quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

A Narrativa Progressista da Bíblia e a Interpretação Reformada Protestante das Escrituras.

Há palavras fundamentais de Jesus que tem sido deixadas de lado no momento em que se busca utilizar sua autoridade para validar certos posicionamentos culturais; como, por exemplo, ao citar a passagem da "mulher samaritana", (evangelho de João, cap. 4). A mulher de Samaria carrega consigo três condições sociais que Jesus superou a fim de estar junto dela: ela era mulher numa época em que um homem não deveria ser visto em público junto de uma; ela era samaritana, numa época em que judeus não se davam com os samaritanos; e ela era uma pecadora num tempo em que um Rabi não deveria se aproximar de uma; sendo que esta última realidade foi destacada por Jesus de Nazaré: "Vá buscar seu marido", disse Jesus. "Não tenho marido", respondeu a mulher. Jesus disse: "É verdade. Você não tem marido, pois teve cinco maridos e não é casada com o homem com quem vive agora. Certamente você disse a verdade". (v. 16-18). Observe que esta conversa crucial de Jesus com a mulher samaritana é quase desconhecida, já que, quando esse texto é utilizado pra validar valores humanitários, o que ocorre é que somente o seu contexto social é anunciado, enquanto que o ensino sobre a necessidade de haver sinceridade existencial diante de Deus sobre quem somos e o que fazemos, para que seja possível se encontrar e relacionar com o Senhor, é esquecido; conforme as palavras de Jesus: "Pois Deus é Espírito, e é necessário que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade." (v. 24). Outra narrativa utilizada para promover transformações sociais a partir da autoridade de Jesus está no início do cap. 8 do evangelho de João, que apresenta líderes religiosos e uma multidão provocando Jesus ao lhe trazer uma mulher "pega em adultério". Eles foram questionar se ela deveria ser apedrejada direto, conforme o ensino da lei de Moisés, ou não? A breve leitura de toda narrativa, com a devida atenção às palavras ditas por Jesus, já resolveria boa parte das questões que as atualizações bíblicas estão deixando escapar; pois, segundo Jesus, a orientação para a multidão é de que "aquele de vocês que nunca pecou atire a primeira pedra"; enquanto que para a mulher pega em adultério, Jesus disse: "Eu também não a condeno. Vá e não peque mais." (v. 7-11). De novo, o desejo de propor só reflexões sociais a partir da autoridade do Messias, acaba ocultando as orientações que ensinam a necessidade da humanidade reconhecer o seu pecado para ser curada; sendo que, "vá e não peque mais" é a objetiva declaração de Jesus pra encerrar sua participação na situação. Tá entendendo? Desta forma, realizar interpretações abreviadas de textos bíblicos é uma postura que valoriza certos pontos de vista culturais e atualizações comportamentais, as quais, não representam a essencial preocupação revelada por Jesus nas narrativas utilizadas! Assim, vemos que ocorre um constante esquecimento das palavras de Jesus quando Ele é citado como autoridade de certos valores dos homens, sendo esta uma postura errática das leituras progressistas da Bíblia. Sendo que uma básica coerência literária e gramatical é o que se espera de um líder religioso cristão ou professor e mestre de letras, bíblicas ou não. Agora, vamos ao último texto bíblico de hoje, que vai esclarecer a atitude existencial que Jesus requer da humanidade para bem conseguir abençoa-la, conforme já vimos nas narrativas das mulheres samaritana e adúltera. O texto completo está na primeira carta de João, do verso 5 do capítulo primeiro até o verso 2 do segundo capítulo, com destaque aos seguintes versículos: "Esta é a mensagem que ouvimos dele e que agora lhes transmitimos: Deus é luz, e nele não há escuridão alguma (...) Se afirmamos que não temos pecado, enganamos a nós mesmos e não vivemos na verdade. Mas, se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se afirmamos que não temos pecado, chamamos Deus de mentiroso...". É isso, amigos! Agora, leia todo o texto bíblico indicado, e perceba como a "Luz" de Deus é uma situação de vida sem pecado, enquanto que as mais diversas situações vividas pela humanidade são realidades denominadas como "Trevas"; o que revela a distância fundamental do estilo de vida de Deus diante do modelo humano. Em meio a esta situação irremediável, o ser humano pecador é chamado para experimentar equilíbrio vivencial e paz no espírito através do desafio para que ele comece a viver... na Luz de Deus; sendo algo que requer tão somente a constante aceitação de que somos pecadores, e a consequente confissão de nossos pecados em arrependimento, diante d'Ele. Pronto. Eis o modo como a humanidade em "trevas" vai conseguir estar na "luz" divina, para que Deus venha ocupar cada vez mais espaço em nosso coração e sociedade, enquanto vai transformando nossa realidade. Sendo que Jesus superou os preconceitos sociais que submetiam as mulheres samaritana e adúltera exatamente no propósito de avisa-las amorosamente de seus pecados, posto que esta seria a única maneira de conduzi-las das trevas para a Luz. Infelizmente, o ensino do Amor de Deus que salva a humanidade das maldições de hoje, e de existir de maneira terrível pra sempre no juízo; é aquela Boa Nova Cristã que jamais será anunciada por quem utiliza Jesus para fortalecer suas atualizações bíblicas e solidariedade social, nas quais a palavra "pecado" permanece oculta. Neste sentido, o posicionamento progressista que não anuncia a totalidade dos ensinos e situações da vida de Jesus, se torna um valor enganoso que vai oferecer ao mundo somente sua paixão caridosa, enquanto nega para a humanidade a oportunidade de receber a completude do Amor de Deus. Afinal, o Senhor do Universo somente irá amar a Humanidade como Deus bendito, assim que realizar a disciplina de bom Pai sobre nós, ao revelar com veracidade o pecado dos homens! Pense nisso e vamos ler as Escrituras até o fim do texto bíblico que desejamos utilizar em nossas proposições, conforme define a boa interpretação reformada protestante, enfatizando a veracidade do que foi dito por Jesus segundo suas próprias Palavras, pois conforme definiu o Cristo, "quem comigo não ajunta, espalha." (Mt 12). p/ Rev Ivan Santos Rüppell Júnior

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

VIRGIN RIVER, Netflix, a espiritualidade do DIÁLOGO!

"Fale o que está sentindo...!" Aos 14 minutos do último episódio da primeira temporada, o Dr. Doc (Tim Matheson) resume a essência dramática desta boa série da Netflix, que já tem disponível sua segunda temporada, desde o início de dezembro de 2020. Os diálogos pessoais e diretos de Virgin River são comuns na série, o que faz recordar que a comunicação essencial dos seres humanos é a que se manifesta nas conversações cujo tema somos nós mesmos. O que ajuda a perceber que deveríamos desenvolver o potencial de falar mais uns com os outros sobre o que levamos no coração. Pois a espiritualidade de "Virgin River" está relacionada à descoberta da natureza da humanidade, que se baseia nos relacionamentos conscientes que somente a nossa espécie pode expressar. O fato é que os seres humanos são semelhantes a Deus de uma maneira que nenhuma outra criatura pode ser, e por isso, deveríamos utilizar melhor a capacidade de dialogar sobre "nós mesmos", pra nos tornar pessoas mais completas. Nessa perspectiva, vale a pena dar uma olhada na série romântica "Virgin River", baseada na saga de livros da autora Robyn Carr. A trama conta a história da enfermeira Melinda Monroe, que decide abandonar a vida na cidade grande, partindo pra residir no interior. A primeira temporada tem 10 capítulos, e vale destacar que seus dramas são desenvolvidos de maneira natural, buscando valorizar as emoções comuns das pessoas, o que nos torna participantes do convívio comunitário cotidiano do vilarejo. Assistir Virgin River vai ajudar a refletir sobre o interesse que temos pelas pessoas ao nosso redor e suas sensações mais básicas, de dores e saudades, medos e ansiedades, fazendo um contraponto ao interesse escapista que muitas vezes nos leva a gastar emoções diante de novelões que estão sempre no limite da vida e da morte, apresentando atos desconectados da vida diária. A temporada inicial finaliza com algumas pontas interessantes pra seguir a série, mas, não esqueça; o que vale mesmo é redescobrir diante da TV aquele interesse adormecido acerca do que realmente vai na alma das pessoas, numa reflexão espiritual que certamente vai nos ajudar a gastar mais tempo falando uns com os outros sobre as realidades existenciais de nós mesmos. Os três primeiros episódios da segunda temporada revelam que a produção investiu em imagens áreas e planos gerais da belíssima natureza da região, além de aumentar o número de figurantes e cenários. Parece que os diálogos mais pessoais e demorados estão dando lugar a cenas apressadas e dinâmicas, o que pode fazer com que a série perca alguns valores aqui destacados, para centrar no drama dos encontros e desencontros dos personagens, e nem tanto na capacidade que temos de aprender a falar mais uns com os outros, a fim de crescer como espécie humana consciente e relacional. Vamos aguardar e torcer, pois é através dos sinceros e sensíveis diálogos que iremos tornar 2021 num tempo melhor de nossa história. Feliz Ano Novo!

Feliz Natal! Uma Jornada EXISTENCIAL no Cinema: O QUARTO SÁBIO, de Michael Ray Rhodes

E que tal se houvesse um quarto Rei Mago seguindo a estrela de Belém para descobrir o local de nascimento do Messias? Um quarto sábio da antiga Pérsia que saiu atrasado e não conseguiu encontrar os outros três, Melquior, Baltasar e Gaspar? Seguindo esta ideia, o filme "O Quarto Sábio", baseado no clássico de Henry Van Dyke traz boas reflexões sobre as atividades de caridade e os anseios espirituais da humanidade, através do personagem Artaban que estuda as Sagradas Escrituras na busca do real significado da vida, até descobrir as profecias sobre o Messias judaico. O negócio é que a história dos Reis Magos é bem conhecida e origina da Bíblia, pois foi o evangelista Mateus que anotou a visita deles ao recém-nascido Jesus de Nazaré. E a expressão "sábio" que dá título ao filme expressa bem a personalidade destes homens, pois seriam astrônomos e filósofos que buscavam conhecimento adiante da ciência comum; sendo um desejo que os levou a seguir uma estrela do Oriente até Jerusalém, e depois até a cidade de Belém. Eis o enredo básico do provocante filme "O Quarto Sábio" (The Fourth Wise Man), com Martin Sheen e Alan Arkin, e direção de Michael Ray Rhodes; que se tornou um interessante drama espiritual, lançado em 1985. A sinopse do site (adoro.cinema) apresenta outros dados da história: "Artaban (Martin Sheen) é um jovem sábio que deseja seguir a Estrela de Belém para prestigiar o bebê que está sendo chamado de Rei dos Judeus. Contrariando amigos e família, ele tenta seguir os outros três Reis Magos que estão em caravana para conhecer o menino Jesus, mas acaba se perdendo. Em sua jornada para reencontrar o caminho rumo à Belém, Artaban acaba usando suas riquezas para ajudar os mais necessitados...". É isso! O "Quarto Sábio" Artaban saiu de casa com a sacola cheia de presentes para o Messias Judeu e acabou gastando as suas oferendas em ações sociais para transformar a vida de uma aldeia miserável; um drama religioso que ao relacionar busca espiritual e ação social ajuda-nos a pensar sobre a proximidade existencial que há entre fazer o bem e satisfazer o vazio da alma. Afinal, não é de hoje que praticar grandes ou pequenas caridades amadurece a personalidade e também aquieta a alma da gente. Eis a razão porque "amar ao próximo" ou realizar ações sociais são vivências integradas desde sempre como uma virtude da espiritualidade de quase todo mundo. Esta realidade encontra uma boa ilustração na história deste Quarto Sábio, pois ao se perder na viagem até Belém em busca de participar da chegada ao mundo do prometido Messias; que é um anseio espiritual, Artaban vai encontrar um grande amadurecimento pessoal ao partilhar da história de uma comunidade de necessitados; que é um anseio existencial. E vice-versa. Essa integração entre valores existenciais e espirituais que as religiões relacionam desde a origem da história, tem sido uma experiência unificada que orienta regularmente as vivências da alma dos homens. Sejam as ações sociais mais bem planejadas ou atos de caridade particulares, o fato é que ambos surgem na história para preencher o vazio da gente com mais amor e também, para controlar nosso egoísmo. Nesse contexto, o filme se torna uma bonita e dinâmica ilustração de nossas ansiedades existenciais, com uma orientação técnica e autoral segura do Diretor, e boas atuações de todo elenco, sendo que Martin Sheen entrega a sinceridade de sempre ao assumir um personagem mais complexo do que apenas um homem comum, enquanto que a fotografia e a produção das imagens vai surpreender você pela realidade e com que pode-se observar a Palestina do primeiro século. Mas tem mais, pois o aprendizado espiritual que relaciona espiritualidade e caridade só aumenta quando "ouvimos" a teologia, conforme vemos na história do Quarto Sábio. Assim, quando Artaban segue atrás do sentido da vida para encontrar o Messias das profecias numa peculiar jornada existencial que vai desafia-lo a descobrir o amor superior de Deus; bem, aqui está uma mensagem essencial do Cristianismo. Pois o maior dos mandamentos do Profeta Jesus é tanto "amar" a Deus como "amar" o próximo; um conceito profundo que o próprio Jesus tratou de praticar a vida inteira no propósito de esclarecer o significado aos discípulos. Segundo Jesus, somente quando ocorrer um primeiro encontro do nosso espírito com a Pessoa amorosa de Deus é que seremos capazes de amar o próximo de maneira saudável, sendo algo que será bom pra nós e para todo mundo. Eis o modo sagrado em que Jesus integra religião (religação do homem com Deus) e caridade (aproximação dos homens entre si). A partir disso, o negócio é partir para o abraço, com Deus e o próximo; pois uma verdade se realiza na outra. Neste sentido, a mensagem cristã vai ensinar que os nossos atos de caridade devem prosperar até se tornarem atividades integrais de ação social; e até mais do que isso, pois são a base moral de um compromisso espiritual humano para assumir a co-responsabilidade da manutenção existencial da sociedade. Tá entendendo... Ou seja, na mensagem cristã não há diferença de valor entre praticar atos de caridade e realizar ações de cidadania, que são aquelas atividades que existem para construir uma sociedade mais justa e aprazível pra todo mundo. Um princípio que a teologia define como "mandato cultural", e que convoca os religiosos a assumirem uma cidadania social integral, seja na educação e artes, na profissão e política, na família e parentela, até que tudo e todos sejam plenamente "abençoados" por nossos dons e talentos na convivência social. Eis uma boa reflexão natalina que o filme "Quarto Sábio" oferece, pois o mandato cultural que convoca os espirituais a desenvolverem uma cidadania bendita junto da sociedade dos homens é; primeiramente, um compromisso da "fé" dos cristãos. No entanto, é comum perceber cristãos e até outros religiosos, assumirem seu compromisso cultural em detrimento de sua própria fé; pois se tornam profissionais competentes e bons cidadãos, ao mesmo tempo em que deixam de lado a sua devoção espiritual. Algo que acaba afastando o cidadão tanto de Deus, como do próximo! Cuide-se, então, e aproveite pra amadurecer todo sentimento caridoso que leva no coração, sabendo que a básica compaixão que o chama para entregar um só pedaço de pão ao homem da esquina é o início de uma bela amizade com Deus, que disse que o maior mandamento é "Amar a Deus e amar o próximo", e daí nasce a nossa reflexão e conhecimento. Pois a espiritualidade do Natal que orienta atividades de ações sociais é uma mensagem mais relevante e profunda do que somente praticar boas obras em obediência a um valor religioso ou filosófico. A compaixao da caridade é uma sensibilidade da alma que anseia por um relacionamento espiritual transformador diante de Deus, que será capaz de nos mover para abençoar em maior alcance e plenitude, toda humanidade! Bom filme.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Feliz NATAL! Chegou o tempo de recordar e saber mais de JESUS, o Cristo do REINO de Deus!

