item traz textos bíblicos relacionados à cidadania cristã, com comentários de interpretação de seus princípios. TÓPICO 1. A) O pensamento cristão conservador e o ESTADO. 1. Deve-se Dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus! O Estado que precisa receber impostos pra gerenciar sua autoridade social é a mesma instituição que deve respeitar a Religião dos homens como um patrimônio cultural, segundo a Unesco e os princípios da civilização ocidental judaico-cristã. O Estado laico é o instituto universal oriundo deste princípio, o qual orienta que o desenvolvimento do Ensino Religioso plural nas escolas irá dar à sociedade um bom e saudável conhecimento da experiência diversa do sagrado da humanidade. 2. O Estado é uma instituição criada por Deus em razão do pecado da humanidade. Serve para refrear o mal e livrar a sociedade do caos. Por isso, tem poder de justiça pra manter a ordem através das leis, além de promover projetos de auxilio amplo aos necessitados. Porém, a autoridade do Estado não é superior a nenhuma autoridade social e nenhuma instituição, como a família e escola, mídia e cultura, e igrejas; pois não deve ocorrer uma supremacia do Estado sobre o homem, e o espírito e a consciência do ser. 3. O pensamento progressista entende que os cristãos não devem seguir a moral religiosa na hora de votar em seus representantes ao Legislativo e Executivo; no entanto, os estudantes aprendem nas escolas a votar na ideologia dos professores e os cidadãos não religiosos votam conforme seus mais diversos valores filosóficos. 4. O Estado é uma instituição "mecânica" e artificial surgida em razão do pecado; e serve pra exercer a Justiça a fim de livrar a sociedade do caos. O ser humano e sua associação familiar e a cultural nas mais diversas áreas de ciências e artes, educação e esportes, religião e negócios geram instituições orgânicas; que servem para a humanidade fazer prosperar as capacidades e anseios naturais da vida social que carrega em si. O Estado e seus entes são empregados da Sociedade dos Homens pra cuidar da justiça e não tem supremacia sobre toda Vida cultural comunitária da humanidade. 5. Os meios desonestos não justificam e nem alcançam os fins, conforme vemos no ambiente político progressista que definiu as relações do Estado e sociedade no Brasil, nos últimos 20 anos. B) O pensamento cristão conservador e as AUTORIDADES. 1. Deus criou as Instituições sociais para cuidar da Humanidade mediante os atos de cada uma de suas Autoridades. Aquele que fizer o bem será protegido e quem fizer o mal será disciplinado; pois a Lei foi dada para ensinar ao homem sobre o pecado que arruína a vida hoje, e condena o espírito na eternidade! Não matar e não roubar significa amar o próximo, daí a importância das leis civis resguardarem a vida e bens dos seres humanos. 2. As Autoridades familiares e da escola, sociais e de Estado foram instituídas por Deus no objetivo de instruir a humanidade numa hierarquia social capaz de manter e desenvolver a vida em sociedade. Sendo que o Estado existe especialmente para controlar o pecado e livrar a humanidade do caos e selvageria, sendo um braço e instrumento divinos para causar temor nos que fazem o que é errado e praticam o mal, à luz dos mandamentos. 3. As Autoridades instituídas por Deus na família e religião, trabalho e comunidade, educação e sociedade devem ser respeitadas e apoiadas nos limites e amplitude de suas áreas. O Estado não é superior à Família e a Educação não é superior à Religião, e vice versa, pois cada setor da existência tem sua área de ação social definida por seu próprio conteúdo técnico e sentimental. No entanto, a globalização progressista afirma a supremacia do Estado, daí seu ataque às liberdades civis e individuais, e o confronto às liberdades de expressão e religiosa dos cidadãos. C) O pensamento cristão conservador e a MORALIDADE SOCIAL. 1. "Dois sistemas de vida estão em combate moral. O Modernismo está comprometido em construir um mundo próprio a partir do homem natural... Enquanto que... todos aqueles que reverentemente humilham-se diante de Cristo e o adoram... estão resolvidos a salvar a "herança cristã". Abraham Kuyper. 