quarta-feira, 29 de julho de 2020

NÃO HÁ FELICIDADE SEM A BÊNÇÃO DE DEUS. “A Verdadeira Vida Cristã”, de João Calvino. Semana 5. Julho, 2020. p/ Ivan S Rüppell Jr.

RESUMO do livro “A Verdadeira Vida Cristã”, de João Calvino. “O calvinismo tem sido, nos últimos cinco séculos, umas das principais forças moldadoras da cultura e da sociedade ocidental.” Cap. 2, Parte 4. AUTONEGAÇÃO. Não há felicidade sem a bênção de Deus. 1. “Analisemos de forma mais detalhada este aspecto da autonegação e sua relação com Deus”, especialmente sobre como irá nos transformar em cristãos agradáveis e pacientes. As Escrituras ensinam que somente iremos alcançar sossego e tranquilidade em nossas vidas se dedicarmos tudo que somos e temos à vontade de Deus. 2. Os problemas começam porque a natureza humana deseja adquirir riquezas e poder, honras e vaidades, que acabam preenchendo a existência com inutilidades. Ao mesmo tempo, lutamos com todas as forças para nos afastar da humildade e anonimato. Atualmente, as pessoas agem gravemente para conquistar tudo que desejam, numa ambição sem limites. 3. Porém, os cristãos devem entender que tudo que viermos a realizar precisa depender da bênção do Senhor. As riquezas e títulos alcançados com os nossos esforços ou pelo favor dos demais, não irão significar nada, distantes de Deus. Não somos capazes de abrir caminhos abençoados por nossos próprios métodos, algo possível de realizar somente se o Senhor nos fizer prosperar. 4. Pois, somente os caminhos do Senhor nos farão prósperos e felizes, ainda que passemos por adversidades. E ainda que seja possível alcançar sucesso sem a bênção divina, dá pra enxergar na vida dos não cristãos que a ira divina não lhes oferece a condição de desfrutar as felicidades. “Assim, pois, chegamos à conclusão de que não podemos obter nada sem a bênção divina, e ainda que pudéssemos consegui-lo, acabaria sendo uma calamidade para nossas vidas.” Aguardar felicidades do que só traz desilusão é uma grande tolice. Não devemos estar ansiosos por obter riquezas e títulos desse modo. 1. “Se cremos que todo desejo de prosperidade e bem-estar devem se basear somente na bênção divina... temos de entender que não temos que estar ansiosos em tratar de conseguir tudo apoiando-nos na nossa diligência e aptidão, dependendo do favor dos homens ou confiando na “boa sorte”. Esperemos sempre no Senhor.” 2. Esperar no Senhor vai nos ensinar a não sermos apressados pra alcançar conquistas através de meios duvidosos que enganam o próximo, além de proteger eu e você das atitudes que nos afastam dos caminhos de Deus. Afinal, quem pratica fraudes, roubos e atos desonestos jamais será ajudado por Deus. A bênção divina virá sobre os que tem pensamentos puros e atos justos, e que procuram se afastar da corrupção e maldade. “Todo crente deve sentir desejos de manter-se afastado da falsa ambição inadequada de grandezas e honras.” Deus não irá fazer prosperar com sua bênção os atos daquele que as Escrituras declaram maldito. 3. “Se não temos o êxito que esperamos, não devemos nos impacientar nem detestar nossa condição... porque esta atitude denota uma rebelião contra Deus, (que é) quem reparte a cada um segundo Sua sabedoria e santa vontade.” Aquele que segue nos caminhos da bênção de Deus não irá cobiçar paixões mundanas ou utilizar métodos que não trazem satisfação para a alma. 4. “Por outro lado, um verdadeiro cristão não deverá atribuir nenhuma prosperidade à sua própria diligência, trabalho ou boa sorte, mas antes ter sempre presente que Deus é quem prospera e abençoa.” Se ele caminha devagar ou alcança pouca prosperidade, deve suportar a pobreza com moderação, e não com a rebeldia do homem comum. “O verdadeiro cristão possui uma doce consolação que lhe proporciona mais satisfação que o maior dos bem-estares humanos”, pois crê que seus assuntos são governados por Deus segundo os benditos propósitos divinos. 5. “Davi, que seguia a Deus e se rendia às suas ordenanças, disse o seguinte:” “Senhor, meu coração não é orgulhoso, e meus olhos não são arrogantes. Não me envolvo com questões grandiosas ou maravilhosas demais para minha compreensão. Pelo contrário, acalmei e aquietei a alma, como criança desmamada que não chora mais pelo leite da mãe. Sim, minha alma dentro de mim é como uma criança desmamada.” (Salmo 131. 1-2). O Senhor é justo em todos os seus atos. 1. “Este não é o único caso em que os crentes deveriam ser pacientes e temerosos de Deus, pois é necessário viver desta forma em todas as circunstâncias da vida. Não há ninguém que tenha se negado a si mesmo corretamente, a menos que esteja rendido totalmente ao Senhor e queira deixar cada detalhe de sua existência em Suas mãos.” Quem tiver este entendimento jamais se sentirá abandonado por Deus ou irá acusar o Senhor pelas ocorrências da vida, sendo este um princípio fundamental nesta existência. Pois surgem enfermidades que tocam nossos corpos e pestes vem nos atormentar, havendo situações em que até geadas e desastres destroem a economia pra nos ameaçar com a pobreza. Estas situações fazem as pessoas maldizer suas vidas, culpar o sol e as estrelas, além de censurar e blasfemar contra Deus. 2. “Porém o crente fiel, ainda que em meio à estas circunstâncias, meditará nas misericórdias e nas bondades paternais de Deus.” Quando estiver solitário no lar devido à ausência de familiares que faleceram, saberá que a Graça de Deus não o deixará desolado. Ao ver suas terras arruinadas pelo granizo e perceber que sua família sofre com a ameaça da fome, não se deixará levar pelo desânimo, mas persistirá confiando que somos as ovelhas do Senhor, e que Ele irá suprir tudo que necessitamos. Não ficará amargurado em meio às enfermidades, mas vai recordar da justiça e da bondade de Deus para se fortalecer na paciência. 3. “Resumindo, se sabemos que qualquer coisa que nos ocorra é ordenada por Deus, a receberemos com um coração pacífico e agradecido, não sendo culpáveis de resistir orgulhosamente aos desígnios do Senhor.” Os cristãos irão rejeitar o consolo dos filósofos pagãos que enfrentam as adversidades culpando o destino pelas desgraças. Estes filósofos entendem que há um “poder cego e cruel no mundo que afeta a todos”, de modo determinado e impessoal. 4. “Todavia, o princípio da devoção é que só Deus é o Guia e Governador Supremo, tanto na prosperidade como na adversidade... que distribui todo bem e todo mal com a máxima justiça e equidade.” “Então nós, teu povo, ovelhas do teu pasto, para sempre te daremos graças e louvaremos tua grandeza por todas as gerações.” (Salmo 79.13). REFERÊNCIAS: CALVINO, João. A Verdadeira Vida Cristã. tradução: Daniel Costa. Novo Século. São Paulo, SP, 2000. (p 40-44). *Introdução, de Ricardo Quadros Gouvêa, p 5-6.

sábado, 25 de julho de 2020

DEVOCIONAIS nas INSTITUTAS de J. CALVINO, Semana 4: O CONHECIMENTO DE DEUS NA NATUREZA. p. Ivan S Rüppell Jr.