Deus enviou o seu Filho para salvar o mundo, e não para condenar a humanidade! As profecias do Antigo Testamento anunciaram na história a personalidade do homem através de quem Deus iria visitar o mundo com seu Reino celestial, e assim, alguns elementos do caráter do Cristo de Deus foram revelados nas Escrituras, conforme explica o teólogo anglicano John Stott: "A promessa de Deus sobre o Messias vai se tornando cada vez mais rica e variada. Ele seria um profeta como Moisés, um sacerdote como Melquisedeque e um rei como Davi - o famoso trio de Calvino: Profeta, Sacerdote e Rei." Sendo que algumas características do Messias foram descritas pelo Profeta Isaías, ao apresentar Jesus, um Rei como Davi; "Pois um menino nos nasceu, um filho nos foi dado. O governo estará sobre seus ombros, e ele será chamado de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno e Princípe da Paz." (Isaías 9.6); e pelo salmista, ao falar de Jesus, o Sacerdote: "O Senhor disse ao meu Senhor: "Sente-se no lugar de honra à minha direita (...) O Senhor jurou e não voltará atrás: "Você é sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque." (Salmo 110. 1-4); com o destaque para o fato de que todo sumo sacerdote é um homem escolhido para representar outras pessoas nas coisas referentes a Deus. E todo esse conhecimento profético dado na história sobre o Messias foi confirmado na anunciação do nascimento, feita pelo Anjo Gabriel: "No sexto mês da gestação de Isabel, Deus enviou o anjo Gabriel a Nazaré, uma cidade da Galileia, a uma virgem de nome Maria. Ela estava prometida em casamento a um homem chamado José, descendente do rei Davi. Gabriel apareceu a ela e lhe disse: "Alegre-se, mulher favorecida! O Senhor está com você!" (...) Ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Jesus. Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu antepassado Davi, e ele reinará sobre Israel para sempre; seu reino jamais terá fim." (Lucas 1.26-33). Segue o comentario bíblico de Stott, para esse anúncio do Anjo Gabriel que traz informações valiosas para nós: "A mensagem que Gabriel trouxe a Nazaré deixou Maria perplexa... em parte por causa dos três títulos superlativos que seu filho receberia. Primeiro, ele se chamaria Jesus, indicando que receberia uma missão salvadora. Segundo, ele seria grande, pois receberia o nome acima de qualquer outro nome, o de Filho do Altíssimo (...) Terceiro, ele reinaria sobre Israel para sempre. Na verdade, seu reino nunca teria fim. Salvador, Filho e Rei - foram esses três títulos que o anjo disse a Maria que ele receberia...". Agora, convido você a tirar um tempinho neste mês de dezembro para ler os primeiros 11 capítulos do Evangelho de Marcos, notando como os títulos messiânicos de Jesus de Nazaré vão sendo confirmados, a cada palavra e atitude que Ele realiza diante dos homens, enquanto viveu aqui na terra. No capítulo 11, verso 10, lemos que Jesus é o "Bendito que vem em nome do Senhor! Bendito é o reino que vem, o reino de nosso antepassado Davi!". E algumas características deste reinado foram descritas pelo evangelista, desde o primeiro capítulo, como ao citar as palavras de João Batista sobre Jesus, afirmando que batizava com água, "mas ele os batizará com o Espírito Santo", sendo que as primeiras declarações de Jesus aos homens, foram "o reino de Deus está próximo! Arrependam-se e creiam nas boas-novas!". Logo depois, Jesus chegou na cidade de Cafarnaum e com duas palavras calou e expulsou o espírito maligno de um homem, sendo que os comentários dos presentes foram sobre sua autoridade, pois "até os espíritos impuros obedecem às ordens dele!" No dia seguinte e posteriores, Jesus continuou anunciando a chegada do Reino celestial e demonstrando as conquistas que fazia em nome de Deus, ao dizer "cheio de compaixão" ao leproso que, sim, queria que ele fosse curado e limpo, enquanto que ao ver a fé e dedicação dos amigos de um paralítico que levantaram um telhado para colocar na frente de Jesus aquele enfermo, afirmou: "Filho, seus pecados estão perdoados", complementando depois; "eu lhes mostrarei que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados". Então disse ao paralítico: "Levante-se, pegue sua maca e vá para casa". Um tempo mais tarde, num dia de sábado, Jesus caminhava com os discípulos que tiveram fome, e assim foram colher espigas de cereais para se alimentar, sendo cobrados por isso; e o Cristo respondeu: "Vocês não leram nas Escrituras o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? Ele entrou na casa de Deus e comeu os pães sagrados... Então Jesus disse: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Portanto, o Filho do Homem é senhor até mesmo do sábado."; esclarecendo que a lei permite fazer o bem no Sábado! Algum tempo mais tarde, Jesus pegou uma embarcação com os discípulos ao anoitecer e adormeceu, até que as ondas começaram a arrebentar o barco, que enchia de água, e então, os apóstolos gritaram pra acordar Jesus, que logo falou ao mar: "Silêncio! Aquiete-se!... Apavorados, os discípulos diziam uns aos outros: "Quem é este homem? Até o vento e o mar lhe obedecem!" Nos dias seguintes, após curar homens cegos e levantar paralíticos, livrar pessoas de espíritos malignos e anunciar a misericórdia e perdão de Deus para todos que fossem humildes para se arrepender, Jesus perguntou aos discípulos: "Quem as pessoas dizem que eu sou? Eles responderam: "Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias ou um dos profetas". "E vocês?", perguntou ele. "Quem vocês dizem que eu sou?" Pedro respondeu: "O senhor é o Cristo!". Alguns dias se passaram, até que Jesus ficou irritado quando impediam as crianças de chegar até ele, e aproveitou pra falar com todas as pessoas de todas as épocas e lugares: "Deixem que as crianças venham a mim. Não as impeçam, pois o reino de Deus pertence aos que são como elas. Eu lhes digo a verdade: quem não receber o reino de Deus como uma criança de modo algum entrará nele". Feliz Natal! COMPARTILHANDO A MENSAGEM DO NATAL! Seguem algumas perguntas e pensamentos pra você conversar com Amigos e Familiares, em casa ou encontro virtual. 1. Qual das virtudes de Jesus como Rei, conf. o Profeta Isaías 9.6, chama sua atenção? Você recorda de alguma orientação de Jesus em que foi possível receber um ensino importante pra sua vida, do Messias Maravilhoso Conselheiro? 2. Escolha uma das histórias e encontros de Jesus narradas acima, do Evangelho de Marcos, e diga o que chamou sua atenção? 3. Qual o seu pedido de oração para Deus neste mês de Natal, aproveitando do ministério de Jesus como Sacerdote? QUÊ DEUS PAI ABENÇOE SUA VIDA! (Ref. Stott, John. A Bíblia toda o ano todo. Editora Ultimato, MG, 2007, p 133 e 142)

sábado, 28 de novembro de 2020

JESUS ABENÇOA AS CRIANÇAS! p/ Ivan Santos Rüppell Júnior

"Certo dia, trouxeram crianças para que Jesus pusesse as mãos sobre elas, mas os discípulos repreendiam aqueles que as traziam... Então tomou as crianças nos braços, pôs as mãos sobre a cabeça delas e as abençoou." (Evangelho de Marcos, cap. 10.13-16). A interpretação protestante da Igreja Presbiteriana sobre essa passagem das Escrituras indica que, ao receber e abençoar as crianças, o Senhor Jesus "está expressando a noção típica de solidariedade da aliança do Antigo Testamento. Estas crianças pertencem ao reino, inicialmente por causa da fé que seus pais possuem, ainda que devam exercer sua fé pessoalmente, tão logo tenham condições. (...) Receber a bênção de Deus significa ser chamado pelo nome de Deus e ser incluído nas bênçãos da aliança." (Bíblia de Genebra, p 1164,65). Eu vou destacar algumas palavras deste testemunho bíblico sobre a relação de Jesus com os pequeninos, especialmente no fato de ele não ter impedido as crianças de se aproximarem quando trazidas pelos pais, e na sua atitude de colocar as mãos sobre as crianças para abençoa-las. O entendimento doutrinário dos protestantes presbiterianos sobre essa experiência bíblica está descrito nas palavras, "solidariedade da aliança do Antigo Testamento", que explica o modo como o povo de Deus incluía cerimonialmente os seus filhos, para dentro da aliança na qual andavam com o Senhor na terra. E agora, vamos comentar algumas frases doutrinárias que apresentam o significado da expressão, "solidariedade da aliança". Observe que as alianças bíblicas são acordos de compromisso solene que ligam as pessoas num relacionamento permanente, sendo que Deus é quem estabelece as condições das alianças que Ele faz com os homens. A aliança no Sinai feita por Deus com o povo que Ele havia libertado do Egito foi a sua constante Aliança da Graça, pois os seus mandamentos estavam sendo dados a um povo que o Senhor havia redimido e libertado, para chamar de seu; e isto é Graça! Esta aliança Graciosa de Deus favorável aos homens recebe um novo capítulo nas obras de Jesus de Nazaré, pois agora o compromisso do povo em seguir sua "Vida com Deus numa Aliança" é algo que vai ocorrer com os mandamentos sendo escritos no coração e mente dos homens. Jesus cumpre o seu Ministério celestial de nos manter na Presença de Deus através do Sacerdócio e Mediação que Ele realiza nesta nova aliança, e nós cumprimos os nosso votos "em espírito e verdade". A "economia" ou a gerência administrativa deste relacionamento de Aliança com Deus na vida dos seres humanos ocorre em nossas vidas através da "solidariedade da aliança", sendo algo que traz a circuncisão do Antigo Testamento para que seja realizada no batismo Infantil, como uma ministração espiritual através de um ato real, que se serve do simbolismo de pureza da água. Neste sentido, a maneira como a Igreja protestante Presbiteriana ensina e ministra a "religião" do povo de Deus para que esteja sempre vivendo junto do Senhor, sendo abençoado por Ele na história, ocorre quando a "solidariedade da aliança" na família e na comunidade é estabelecida através da ministração deste batismo. Pois a Igreja tem autoridade para selar e abençoar as crianças que são filhos de cristãos através deste sacramento, desde que a Igreja permaneça ligada a Deus pela mediação do sacerdócio de Cristo. A Igreja Presbiteriana não considera que esta solidariedade da Aliança com Deus deva ocorrer através de uma simples consagração; mas sim, que o Batismo infantil é um Sacramento da Aliança; pois carrega consigo a responsabilidade e capacidade dadas à Igreja de incluir e manter na solidariedade do "Povo de Deus", os filhos dos cristãos fiéis na Fé do Evangelho. Assim, conforme esse conhecimento bíblico e de acordo com esta interpretação dos Atos de Deus desde o livro de Gênesis até o livro do Apocalipse, que revelam o modo como tem sido ministrada a Aliança da Graça do Senhor sobre os homens; é que se realiza o Batismo Infantil dos filhos de pais cristãos na Igreja Presbiteriana, sendo que o melhor conhecimento dessa experiência e sacramento está na vivência de Jesus: "Então tomou as crianças nos braços, pôs as mãos sobre a cabeça delas e as abençoou." (Marcos 10.16). A seguir, irei destacar algumas frases da explicação doutrinária do texto e ensinos que você acabou de ler, conforme a Bíblia de Genebra: "Nas Escrituras, as alianças são acordos solenes... que ligam as partes umas às outras em relações permanentes. (...) Quando Deus faz uma aliança com suas criaturas, só ele estabelece as condições, como mostra sua aliança com Noé e seus descendentes. (...) A aliança de Deus com Israel, no Sinai, está na forma dos tratados de suserania do antigo Oriente Próximo. (...) Ainda que a aliança do Sinai exigisse obediência às leis de Deus... ela era uma continuação da aliança da graça (Êxodo 3.15; Dt. 7.7-8; 9.5-6). Deus deu os mandamentos a um povo que ele já havia redimido e reinvidicado como seu (Êxodo 19.4). (...) O cumprimento da velha aliança em Cristo abre a porta da fé aos gentios. A "semente de Abraão" - a comunidade com a qual a aliança foi feita - foi redefinida em Cristo, que é a Semente final e definitiva de Abraão (Gn. 3.16). (...) O objetivo da ação de Deus dentro da aliança é, como sempre foi, a reunião e a santificação do povo da aliança vindo de "todas as nações, tribos, povos e línguas" (Ap. 7.9), que um dia habitarão a Nova Jerusalém, numa ordem mundial renovada (Ap. 21.1-2). (...) A estrutura da aliança abrange toda a economia da graça soberana de Deus. O ministério celestial de Cristo continua a ser o de "Mediador da nova aliança" (Hb. 12.24). (...) O Batismo e a Ceia do Senhor - que correspondem aos ritos da circuncisão e da Páscoa da antiga aliança e os substituem, são ordenanças da aliança. A lei de Deus é a lei da aliança, e observá-la é a mais verdadeira expressão de gratidão pela graça da aliança e de lealdade ao nosso Deus da aliança." (BG, p 12). Saiba que toda boa caminhada com Deus através de Jesus Cristo aqui na Terra vai requerer uma orientação doutrinária para que a Igreja possa abençoar as nossas vidas, ligando algo aqui na terra diante de Deus que está nos céus; assim como vemos exposto neste estudo sobre o Batismo Infantil. (Referência: Bíblia de Estudo de Genebra, 1999, Editora Cultura Cristã, São Paulo, SP)