2. No contexto da moralidade social, o conservador entende que a misericórdia e a compaixão são virtudes pessoais e institucionais do cristão; pra produzir amor e respeito aos perseguidos e minorias. E apoia o Estado que impede o caos social através de leis oriundas dos Mandamentos; pra resguardar a sociedade da selvageria moral. Não se deve transferir as responsabilidades pessoais ao Estado e nem delegar e permitir ao Estado a expansão da libertinagem comunitária. 3. As Escrituras revelam que o Fim destes dias e o Início da eternidade irão ocorrer num contexto global de solidariedade ideológica e política, em que não haverá espaço pra religião cristã, havendo uma integração de todos que são contrários à mensagem da unicidade salvadora do Cristo das Escrituras. 4. "Não amem este mundo, nem as coisas que ele oferece, pois quando amam o mundo, o amor do Pai não está em vocês... E este mundo passa...". (1 João 2.15-17). "mundo" nesta frase significa “sistema de valores”. 5. Não Matar e Não Cobiçar continuam sendo as Palavras de Amor e Paz dadas por Deus a toda humanidade, ainda que mulheres queiram mandar no próprio corpo até à exaustão e assassínio de bebês nascituros, e homens queiram tomar os bens do próximo para si em "nome" de Deus. 6. Todo aquele que sabe que Jesus é o Cristo é um cristão! Um conhecimento revelado pelo Espírito Santo. (1 Cor 12.3). Portanto, todo cristão conservador ou progressista é um cristão, sendo necessário avaliar se está ajuntando ou espalhando na caminhada, já que somente Deus irá arrancar o joio do trigo no final "deste" tempo, quando Jesus voltar pra separar uns de outros. Até lá, vale saber como a Filosofia Cristã ensina o povo de Deus a fazer escolhas difíceis diante de opções complexas, como são as que devemos tomar como cidadãos políticos no século 21. Pois, as Escrituras anunciam que as Obras dos cristãos serão avaliadas segundo sua concordância com a Palavra e Mandamentos de Deus, sendo que as obras que não ensinam e desenvolvem os princípios bíblicos pra Sociedade e História serão queimadas, ainda que o “obreiro” seja salvo. (1 Cor 3. 12-15). (p/ Ivan S Rüppell Jr). TÓPICO 2. Breves citações do texto que apresenta características do pensamento progressista na religião cristã: “A infiltração dos cristãos progressistas na igreja.” (Gazeta do Povo, p/ Franklin Ferreira, 10/07/2020). “Se você crê somente naquilo que gosta no evangelho e rejeita o que não gosta, não é no evangelho que você crê, mas, sim, em si mesmo.” (Agostinho de Hipona). “Seguindo a Nova Esquerda e suas políticas identitárias, os assim chamados “cristãos progressistas” se notabilizam, na atualidade, por entenderem que a classe que salvará o mundo será a dos “excluídos” e das minorias. E dão status de dogma a temas como o estabelecimento de novos conceitos de família a partir da união homoafetiva, aborto, maioridade penal além de todo tipo de estatismo. Mas a defesa veemente desses temas são sinais de um mal maior. (...) Ao mesmo tempo, estes “cristãos progressistas” tornam absoluta toda a agenda atrelada aos anseios hegemônicos da esquerda e extrema-esquerda, defendendo ferrenhamente: a redefinição do conceito de família, estendendo-a para qualquer relação de duas ou mais pessoas; a defesa do aborto; a liberalização das drogas; o antissemitismo e antissionismo, e Israel como um “estado terrorista”; a evolução, percebida como um processo espiritual religioso (Michael Dowd); a divisão marxista da sociedade em categorias de opressor e oprimido/vítima; uma política identitária que divide a sociedade, sem nenhum interesse em reconciliação; a crença de que o homem branco cristão é o opressor, “o diabo” (James Cone), e “a igreja ‘branca’ é o Anticristo” (Jeremiah Wright); a satanização dos opressores e imposição aos indivíduos de pagar por opressões históricas das categorias a que pertencem; que aqueles que não concordem com eles são fascistas, homofóbicos, racistas, misóginos