Devocionais nas Institutas de João Calvino, Tópico 5. Julho, 2020. A Soberania e a Glória de Deus, a Graça e a Redenção da humanidade existentes no dom de Jesus Cristo e a Iluminação e Santificação do mover do Espírito Santo são aspectos essenciais da Obra divina em nossas vidas, que o maior pensador da reforma dará conhecimento aos que meditarem nos textos das “Institutas” da Religião Cristã. 5: O CONHECIMENTO DE DEUS RESPLENDE NA ESTRUTURA DO UNIVERSO E NO GOVERNO CONTÍNUO DO MESMO. “Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento demonstra a habilidade de suas mãos. Dia após dia, eles continuam a falar; noite após noite, eles o tornam conhecido. Não há som nem palavras, nunca se ouve o que eles dizem. Sua mensagem, porém, chegou a toda a terra, e suas palavras, aos confins do mundo.” (Salmo 19.1-4). “Como a sua natureza essencial é incompreensível e está oculta à inteligência humana, ele gravou em cada uma de suas obras certos sinais da sua gloriosa majestade, pelos quais ele se dá a conhecer segundo a nossa diminuta capacidade.” É impossível enxergar a beleza da natureza e continuar ignorando a Pessoa de Deus, pois Ele se revela na estrutura do mundo, ainda que seu Ser essencial permaneça oculto e desconhecido aos que só veem a criação. Eis a maneira como o Salmo 19 descreve a criação em movimento a fim de apresentar o próprio Deus, algo que o Apóstolo Paulo explicou ser o modo como Deus anuncia seu grandioso poder através das coisas que foram criadas. (Romanos 1.19). “Estamos cercados por todos os lados pelas provas da maravilhosa sabedoria do Criador.” Observe que existem obras de Deus que estão visíveis a todas as pessoas e há outras que somente os cientistas conseguem entender, como as órbitas e movimentos dos planetas e estrelas; que são segredos da sabedoria divina. A própria anatomia do corpo humano revela a destreza e exatidão do Criador da humanidade, o que motivou filósofos a definirem o “homem (como) um microcosmo, um pequeno mundo, porque ele é uma amostra tão maravilhosa do poder, da bondade e da sabedoria de Deus.” Portanto, Deus não está longe de cada um de nós (Atos 17.27), mas é preciso buscá-lo além do conhecimento que temos enquanto analisamos somente nosso próprio organismo e a natureza. Diante de tudo isso, percebemos a ingratidão dos seres humanos perante a Pessoa de Deus, pois cada vez que notam algum traço de grandeza e sabedoria em si mesmos ou na natureza, rapidamente exaltam a si próprios ou correm para valorizar outra "obra" realizada pela criação. Ao pensar assim, eles desprezam a Deus e o conhecimento que Ele está revelando dia a dia para nós na terra. Alguns homens enganadores ensinam que a própria alma humana tem uma existência restrita somente ao corpo do homem, desenvolvendo de forma falsa a afirmação de Aristóteles, de que a alma teria seus próprios órgãos assim como o corpo. Negam a grandeza de Deus e exaltam a natureza em seu lugar. Ignoram o conhecimento científico e as próprias sensações do espírito humano, que são bastante superiores à nossa natureza física elementar. “O que devemos dizer acerca de tais coisas, senão que as marcas da imortalidade são indelevelmente impressas sobre a natureza humana? Aquilo que alguns tagarelas falam acerca de uma inspiração secreta que vivifica o universo inteiro não é apenas fraco – é totalmente ímpio. Como pode a piedade ser produzida e nutrida nos corações dos homens por esta vã especulação acerca de um intelecto que anima e vivifica o universo?” O correto é dizer que Deus mesmo estabeleceu e organizou a natureza a fim de jamais confundirmos o Criador com as obras de sua criação. “Ademais, quantas manifestações ilustres do poder de Deus nos compelem a pensar n´Ele! Ele sustenta pela Sua própria palavra este arcabouço ilimitado do céu e da terra...”. Deus faz brilhar os céus com trovões e tempestades, enquanto movimenta fortemente as ondas do mar até as disciplinar pelas mãos para que fiquem calmas. O Livro de Jó e as profecias de Isaías dão testemunhos diversos acerca do poder de Deus que visualizamos na natureza. Assim, Deus vai revelando seu poder aos homens enquanto governa suas atitudes e a própria história através dos atos da sua Providência. Pois a cada novo dia Ele abençoa a todos, ao mesmo tempo que declara a sua bondade para com os justos e seu juízo para com os maus. E também sabemos que Deus castiga certos crimes no dia de hoje, enquanto outros somente serão penalizados no futuro. “Esta providência de Deus é ensinada no Salmo 107.” Deus ajuda os aflitos e protege os perdidos, cura enfermos e levanta os humildes até derrubar os orgulhosos. Tudo que os homens consideram uma obra do destino ou acaso são provas das atitudes e do cuidado providencial de Deus no mundo. E como o verdadeiro e fidedigno conhecimento de Deus é aquele que deve servir ao nosso bem existencial, somos orientados a investigar a vida e a criação para engrandecer a Deus, não somente para saber algo mais dos mistérios de Sua personalidade gloriosa. Pois é importante não desprezar que este conhecimento de Deus que estou apresentando é apenas uma prévia da vida futura completa que existe. Todas as desgraças e injustiças que vemos dia a dia serão tratadas e julgadas por Deus no tempo oportuno, pois como diz Agostinho, se todo pecado fosse castigado hoje, não haveria um juízo completo no futuro e nem uma providência bendita no tempo presente. Mas a ignorância dos homens continua grande, pois acreditam facilmente no acaso da vida e esquecem que Deus governa a história cotidiana da humanidade pela sua providência. Por essa razão é que o apóstolo Paulo afirma que negar a verdadeira religião da revelação dada por Deus nas Escrituras é rejeitar a própria fé! Afinal, somente o Evangelho de Jesus Cristo pode dar aos homens um conhecimento verdadeiro que irá capacita-los a adorar a Deus de forma digna. Eis alguns dos motivos pelos quais sabemos que o maravilhoso brilho da criação e natureza a cada manhã, não é capaz de orientar a humanidade no caminho correto do conhecimento da Pessoa de Deus. Sim, todos “precisamos de outro guia, de uma luz mais brilhante, para nos trazer ao verdadeiro conhecimento do nosso Criador. Desse guia passarei agora a falar.” “A lei do Senhor é perfeita e revigora a alma... Os preceitos do Senhor são justos e alegram o coração... O temor do Senhor é puro e dura para sempre.” (Salmo 19.7-9). ORAÇÃO: Santo Deus e Pai Nosso que está nos céus, bendito seja o Seu Nome por todas as obras da criação. Bendito seja o seu Nome por cada manhã e cada noite, cada mar e floresta. Ilumina os nossos corações para saber que nada disso é por acaso, pois nada existe e nem permanece se o Senhor não fizer acontecer. Perdoa-nos quando confundimos o Senhor com a sua criação, e imaginamos que o mundo e a vida seguem de qualquer jeito, e por acaso. Que venha o seu reino e seja feita a sua vontade sobre a terra e nossas vidas no dia de hoje. Ajuda-nos a meditar na sua Palavra pra sabermos verdades melhores sobre o Senhor. Amém! Ivan Santos Rüppell Jr. Teólogo, Cientista da religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006; (p 55 a 69 das Institutas, vol 1). WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP; (p 23 a 36).

quarta-feira, 22 de julho de 2020

AUTONEGAÇÃO. Semana 4. “A Verdadeira Vida Cristã”, de João Calvino. Julho, 2020. p/ Ivan S Rüppell Jr.