Feliz Natal de JESUS DE NAZARÉ, Salvador, Filho e Rei! Estudo de pequenos grupos da Igreja Presbiteriana Olaria, 30/11 a 04/12/2020

TEXTO Bíblico Base: "No sexto mês da gestação de Isabel, Deus enviou o anjo Gabriel a Nazaré, uma cidade da Galileia, a uma virgem de nome Maria. Ela estava prometida em casamento a um homem chamado José, descendente do rei Davi. Gabriel apareceu a ela e lhe disse: "Alegre-se, mulher favorecida! O Senhor está com você!" (...) Ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Jesus. Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu antepassado Davi, e ele reinará sobre Israel para sempre; seu reino jamais terá fim." (Lucas 1.26-33). O comentário de John Stott para o anúncio do Anjo Gabriel acerca do nascimento de Jesus traz algumas informações importantes para nós: "Após quatrocentos anos de espera silenciosa, de repente Deus quebra o silêncio, não através de um profeta, mas de um anjo. A mensagem que Gabriel trouxe a Nazaré deixou Maria perplexa... em parte por causa dos três títulos superlativos que seu filho receberia. Primeiro, ele se chamaria Jesus, indicando que receberia uma missão salvadora. Segundo, ele seria grande, pois receberia o nome acima de qualquer outro nome, o de Filho do Altíssimo (...) Terceiro, ele reinaria sobre Israel para sempre. Na verdade, seu reino nunca teria fim. Salvador, Filho e Rei - foram esses três títulos que o anjo disse a Maria que ele receberia...". COMPARTILHAR. 1. Qual desses três títulos chama a sua atenção sobre a Pessoa de Jesus de Nazaré? O que você teria a dizer para seus familiares, sobre um destes títulos, se pudesse falar algo nas celebrações do Natal? 2. Leitura bíblica: "Irmãos, pedimos que advirtam os indisciplinados. Encorajem os desanimados. Ajudem os fracos. Sejam pacientes com todos." (1Tessalonicenses 5.14). Advertência e encorajamento, ajuda e paciência. Qual destas quatro vivências você experimentou mais vezes, nas reuniões de pequenos grupos, ao meditar na Palavra de Deus e ouvir o testemunho dos irmãos? 3. Qual é a sua expectativa para as reuniões de pequenos grupos que iremos realizar no ano que vem, em 2021? Você gostaria de participar de um pequeno grupo com algum familiar ou amigo, em que as conversas seriam sobre temas básicos do Evangelho e o conhecimento da Bíblia? FELIZ NATAL DE JESUS DE NAZARÉ! (Ref. Stott, John. A Bíblia toda o ano todo. Editora Ultimato, MG, 2007)

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

O DIA MUNDIAL DE AÇÃO DE GRAÇAS!

Não há feriado mais brasileiro do que o Dia de Ação de Graças, embora poucos cidadãos desta nação festejem hoje, esta celebração reconhecida mundialmente. Mas o feriado é bastante nosso, sim, pois não há outro povo neste mundo que tanto diga: "Graças a Deus!", como os milhões de brasileiros que neste país lutam pra viver toda vida que somente Deus nos dá. É verdade! Pois ainda que existam centenas de milhões de planetas e milhares de galáxias, o fato é que somente aqui na terra o Deus Criador Todo Poderoso decidiu implantar o oxigênio que permite que a raça humana sobreviva e invente modas nesta terra do nosso Deus. Ao mesmo tempo, cenas de filmes norte-americanos e a mídia em geral vão anunciar o famoso "Thanksgiving Day", principalmente nesta quarta quinta-feira do mês de novembro, data em que a festa é celebrada nos Estados Unidos da América. Quê é o feriado mais importante deles desde sempre, pois viajam grandes distâncias pra comemorar com os parentes a "ceia do peru", lembrou? Pois é, tudo começou em 1621 na localidade de Plymouth, Massachusetts, assim que peregrinos cristãos fundadores da vila e povos indígenas da região se reuniram pra agradecer a boa colheita do ano. E a partir disso se organizou a cada outono uma festa de Gratidão a Deus pelo alimento e pela vida, e o resto é história, pois Abraham Lincoln definiu a data como feriado nacional americano em 1863 e até o nosso Brasil, veja você, a instituiu como Dia Nacional de Ação de Graças através de lei em 1966. E as pessoas espirituais com inclinações religiosas de se aproximar mais de Deus, tem muito a ver com esta data, pois reconhecem que a vida é muito mais do que o acaso e por isso buscam, pra saber mesmo, a razão da continuidade da vida natural sobrenatural de quase todo mundo que respira no planeta. E todo cidadão brasileiro que diz "Graças a Deus", também evoca uma frase religiosa e cultural que, no final e início das contas, aponta para a nossa origem e futuro, por que não? Pois essa expressão afirma e deseja recordar a mais essencial realidade da humanidade; a de que não estamos sozinhos no universo, e de que não fomos criados ou permanecemos vivos, somente a partir de nossos próprios esforços. Eis porque dizer "Graças a Deus", significa lembrar ao próprio coração que há um Ser Pessoal e Superior no Universo, que tanto olha para nós como também, cuida muito da gente! E o sol e a chuva que diariamente são derramados sobre o mundo continuam afirmando esta transcendente realidade, especialmente aqui em Curitiba; especialmente, nos últimos dias. Enfim, e como bons brasileiros, vale dar um passo adiante nesta espécie de reconhecimento agradecido diante de Deus, para semear um sentimento que, muitas vezes, se encontra distante de nossos corações. Pois, afinal, se os próprios "céus celebram a glória de Deus e suas obras de arte estão expostas no horizonte", por que eu e você não podemos separar um dia pra celebrar a nossa subsistência dada por Deus, em gratidão e honra? Mas dá pra ir mais longe, de verdade, pois assim que Deus criou o mundo, Ele também realizou tudo que há e existe "através de Jesus Cristo". E o motivo desta ação criadora de Deus ter sido movida na Pessoa do Messias é simples: a razão é para que no momento em que a humanidade viesse a se afastar de Deus, nem tudo viesse a ser arruinado assim, de repente, num piscar de olhos; já que afastados de Deus, onde e em Quem iriamos sobreviver? Foi pensando nisso que Deus já criou "tudo" em Jesus, exatamente para que a Justiça do Messias sacrificado pudesse alcançar o planeta e manter vivos todo mundo que aqui reside e suspira, em toda época e tempo. Tá entendendo? Trata-se da bendita "Graça Comum" de Deus, que a todos abençoa e faz viver, mesmo quando nem nos damos conta de quem somos, e principalmente, de quem Deus é! Eis um bom motivo pra separar algum tempo e até uma refeição nesta data, para com (boa) parte do mundo agradecer ao Deus criador e sustentador do mundo e da vida, aqui, lá e em todo lugar. Feliz Dia de Ação de Graças!

sábado, 21 de novembro de 2020

O NATAL DE JESUS! PROFETA DE DEUS.

"Aquele que é a verdadeira luz, que ilumina a todos, estava chegando ao mundo." (Evangelho de João, cap. 1.9). "Uma das características mais notáveis do Antigo Testamento é a crescente expectativa da chegada do Messias. Logo após a queda de Adão e Eva, Deus anunciou que iria salvar os pecadores através de um descendente da mesma pessoa pela qual o pecado havia entrado no mundo. A partir disso, a promessa de Deus sobre o Messias vai se tornando cada vez mais rica e variada. Ele seria um profeta como Moisés, um sacerdote como Melquisedeque e um rei como Davi - o famoso trio de Calvino: Profeta, Sacerdote e Rei." Agora, vamos aprender um pouco mais sobre Jesus, o Profeta! Veja que "um dos anseios mais profundos da humanidade é descobrir a vontade de Deus. Mas, como podemos saber qual é a vontade de Deus? Israel tinha duas opções. De um lado, havia os cananeus com suas práticas de bruxaria, feitiçaria e adivinhação, mas Deus tinha proibido seu povo de imitá-los. Por outro lado, eles poderiam prestar atenção à voz de Deus que vinha até eles através dos profetas. Era uma questão de ouvir, pois "o Senhor, seu Deus, levantará um profeta como eu do meio de seus irmãos israelitas." (Deuteronômio 18.15). Neste sentido, Deus confirmou no Monte da Transfiguração (Mc 9.7), a palavra dada no livro de Deuteronômio: "Este é meu Filho amado. Ouçam-no!" (John Stott). Portanto, esse conhecimento sobre o Profeta Jesus do Natal é um convite para lermos os Evangelhos, para poder meditar nos conselhos e instruções de Jesus, para bem entender e seguir a vontade de Deus para nossas vidas, tá entendendo? "Pois um menino nos nasceu, um filho nos foi dado. O governo estará sobre seus ombros, e ele será chamado de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno e Princípe da Paz." (Isaías 9.6). Feliz Natal do Messias Jesus de Nazaré pra você e sua família! (Referência: Stott, John. A Bíblia toda o ano todo. Editora Ultimato, Viçosa MG, 2007; p 133) Autor. Ivan S Rüppell Jr é Professor e Capelão Social.

domingo, 15 de novembro de 2020

ORANDO PELAS AUTORIDADES PRA ABENÇOAR A CIDADE!