etc; e a fé de que o Estado controlador, sob o domínio do Partido, pode moldar e controlar a sociedade civil, levando-a a um milênio secularizado. E alguns dos autores referenciais para os “cristãos progressistas” são Jürgen Moltmann, Hans Küng, Paul Tillich, Rob Bell, Brian McLaren, John Howard Yoder, Rosemary Radford Ruether, Leonardo Boff, Frei Betto, Gustavo Gutiérrez, Severino Croatto, entre outros. Este é todo o “evangelho” que os “cristãos progressistas” têm para oferecer. (...) De acordo com Peter Leithart: “A religião da justiça social se apropria dos elementos chaves da ortodoxia cristã – uma análise do pecado e do mal, um modo de salvação, disciplinas espirituais, uma comunidade com uma missão, uma esperança por um futuro de paz e justiça. […] Porém, todas as apropriações cristãs que a religião da justiça social faz são distorcidas por causa daquilo que lhe falta: Deus, Jesus e o Espírito. É uma Santa Igreja de Cristo sem Cristo” (A Igreja de Cristo sem Cristo). Uma paixão religiosa. Impressiona a intransigência ideológica dos “cristãos progressistas”, em sua ferrenha defesa das pautas esquerdistas. Parecem não ter Deus. Mas têm o Estado. Ou o Partido. (...) Assim, os “cristãos progressistas” tendem por subverter a Igreja como a comunidade da Palavra e do Sacramento, transformando-a numa mera associação social e humanitária a serviço dos partidos ou do Estado esquerdista. (...) Pois, parafraseando Bento XVI, pode-se afirmar que os “cristãos progressistas” procuraram “criar, já desde as suas premissas, uma nova universalidade em virtude da qual as separações clássicas da Igreja devem perder a sua importância. […] [São uma] nova interpretação global do cristianismo […] [que] revira radicalmente as verdades da fé […] e as opções morais” (Eu vos explico a teologia da libertação). (*Franklin Ferreira é diretor do Seminário Martin Bucer, Presidente do Coalizão pelo Evangelho - TGC e secretário do Conselho Deliberativo do IBDR. Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/cronicas-de-um-estado-laico/cristaos-progressistas-igreja/. Copyright © 2020, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.). TÓPICO 3. Textos bíblicos de orientação aos cristãos para se relacionar diante do Estado e na Sociedade, com comentários das passagens e reflexão final. INTRODUÇÃO. A vontade de Deus para os Cristãos no exercício da cidadania Política está relacionada ao conteúdo teológico do Mandato Social do povo de Deus. O texto bíblico inicial deste mandato está em Gênesis 1.27-28. Segundo o comentarista bíblico John Stott, “esse “domínio” que Deus concedeu ao homem se refere a uma administração delegada e responsável.” (p 24), que deseja abençoar a humanidade, pois “embora a graça especial de Deus traga salvação aos que creem, sua graça comum é estendida a toda a humanidade, fornecendo provisão de vida, saúde e de todas as coisas necessárias à sobrevivência.”(p 36) . A “Bíblia de Genebra” apresenta este princípio da graça comum, ao expor a razão do governo civil na sociedade: “O governo civil é um meio ordenado por Deus para reger e manter a ordem nas comunidades. Em nosso mundo decaído, essas autoridades são instituições da “graça comum” de Deus (providência bondosa), colocadas como um anteparo contra a anarquia e contra a dissolução da sociedade ordenada.” Portanto, o Mandato Social bíblico trata da responsabilidade e dever que os cristãos tem de assumirem o cuidado necessário sobre a sociedade, para prover uma vida bendita para a humanidade no planeta. SEGUEM TEXTOS BÍBLICOS com princípios e regras para a obediência cristã na área da cidadania política e sociedade, que foram editados em acordo ao tema e segundo o desenvolvimento deste conteúdo. Esses textos não sofreram acréscimos e nem alterações. Foram agrupados num texto corrido no desejo de que a própria bíblia explique a bíblia, em dois grupos de textos. Ao final, você irá encontrar as referências de cada texto bíblico utilizado. GRUPO 1: (1) "Em primeiro lugar, recomendo que sejam feitas petições, orações, intercessões e ações de