RESUMO do livro “A Verdadeira Vida Cristã”, de João Calvino. “Calvino foi um exegeta notável, tornando-se o mais importante modelo da aplicação do método histórico-gramatical. Sua atitude de profundo respeito para com as Escrituras fez de Calvino um comentarista extremamente cuidadoso e confiável.”* Cap. II, parte 3. Devemos buscar o bem dos demais crentes. 1. “Como é extremamente difícil nos preocuparmos com o bem do nosso vizinho, a menos que deixemos de lado todas as preocupações egoístas e esqueçamos de nós mesmos!” (p 35). Não há como se dedicar ao outro se não houver alguma renúncia pessoal. “O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento, nem presunçoso. Não é orgulhoso, nem grosseiro. Não exige que as coisas sejam à sua maneira. Não é irritável, nem rancoroso. Não se alegra com a injustiça, mas sim com a verdade.” (1 Cor 13.4-6). 2. Além de praticar o amor ao próximo, faz-se necessário pressionar a nossa velha natureza egoísta, pois não estamos dispostos a deixar de lado os nossos interesses. É preciso buscar o benefício do outro enquanto também renunciamos a nossos direitos. Observe que as Escrituras ensinam que os favores que recebemos do Senhor devem servir para o benefício comum da Igreja. “Todas as bênçãos de que gozamos são depósitos divinos que temos recebido com a condição de distribuí-lo aos demais.” (p 36). 3. Os talentos que temos devem ser comparados com os membros do corpo humano, pois nenhuma parte do corpo utiliza sua força pra si mesmo, mas sim, para o proveito dos demais. “Qualquer habilidade que um fiel cristão tenha, deve dedica-la ao serviço de seus companheiros crentes... como também deve submeter... seus próprios interesses ao bem estar comum da Igreja.” (p 36). Esta regra de conduta cristã deve se tornar um valor de todos, pois distribuir o que temos recebido nos fará cumprir a lei do amor, sem esquecer que iremos dar conta de nossos atos diante de Deus um dia. Ao fazer algo bom para o próximo, o importante é reconhecer o valor dessa atitude, ao invés de valorizar o que viermos a receber ao agir corretamente. 4. A lei do amor deve ser praticada nos menores atos do dia a dia. Deus ensinou para Israel que deveria dedicar sempre os primeiros frutos a Ele, indicando ser incorreto aproveitar alguma bênção sem antes oferta-la ao Senhor. Praticamos um abuso pecaminoso toda vez que não dedicamos a Deus, os dons que temos recebido de nossa vida santificada. Devemos buscar o bem de todos, amigos e inimigos. 5. “Conhecendo nossa predisposição natural, o apóstolo nos ensina a que não cansemos de fazer o bem, e ademais acrescenta que “o amor é paciente... não se irrita.” (1 Cor. 13. 4-5). Deus manda que façamos o bem a todos, ainda que alguns não mereçam. A Escritura nos ensina a compreender o valor real do ser humano, que se baseia na criação de nossa espécie à luz da imagem de Deus. Os cristãos tem uma boa condição de valorizar a imagem de Deus na humanidade, já que temos sido restaurados nessa imagem por meio do Espírito Santo. 6. “De modo que se alguém aparece diante de vocês necessitando de seus amáveis serviços, não há razão alguma em recusar-lhes tal ajuda.” (p 37). Ainda que a pessoa que esteja diante de você seja um estranho ou um ser vil e mau, e que você não tenha obrigação de atende-lo e que ele seja indigno de receber qualquer atenção, e mesmo que não seja alguém amável, mas, ao contrário, tenha insultado você; saiba que a imagem de Deus nessa pessoa indica que ele é digno de receber seu favor e usufruir suas posses e ter seu afeto. Pois Deus ordena que devemos perdoar as ofensas recebidas dos homens, entregando-as nas mãos do Senhor. “Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos e orem por quem os persegue. Desse modo vocês agirão como verdadeiros filhos de seu Pai, que está no céu.” (Mateus 5.44-45). 7. “Este é o único caminho para obter aquilo que não só é dificultoso, mas que também é repugnante à natureza humana: amar a quem nos odeia, corresponder às injúrias com amabilidade e devolver bênçãos por insultos.” (p 38). É preciso esquecer a maldade do homem e perceber que ele carrega em si a imagem de Deus. Ao perceber que a humanidade carrega em si a dignidade da imagem de Deus, logo seremos induzidos a ama-los de coração. “Por isso, sempre que tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé.” (Gálatas 6.10). Uma boa conduta cívica não é suficiente. 8. “Se não cumprirmos com todos os deveres do amor, nunca poderemos praticar uma negação real do Eu.” (p 38). A prática do bem ao próximo não deve ser somente uma atitude externa, pois a falta de sentimento no coração significa que estamos longe de atingir a meta das Escrituras. O orgulho e a insolência fazem com que poucos consigam dar sequer uma esmola, sem agir com arrogância e desdém. 9. “Ao praticar uma caridade, os cristãos deveriam ter mais do que um rosto sorridente, uma expressão amável, uma linguagem educada.” (p 39). Devem se colocar no lugar daquele que ajudam e simpatizar como se sofressem junto, demonstrando uma misericórdia humanitária que os faça agir de forma espontânea e rápida. “A piedade que surge do coração fará com que se desvaneça a arrogância e o orgulho.” (p 39). Quando todo o organismo se volta para cuidar de um membro do corpo machucado, não faz isso com desprezo, mas sim, na melhor boa vontade e interesse. 10. “A ajuda mútua que as diferentes partes do corpo oferecem umas às outras (deve ser considerada) como algo lógico e normal.” (p 39). Assim, aquele que presta um favor a outro não deve entender que ficou livre de outras obrigações, pois oferecer algum apoio econômico não significa que estamos livres pra negar atenção e afeto. “Por mais importante que seja, cada homem deve dar-se conta que é devedor a seu próximo, e que o amor lhe manda dar até o limite de sua capacidade.” (p 40). REFERÊNCIAS: CALVINO, João. A Verdadeira Vida Cristã. tradução: Daniel Costa. Novo Século. São Paulo, SP, 2000. (p 35-40). *Introdução, de Ricardo Quadros Gouvêa, p 5-6.

sábado, 18 de julho de 2020

DEVOCIONAIS nas INSTITUTAS de J. CALVINO, Semana 3: O CONHECIMENTO DE DEUS E A CONSCIÊNCIA DOS HOMENS. p. Ivan S Rüppell Jr. Julho, 2020.