Quando os Cristãos desejam paz para a sociedade, então eles oram e intercedem pelas Autoridades. Pois as autoridades recebem de Deus a condição de portar a espada da justiça, para garantir a lei e a ordem no convívio social dos homens. Portanto, antes de se preocupar com a dignidade da autoridade ou com os motivos dos conflitos sociais, os cristãos se preocupam com Deus: pois Deus pode iluminar as autoridades e suas polícias armadas para controlar as crises sociais sem que os seres humanos sejam perseguidos como animais. É preciso acreditar e confiar em Deus em momentos de conflito, fazendo primeiro o quê Deus disse pra fazer, até que a sociedade possa ser cuidada e aquietada. Dentro desse contexto, e com propósitos até mais amplos, vemos que a intercessão pelas autoridades é um ato bendito tanto para podermos anunciar o Evangelho, como para que a comunidade dos homens seja abençoada pela providência divina; como nos ensina a Bíblia. Em sua primeira carta a Timóteo, nos primeiros versos do cap. 2, o Apóstolo Paulo orienta que sejam feitas Orações e Intercessões pelas Autoridades. O objetivo destas orações é para que o povo de Deus e toda sociedade possam ter uma vida pacífica e tranquila, com toda piedade e dignidade. Ao pedir orações pelas autoridades para que os cristãos tenham paz social e boa vivência de sua piedade religiosa, Paulo esclarece que o propósito principal é que o conhecimento de Deus seja anunciado na cidade. Pois, conforme ele explica, o Senhor deseja que todos sejam salvos ao descobrir que há somente um Mediador entre Deus e a humanidade: Jesus Cristo. Então, os cristãos devem orar pelas Autoridades para que haja paz a fim de que tenhamos uma liberdade religiosa e um diálogo político na sociedade que possibilite o anúncio do Evangelho na cidade. Pois Deus pretende que todos saibam a Mensagem que pode mudar o destino da humanidade. Para entender um pouco mais sobre a importância das Autoridades para o bem estar do povo cristão e toda sociedade, devemos prestar atenção na forma como a Providência do Governo de Deus atuou na história. Deus atuou com providência na vida de José, que foi traído pelos irmãos e vendido aos midianitas, abandonado por seu patrão Potifar e esquecido pelo chefe dos copeiros na prisão... Até que Deus iluminou José para que ele pudesse revelar ao Faraó o significado de seus sonhos sobre a nação. E assim José orientou como o Faraó deveria governar o período futuro de dificuldades de seu povo. Então, o Faraó fez de José o Governador do Egito de um modo que toda sociedade e nação foram abençoados, sendo que José explicou aos irmãos o que Deus havia feito naquela situação: “Deus me enviou à frente de vocês para lhes preservar um remanescente nesta terra e para salvar-lhes a vida com grande livramento”. Vejam que “vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos” (Gênesis 45.5 e 50.20). Observe a atuação bendita de Deus naquela sociedade, utilizando não apenas o servo José, mas especialmente a figura e função da Autoridade pública, de modo que todo o povo de Deus e a nação egípcia foram abençoados. Então, fique atento para a importância das Orações e Intercessões pelas Autoridades, pois o Senhor deseja que o povo cristão tenha vida pacífica e tranquila, com toda piedade religiosa. Ou seja, que a religião cristã seja praticada livremente, a fim de abençoar grande número de pessoas e toda cidade. Mas é preciso orar e interceder sempre para que venha o Reino de Deus e seja feita a vontade d'Ele sobre as nações, pois nem todos os homens são piedosos. E somente Deus pode mudar corações e transformar o destino das nações, para que venham bençãos sobre a Terra, quando as Autoridades se desviam para o mal e o povo pelo engano. Quê Deus Pai abençoe a Sociedade e as cidades do Brasil! Autor. Ivan S Rüppell Jr é Professor de Ciências da Religião e Teologia, Capelão Social e Escolar.

sábado, 14 de novembro de 2020

O GOVERNO DE DEUS NA HISTÓRIA E A RESPONSABILIDADE DOS CRISTÃOS NAS ELEIÇÕES, p/ Ivan S. Rüppell Jr. Nov/2020

O Apóstolo Paulo orienta que sejam feitas Orações e Intercessões pelas Autoridades para que o povo de Deus possa ter uma vida pacífica e tranquila, sendo que isso agrada bastante a Deus, pois Ele deseja que todos sejam salvos e conheçam a verdade de que há um só Mediador entre Deus e a humanidade: Jesus Cristo; conforme lemos em I Timóteo 2.1-7. Observe a importância dessa orientação, pois deve-se orar pelas Autoridades para que haja paz na sociedade a fim de termos liberdade religiosa para poder anunciar o Evangelho, pois Deus deseja que todos descubram a Mensagem que pode mudar o destino da humanidade. Sendo que essa palavra está no contexto da I carta de Pedro, que desafia os cristãos a calarem os perseguidores da fé, pela prática do bem e pelo respeito às autoridades; e segundo a experiência de Paulo diante dos líderes religiosos de Jerusalém, quando buscou abrigo nas autoridades romanas e César. Na carta aos Romanos, cap. 13.1-7, nós lemos um pouco mais acerca desse tema sobre como o povo de Deus pode vir a ter paz e tranquilidade, vivendo nas sociedades de que somos parte. O apóstolo Paulo diz que toda Autoridade vem de Deus e que são servos de Deus para o nosso bem; pois se estivermos fazendo algo errado, elas tem o poder e a condição de punir o nosso crime, pois estão a serviço de Deus para castigar os que praticam o mal. Sendo essa uma razão para que paguemos impostos, pois as autoridades públicas estão a serviço de Deus nesse trabalho de justiça. O Apóstolo Pedro vai complementar essa palavra, dizendo em I Pedro 2.13-17, que as autoridades enviam oficiais para castigar os que fazem o mal e honrar os que fazem o bem, sendo que é da vontade de Deus que nós calemos todos os que nos acusam por nossa fé, através da prática do bem. E que devemos tratar a todos com respeito e amar os irmãos em Cristo, e temer a Deus e respeitar o rei. Portanto, veja que a liberdade religiosa de anunciar o Evangelho é o grande projeto de Deus para seu povo desenvolver e estabelecer na sociedade diante do Estado e na Política, e por isso, somos chamados a interceder pelas autoridades. E também devemos ser reconhecidos pelo nosso respeito às autoridades para que todas elas saibam que nós não iremos causar desordem na ordem social, até porque Deus instituiu as autoridades para coibir o crime, proteger os bons e condenar os criminosos. A partir disso, será que existe algo mais que os Cristãos podem realizar na vida política da sociedade e diante do Estado, e perante as autoridades públicas para que tenhamos tranquilidade e paz, com liberdade para anunciar o Evangelho? Bem, os cristãos também podem votar de acordo com esses valores nas Eleições, apoiando candidatos comprometidos com esses interesses de Deus para o seu povo e para todas as sociedades dos homens. Pois os Cristãos precisam eleger candidatos que tenham esse valor, para que possamos dialogar com eles para resguardar esses princípios, e os cristãos também podem votar em cristãos chamados para a vida pública, que tenham esses valores, para que o propósito de Deus de paz e tranquilidade na sociedade seja estabelecido no mundo. O teólogo protestante João Calvino diz que os 10 mandamentos são governados por Deus na história com três propósitos: anunciar através de leis civis os valores santos de Deus, demonstrando que a humanidade está separada d´Ele e que somos pecadores, orientando o modo em que iremos precisar nos arrepender para que sejamos salvos; organizar e proteger a sociedade dos homens para que esta não seja destruída, num caos amoral sem limites e que só vai provocar a ira de Deus; e, orientar os cristãos sobre qual é a vontade de Deus, pois a correção dos mandamentos vai ser necessária por toda nossa vida, já que temos uma natureza rebelde que precisa receber a disciplina amorosa de Deus, dia a dia. Assim, devemos votar em pessoas da sociedade ou homens e mulheres cristãos vocacionados para a vida pública, que tenham os valores da liberdade religiosa e civil, e para que protejam os inocentes e condenem os criminosos; inclusive de maneira justa, sem exageros ou abusos nos julgamentos. E agora, será que esse mandamento e experiência do povo de Deus diante do Estado e da Política é algo novo, ou já ocorreu antes na história? Veja que nós lemos no livro de Daniel que o rei da Babilônia Nabucodonosor invadiu e saqueou Jerusalém, levando consigo famílias inteiras para suas terras, e ali escolheu jovens de conhecimento e inteligência para servi-lo na corte. E nesse grupo foram Daniel e três amigos, sendo que as histórias de Daniel giram ao redor do ano 600 a.C., quando foram preparados para atender ao rei, com diversos ensinamentos, ao mesmo tempo em que se resguardavam, cuidando para não se contaminar com os costumes daquela nação. Sendo que quando o Rei os chamava e ouvia as orientações de Daniel e seus amigos, o rei dizia que eles eram dez vezes melhores que os outros conselheiros do reino. Até que o Rei teve um sonho e pediu aos astrólogos e sábios que dissessem o que ele havia sonhado, mas, no entanto, eles queriam saber o sonho antes, para interpretar depois; mas, o rei queria que eles dissessem qual havia sido o sonho, primeiro... Então, o rei fez um decreto para matar todos os conselheiros da corte, e quando Daniel soube disso, ele foi imediatamente falar com o rei, e pediu um tempo para comunicar o significado do sonho ao rei. E foi assim que Deus acabou revelando o sonho para Daniel, e ele falou ao Rei o significado, e assim Nabucodonosor fez de Daniel uma autoridade e não matou os conselheiros todos da corte. Um século e décadas mais tarde, quando a Babilônia havia sido conquistada pelos persas, o rei Xerxes Assuero sentiu-se desonrado pela esposa e houve a busca de uma nova esposa para o rei no império. Havia um judeu chamado Mardoqueu, que era da tribo de Benjamim e havia sido levado de Jerusalém pelo antigo rei Nabucodonosor, que tinha uma bela e jovem prima chamada Ester. O encarregado de procurar uma esposa para o rei viu Ester e ficou encantado com sua beleza, e a colocou numa casa que estava preparando as moças que o rei iria conhecer, sendo que Mardoqueu avisou a Ester para não dizer que ela era do povo de Israel. O Rei se agradou de Ester e a coroou sua rainha, sendo que numa ocasião mais tarde, havia uma traição preparada contra o rei, que Mardoqueu descobriu e denunciou, e o rei foi liberto. Numa outra ocasião, um oficial do rei chamado Hamã foi promovido a autoridade sobre todos os nobres, e eles se curvavam quando ele passava, menos Mardoqueu; então Hamã fez um decreto para que fossem mortos todos os que não honrassem às ordens do rei, e assim, todo o povo de Israel seria assassinado. Olha o que Hamã disse ao rei: "Há certo povo espalhado por todas as provincías de seu império que se mantém separado dos demais. Eles tem leis diferentes das leis dos outros povos e não obedecem às leis do rei. Portanto, não é do interesse do rei deixar que vivam." (Ester 3.8). Mardoqueu soube da situação, jejuou e vestiu um pano de saco e colocou cinzas na cabeça, para mostrar a sua desgraça e de seu povo, e enviou uma mensagem para que Ester intercedesse pelo povo perante o rei, dizendo a ela: “Quem sabe não foi justamente para uma ocasião como esta que você chegou à posição de rainha?” (Ester 4.14). No entanto, todos sabiam que se alguém entrasse na presença do rei sem ser chamado, seria morto! Então, Ester pediu que o povo de Deus orasse e jejuasse três dias e aí ela iria até o rei. Assim se fez, e ela foi até o rei, e ali foi ouvida, sendo que o povo de Deus teve a oportunidade de se defender e atacar os que desejavam mata-los, já que o primeiro decreto do rei não poderia ser desfeito. O apóstolo Paulo viajou por todo o império romano no primeiro século, e abriu igrejas em diversas localidades, até voltar para Jerusalém e começar a pregar sobre Jesus, o Messias. Por esse motivo, ele foi preso pelas autoridades religiosas e entregue aos soldados romanos, que iam chicotea-lo; até que Paulo falou ao comandante que ele era um cidadão romano, e que não deveria ser condenado sem julgamento. O comandante foi a seu oficial e ambos e os soldados ficaram preocupados com a situação, e foi feito um julgamento diante dos fariseus e saduceus; sendo que houve uma confusão provocada por Paulo, usando as diferenças sobre doutrinas dos fariseus e saduceus, até que Paulo foi retirado da reunião. Depois, ao saber que seria morto numa emboscada, Paulo avisou ao comandante e assim, ele foi enviado para Cesareia com uma escolta romana, e ali ficou dois anos falando com o Governador Felix sobre as Escrituras; até que veio um novo Governador, Festo, que como desejava ficar de bem com as autoridades religiosas, iria levar Paulo para ser julgado novamente em Jerusalém. Mas, nesta ocasião Paulo apelou para César, para ser ouvido em Roma, e recebeu sua resposta de Festo: “Muito bem, você apelou a Cesar, então irá para Cesar” (Atos 25.12). E assim Paulo não foi morto, e após anunciar o Evangelho ao rei Agripa junto de Festo, acabou sendo levado até Roma e ali ficou preso, vindo a escrever boa parte das cartas que lemos hoje na Bíblia. E ainda, nós podemos observar a Providência e o Governo de Deus na história acerca de situações relacionadas ao Estado e Política, através da vida de José, que foi traído pelos irmãos e vendido aos midianitas, abandonado por Potifar e esquecido pelo chefe dos copeiros na prisão... até que José revelou ao Faraó o significado dos sonhos que ele tinha sobre a nação, e orientou como ele deveria governar o período de dificuldades que viria sobre o Egito. E assim, o Faraó fez de José o Governador do Egito, sendo que sobre toda essa situação, José falou aos irmãos; “Deus me enviou à frente de vocês para lhes preservar um remanescente nesta terra e para salvar-lhes a vida com grande livramento”. Vejam que “vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos” (Gênesis 45.5 e 50.20). Então, observe que o Povo de Deus sempre teve proximidade com as Autoridades de Governos que dominavam Israel ou não eram um governo de Israel, porque eles estavam em outras terras; como o Egito, Babilônia e no Império Romano. Mas, nessas ocasiões, o povo de Deus orava por oportunidades e segurança, e buscava dialogar com as autoridades para que houvesse justiça e liberdade religiosa, sendo que enquanto isso acontecia, alguns deles se tornaram autoridades destas sociedades; pois Daniel era uma espécie de Ministro de Estado, e Ester era uma Rainha com autoridade no império, e José se tornou Governador, enquanto Paulo utilizava os benefícios de ser cidadão de um governo que gostava de manter a ordem no império, para se proteger dos que queriam mata-lo. Veja que em cada uma dessas ocasiões, o povo de Deus orou e conversou com as Autoridades, e também assumiu postos de autoridade, para trazer paz e tranquilidade ao povo de Deus, e ainda, para abençoar com esses valores a toda sociedade de que faziam parte naquele período. Nesse sentido, a orientação de Paulo para nós hoje sobre as Eleições está relacionada aos propósitos de Deus para o Estado e a Política na história, sendo algo que Deus governa há mais de três mil anos; com o povo de Deus sendo chamado a interceder pelas Autoridades, dialogar com elas e assumir posições de autoridade para fazer justiça na sociedade, dando liberdade civil e religiosa ao povo de Deus e para todos os homens. Portanto, os cristãos devem assumir a sua responsabilidade nas Eleições sempre, e votar com sabedoria para que tenhamos paz, tranquilidade e justiça; pois Deus é Soberano!