graças em favor de todos, em favor dos reis e de todos que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida pacífica e tranquila, caracterizada por devoção e dignidade. (2). Mestre... diga-nos: É certo pagar impostos a César ou não?... "Mostrem-me uma moeda de prata. De quem são a imagem e o título nela gravados?" "De César", responderam. "Então deem a César o que pertence a César, e deem a Deus o que pertence a Deus". (3). É por esse motivo também que vocês pagam impostos, pois as autoridades estão a serviço de Deus no trabalho que realizam. Deem a cada um o que lhe é devido: paguem os impostos e tributos àqueles que os recolhem e honrem e respeitem as autoridades. (4). Pois toda autoridade vem de Deus... Portanto, quem se rebela contra a autoridade se rebela contra o Deus que a instituiu... As autoridades são servos de Deus para o seu bem... Pois elas tem o poder de puni-lo, pois estão a serviço de Deus para castigar os que praticam o mal. Portanto, sujeitem-se a elas, não apenas para evitar a punição, mas também para manter a consciência limpa.”. COMENTÁRIOS DA BÍBLIA DE GENEBRA: Seguem os comentários (interpretações) dadas a esses textos bíblicos, segundo o entendimento reformado protestante evangélico. (1): “Conforme é possível observar através da expressão seguinte (“em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade”), (isto se refere a) “todos os tipos de pessoas”, seja qual for a sua posição na vida.” (2): “Jesus não pôde ser acusado de deslealdade nem aos judeus nem aos romanos. Ele tornou claro que há deveres próprios para com Deus, mas também deveres para com o estado.” (3): “Paulo estava familiarizado com a declaração de Jesus e, aqui, indica como essa declaração é empregada. Visto que a tarefa do governo é divinamente ordenada e requer apoio financeiro, o crente pode pagar imposto com um motivo distintivo e com grande compreensão, como um elemento de sua devoção a Deus.” (4): “Os crentes tem uma base racional para se submeterem, de modo apropriado, às autoridades governamentais: o reconhecimento de que o próprio Deus é a fonte do governo na sociedade humana.” Nota teológica da Bíblia de Genebra; “Os Cristãos e o Governo Civil”: “A autoridade do estado visa ao benefício da sociedade; essa é sua função normal... O que um indivíduo não pode fazer por motivo de vingança, o estado pode fazer de modo legítimo, na busca pela justiça.”. TEXTOS BÍBLICOS, GRUPO 2: (5) “Pois toda a lei pode ser resumida neste único mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo.” (6). Quem ama seu próximo cumpre os requisitos da lei de Deus. Pois os mandamentos dizem: “Não cometa adultério. Não mate. Não roube. Não cobice”. Esses e outros mandamentos semelhantes se resumem num só: “Ame o seu próximo como a si mesmo.” O amor não faz mal ao próximo, portanto o amor cumpre todas as exigências da lei de Deus. (7). “Sujeitem-se uns aos outros por temor a Cristo. Esposas, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor... Maridos, ame cada um a sua esposa, como Cristo amou a igreja... Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, porque isso é o certo a fazer... Pais, não tratem seus filhos de modo a irritá-los; antes, eduquem-nos com a disciplina e a instrução que vêm do Senhor. Escravos, obedeçam a seus senhores terrenos, com respeito e temor... Senhores, assim também tratem seus escravos. Não os ameacem; lembrem-se de que vocês e eles têm o mesmo Senhor no céu.”. COMENTÁRIOS DA BÍBLIA DE GENEBRA: (5) “A carta de Paulo aos Gálatas não anula a lei. Cristo cumpriu a lei; não a aboliu (Mt 5.17); os mandamentos morais da lei permanecem como declarações da vontade de Deus para a conduta cristã.” (6) “Antes, que ele (o crente) se preocupe com o próximo, como alguém que foi criado segundo a imagem de Deus. Essa é a atitude que devemos demonstrar para com os nossos semelhantes.” (7) “Independentemente da classe social a que pertencem, todos os cristãos devem moldar sua conduta na sociedade pela humildade e bondade de Cristo. Essa submissão “uns aos outros” é a base para os