Calvino escreveu "As Institutas" do Cristianismo a partir dos paradigmas de Santo Agostinho e Martinho Lutero, segundo o pensamento dos Apóstolos e Pais da Igreja, desenvolvendo o formato do Credo Apostólico, em edições publicadas desde 1536 até 1559. Esse é o terceiro volume de uma série de resumos e citações nas Institutas de João Calvino. Devocional, Tópicos 3-4. 1: O CONHECIMENTO DE DEUS É IMPLANTADO NO CORAÇÃO DO HOMEM DE MODO NATURAL. Todos os seres humanos tem consciência da existência de Deus. O escritor Cícero disse que não há uma nação ou povo tão bárbaro, que não saiba que existe um Deus. A própria idolatria religiosa da humanidade comprova isto, já que os homens preferem adorar pedaços de madeira e pedras, ao invés de se declararem ateus. Esse é um dos motivos que nos permitem afirmar que a religião não é uma invenção humana, ainda que alguns tipos de homens dela se utilizem para submeter as pessoas. Pois até estes enganadores tem a sua crença e junto deles, alguns dos piores homens, como Caio Calígula, que despreza a Deus, mas treme diante do Altíssimo ao menor sinal da ira divina. Eis algumas das razões e sentimentos que nos fazem entender que a existência de Deus é um conhecimento que está presente no coração de toda humanidade. 2: ESTE CONHECIMENTO É ABAFADO OU CORROMPIDO PARCIALMENTE PELA IGNORÂNCIA E PARCIALMENTE PELA MALDADE. Texto Bíblico Base: Capítulo 1 da carta de Paulo aos Romanos. “Sabem a verdade a respeito de Deus, pois ele a tornou evidente. Por meio de tudo que ele fez desde a criação do mundo, podem perceber claramente seus atributos invisíveis: seu poder eterno e sua natureza divina.” (Romanos 1.19-20). Embora todos os homens tenham esta semente religiosa em si mesmos, nenhum deles consegue faze-la amadurecer corretamente, sendo que o resultado desta incapacidade é que não há uma piedade verdadeira no mundo, que seja realmente consagrada ao Deus Altíssimo. No entanto, esta tolice gravíssima não os livra de serem responsabilizados por sua rebeldia e de serem culpados por sua vaidade. Pois são rápidos para definir superficialmente a pessoa de Deus, tendo como único padrão de avaliação a si próprios. E desse modo, naturalmente afastam-se do Deus verdadeiro, até se apaixonarem por um sonho do próprio coração, conforme esclarece o Apóstolo Paulo: “Dizendo-se sábios, tornaram-se tolos.” (Romanos, 1.22). As palavras de Davi: “Os tolos dizem em seu coração: “Não há Deus!”, se referem a estes homens que sufocam em si mesmos a luz da revelação natural da grandeza de Deus. Davi também afirma que eles negam a Deus quando não acreditam no seu governo Soberano, dizendo que o Senhor está ausente da história. O salmista explica que não há temor em seus corações, pois até se orgulham de suas maldades, porém, Deus os leva para seu tribunal vez ou outra, utilizando a voz da consciência, não importando o tamanho de seu desprezo pelo Senhor. Essa orientação explica o modo como a religiosidade comum dos homens é algo vazio, a partir dos fundamentos do conteúdo de seus ensinos, mesmo que eles desejem agradar a Deus com tais crenças. Eles esquecem que a religião verdadeira deve ser completamente definida pelo ensino autorizado de Deus. Eis a razão porque Paulo disse aos Efésios que eles continuariam distantes de Deus, caso permanecessem sem o conhecimento correto do único Deus verdadeiro. Essa culpa dos seres humanos fica cada vez mais grave, pois buscam a Deus somente quando ficam com medo da realidade. E rápido praticam suas próprias regras e ritos num projeto religioso enganoso tentando agradar a Deus, esquecendo que estas atitudes os tornam ainda mais desobedientes perante as verdades divinas. Isso faz com que a desobediência seja o padrão e princípio de suas atitudes cotidianas, enquanto procuram ficar de bem com Deus através de uma falsa religiosidade – algo que apaga de seus corações as fagulhas do conhecimento de Deus que carregam no interior. Desprezam a Deus na riqueza e correm atrás dele nas dificuldades, revelando através de falsas orações curtas que não ignoram o Senhor, mas sim, ocultam de si mesmos o conhecimento de Deus que foi plantado lá no profundo de seus corações. Autor: Ivan Santos Rüppell Jr. Teólogo, Cientista da religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. (páginas 55 a 69, Institutas, vol 1) (páginas 23 a 36, Resumo de J.P. Wiles)

quarta-feira, 15 de julho de 2020

AUTONEGAÇÃO. “A Verdadeira Vida Cristã”, de João Calvino. RESUMO, número 3.