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Meditação Dominical. UM SALMO DE DAVI.

TEXTO Bíblico: Salmo 86. "Ouve minha oração, ó Eterno! Responde-me! (...) Socorre teu servo, pois dependo de ti! Tu és meu Deus: tem misericórdia de mim! Conto contigo desde a manhã até à noite. Dá a teu servo uma vida feliz: eu me ponho em tuas mãos! (...) Presta atenção, ó Eterno, à minha oração! (...) Toda vez que estou com problemas, recorro a ti, certo de que me atenderás. (...) Ensina-me, ó Eterno, a andar como se deve, e seguirei teu caminho de verdade. Junta-me, coração e mente, e, inteiro, te adorarei com temor. Do fundo do meu coração agradeço a ti, querido Senhor; Nunca mantive segredo do que és capaz. (...) Então, olha-me nos olhos e mostra bondade, dá ao teu servo força para continuar, salva teu filho querido." MEDITAÇÃO. O pastor Tim Keller da Igreja Presbiteriana de Nova Iorque, escreveu o livro; Oração, experimentando intimidade com Deus. Ao falar da riqueza da oração dos cristãos, tomou uma poesia de G Herbert (1593-1633), utilizando imagens e figuras para expressar a profundidade desta experiência de comunhão e relacionamento com Deus. Vamos ler um pouco desta poesia: "Oração, banquete das igrejas, tempo de anjos, sopro de Deus no homem de volta ao nascimento (...) suavidade, e paz, e júbilo, e amor, e êxtase, maná exaltado, alegria superlativa, céu no prosaico, homem em belas vestes, (...) sinos de igreja que se ouvem além das estrelas, sangue da alma, terra de especiarias, algo compreendido". Agora, deixo a você a seguinte frase: Oração "é sopro de Deus no homem de volta ao nascimento". ORAÇÃO. Faça a leitura do Salmo que está no início desta Meditação pra começar a sua oração e então peça pra Deus abençoar situações da sua vida e seus pedidos. Bom Domingo! Autor. Ivan Santos Rüppell Júnior é Professor de Ciências da Religião e Teologia. (Referências: A Mensagem; Bíblia em Linguagem Contemporânea / Eugene H Peterson; supervisão Luiz Sayão - São Paulo: Editora Vida, 2011. Keller, Timothy. Oração: experimentando intimidade com Deus; tradução de Jurandy Bravo. - São Paulo: Vida Nova, 2016)

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

A Justificação pela Fé nas INSTITUTAS de J Calvino

Esse texto contém o pensamento do reformador João Calvino sobre o tema da “Justificação pela Fé”, conforme exposto em quatro tópicos no terceiro livro das Institutas. O maior exegeta da Reforma dedicou grande parte de sua vida para articular uma teologia didática e profunda do conhecimento de Deus na Bíblia, no interesse de orientar os cristãos líderes e leigos numa boa doutrina protestante. O texto a seguir foi escrito através de resumos, citações e paráfrases, a partir do Resumo das Institutas, de J. P. Willes. Boa leitura! LIVRO TRÊS. Tópico 11. A Justificação pela Fé. A maior dádiva do amor de Deus por nós é Cristo, e iremos tomar conhecimento e experimentar as suas bênçãos através de dois benefícios principais. Primeiro, sabendo que somos reconciliados com Deus mediante a inocência de Cristo, e assim, temos um Pai clemente nos céus ao invés de um Juiz. Segundo, enquanto o Espírito santifica as nossas personalidades, passamos a experimentar a inocência e a pureza verdadeiras da vida. A nossa reconciliação com Deus mediante a Justiça de Cristo é a principal doutrina dos fundamentos da nossa religião. Pois, até que o homem conheça a sua verdadeira posição perante Deus e de como estamos situados diante da sua Justiça, jamais teremos uma base firme de esperança para nossa salvação, a fim de que venhamos adorar ao Senhor de maneira satisfatória. Observe que um homem é justificado perante Deus quando ele é considerado justo no julgamento do Senhor, sendo então, aceito por Deus. Pois todo pecado é odioso a Deus e os pecadores não irão permanecer na sua presença, se os pecados que eles praticaram forem levados em conta, afinal, a ira de Deus é revelada toda vez que algum pecado é achado na vida do homem. No entanto, quando um homem é considerado justo, e não mais um pecador diante de Deus, dizemos que esse homem foi justificado! Dessa forma, esse homem vai ficar de pé diante do tribunal da justiça de Deus, enquanto os pecadores ali irão cair. Observe que, um homem inocente poderia ser declarado justificado diante de um juiz, se fosse demonstrado no tribunal que ele não é culpado de nada do que o acusam; e assim, da mesma forma, uma pessoa que tem Deus por sua testemunha e por garantia da sua justiça, de igual modo, ela será considerada justificada diante do Senhor. Ao mesmo tempo, um homem seria justificado por suas próprias obras se fossem achadas na sua vida aquela pureza e santidade que fizessem Deus declarar que ele era um justo. E nesse mesmo propósito, mas numa outra perspectiva, também pode-se dizer que um homem teria condições de ser declarado justo diante de Deus e justificado perante o Senhor, quando ele, ainda que não tenha praticado as suas próprias obras de justiça, viesse a receber e incorporar na sua pessoa e existência a justiça das obras praticadas por Jesus Cristo. Nessa situação, quando esse homem é revestido das obras da justiça de Cristo, ele tem a condição de se colocar diante de Deus como uma pessoa justa, e não mais, como um pecador. Nesse caso, o significado da justificação consiste na retirada da condenação dos pecados praticados por esse homem, e na declaração da justiça vivenciada por Cristo, sobre ele. Agora, irei mencionar algumas das muitas provas que as Escrituras dão sobre essa doutrina. Observe que, quando Paulo diz que as Escrituras previram que Deus justificaria os gentios pela fé; o que estaria ele dizendo senão, que Deus considera que eles são justos exatamente pela fé? (Gálatas 3.8). E quando Paulo diz que Deus justifica o ímpio “que tem fé em Jesus”; o que poderia ele dizer senão, que Deus está utilizando a fé como um instrumento para libertar os ímpios da condenação, que a sua impiedade merece? (Romanos 3.26). O apóstolo fala disso de forma direta na mesma carta, ao clamar: “Quem se atreve a acusar os escolhidos de Deus? Ninguém, pois o próprio Deus nos declara justos diante d´Ele. Quem nos condenará, então? Ninguém, pois Cristo Jesus morreu e ressuscitou e está sentado no lugar de honra, à direita de Deus, intercedendo por nós.” (Romanos 8.33-34). Paulo destaca o seguinte argumento: Quem vai acusar aqueles que Deus inocentou? Quem vai condenar aqueles por quem Jesus intercede? Portanto, já que Deus nos declara justos devido à intercessão e mediação de Jesus Cristo, também sabemos que não somos ou seremos inocentes a partir de nossos próprios atos, mas sim; nós somos inocentes porque a Justiça de Cristo foi entregue e colocada sobre a nossa pessoa. Por isso, quando o publicano voltou para sua casa justificado, não se pode dizer que ele alcançou a justiça pelos méritos das obras que ele praticou; mas sim, dizemos que ele foi justificado porque Deus o declarou inocentado. Porém, a melhor passagem bíblica para confirmar essa doutrina é a declaração que expõe a síntese da mensagem do evangelho, em 2 Coríntios 5.18-21: “E tudo isso vem de Deus, aquele que nos trouxe de volta para si por meio de Cristo e nos encarregou de reconciliar outros com ele. Pois, em Cristo, Deus estava reconciliando consigo o mundo, não levando mais em conta os pecados das pessoas. E ele nos deu esta mensagem maravilhosa de reconciliação. Agora, portanto, somos embaixadores de Cristo; Deus faz seu apelo por nosso intermédio. Falamos em nome de Cristo quando dizemos: “Reconciliem-se com Deus!” Pois Deus fez de Cristo, aquele que nunca pecou, a oferta por nosso pecado, para que por meio dele fôssemos declarados justos diante de Deus.” Muitos imaginam que a Justificação cristã é parcialmente pelas obras e parcialmente pela fé; mas as Escrituras ensinam que a justificação pela fé e a justificação pelas obras são de tal maneira opostas entre si que, se uma ficar de pé, a outra deve cair. Nós só iremos confiar plenamente na misericórdia de Deus e na perfeição de Cristo para nossa justificação, quando abandonarmos qualquer confiança e expectativa de sermos justos por nossas próprias obras e atitudes. Agostinho diz que nesta vida a justiça dos cristãos consiste mais na remissão dos seus pecados, do que na perfeição de suas virtudes. E outro escritor antigo anuncia de forma admirável essa questão, ao dizer: “Não pecar é a justiça de Deus; receber perdão de Deus é a justiça do homem!” LIVRO TRÊS. Tópico 12. Para entender a Necessidade da Justificação Gratuita, devemos elevar os pensamentos para o Trono do Julgamento Divino. Observe que nossa necessidade de receber uma justificação graciosa da parte do Senhor, decorre do fato de que o julgamento que vai avaliar nossas vidas não será num tribunal humano, mas sim, diante do tribunal de Deus! E isso requer levar em conta a perfeição das obras que poderão ser aceitas ali. Pois a Justiça de Deus só irá considerar e aceitar o que está absolutamente perfeito e livre de qualquer mancha de impurezas. Vamos meditar juntos: “Como responderemos diante do tribunal de Deus quando Ele nos chamar para prestar contas?” Deus não é um Juiz do tipo que imaginamos, mas sim, Ele é conforme está descrito nas Escrituras: Ele é um Juiz cujo esplendor deixa as estrelas ofuscadas, e por cujo poder as montanhas são derretidas, por cuja ira a terra é sacudida, por cuja sabedoria os sábios são presos na sua astúcia; de quem se diz: “Os céus não estão puros à sua vista”. E que não irá inocentar os culpados de qualquer jeito, pois sua vingança, uma vez despertada, alcança até as profundezas do inferno. Se Deus subir ao seu trono para examinar as obras dos homens, quem ficará em pé diante d´Ele? E se Ele guardar um registro de nossas iniquidades, quem poderá sobreviver? (Salmo 130.3). A sua justiça ultrapassa a nossa compreensão, e se for exigido que a nossa vida seja conforme a sua lei para que sejamos absolvidos no seu Tribunal e aceitos na sua Presença, então, devemos tremer diante das maldições reveladas no propósito de nos acordar para esta realidade, especialmente a que diz: “Maldito quem não confirmar e cumprir os termos dessa lei.” (Deuteronômio 27.26). Portanto, devemos ficar atentos para os juízos deste tribunal, ao invés de ficar olhando para nossas boas intenções e ações. Pois, mesmo pensando que somos iguais a outros homens, ou melhor do que eles, isto nada tem a ver com a realidade de que todos nós iremos, sim, comparecer diante de Deus! Jesus disse o seguinte para aqueles que se consideravam justos a seus próprios olhos: “Vocês gostam de parecer justos em público, mas Deus conhece o seu coração. Aquilo que este mundo valoriza é detestável aos olhos de Deus.” (Lucas 16.15). A sabedoria de Salomão ensina que “todo caminho do homem é reto aos seus próprios olhos”, porém, o “Senhor sonda os corações” e “pesa os espíritos” (Provérbios 21.2, 16.2). Assim, enquanto o homem se lisonjeia com uma aparência vã de justiça, o Senhor coloca a sua vida numa balança, até revelar a iniquidade oculta de seu coração. Portanto, não vamos mais nos iludir desta forma, pois isto só aumenta a nossa própria destruição. A análise e compreensão correta acerca da nossa existência requer que estejamos diante do tribunal de Deus. A luz do Senhor é necessária para penetrar os recantos profundos e ocultos de nossa natureza corrompida; e somente nessa luz iremos compreender a veracidade das palavras de Isaías: “Todos nós nos desviamos como ovelhas; deixamos os caminhos de Deus para seguir os nossos caminhos.” (53.6). Por isso, devemos realizar um exame severo acerca de nós mesmos, para logo perceber a realidade da nossa dor e desgraça, pois somente assim estaremos preparados para receber a graça de Cristo, já que Deus resiste aos soberbos, mas aos humildes Ele dá sua graça! Sim, as Escrituras testificam continuamente que devemos ser humilhados antes que possamos ser exaltados, e nosso excelentíssimo Mestre Jesus de Nazaré demonstra esta verdade como num quadro, na parábola do fariseu e do publicano; pois somente aquele que se humilhou e confessou seus pecados voltou justificado para sua casa. A sonolência dos pecadores que não prestam atenção no julgamento de Deus, enquanto se embriagam com a doçura de seus vícios, colocam a si mesmos num estado constante de preguiça e inércia, e assim, não demonstram interesse na misericórdia oferecida no Evangelho. Esta sonolência e toda a confiança em nós mesmos deveriam ser jogadas fora, para que todos possamos correr para Cristo, a fim de preencher as nossas almas vazias e famintas com as bênçãos que Ele nos oferece. Pois só iremos confiar em Cristo assim que viermos a desconfiar de nós mesmos, e nunca seremos exaltados até que sejamos humilhados; já que nunca acharemos consolo n´Ele até que sintamos o real vazio e desolação que alcançamos, quando confiamos em nós mesmos.” LIVRO TRÊS. Tópico 13. A Justificação pela Fé Glorifica a Deus, e traz Paz à Consciência. As Escrituras exortam o povo fiel para que somente Deus receba toda a Glória acerca da Justiça, sendo que o Apóstolo Paulo esclarece que Deus derramou sobre nós a Justiça de Cristo, exatamente no propósito de declarar ao mundo qual era o tipo e modelo da única e singular Justiça proveniente de Deus, a qual pertence somente a Ele. Deus fez assim para que a humanidade viesse a reconhecer que somente Deus é Justo, sendo também, o único Justificador dos homens. (...) Saiba que a justiça operada em nós pela regeneração nunca será perfeita e completa enquanto estivermos neste corpo, e por isso, se dependermos dela para sermos aceitos por Deus, teremos um grande número de razões que só irão aumentar nossas dúvidas e temores. O único remédio é edificar nossas esperanças no fundamento acima, isto é, que somos enxertados no corpo de Cristo, e, portanto, somos livremente justificados n´Ele! LIVRO TRÊS. Tópico 14. O Começo e o Progresso contínuo da Justificação. Para expor mais claramente a nossa doutrina, vamos classificar os homens em quatro grupos. a) aqueles que estão atolados na idolatria sem qualquer conhecimento de Deus; b) aqueles que por suas vidas impuras negam o mesmo Deus que confessam com suas bocas, e que se tornam meros cristãos nominais; c) os hipócritas que escondem a maldade de seu coração mediante aparências vãs; d) e, aqueles que são regenerados pelo Espírito de Deus e seguem na santidade. Se houver no primeiro grupo alguns homens com atitudes morais dignas de reconhecimento exterior, parecendo que possuem alguma medida de santidade; não devemos esquecer que Deus não olha apenas para a aparência externa, mas sim, para o coração. (...) O segundo e terceiro grupos podem ser reunidos num só. A impureza das suas consciências prova que nenhum deles foi ainda, regenerado pelo Espírito de Deus; e, não sendo regenerados, não tem fé! Daí fica claro que ainda não estão reconciliados com Deus, e nem justificados diante d´Ele. No entanto, todos os ímpios, especialmente os hipócritas, embora saibam que seus corações estão cheios de impureza, ainda pensam que as suas boas ações são dignas de aceitação. Vamos ver agora, quanta justiça pode ser encontrada no quarto grupo. Nós sabemos que ao ser reconciliados com Deus mediante a Justiça de Cristo, sendo então, considerados justos devido à retirada da condenação oriunda de nossos pecados; o que vai ocorrer a partir daí é que Deus vem habitar em nossas vidas pelo Seu Espírito, para nos santificar pelo Seu poder. No entanto, nesta nova situação, ainda vamos carregar conosco a vaidade daquelas obras que iremos continuar praticando por nós mesmos, algo que vai exigir que o nosso orgulho seja refreado continuamente pela virtude da humildade. Desta forma, não devemos esquecer que, jamais alguma boa obra foi realizada por qualquer homem na história; e mesmo que algo bom tivesse sido realizado, essa atitude perderia seu valor, pelas outras obras imperfeitas de que seu autor seria culpado de ter praticado. Portanto, os cristãos não devem colocar nenhuma confiança nas suas próprias boas obras, mas simplesmente, devem considera-las como dádivas da bondade de Deus e sinais da sua própria vocação e eleição. Pois é um erro comum supor que nossa justiça poderia ser realizada parcialmente pelas nossas próprias obras; razão pela qual, devemos vigiar cuidadosamente contra essa ideia, recordando que a Justiça de Deus vem a nós somente através de Cristo, e unicamente pela fé! (WILES, Joseph Pitts. As Institutas da Religião Cristã – um resumo. João Calvino. Tradução do inglês: Gordon Chown. Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, SP, 1984. p 246-255). Autor: Ivan Santos Rüppell Júnior, Pastor da Igreja Presbiteriana Olaria, Curitiba/PR e Professor de Ciências da Religião.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Dinâmica dos Encontros de Pequenos Grupos da Igreja Presbiteriana Olaria, 2021