modelos de autoridade nos diferentes relacionamentos examinados (5.22-6.9). Tal liderança não é absoluta, mas dá ao marido a iniciativa no casamento, à qual a mulher responde. Os preceitos mais importantes da Lei são revelações do caráter de Deus e formam os princípios éticos permanentes. Um deles é que os filhos precisam honrar os seus pais. A família é a mais antiga e a mais básica das instituições humanas. A Bíblia descreve uma clara estrutura da autoridade dentro da família, pela qual o marido conduz a esposa e os pais conduzem os filhos. Porém, como toda liderança deve ser exercida como uma forma de ministério, ao invés de uma tirania, assim esses papéis de liderança doméstica devem ser cumpridos em amor.” (Ef 5.22 – 6.4; Cl 3.18-21; 1Pe 3.1-7). REFERÊNCIAS BÍBLICAS: (1 - Apóstolo Paulo, 1 Timóteo 2.1-2); (2 - Jesus Cristo, Evangelho de Lucas 20. 20-26); (3 - Apóstolo Paulo, Carta aos Romanos 13. 6-7); (4 - Apóstolo Paulo, Carta aos Romanos 13. 1-5); (5 -Apóstolo Paulo, Carta aos Gálatas 5.14); (6 - Apóstolo Paulo, Carta aos Romanos 13. 8-10); (7 – Apóstolo Paulo, Carta aos Efésios 5.21 - 6.9). (...) REFLEXÃO. Concluo esse estudo utilizando alguns princípios bíblicos, conforme foram destacados pela Bíblia de Genebra, na nota teológica citada neste texto, “Os Cristãos e o Governo Civil.” Observe que quando a Igreja é orientada a não ditar os programas de ação dos governos, isso se refere à separação entre Estado e Igreja, conforme orientada por Jesus e o Apóstolo Paulo; o que nos ensina a importância do Estado Laico, que requer ocorra uma distinção entre as instituições do estado e igreja. Observe que os comentários sobre a moralidade de governos como sendo uma responsabilidade das igrejas, conduzem os cristãos à ação política, a fim de que atuem em sua capacidade de cidadãos. Ou seja, que se apresentem como candidatos aos cargos do Legislativo e Executivo, e procurem votar em candidatos que irão bem representar seus valores e princípios morais, tanto na feitura de leis como na administração do Estado. Nessa perspectiva, veja que o envolvimento dedicado dos cristãos na cidadania política não significa idolatria ou desprezo aos princípios de Deus; mas, ao contrário, significa atuar com obediência cristã na sociedade, segundo um mandato social ordenado pelo próprio Senhor dos céus e da terra. O cristão que deixa de praticar sua cidadania política será irresponsável perante Deus, pois irá abandonar a sociedade dos homens aos rumos de outros princípios e valores, que não serão os bíblicos. Esta desobediência irá conduzir a sociedade a um destino cada vez mais selvagem e enganoso, conforme os valores oriundos da filosofia e paixão dos homens. Sabe-se que muitos cristãos não assumem seu mandato social bíblico na perspectiva deste estudo, pois decidem ser solidários junto da humanidade para que esta organize a sociedade em seus próprios valores morais, demonstrando compaixão aos pecadores, no interesse de evangelizar o mundo. Tal atitude acaba transformando a seara da cidadania em um projeto evangelístico, o que irá impedir o povo cristão de abençoar a sociedade resguardando sua existência com os mandamentos de Deus. Além de atrapalhar a Igreja na missão de evangelizar a Terra através do anúncio das Boas Novas, já que o desconhecimento da Lei na sociedade impede a busca do arrependimento de pecados para a salvação. *Ivan Santos Rüppell Júnior; Teólogo, Cientista da Religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: BÍBLIA Sagrada, NVT. 1 ed – São Paulo : Mundo Cristão, 2016. BÍBLIA de Estudo de Genebra. Editora Cultura Cristã, São Paulo, SP, 1999. STOTT, John. A Bíblia Toda o Ano Todo. Trad Jorge Camargo – Viçosa, MG : Ultimato, 2007. CALVINO, João. A Verdadeira Vida Cristã. Novo Século, São Paulo, 2001. https://aespiritualidadedequasetodomundo.blogspot.com/2020/06/a-responsabilidade-social-do-cristao.html

sábado, 1 de agosto de 2020

Devocionais nas INSTITUTAS de J Calvino. A HUMANIDADE PRECISA DO ENSINO DA BÍBLIA PARA TER CONHECIMENTO DO CRIADOR. Semana 5. p. Ivan S Rüppell Jr.