RESUMO do livro, A verdadeira vida cristã, de João Calvino. “A força do pensamento de Calvino não está na sua originalidade, mas sim na sua capacidade de expressar de modo claro, correto e profundo o verdadeiro sentido das afirmações bíblicas.”(*). Resumo do Livro. Cap. II, parte 2. Autonegação significa sobriedade, justiça e devoção. 1. “Pois a graça de Deus foi revelada e a todos traz salvação. Somos instruídos a abandonar o estilo de vida ímpio e os prazeres pecaminosos. Neste mundo perverso, devemos viver com sabedoria, justiça e devoção.” (Tito 2.11-12). A Graça de Deus fornece o estímulo que precisamos para progredir em nossas vidas, mas só iremos experimentar uma adoração verdadeira através da devoção. Ao mesmo tempo em que nos afastamos dos desejos da natureza humana. Se formos negligentes nas práticas da piedade devocional, logo iremos experimentar um enfraquecimento do temor a Deus, sem esquecer que nossos interesses mundanos são sempre um espelho dos desejos carnais, que carregamos conosco. 2. É preciso deixar de lado os desejos antigos e os interesses pessoais que nos mantém em conflito constante com os 10 mandamentos. “O apóstolo resume todas as ações da nova vida em três grupos: sobriedade, justiça e piedade.” (p 33). Sobriedade significa castidade, temperança e uso equilibrado das bênçãos temporais, além da paciência na pobreza. A retidão requer que sejamos justos diante do próximo. A piedade devocional nos afasta da desobediência mundana e nos aproxima da santidade pessoal de Deus. “Quando as virtudes da sobriedade, justiça e piedade estão firmemente unidas, produzem uma absoluta perfeição.” (p 33). 3. “Nada é mais difícil do que deixar de lado os pensamentos carnais, submeter e renunciar a nossos falsos apetites, e consagrarmo-nos a Deus e a nossos irmãos.” (p 33). Paulo nos convida a olhar para a esperança futura de nossa ressurreição e imortalidade, pois “assim como Cristo apareceu uma vez como Redentor, Ele virá outra vez para nos mostrar os benefícios da salvação que temos obtido.” (p 33). “Neste mundo perverso, devemos viver com sabedoria, justiça e devoção, enquanto aguardamos esperançosamente o dia em que será revelada a glória de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.” (Tito 2.12-13). A verdadeira humildade significa respeito pelos demais. 1. “A autonegação se refere em parte aos homens, mas principalmente a Deus.” (p 33). A virtude que nos ensina a ter um maior cuidado com o próximo, do que com nós mesmos, somente será obedecida se formos curados de nossa natureza pecaminosa. “Todos estamos cheios de vícios que escondemos dos demais cuidadosamente, e nos enganamos pensando que são coisas pequenas e triviais, tanto quanto às vezes os estimamos como verdadeiras virtudes.” (p 34). Algumas vezes desprezamos no próximo, aqueles talentos que valorizamos em nós mesmos, só pra não reconhecer a superioridade deles. Criticamos e até exageramos a gravidade dos vícios que vemos nos outros. “Do ódio passamos à insolência, pois desejamos ser mais excelentes do que o resto da humanidade”, e consideramos o outro como alguém inferior. (p 34). 2. “Não há ninguém que não se julgue superior aos demais. Cada um adula-se a si mesmo e erige um verdadeiro reinado em seu “ego” interior.” (p 34). Enquanto condenamos a conduta do próximo, também estamos prontos a explodir com irritação, se houver discordâncias à nossa opinião. As outras pessoas são amáveis e encantadoras até o momento em que contrariam a nossa posição. 3. “Para poder vivermos felizes, temos de arrancar de nosso coração os maus pensamentos e desejos de falsa ambição e amor-próprio.” (p 34). Aprendemos na Bíblia que qualquer talento que temos é somente um dom recebido da Graça de Deus, e isto não deve ser motivo de orgulho, mas sim; é uma razão para agradecer ao Senhor. Dedicar a devida atenção às nossas falhas também nos fará mais humildes e seguros, pois o orgulho das conquistas poderá nos derrubar quando não alcançarmos sucesso em alguma situação. 4. Ao enxergar um dom de Deus surgindo na vida e atitudes de nosso irmão, importa-nos não esquecer de honra-lo pelo que o Senhor tem realizado na vida dele. “Nunca deveríamos injuriar a outros por suas faltas, pois é nosso dever mostrar amor e respeito para com todos.” (p 35). Prestar atenção no valor e boa conduta das pessoas irá nos ensinar a agir com moderação e educação, “e um amplo sentido de amizade.” (p 35). A verdadeira humildade requer olhar para nós mesmos com moderação e honrar ao próximo por suas virtudes, desde o nosso coração. “Não procurem apenas os próprios interesses, mas preocupem-se também com os interesses alheios.” (Filipenses 2.4). REFERÊNCIAS: CALVINO, João. A Verdadeira Vida Cristã. tradução: Daniel Costa. Novo Século. São Paulo, SP, 2000. (p 32-35). *Introdução, de Ricardo Quadros Gouvêa, p 5-6. Autor, Ivan S Rüppell Jr é Professor de ciências da religião e teologia.

sábado, 11 de julho de 2020

DEVOCIONAIS nas INSTITUTAS de J. CALVINO, Semana 2: O QUE SIGNIFICA CONHECER A DEUS. p. Ivan S Rüppell Jr. Julho, 2020.

A obra teológica “Institutas” do reformador protestante João Calvino é uma instrução básica, profunda e completa do conhecimento do Cristianismo. A partir de Santo Agostinho e Martinho Lutero, Calvino apresentou a Fé Cristã segundo o pensamento dos Apóstolos e Pais da Igreja, desenvolvendo o formato do Credo Apostólico, em edições publicadas desde 1536 até 1559. Esse é o segundo volume de uma série semanal de resumo e citações das INSTITUTAS de João Calvino. Boa leitura! Devocional: O QUE SIGNIFICA CONHECER A DEUS. Texto Bíblico Inicial, (Gênesis 1.1, 26-28): “No princípio, Deus criou os céus e a terra (...) Então Deus disse: “Façamos o ser humano à nossa imagem; ele será semelhante a nós. Dominará sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, sobre todos os animais selvagens da terra e sobre os animais que rastejam pelo chão... Então Deus os abençoou e disse: “Sejam férteis e multipliquem-se. Encham e governem a terra.” Para conhecer quem é Deus de uma forma verdadeira, precisamos adquirir um conhecimento que seja capaz de orientar eu e você a honra-lo de maneira adequada. Um conhecimento básico e integral, pleno e real como aquele que Adão tinha da Pessoa de Deus, antes de ocorrer a queda que afastou a humanidade da presença do Senhor. “O Senhor Deus plantou um jardim no Éden, para os lados do leste, e ali colocou o homem que havia criado. O Senhor Deus fez brotar do solo árvores de todas as espécies, árvores lindas que produziam frutos deliciosos. No meio do jardim, colocou a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal.” (Gn. 2.8-9). Sabe-se que o conhecimento que temos acerca da Pessoa de Deus hoje, quando olhamos para Jesus Cristo é maior e mais completo, pois temos descoberto que Deus não apenas nos criou e sustenta tudo o que existe, mas também vemos como Ele governa a história dos homens com uma sabedoria e um cuidado amoroso incomparáveis. “E tudo isso vem de Deus, aquele que nos trouxe de volta para si por meio de Cristo e nos encarregou de reconciliar outros com ele. Pois, em Cristo, Deus estava reconciliando consigo o mundo, não levando mais em conta os pecados das pessoas.” (2 Coríntios 5.18-19). Pois, afinal, qual é a utilidade de saber que Deus existe, se como afirma o filósofo helenista Epicuro, Ele deixa a vida nos levar de qualquer jeito? Ora, o conhecimento correto de Deus é aquele que nos faz busca-lo para receber cada uma das suas bênçãos mais excelentes. Observe que não é possível obter algum conhecimento verdadeiro de Deus, se esquecemos que fomos criados por Ele no início e se ignoramos que Ele sustenta toda a existência do mundo até hoje. “Então Deus disse: “Eu lhes dou um sinal da minha aliança com vocês e com todos os seres vivos, para todas as gerações futuras. Coloquei o arco-íris nas nuvens. Ele é o sinal da minha aliança com toda a terra... Nunca mais as águas de um dilúvio destruirão toda a vida.” (Gn. 9.12-14). A religião sincera surge quando o homem se afasta do pecado em razão de ter descoberto o grande amor de Deus pela humanidade, e não por causa do medo de sermos castigados. Pois há muita gente religiosa no mundo, mas há pouca sinceridade de coração na alma dos homens. “E, no entanto, Deus fez tudo apropriado para seu devido tempo. Ele colocou um senso de eternidade no coração humano, mas mesmo assim ninguém é capaz de entender toda a obra de Deus, do começo ao fim.” (Eclesiastes, 3.11). Autor: Ivan Santos Rüppell Jr. Teólogo, Cientista da religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

A VERDADEIRA VIDA CRISTÃ, João Calvino. RESUMO. Cap. 2, parte 1.