Olá, seja bem vindo aos Encontros de amizade e estudos biblicos da Igreja Presbiteriana Olaria. O objetivo é que os participantes possam receber um breve estudo bíblico, e depois, que tenham tempo para compartilhar suas impressões, sentimentos e experiências, e também para orarmos por pedidos pessoais. Segue a dinâmica básica das reuniões, para lhe auxiliar no entendimento do formato dos encontros. Que Deus Pai abençoe você! DINÂMICA das reuniões de Pequenos Grupos: QUEBRA-Gelo: (10 min). O quebra-gelo é utilizado para aquecer os participantes, de uma forma descontraída e perguntas simples, é uma oportunidade de interação e conhecimento mútuos. ORAÇÃO Inicial: Neste momento nos colocamos na presença do nosso Deus e Pai e pedimos auxílio para nos orientar e instruir em Sua Palavra. COMPARTILHAR da Palavra: (10 min). O líder do PG se torna o FACILITADOR desse momento expondo o texto através da leitura bíblica e na sequência inicia as perguntas para todos os participantes. PERGUNTAS: As perguntas realizadas pelo FACILITADOR auxiliam a compreensão e aplicação do texto bíblico na vida diária. ORANDO Por Nossos Amigos e Familiares: Neste momento apresentamos os nomes de pessoas que gostaríamos que participassem dos PGs, pedindo a Deus que toque os corações e que possamos ser usados por Deus para convida-los, além de intercedermos por pedidos diversos. (formato baseado em orientações de PGs, da Igreja Presbiteriana do Barreto.).

sábado, 24 de outubro de 2020

Meditação Dominical. VIVER PELA FÉ!

TEXTO Bíblico: "As boas-novas revelam como opera a justiça de Deus, que, do começo ao fim, é algo que se dá pela fé. Como dizem as Escrituras: "O justo viverá pela fé". (Carta aos Romanos, 1.17). "A inquietação espiritual que atormentava outros grandes cristãos, ao longo de todas as épocas, também influenciou o Monge Martinho Lutero. Ele estava consciente do próprio pecado, da santidade divina e da sua grande incapacidade de obter o favor de Deus. Em 1510, Lutero viajou para Roma e ficou desiludido com o tipo de fé mecânica que encontrou ali. Fez tudo o que pôde para ser piedoso. Subiu a escada de Pilatos, em que Cristo supostamente caminhou. Lutero orava e beijava cada degrau à medida que prosseguia, mas, mesmo ali, suas dúvidas ainda fervilhavam. Em 1515, começou a estudar e ensinar a Carta de Paulo aos Romanos. As palavras de Paulo consumiram a alma de Lutero. "Minha situação era que, apesar de ser um monge impecável, eu me punha diante de Deus como um pecador perturbado por minha consciência e não tinha confiança de que meus méritos poderiam satisfazê-lo", escreveu Lutero. "Noite e dia eu ponderava, até que vi a conexão entre a justiça de Deus e a afirmação de que "o justo viverá pela fé". Então, entendi que a justiça de Deus é a retidão (de Cristo) pela qual a graça e a absoluta misericórdia de Deus nos justificam pela fé. Em razão dessa descoberta, senti que renascera e entrara pelas portas abertas do paraíso. Toda a Escritura passou a ter um novo significado (...), esta passagem de Paulo tornou-se para mim, o portão para o céu". (Curtis, 2003, p 110). O verso bíblico "O justo viverá pela fé" explica o modo como os cristãos conseguem estar junto da presença de Deus, mesmo sendo pecadores e falhos. Pois eles não são aceitos por Deus porque são bons, mas sim porque Jesus é bom. E eles irão aproveitar o que Jesus fez diante de Deus, tomando isto para as suas próprias vidas com Deus. Ou seja, irão viver com Deus pela fé no que Jesus realizou, quando ele foi homem justo e levou os pecados dos injustos, na cruz. A angústia de Lutero sobre ter a consciência atormentada por não conseguir obedecer a lei de Deus para sentir-se aceito e próximo de Deus, é uma experiência que você passa? ORAÇÃO. Santo Deus e Pai nosso que está nos céus. Que a graça e a paz do Senhor estejam sobre mim. Perdoa os meus pecados e purifica os meus desejos ruins. Quebranta o meu coração e me faz humilde. Derrama fé e temor no meu coração. Que venha o seu reino e seja feita a sua vontade sobre mim. Não me deixes cair em tentação, mas livra-me do mal. AMÉM! Autor. Ivan S Rüppell Jr é professor de ciências da religião e teologia, e ministro licenciado da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: CURTIS, A Kenneth. Os 100 acontecimentos mais importantes da história do cristianismo: tradução Emirson Justino - São Paulo : Editora Vida, 2003.

A Justificação pela Fé na Carta de Paulo aos Romanos

A doutrina cristã da "Justificação pela Fé", ensinada por Agostinho e revitalizada por Lutero se tornou uma bandeira da Reforma Protestante de Outubro de 1517, anunciando que a salvação religiosa do ser humano no cristianismo é um dom gratuito oferecido por Deus, que iremos receber somente pela fé; ponto! Para Lutero, "cada aspecto da fé depende dessa doutrina central e dominante, e escritores protestantes posteriores se referiam a isso como os articulus stantis et cadentis ecclesia - "artigos pelos quais a igreja permanece ou cai". (McGrath, 2012, p 62). Essa publicação é a primeira de uma série que iremos divulgar nesta "Semana da Reforma Protestante 2020", e seu conteúdo vai apresentar a mensagem de Paulo sobre o tema conforme foi descrito na carta aos romanos. Acompanhe a seguir, cerca de 40 versículos bíblicos sobre este tema que estão na carta entre os cap. 1 a 12, e faça suas próprias meditações acerca da Justificação pela Fé, segundo as Escrituras. TEXTO BIBLICO DA CARTA AOS ROMANOS: "Eu, Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo e enviado para anunciar as boas-novas de Deus, escrevo esta carta. Deus prometeu as boas-novas muito tempo atrás nas Escrituras Sagradas, por meio de seus profetas. Elas se referem a seu Filho, que, como homem, nasceu da linhagem do rei Davi, e, quando o poder do Espírito Santo o ressuscitou dos mortos, foi demonstrado que ele era o Filho de Deus. Ele é Jesus Cristo, nosso Senhor." (1.1-4). "Pois não me envergonho das boas-novas a respeito de Cristo, que são o poder de Deus em ação para salvar todos os que creem, primeiro os judeus, e também os gentios. As boas-novas revelam como opera a justiça de Deus, que, do começo ao fim, é algo que se dá pela fé. Como dizem as Escrituras: "O justo viverá pela fé". (1.16-17). "Pois bem, devemos concluir que nós, judeus, somos melhores que os outros? Não, de maneira nenhuma, pois já mostramos que todos, judeus ou gentios, estão sob o poder do pecado. Como afirmam as Escrituras: "Ninguém é justo, nem um sequer. Ninguém é sábio, ninguém busca a Deus. Todos se desviaram...". (...) "É evidente que a lei se aplica àqueles a quem ela foi entregue, pois seu propósito é evitar desculpas e mostrar que todo mundo é culpado diante de Deus. Pois ninguém será declarado justo diante de Deus por fazer o que a lei ordena. A lei simplesmente mostra quanto somos pecadores." (1.9-12, 19-20). "Agora, porém, conforme prometido na lei de Moisés e nos profetas, Deus nos mostrou como somos declarados justos diante dele sem as exigências da lei: somos declarados justos diante de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, e isso se aplica a todos que creem, sem nenhuma distinção. Pois todos pecaram e não alcançam o padrão da glória de Deus, mas ele, em sua graça, nos declara justos por meio de Cristo Jesus, que nos resgatou do castigo por nossos pecados. Deus apresentou Jesus como sacrifício pelo pecado, com o sangue que ele derramou, mostrando assim sua justiça em favor dos que creem... Com isso, Deus se mostrou justo, condenando o pecado, e justificador, declarando justo o pecador que crê em Jesus... Portanto, somos declarados justos por meio da fé, e não pela obediência à lei." (2.21-28). "Portanto, uma vez que pela fé fomos declarados justos, temos paz com Deus por causa daquilo que Jesus Cristo, nosso Senhor, fez por nós. Foi por meio da fé que Cristo nos concedeu esta graça que agora desfrutamos com segurança e alegria, pois temos a esperança de participar da glória de Deus." (5.1). "Pois bem, devemos continuar pecando para que Deus mostre cada vez mais sua graça? Claro que não! Uma vez que morremos para o pecado, como podemos continuar nele? Ou acaso se esqueceram de que, quando fomos unidos a Cristo Jesus no batismo, nos unimos a ele em sua morte? Pois, pelo batismo, morremos e fomos sepultados com Cristo. E, assim como ele foi ressuscitado dos mortos pelo poder glorioso do Pai, agora nós também podemos viver uma nova vida." (6.1-4). "Na verdade, estou dizendo que a lei de Deus é pecaminosa? Claro que não! Na verdade, foi a lei que me mostrou meu pecado. Eu jamais saberia que cobiçar é errado se a lei não disesse: "Não cobice". Mas o pecado usou esse mandamento para despertar dentro de mim todo tipo de desejo cobiçoso." (...) "O problema não está na lei, pois ela é espiritual e boa. O problema está em mim, pois sou humano, escravo do pecado. Não entendo a mim mesmo, pois quero fazer o que é certo, mas não o faço... E eu sei que em mim, isto é, em minha natureza humana, não há nada de bom, pois quero fazer o que é certo, mas não consigo. Quero fazer o bem, mas não o faço. Não quero fazer o que é errado, mas, ainda assim, o faço (...) Como sou miserável? Quem me libertará deste corpo mortal dominado pelo pecado? Graças a Deus, a resposta está em Jesus Cristo, nosso Senhor." (7.7-8, 14-19, 24-25). "Agora, portanto, já não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus. Pois em Cristo Jesus a lei do Espirito que dá vida os libertou da lei do pecado, que leva à morte. A lei não era capaz de nos salvar por causa da fraqueza de nossa natureza humana, por isso Deus fez o que a lei era incapaz de fazer ao enviar seu Filho na semelhança de nossa natureza humana pecaminosa e apresenta-lo como sacríficio por nosso pecado. Com isso, declarou o fim do domínio do pecado sobre nós, de modo que nós, que agora não seguimos mais nossa natureza humana, mas sim o Espírito, possamos cumprir as justas exigências da lei." (8.1-4). "Aqueles que são dominados pela natureza humana pensam em coisas da natureza humana, mas os que são controlados pelo Espírito pensam em coisas que agradam o Espírito... Vocês, porém, não são controlados pela natureza humana, mas pelo Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, a ele não pertence." (8. 5,9). "Portanto, irmãos, vocês não tem de fazer o que sua natureza humana lhes pede, porque, se viverem de acordo com as exigências dela, morrerão. Se, contudo, pelo poder do Espírito, fizerem morrer as obras do corpo, viverão, porque todos que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Pois vocês não receberam um espírito que os torne, de novo, escravos medrosos, mas sim o Espírito de Deus, que os adotou como seus próprios filhos. Agora nós o chamamos "Aba, Pai", pois o seu Espírito confirma a nosso espírito que somos filhos de Deus." (8.12-15). "E o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos orar segundo a vontade de Deus, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos que não podem ser expressos em palavras... E sabemos que Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que o amam e que são chamados de acordo com seu propósito. Pois Deus conheceu de antemão os seus e os predestinou para se tornarem semelhantes à imagem de seu Filho, a fim de que ele fosse o primeiro entre muitos irmãos... Que podemos dizer diante de coisas tão maravilhosas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?... E estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o que existe hoje nem o que virá no futuro, nem poderes, nem altura nem profundidade, nada, em toda a criação, jamais poderá nos separar do amor de Deus revelado em Cristo Jesus, nosso Senhor." (8.26-29, 31, 35-39). "Portanto, irmãos, suplico-lhes que entreguem seu corpo a Deus, por causa de tudo que ele fez por vocês. Que seja um sacrifício vivo e santo, do tipo que Deus considera agradável. Essa é a verdadeira forma de adora-lo. Não imitem o comportamento e os costumes deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma mudança em seu modo de pensar, a fim de que experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para vocês." (12.1-2). BREVE Interpretação de Romanos 1.17: "As boas-novas revelam como opera a justiça de Deus, que, do começo ao fim, é algo que se dá pela fé. Como dizem as Escrituras: "O justo viverá pela fé". Comentário da Bíblia de Genebra: "1.17 a justiça de Deus. Essa é a frase-chave da epístola aos Romanos (3.21; 5.19; 10.3), regularmente explicada na epístola como "justiça... através (ou da) fé" (3.22; 9.30; 10.6). Na qualidade de juiz justo e reto, Deus justifica ou declara reto, por meio da morte de seu Filho, aqueles pecadores que confiam em Cristo com verdadeira fé (3.21-26; 5.10). A leitura deste versículo, por parte de Lutero, exerceu um decisivo impacto em sua compreensão sobre a justificação. Paulo acentua o fato de que o evangelho reclama a necessidade da fé. "O justo VIVERÁ pela fé": o verso se refere à vida em contraste com a morte espiritual, e a vida no sentido de uma contínua comunhão com Deus. Do princípio ao fim, viver piedosamente significa confiar em Deus e depender de sua graça." (p 1318, 1319). REFERÊNCIAS: Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. McGrath, Alister. Revolução Protestante / tradução Lena e Regina Aranha. - Brasília, DF : Palavra, 2012. Bíblia Sagrada: Nova Versão Transformadora : letra grande / - 1. ed. - São Paulo : Mundo Cristão, 2016.