Devocionais nas Institutas de João Calvino, Tópicos 6 e 7. Agosto, 2020. A obra teológica “Institutas” do reformador protestante João Calvino contém uma explicação completa do conhecimento de Deus segundo o Cristianismo, daí a importância de meditar em devocionais de seus textos, pois orientam uma fé mais abrangente acerca da Pessoa de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. 6: A FIM DE CHEGAR A UM VERDADEIRO CONHECIMENTO DO SEU CRIADOR, O HOMEM PRECISA DA ORIENTAÇÃO E DO ENSINO DAS SAGRADAS ESCRITURAS. “Embora o esplendor da glória de Deus revelada na criação nos deixe sem qualquer desculpa para a ingratidão, precisamos de melhor ajuda para conhecermos corretamente nosso Criador.” Da mesma forma que um olho míope enxerga pouco, nós certamente iremos ver melhor utilizando o apoio de óculos; e “assim também as Escrituras esclarecem o conhecimento confuso que temos sobre Deus em nossas mentes.” Deus disponibilizou sua Palavra para que pudéssemos conhece-lo verdadeiramente, o que torna a Bíblia um excelente presente dado por Ele pra humanidade. Pois, "além dos ensinamentos dados pelos meios já mencionados, ele faz uso de sua Palavra."* Foi desta maneira que Adão, Noé, Abraão e outros filhos de Deus o conheceram na antiguidade, o que os tornou pessoas diferentes de todos os outros homens, já que o Criador se revelava para eles diretamente. Observe que os Patriarcas e Profetas estavam convictos das doutrinas que haviam recebido de Deus, pois as compreendiam através de visões ou de homens inspirados, que eram usados por Deus para comunica-las. Revelações acerca de Deus e dos homens que seriam conhecidas das gerações seguintes mediante a sua organização por meio de livros, conforme também foi determinado por Deus. Embora o principal propósito da Lei e dos Profetas seja dar um bom testemunho acerca de Cristo, o conhecimento destes ensinos permite que os homens saibam quem é o Deus verdadeiro, em comparação e distinção aos deuses falsos. Sendo que a Palavra de Deus sempre irá dar um esclarecimento superior e um melhor entendimento sobre a majestade de Deus do que aquele que temos conseguido perceber quando observamos apenas a criação. “Ninguém pode obter o mínimo gosto da doutrina certa e sadia a não ser que se torne aluno das Sagradas Escrituras.” A verdade acerca de Deus foi escrita em razão de nossa inclinação para esquecer d´Ele, algo que acaba nos influenciando para inventar falsas religiões. Afinal, o conhecimento que Deus revela acerca de sua Pessoa e obras está descrito unicamente na sua Palavra autorizada, o que significa que é melhor dar passos curtos no caminho correto de Deus, do que correr pela estrada errada. Eis porque o Profeta que anuncia que os céus proclamam a glória de Deus, também celebra rapidamente o conhecimento dado pela sua Palavra: “A lei do Senhor é perfeita e revigora a alma. Os decretos do Senhor são dignos de confiança e dão sabedoria aos ingênuos.” (Salmo 19. 7). O desconhecimento das Escrituras foi a razão pela qual Jesus advertiu a samaritana que seu povo adorava quem não conhecia, enquanto os judeus adoravam o Deus verdadeiro. 7: AS ESCRITURAS PRECISAM SER RATIFICADAS PELO TESTEMUNHO DO ESPÍRITO A FIM DE QUE SUA AUTORIDADE SEJA INQUESTIONÁVEL; E É UMA FICÇÃO ÍMPIA DIZER QUE SUA CREDIBILIDADE DEPENDE DO JUÍZO DA IGREJA. Deus decidiu disponibilizar as suas Palavras para os homens, diretamente lá de seu trono celestial. Eis a razão e fundamento porque a importância das “Escrituras” não depende da igreja aqui na Terra, a qual tem a responsabilidade de orientar somente a devida reverência e definir o cânon sagrado. A realidade é que homens maus desejam submeter as pessoas tornando a igreja uma instituição poderosa em si mesma. No entanto, as promessas do Evangelho que dão liberdade aos homens não são garantidas pela decisão e juízo de seres humanos. “Basta, porém, uma só palavra do apóstolo Paulo para fazer calar esses falsos mestres.”