RESUMO do Livro, A verdadeira vida cristã, de João Calvino. Capítulo II. AUTONEGAÇÃO. Não nos pertencemos, somos do Senhor. 1. “O princípio da santidade nos leva à seguinte exortação: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade do Senhor.” (Rm 12.2). (p 29). Ao consagrar nossa personalidade para servir ao Senhor, isso significa que pensamos, falamos, meditamos ou fazemos qualquer coisa tendo como motivo principal a glória de Deus. Nisto consiste a verdadeira adoração. 2. Se não somos “donos” de nós mesmos, então devemos fugir de tudo que desagrada a Deus. Se pertencemos ao Senhor, devemos fazer tudo aquilo que Ele aprova. Quando compreendemos que não nos pertencemos, aceitamos que nem a nossa razão e nem a nossa vontade deveriam guiar nossos pensamentos e ações. Já que não somos donos de nós mesmos e nossa personalidade não nos pertence, devemos refrear os desejos da carne, até conseguir largar os interesses egoístas. Somos do Senhor e devemos viver para Ele! 3. O homem que não é governado por sua razão é um homem que avança na caminhada cristã, pois o veneno mortal que leva os homens à ruína origina de se orgulharem da própria capacidade, oriunda da sabedoria humana. 4. Para servir ao Senhor é necessário praticar uma obediência que coloca de lado os desejos pecaminosos, enquanto nos rendemos ao controle do Espírito Santo. “A transformação de nossas vidas por meio do Espírito Santo é o que Paulo chama de renovação da mente.” (p 30). Os filósofos exaltam a razão do homem pra que seja o guia de sua conduta, mas a filosofia cristã orienta que a nossa consciência e raciocínio devem estar sob o domínio do Espírito Santo. “Fui crucificado com Cristo; assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.” (Gálatas 2.20). Buscar a glória de Deus implica numa autonegação. 1. A vantagem de abandonar nossas ideias egoístas é que teremos a oportunidade de focar a atenção em Deus e seus mandamentos. “Todo crente deve ter o desejo fervoroso de contar com Deus em cada momento de sua vida.” (p 31). Logo que deixamos para trás os interesses pessoais, também abandonamos desejos de riquezas, poder e favor dos homens, além de enfraquecer na alma a busca por falsas ambições e outras maldades secretas. 2. “Se um homem tem aprendido a depender de Deus em cada empreendimento de sua vida, estará liberto de todos os seus desejos vãos.” Todo aquele que vier a negar a si mesmo, também não deixará espaço para “o orgulho, a arrogância, a vanglória, a avareza, a licenciosidade, o amor à luxúria, ao luxo, ou qualquer outra coisa nascida do amor ao “Eu”.” (p 31). Aquele que não se submete ao princípio da autonegação será conduzido “à indulgência pelos vícios mais grotescos sem um mínimo de vergonha”, posto que não é possível ser uma pessoa de virtudes sem crer na santa lei de Deus e na autonegação. 3. Quando não buscamos a autonegação e queremos praticar virtudes, o que ocorre é que realizamos obras pra alcançar o louvor dos homens. Os filósofos que valorizam esse tipo de virtude, logo demonstram que o mais importante para eles é bem exercitar o seu orgulho. “Deus não se compraz em absoluto com aqueles que são ambiciosos e altivos, cujos corações estão cheios de orgulho e presunção.” (p 31). Até as prostitutas e fariseus (arrependidos) estão mais próximos do reino dos céus do que os orgulhosos e vaidosos. 4. São “incontáveis os obstáculos do homem que deseja fazer o que é correto e, ao mesmo tempo, resiste em negar o seu “Eu”.” (p 32). A autonegação cristã é o remédio para acabar com todos os vícios escondidos da alma humana. A libertação do homem ocorre quando ele decide renunciar a seu egoísmo e escolhe agradar ao Senhor para fazer o que é bom diante de seus olhos. “Porque a graça de Deus se manifestou para todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e salvador, Jesus Cristo.” (Tito 2.11-13). REFERÊNCIAS: CALVINO, João. A Verdadeira Vida Cristã. tradução de Daniel Costa. Editora Cristã Novo Século. São Paulo. SP. 2000. *VOCÊ PODE ACESSAR NESTE BLOG ao RESUMO do Capítulo 1. Autor, Ivan S. Rüppell Jr. Professor de Teologia e Ciências da Religião.

sábado, 4 de julho de 2020

DEVOCIONAIS nas INSTITUTAS de J. CALVINO, Semana 1, p/ Ivan S Rüppell Jr

A obra teológica “Institutas” do reformador protestante João Calvino é uma instrução básica, profunda e completa do conhecimento do Cristianismo. A partir das premissas de Santo Agostinho e Martinho Lutero, Calvino apresentou a Fé Cristã segundo o pensamento dos Apóstolos e Pais da Igreja, desenvolvendo o formato do Credo Apostólico, em edições iniciadas em 1536 e finalizadas no ano de 1559. A Soberania e a Glória de Deus, a Graça e Redenção da humanidade existentes no dom de Jesus Cristo e a Iluminação e Santificação do Espírito Santo na salvação do homem são aspectos essenciais da Obra divina em nossas vidas, que o maior pensador da reforma irá dar a conhecer aos que meditarem em seus textos. O conteúdo que as devocionais de Calvino tem a oferecer vai ultrapassar aquele bom conhecimento de tantos outros devocionários, pois, segundo o teólogo Ricardo Gouvêa de Mendonça; "Calvino insistia ainda na unidade e harmonia do ensino bíblico, evitando assim o erro tão comum em nossos dias de interpretar um referido texto alienado de seu contexto canônico-teológico." Esse é o primeiro volume de uma série de textos com o resumo e citações das Institutas. O CONHECIMENTO DE DEUS, O CRIADOR. Texto Bíblico inicial, Profeta Ezequiel, 1.26-28: “Acima dessa superfície havia algo parecido com um tronco de safira. No trono, bem no alto, havia uma figura semelhante a um homem. Da cintura para cima, tinha a aparência de âmbar reluzente que cintilava como o fogo, e, da cintura para baixo, parecia uma chama ardente que brilhava com esplendor. Estava rodeado por um aro luminoso, como arco-íris que resplandece entre as nuvens num dia de chuva. Essa era a aparência da glória do Senhor para mim. Quando a vi, prostrei-me com o rosto no chão e ouvi a voz de alguém que falava comigo.” MEDITAÇÃO. Ninguém é capaz de ter uma boa compreensão de si mesmo ignorando a Pessoa de Deus, pois não somos autossuficientes em nossa origem e nem conseguimos existir no mundo segundo as nossas próprias forças. “A soma total da nossa sabedoria... abrange estas duas partes: o conhecimento que se pode ter de Deus, e o de nós mesmos.”(*) Cada vez que observamos a grandeza de Deus e as maravilhas da criação, reconhecemos a nossa fragilidade e passamos a busca-lo com temor, aguardando que nos abençoe. Observe que compreender a limitação da humanidade indica que a fonte de toda sabedoria está em Deus, e que é preciso desprezar todo o conhecimento parcial, para então, receber a verdade completa acerca da existência. “Por outro lado, está certo que ninguém adquire qualquer conhecimento certo de si mesmo até ser trazido face a face com Deus.” O nosso orgulho naturalmente ensina que somos superiores, de tal forma que somente a perfeição do Senhor irá revelar a pequenez da nossa natureza. O nosso auto-engano natural logo nos satisfaz com algo que é falso, e qualquer coisa que não é de todo ruim já consideramos boa demais. Assim, “até que olhemos mais alto do que a terra, pareceremos semideuses para nós mesmos." Portanto, é necessário considerar a completude de Deus a fim de que a nossa vã sabedoria seja percebida como uma tolice, diante da grandeza da Criação e dos acontecimentos diversos da vida. Enquanto meditamos acerca da vida e do Deus dos céus e da terra, eis que “surge daí aquele temor e espanto que tem caído sobre os que tem fé cada vez que tiveram consciência da presença de Deus". As experiências de Jó, Abraão, Elias e Isaías confirmam como a majestade de Deus revela a nossa ignorância sobre tudo que existe e acontece. Pois qual deveria ser a reação dos homens quando os próprios Querubins de Deus cobrem o rosto cheios de temor diante d´Ele? Então, para todos que desejam conhecer algo da vida e existência, o bom aprendizado orienta que devemos aprender primeiro acerca do conhecimento de Deus, para só depois, aprender algo a partir do conhecimento de nós mesmos. Leituras bíblicas indicadas: Jz 13.22, Ez. 3.14, Dn 8.18, 10.16-17. Texto Bíblico final, Isaías 6.5: "Então eu disse: "Estou perdido! É o meu fim, pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de pessoas de lábios impuros. Meus olhos, porém, viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!". REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. (páginas 23 a 36 do Resumo de J.P. Wiles); (páginas 55 a 69 das Institutas, vol 1, 2006, Editora Cultura Cristã*); CALVINO, João. A Verdadeira Vida Cristã. Novo Século, São Paulo, SP, 2000.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