domingo, 18 de outubro de 2020

A RELIGIÃO PURA E VERDADEIRA! Estudo de Pequenos Grupos da Igreja Presbiteriana Olaria, 19 a 23 de Outubro

TEXTO Bíblico Inicial: “A religião pura e verdadeira aos olhos de Deus, o Pai, é esta: cuidar dos orfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo." (Tiago 1.27). MEDITAÇÃO. As viúvas se tornaram a primeira preocupação social da Igreja de Cristo, assim que os cristãos começaram a se reunir como Povo de Deus (Atos 6.1), e essa situação não mudou, mesmo que hoje existam a rede de assistência da Saúde e de Aposentadoria do governo. E quanto às crianças orfãs, bem, mesmo que existam Casas Lares para atende-las, as suas necessidades serão sempre maiores do que qualquer outro ser humano, devido sua idade e carências. Então, o que parece não ter mudado é o fato da Igreja do Senhor ainda precisar ser exortada para organizar a fraternidade da Família de Deus junto aos que precisam de atenção e sustento. Mas, isso também não é novidade, pois a todo instante nós temos conhecimento de novas notícias sobre o desamparo que acomete as viúvas e os orfãos neste mundo, além de tantas outras pessoas. Então, vamos meditar num conselho simples do Apóstolo Tiago, que ao seguir o entendimento de Paulo, que dizia que a "fé se expressa pelo amor", afirmou que os cristãos deveriam mostrar a sua fé pelas obras: "Não se limitem, porém, a ouvir a palavra; ponham-na em prática. Do contrário, só enganarão a si mesmos. Pois, se ouvirem a palavra e não a praticarem, serão como alguém que olha no espelho, vê a si mesmo, mas, assim que se afasta, esquece como era sua aparência." (Tiago 1.22-24). COMPARTILHAR em Grupo. Leitura bíblica base: “A religião pura e verdadeira aos olhos de Deus, o Pai, é esta: cuidar dos orfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo". Pergunta 1. O que esse texto bíblico fala a seu coração, até pelo fato do Apóstolo usar a expressão: "religião pura e verdadeira"? Pergunta 2. Quê tipos de atividades a Igreja poderia realizar pensando nos órfãos e viúvas da Igreja e da Sociedade? Pergunta 3. Meditamos nas últimas semanas em dois textos da Palavra de Deus que ensinam sobre a sujeição do cristão ao Senhor em todas as áreas da vida, conforme Tiago 4.7: “Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês"; e acerca de como os cristãos devem ser reconhecidos pela sua bondade, conforme Gálatas 6.9: “Portanto, não nos cansemos de fazer o bem. No momento certo, teremos uma colheita de bênçãos, se não desistirmos”. (Gálatas 6.9). O que mudou em seus sentimentos e na sua atitude desde que meditamos nestes versículos, à luz da exortação de Tiago para que os cristãos "não se limitem, porém, a ouvir a palavra..."? Boa Semana! DINÂMICA das reuniões de Pequenos Grupos: QUEBRA-Gelo: (10 min). O quebra-gelo é utilizado para aquecer os participantes, de uma forma descontraída e perguntas simples, é uma oportunidade de interação e conhecimento mútuos. ORAÇÃO Inicial: Neste momento nos colocamos na presença do nosso Deus e Pai e pedimos auxílio para nos orientar e instruir em Sua Palavra. COMPARTILHAR da Palavra: (10 min). O líder do PG se torna o FACILITADOR desse momento expondo o texto através da leitura bíblica e na sequência inicia as perguntas para todos os participantes. PERGUNTAS: As perguntas realizadas pelo FACILITADOR auxiliam a compreensão e aplicação do texto bíblico na vida diária. ORANDO Por Nossos Amigos e Familiares: Neste momento apresentamos os nomes de pessoas que gostaríamos que participassem dos PGs, pedindo a Deus que toque os corações e que possamos ser usados por Deus para convida-los, além de intercedermos por pedidos diversos. (formato baseado em orientações de PGs, da Igreja Presbiteriana do Barreto.).

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

ESTADO E POLÍTICA nas Institutas de J. Calvino. Outubro de 2020.