* Pois São Paulo determina que a Igreja é edificada sobre o fundamento dos Apóstolos e Profetas, ficando evidente, portanto, que as definições dadas por eles vieram antes da igreja organizada, que deseja agora autenticar suas particulares doutrinas como sendo superiores às Escrituras divinas. “O argumento mais convincente empregado nas Escrituras sempre é que quem fala é Deus. Assim diz o Senhor!” Observe como os Profetas e Apóstolos rapidamente anunciam o nome santo de Deus para convocar os homens à obediência, pois somente o testemunho do Espírito Santo dará o devido temor que pode livrar os homens das dúvidas e incertezas. E ainda que fosse possível dar certa credibilidade às Escrituras através de argumentos diversos e uma boa oratória, nada disto ofereceria aos que não creem aquela fé inabalável que a piedade verdadeira requer da humanidade. Alguns homens entendem que a religião é questão de opinião e por isso pedem bons argumentos acerca da inspiração divina de Moisés e dos Profetas. Mas, somente Deus oferece a credibilidade adequada a respeito de Si mesmo, algo que Ele realiza através do testemunho do Seu Espírito, que é o único capaz de gerar uma fé verdadeira no coração dos homens. “E esta é minha aliança com eles”, diz o Senhor. “Meu Espírito não os deixará, nem estas palavras que lhes dei... Eu, o Senhor, falei!” (Isaías 59.21). Portanto, a maneira de decidir essa questão surgirá no fato de “que os que são intimamente ensinados pelo Espírito Santo ponham firme confiança nas Escrituras”. Pois, as Escrituras dadas por Deus têm a sua própria evidência que jamais deverá ser submetida a outras provas e argumentos, já que somente o Espírito Santo torna as Escrituras fidedignas. Afinal, nem a nossa reverência pessoal e nem os argumentos científicos são a base de estarmos convictos de que as Escrituras são a Palavra de Deus, mas sim, o fato de termos sido iluminados pelo Espírito Santo é que nos dá essa certeza. Eis a maneira como temos compreendido que as Escrituras vêm direto dos lábios de Deus, ao mesmo tempo em que chegaram até nós pela instrumentalidade dos homens. Observe que estou tentando explicar o que acontece na vida de todo aquele que crê, embora não devamos esquecer que Isaías profetizou “que o braço do Senhor não seria revelado a todos”. (Isaías 53.1). ORAÇÃO: Santo Deus e Pai nosso que está nos céus, santificado seja o teu nome por termos a Palavra bíblica à disposição pra meditar, que foi o modo como Noé e Abraão tiveram conhecimento do Senhor na história. Agradecemos pela Palavra que orienta o conhecimento do Deus verdadeiro, o que nos impede de esquecer de Deus e sair pra inventar novas religiões. Ajuda-nos a ser humildes e dedicados no estudo da tua Palavra, pois é melhor dar passos curtos no caminho correto, do que correr pela estrada errada. Pois, “a lei do Senhor é perfeita e revigora a alma. Os decretos do Senhor são dignos de confiança e dão sabedoria aos ingênuos.” (Salmo 19. 7). Óh Deus, abençoa o nosso conhecimento dos fundamentos bíblicos dos Profetas e Apóstolos, e envia o teu Espírito Santo para nos iluminar e convencer das tuas verdades, pra que a nossa fé seja eterna: “E esta é minha aliança com eles”, diz o Senhor. “Meu Espírito não os deixará, nem estas palavras que lhes dei... Eu, o Senhor, falei!” (Isaías 59.21). Ivan Santos Rüppell Jr. Teólogo, Cientista da religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. As citações em destaque e asterisco são das Institutas de João Calvino. As citações em destaque são do Resumo de Joseph Pitts Wiles. (páginas 55 a 69 das Institutas, vol 1, 2006, Editora Cultura Cristã). (páginas 23 a 36 do Resumo de J.P. Wiles).