"A VERDADEIRA VIDA CRISTÃ", João Calvino, REFLEXÃO para Grupos. By Ivan S Rüppell Jr

ORIENTAÇÃO para estudo em Grupo e REFLEXÃO. Tópico 1: A OBEDIÊNCIA HUMILDE. VERDADEIRA IMITAÇÃO DE CRISTO. 1. A Escritura é a regra da vida. Leitura Bíblica indicada: 2 Timóteo 3.16. a) “A meta da nova vida é que os filhos de Deus exibam a melodia e a harmonia de Deus em sua conduta.” A boa melodia da canção divina surge da harmonia entre a justiça de Deus e a nossa obediência. Somos preguiçosos e necessitamos de um princípio que nos ajude em nossos esforços, pois somente o arrependimento não é uma garantia que iremos nos manter no caminho reto. A segurança da nossa adoção como filhos origina de caminharmos na lei de Deus. REFLEXÃO: De acordo com esse parágrafo, por que dizemos que a Escritura é a regra da vida do cristão? b) A devoção pura ao Senhor requer o entendimento e valorização das regras básicas ensinadas nas Escrituras. Uma situação em que a brevidade de um texto sobre a conduta cristã não deve ser considerada superficial. “A Escritura tem uma esplêndida precisão e uma certeza que supera todos os filósofos.” (p 22). Os filósofos comovem, enquanto que o Espírito Santo é direto, simples e compreensível. REFLEXÃO: Você recorda de algum versículo ou ensino bíblico que abençoou a sua vida de maneira bem objetiva e direta? 2. A santidade é o princípio-chave. Leitura bíblica indicada: Isaías 35.10. a) As Escrituras orientam os cristãos em dois aspectos: a instrução na lei serve para que amemos a retidão do Senhor, e o ensino de regras simples serve para não nos cansarmos na caminhada cristã. Sendo que a mais direta e melhor recomendação é “Sede santos porque eu sou santo.” (p 22). REFLEXÃO: Como você entende a convocação dada no versículo bíblico “Sede santos...”? b) Somente o dom da graça de Cristo nos torna justos e nos une ao Senhor. Enquanto que a santidade é o meio capaz de nos fazer desfrutar a nossa união mística com Cristo. “A santidade é a própria glória de Deus que não pode ter nada a ver com a iniquidade e impureza”. A vida cristã não está relacionada aos valores deste mundo, pois fomos resgatados da iniquidade. Para sermos o povo que vive na Jerusalém santa do Senhor é necessário acatar a exortação da santidade. REFLEXÃO: Como você entende a afirmação de que “a santidade é o meio capaz de nos fazer desfrutar a nossa união mística com Cristo?” 3. A santidade significa obediência total a Cristo. Leitura bíblica: Colossenses 3.1-3. a) A Escritura diz que Cristo é o caminho da santidade, razão para que o mesmo Deus que nos reconciliou consigo em Cristo, também venha ordenar que “sejamos conformes à sua imagem.” Observe que outros modelos de caráter existentes no mundo orientam a humanidade a praticar atos de acordo com a nossa natureza pecaminosa; enquanto que Deus apresenta “Cristo como nosso modelo e exemplo perfeito”. Exibir o caráter de Cristo é o plano de vida mais excelente que existe. REFLEXÃO: De acordo com esse parágrafo, o que significa dizer que “Cristo é o caminho da santidade?” b) Aquele que não se consagra para viver a justiça de Cristo, afasta-se do Criador e renuncia “voluntariamente ao nosso Salvador.” A exortação das Escrituras traz consigo as promessas das bênçãos de Deus e a consumação da nossa salvação. “Posto que Deus tem revelado a si mesmo como Pai”, seremos ingratos se não agirmos como seus filhos. Cristo subiu aos céus e nos uniu como membros de seu corpo, e por isso nos convoca a deixar para trás “os desejos da carne e elevar nossos corações a Ele.” O Espírito Santo nos consagrou como templos de Deus, e por isso devemos manifestar a Sua glória, ao invés de profanar este santuário. REFLEXÃO: Qual destas frases chamou mais a sua atenção? Por que? 4. Um cristianismo externo não é suficiente. Leitura Bíblica: Gálatas 5.16-17. a) Como iremos glorificar o nome de Cristo se tudo que possuímos é sermos membros de uma igreja? O verdadeiro conhecimento de Deus dado na Palavra do Evangelho nos conduz para a comunhão com Cristo. E o verdadeiro conhecimento de Jesus requer o abandono da velha e corrupta natureza humana, sendo que conhecer a Cristo somente no exterior é “uma crença perigosa”. “O evangelho não é uma doutrina da fala, mas de vida.” A compreensão do Evangelho requer que sua mensagem esteja em nossa alma e atinja o coração, não sendo possível “assimilá-lo por meio da razão e da memória.” “Os cristãos nominais devem parar de insultar a Deus dizendo serem aquilo que não são.” REFLEXÃO: O que você entende da frase: “O verdadeiro conhecimento de Deus dado na Palavra do Evangelho nos conduz para a comunhão com Cristo?” 5. O progresso espiritual é necessário. Leitura bíblica: Filipenses 3.12-14. a) “Se instituíssemos uma norma de perfeição total para os cristãos, não existiria nenhuma igreja”, já que estamos longe de sermos cristãos ideais, sendo que alguns progridem lentamente. A perfeição deve ser a meta e o propósito supremo em nossas vidas, e a vida espiritual requer uma dedicação sincera na busca da santidade e retidão. Uma mente dividida gera conflito, e a maioria dos crentes “se desviam ou se detêm em seu progresso espiritual”, alcançando avanços lentos e pequenos. REFLEXÃO: Qual frase ou ensinamento mais chamou a sua atenção neste item? b) Não há ninguém que não consiga progredir de vez em quando. Façamos todo possível pra seguir adiante e não vamos nos desesperar quando avançamos pouco. Estejamos felizes quando o dia de hoje foi melhor que o dia que passou. Sendo que “a única condição para o verdadeiro progresso espiritual é a de que permaneçamos sinceros e humildes.” Mantenha sua meta e avance até ela com vontade, sem cair no orgulho ou se entregar às paixões pecaminosas. Sejamos diligentes para alcançar mais santidade até atingir a nossa melhor qualidade espiritual. REFLEXÃO: Acerca da busca da santidade, como você entende a frase: “a única condição para o verdadeiro progresso espiritual é a de que permaneçamos sinceros e humildes?”.