Citações iniciais: (1) “As autoridades são servos de Deus, para o seu bem. Mas, se você estiver fazendo algo errado, é evidente que deve temer, pois elas têm o poder de puni-lo, pois estão a serviço de Deus para castigar os que praticam o mal.” (Carta aos Romanos, 13.4). (2) “Calvino foi um patrono dos direitos humanos; lutou contra os abusos do poder em seu tempo e chegou até mesmo a lidar com o problema político-filosófico da desobediência civil e do direito de revolta. Em seu pensamento ele antecipou os fundamentos da moderna forma de governo republicano, tornou-se um dos pais da democracia moderna, e contribuiu decisivamente para a compreensão cristã do relacionamento entre lei natural e lei positiva.” (R. Q. Gouvêa) (Calvino, p 8, 2001). ESTADO E POLÍTICA, segundo AS INSTITUTAS, de João Calvino. Citação: “Meu objetivo nessa obra é preparar e treinar estudantes de teologia para o estudo da palavra de Deus, para que possam ter um fácil ingresso no estudo dessa palavra e sejam capazes de lhe dar continuidade sem obstáculos.” (João Calvino) (McGrath, p 111, 2005). O maior pensador da Reforma Protestante desenvolveu um valioso tratado religioso ao apresentar os conteúdos do Cristianismo num modelo que valoriza a teologia bíblica, ao mesmo tempo em que comunica de modo sistêmico, coerente e sequencial as doutrinas cristãs. Nas palavras de Alister McGrath, “o único princípio que parece nortear a forma como ele organizou seu sistema teológico é, por um lado, a preocupação de ser fiel às Escrituras e, por outro lado, a obtenção de máxima clareza possível na apresentação dos temas.”(p 103, 2005) Na apresentação da introdução ao livro de J. Calvino, “A verdadeira Vida Cristã”, o teólogo Ricardo G. destaca o seguinte aspecto hermenêutico acerca do reformador: “Calvino foi um exegeta notável, tornando-se o mais importante modelo da aplicação do método histórico-gramatical... Calvino insistia ainda na unidade e harmonia do ensino bíblico, evitando assim o erro tão comum em nossos dias de interpretar um referido texto alienado de seu contexto canônico-teológico.” (p 6, 2001) O interesse constante por resguardar o ensino divino existente em cada um dos versos bíblicos, aliado ao propósito de anunciar tal verdade conforme o contexto geral da revelação das Escrituras, fez com que os comentários e, especialmente, “As Institutas” de Calvino, viessem a se tornar um conteúdo teológico ímpar no Cristianismo, devido à profundidade e alcance de suas formulações. Nessa perspectiva, iremos apresentar nesse tópico a visão reformada de Calvino acerca da Sociedade e Estado, para visualizar seu entendimento sobre a vocação cristã na área da cidadania e política. “É suficiente que saibamos que a vocação de Deus é como um princípio e fundamento baseados no qual podemos e devemos governar bem todas as coisas (...) Além de tudo mais, se não tivermos a nossa vocação como uma regra permanente, não poderá haver clara consonância e correspondência entre as diversas partes de nossa vida.” (João Calvino) (Institutas, p 225, 2006). Segundo o conteúdo das “Institutas”, o entendimento do pensamento de Calvino acerca da responsabilidade do cristão perante a sociedade requer o destaque do modo como o reformador definia a maneira em que a humanidade seria capaz de adquirir algum conhecimento verdadeiro da história. Para Calvino, a sabedoria verdadeira acerca da existência consiste no conhecimento que temos de Deus, e no conhecimento que temos de nós mesmos. Sendo que “conhecer a Deus” significa saber que Ele é nosso Criador, além de ser o sustentador de tudo que há através de sua providência, governando a história com sabedoria, justiça e cuidado amoroso.” (Wiles, p 25, 1994). O primeiro conhecimento bíblico que adquirimos ao olhar para Deus aponta o princípio com que Deus governa a história e a sociedade dos homens, o qual irá indicar aos cristãos o modo em que devem perceber e praticar a sua responsabilidade de mandato social. Para Calvino, ao governar a humanidade através de sua providência, Deus revela sua bondade aos justos e sua severidade aos ímpios, sendo necessário salientar que há crimes que recebem castigos hoje, enquanto outros serão castigados apenas no futuro. (Wiles, p 34-35, 1984). Observe que o conhecimento desse princípio da Providência irá nos ensinar o conteúdo mais amplo acerca do modo como Deus é o Criador do Universo, dando-nos a compreensão da maneira como Ele sustenta, governa e preserva tudo que existe, movendo toda providência segundo o seu poder. Portanto, a filosofia e razão dos homens que define Deus como sendo apenas a causa primária da criação, vai limitar o nosso conhecimento da providência, enquanto também nos fará desprezar a bondade que o Senhor dedica a todas as suas criaturas. (Wiles, p 87-89, 1984). Um segundo aspecto importante de nossa compreensão do tema, é descobrir que no instante em que Deus governa todas as coisas pela sua providência, Ele vai atuar na história através de causas secundárias, como também, sem estas causas e até contrariamente a elas. Ele é o Soberano Senhor! Calvino utiliza o conselho bíblico de Salomão em Provérbios 16.9, para expor o modo como os decretos da governança de Deus sobre a existência não devem nos impedir de assumir uma atitude de “providência pessoal” no dia a dia. Pois foi o próprio Deus que nos deu tanto a responsabilidade de cuidar de nossas vidas, como igualmente nos capacitou com tudo que é necessário para preserva-la, já que nos orienta a prever perigos, agir com precaução e utilizar remédios. Portanto, ao perceber que os seres humanos se tornam uma das “causas secundárias” da providência pelas quais Deus governa a terra, devemos assumir a responsabilidade de zelar por nossas vidas, usando os meios fornecidos pelo Senhor, a fim de não sermos negligentes neste conhecimento. Nesse contexto, assim que o cristão reconhece que tudo está debaixo da ordenação de Deus, também dedica o devido valor e atenção às causas secundárias, sabendo que os meios cotidianos de cuidar de sua segurança foram dados pelo Senhor. A partir disso, irá utilizar os meios divinos como instrumentos da providência do Senhor para cuidar da humanidade, vindo a abraçar e assumir, tanto sua dependência de Deus, como a sua responsabilidade no mandato social cristão diante do mundo. (Wiles, p 95-98, 1984). Estes dois elementos do Governo de Deus sobre a Terra revelam tanto o cuidado do Senhor sobre a história, como a responsabilidade dos cristãos, já que estes recebem de Deus um mandato para atuar na sociedade dos homens. Afinal, o Senhor irá agir no mundo a partir da vida e personalidade de cada fiel, que irão servi-lo como agentes das “causas secundárias” de sua Providência. Um terceiro aspecto da governança bendita de Deus sobre o mundo surge no conhecimento da importância de sua lei moral, como sendo um elemento utilizado para instruir o homem, resguardar a sociedade do mal e propor o conhecimento da necessidade do Evangelho para a salvação de todo aquele que crê! Segundo Calvino, a Bíblia ensina que a lei moral de Deus tem três propósitos na história da humanidade e sociedade dos homens. Em primeiro lugar, o teólogo entende que a lei moral divina serve para anunciar e formalizar a culpa de todo homem diante de Deus, no objetivo de gerar temor nos seres humanos, algo que irá conduzi-los a buscar o conhecimento da misericórdia do Senhor; conforme se anuncia no Evangelho de Jesus Cristo. A lei moral de Deus serve, então, para revelar a justiça de Deus, pois somente esta convence o homem de sua própria injustiça. Sendo que, somente os padrões da moralidade divina são capazes de demonstrar ao homem o seu estado de fraqueza e de condenação; conforme explica o Apóstolo Paulo: “pois eu não teria conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás.” E, conforme Agostinho, “a lei serve para convencer o homem da sua fraqueza e a compeli-lo a orar pela graça curadora que há em Cristo.” (Wiles, p 149, 1984). Esse é um aspecto relevante acerca da responsabilidade social do cristão, pois a sociedade dos homens somente terá conhecimento da justiça do caráter de Deus, caso os cristãos venham anunciar tal verdade moral, mediante toda cultura e política, artes e educação que tiverem sob sua responsabilidade para praticar e desenvolver socialmente. O segundo elemento de importância da Lei moral divina orienta que ela serve para Deus governar a história pela sua Providência, no propósito de refrear a maldade dos atos dos homens que não se preocupam com o que é certo e com o que é errado. A lei moral de Deus serve para reprimir os homens através de freios e limites, como uma retidão necessária à toda humanidade, pois se não existisse esta proteção e resguardo da sociedade, o mundo se tornaria um lugar totalmente selvagem. Esse segundo aspecto complementa a responsabilidade social dos cristãos enunciada no primeiro, revelando o modo como leis civis originárias de valores cristãos irão oportunamente refrear a natureza humana na sociedade, segundo os padrões da justiça e moralidade de Deus. Um terceiro aspecto importante do anúncio da lei de Deus é que a sua instrução é útil para ensinar os cristãos qual é a vontade de Deus para eles, como um elemento de apoio na sua jornada existencial. Pois o Espírito de Deus vive hoje em seus corações, a fim de conduzi-los no conhecimento e obediência dos mandamentos do Senhor. (Wiles, p 149, 1984). Um outro elemento surge a partir de um olhar mais amplo acerca da existência, indicando a forma em que a lei moral divina se torna o instrumento utilizado para gerar um bom conhecimento da Pessoa de Deus, à toda humanidade. Pois a lei moral de Deus constrange os homens a adora-lo, enquanto também os conduz à humildade, sobre si mesmos. Calvino esclarece que a própria consciência do ser destaca a maneira em que os princípios morais de Deus foram escritos no interior e coração do homem. No entanto, somente a lei divina irá dar um testemunho claro e seguro acerca do certo e errado para a humanidade, já que a lei interior é insuficiente para fazer isso, em razão de nossa ignorância e vaidade. Nessa situação, os homens poderão admitir que estão longe da vontade de Deus, a cada vez que puderem comparar as suas vidas diante das exigências da lei, algo que também irá conduzi-los a buscar a misericórdia divina como um recanto de segurança. (Wiles, p 151-153, 1984). Após destacar os três aspectos de importância da lei moral bíblica no exercício do governo da Providência sobre a humanidade, e após esclarecer o valor da lei perante a consciência do homem, a fim de também convoca-lo a conhecer a misericórdia de Deus no Evangelho; Calvino apresenta o modo como os 10 Mandamentos são os fundamentos da Lei moral de Deus na história. O reformador entende que os 10 Mandamentos representam uma justiça interior e espiritual, pois seus princípios alcançam os pensamentos do coração do homem. Esse aspecto fundamenta o modo como o Senhor Jesus veio resumir toda a lei em dois atos: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. (Mateus 22.37, Lucas 10.27). Nesse contexto, em que os princípios morais dos 10 mandamentos são os fundamentos da Lei do amor de Jesus, Calvino enfatiza a superioridade do padrão moral e relacional da lei de Deus na sociedade, como sendo os mais excelentes valores e princípios que deverão reger e orientar a vida dos homens. Assim, todo conteúdo da justiça de Deus deve ser percebido como um código de boas obras completos, posto que não haveriam quaisquer outros conhecimentos e virtudes capazes de superar aqueles que nos foram descritos por Moisés e Paulo. Entendimento que faz o Apóstolo afirmar que “toda a lei se cumpre em uma só palavra, a saber, “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gálatas 5.14). O conteúdo moral dos mandamentos enfatizado no resumo da lei dada por Jesus, traduz os valores que devem nortear a verdadeira obediência aos mandamentos de Cristo; sendo um conhecimento que deve ser oferecido e vivenciado de maneira ampla perante a humanidade, conforme o ensino da parábola do Bom Samaritano. (Wiles, p 153-164, 1984). Calvino recorda a importância de nos relacionarmos perante a humanidade segundo os padrões morais de Cristo, pois as exortações morais provenientes dos filósofos nos mandam viver a vida conforme é apropriado à natureza humana. Algo impróprio para ser praticado ou defendido pelos cristãos, já que afora o fato de somente as Escrituras ensinarem o exemplo de Jesus aos homens, todos aqueles que seguem o conteúdo dos filósofos não irão carregar ou ensinar nada de Cristo, além do título. Para Calvino, a doutrina dos filósofos orienta a maneira em que o homem será governado pela razão, enquanto que a filosofia cristã afirma que a nossa racionalidade deve estar submetida ao Espírito Santo, no propósito de que possamos viver em Cristo, e não mais, em nós mesmos. (Wiles, p 237-239, 1984). Citação final: “Se houve qualquer movimento religioso, no século 16, que tenha tido uma atitude afirmativa em relação ao mundo, esse foi o Calvinismo.” (Alister McGrath) (p 249, 2005). Considerações Finais. “Por causa do Senhor, submetam-se a todas as autoridades humanas, seja o rei como autoridade máxima, sejam os oficiais nomeados e enviados por ele para castigar os que fazem o mal e honrar os que fazem o bem.” (1 Pedro 3.13-14). As declarações teológicas e ensinos de Calvino apontam o valor dos princípios bíblicos orientadores da cidadania do povo de Deus, que devem ser considerados como sendo a única prática social que os cristãos deveriam reconhecer como verdadeiras para praticar e desenvolver na sociedade dos homens. Algo razoável e coerente, até porque os propósitos dados como princípios para que o Todo Poderoso venha abençoar o mundo dos homens na história, ao utilizar os cristãos na condição de cidadãos responsáveis perante o próximo, foram: anunciar a injustiça dos homens para conduzi-los a buscar a misericórdia de Deus existente no Evangelho de Cristo, e ainda, preservar e proteger, manter e fazer progredir a existência humana na presente época, até a volta de Jesus. E nesta análise, percebemos a importância da lei moral de Deus no mandato social dos cristãos. Pois, toda vez que um cristão for atuar socialmente, seja como pai/mãe e cidadão, professor e autoridade, legislador e governante, profissional e funcionário público, ele deverá fazê-lo tendo em vista a sua responsabilidade de ajuntar com Deus, nos atos constantes da Providência bendita com que o Senhor preserva o mundo dos homens, além de estar atento para anunciar as verdades daquela justiça eterna, que se encontra somente no Evangelho de Cristo. Nesse sentido, o pensamento calvinista entende, que: 1. O Estado é uma instituição criada por Deus em razão do pecado da humanidade. Serve para refrear o mal e livrar a sociedade do caos, e neste propósito e interesse, tem poder de justiça para manter a ordem através das leis civis. E como toda Autoridade de Estado foi instituída por Deus para proteger os que praticam o que é correto na sociedade, e para penalizar os desobedientes, compreendemos que as leis civis não deverão desprezar os valores morais dos mandamentos bíblicos; posto que o certo e o errado que Deus deseja regular na sociedade, deve ser coerente ao seu pensamento sobre o tema. 2. Deus criou as Instituições sociais para orientar a Humanidade através das Autoridades. Todo homem que praticar o bem será protegido e quem fizer o mal será disciplinado; pois a Lei foi dada para ensinar o homem sobre o pecado que arruína a vida hoje, e condena o espírito na eternidade! Não matar e não roubar significa amar o próximo. A supremacia do Estado sobre o espirito do homem e a consciência do ser não deve ser tolerada pelos cristãos, posto que essa instituição pode vir a afrontar as liberdades civis e individuais; enquanto também poderá atuar para limitar as liberdades de expressão e religiosa dos cidadãos, agindo na corrupção do propósito para que foi instituída por Deus. Concluo esse artigo numa breve reflexão voltada à Vocação Cristã Reformada na Sociedade, utilizando alguns princípios bíblicos, conforme foram destacados pela Bíblia de Genebra, na nota teológica supra citada, “Os Cristãos e o Governo Civil.” Observe que quando a Igreja é orientada a não ditar os programas de ação dos governos, isso se refere à separação entre Estado e Igreja, conforme orientada por Jesus e o Apóstolo Paulo; o que ensina a importância do Estado Laico, que requer ocorra uma distinção entre as instituições do estado e da igreja. Os comentários sobre a moralidade de governos como sendo uma responsabilidade das igrejas, conduzem os cristãos à ação política, a fim de que atuem na plenitude de sua capacidade de cidadãos. Que se apresentem como candidatos aos cargos do Legislativo e Executivo, e procurem votar em candidatos que irão representar seus valores e princípios morais, tanto na feitura das leis civis, como na governança do Estado. O cristão que deixa de assumir a cidadania política será alguém irresponsável perante Deus no exercício de sua Vocação, pois irá abandonar a sociedade dos homens ao acaso de outros princípios e valores, que não serão os bíblicos. Tal desobediência irá conduzir a sociedade a um destino cada vez mais selvagem e enganoso, além de atrapalhar a Igreja na missão de evangelizar a Terra através do anúncio das Boas Novas, já que o desconhecimento da Lei na sociedade impede a busca do arrependimento de pecados para a salvação eterna. Nessa perspectiva, a abordagem enunciada pela interpretação da Missão Integral da Igreja dada na Bíblia de Genebra, acerca dos temas essenciais do Estado e Política, demonstra como o pensamento calvinista tem se revelado na história como sendo o conteúdo doutrinário mais profundo e fiel às Escrituras; sendo o pensamento cristão mais abrangente acerca da Soberania de Deus, da Responsabilidade humana e da Vocação social da humanidade, no propósito de que as bênçãos comuns e especiais do Senhor sejam estabelecidas sobre toda terra. (*Esse texto faz parte de um artigo com três tópicos, incluídos o pensamento reformado para o Estado e Sociedade segundo Abraham KUYPER e a análise de Henri STROHL acerca do pensamento protestante de Calvino, conforme publicado integralmente na Revista Teológica Fatesul, o qual pode ser acessado no link a seguir: http://fatesul.com/publicacoes/revista-teologica/). Bibliografia. BÍBLIA, Sagrada, NVT. 1 ed – São Paulo : Mundo Cristão, 2016. _______, de Estudo de Genebra. Editora Cultura Cristã, São Paulo, SP, 1999. CALVINO, João. As Institutas. Editora Cultura Cristã, São Paulo, SP, 2006. _________, A Verdadeira Vida Cristã. Novo Século, São Paulo, 2001. McGRATH, Alister E. Teologia, sistemática, histórica e filosófica. Uma introdução à teologia cristã. tradução Marisa K. A. de Siqueira Lopes. – São Paulo: Shedd Publicações, 2005 WILES, J. P. As Institutas da Religião Cristã – um resumo – João Calvino. Tradução do inglês Gordon Chown. Primeira edição em português: 1984. Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo – SP. AUTOR: Ivan S Rüppell Jr é Ministro presbiteriano, Mestre em Ciências da Religião e Advogado, atuando na Igreja Presbiteriana Olaria, em Curitiba/PR, e como professor na Fatesul.