A VERDADEIRA VIDA CRISTÃ, João Calvino. RESUMO. Cap. 1, p/ Ivan S. Rüppell Jr.

“A Verdadeira Vida Cristã”. RESUMO do Livro. Cap.1. INTRODUÇÃO*: “Calvino foi um exegeta notável, tornando-se o mais importante modelo da aplicação do método histórico-gramatical. Sua atitude de profundo respeito para com as Escrituras fez de Calvino um comentarista extremamente cuidadoso e confiável. Para Calvino, o teólogo é antes de tudo um discípulo e um servo das Escrituras. Destaca-se a sua obra prima, um compêndio sistemático da doutrina cristã conhecido pelo nome de “As Institutas”. Em importância, influência e qualidade, esta obra não possui rival na história da teologia. Ela poderia ser comparada, talvez, à “Cidade de Deus” de Agostinho, ou à “Summa” de Tomás de Aquino. O impacto de Calvino no pensamento e na vida europeia está bem documentado. O calvinismo tem sido, nos últimos cinco séculos, umas das principais forças moldadoras da cultura e da sociedade ocidental. Uma das inovações mais importantes da exegética de Calvino é justamente o conceito da acomodação, segundo o qual Deus ajustou sua palavra revelada às capacidades da mente e do coração humanos. No calvinismo, a fé cristã se relaciona com a cultura humana, a vida e o mundo que nos cerca. Calvino não visava em sua obra meramente uma reforma doutrinária e uma reforma da vida da igreja, mas também a transformação de toda a cultura humana em nome de Jesus e para a glória de Deus. Resta-nos dizer apenas que há motivos de sobra para estudar Calvino... pois o estudo aprofundado do pensamento de Calvino pode ser de grande valia em qualquer área do conhecimento humano.” (*Ricardo Quadros Gouvêa, p 5-13). A ORAÇÃO DE CALVINO: “Deus e pai todo-poderoso, nesta vida temos tido muitas lutas; dá-nos a força do teu Espírito, para que possamos prosseguir em meio ao fogo e às muitas águas com valor, e assim nos submetermos às tuas normas, para irmos ao encontro da morte sem temor, com total confiança na tua assistência.” (p 19). RESUMO do Capítulo 1: A OBEDIÊNCIA HUMILDE. VERDADEIRA IMITAÇÃO DE CRISTO. A Escritura é a regra da vida. 1. “A meta da nova vida é que os filhos de Deus exibam a melodia e harmonia de Deus em sua conduta.” A melodia da canção do Deus da justiça é a harmonia entre a justiça de Deus e a nossa obediência. A segurança da nossa adoção como filhos origina de caminharmos na lei de Deus. Somos preguiçosos e necessitamos de um princípio que nos ajude em nossos esforços, já que o arrependimento não é uma garantia que iremos nos manter no caminho reto. “A lei de Deus contém em si mesma a dinâmica da nova vida por meio da qual Deus restaura sua imagem em nós.” A Escritura é o princípio fundamental para reformar nossas vidas. (p 21). 2. “Os Pais da Igreja escreveram grandes obras sobre as virtudes necessárias à vida cristã.” No entanto, a devoção pura requer tão somente que consigamos entender a regra básica da Bíblia, sendo que a brevidade de um texto sobre a conduta cristã não deve ser considerada supérflua ou sem valor. Filósofos falam de princípios gerais e regras específicas, são ambiciosos e demonstram uma estranha lucidez e hábil ingenuidade; “porém a Escritura tem uma esplêndida precisão e uma certeza que supera todos os filósofos.” (p 22). Os filósofos comovem, enquanto o Espírito Santo é direto, simples e compreensível. A santidade é o princípio-chave. 3. As Escrituras destacam dois planos para os cristãos: a instrução na lei para que amemos a retidão, e o ensino de regras simples para não nos cansarmos no caminho. A melhor recomendação é “Sede santos porque eu sou santo.” (p 22). Cristo nos chamou para sua presença quando estávamos espalhados e sem pastor, perdidos no labirinto do mundo. 4. A santidade é o único meio capaz de nos fazer desfrutar a união mística com Cristo. A santidade não é um mérito para obter a comunhão com Deus, pois só o dom de Cristo nos une ao Senhor. “A santidade é a própria glória de Deus que não pode ter nada a ver com a iniquidade e impureza”; sendo essa uma boa razão para sermos exortados na prática da santidade. A vida cristã não está relacionada aos valores deste mundo, pois fomos resgatados da iniquidade e contaminação desta era. Para sermos o povo que vive na Jerusalém santa do Senhor é necessário acatar a exortação da santidade; pois a cidade santa não será habitada por habitantes impuros. “O salmista disse: Jeová, quem habitará em teu tabernáculo? Quem morará em teu monte santo? O que anda em integridade, faz justiça e fala a verdade em seu coração.” A santidade significa obediência total a Cristo. 5. A Escritura diz que Cristo é o caminho da santidade, sendo que o mesmo Deus que nos reconciliou consigo em Cristo, também ordena que “sejamos conformes à sua imagem.” (p 23). O plano de vida dos “filósofos é viver a vida de acordo com a natureza”, enquanto que Deus apresenta “Cristo como nosso modelo e exemplo perfeito”. Exibir o caráter de Cristo é o plano de vida mais excelente que existe, o qual dará um testemunho efetivo ao mundo e que será de grande valor para nós mesmos. 6. O Senhor nos adotou como filhos na condição de nos tornarmos uma imitação de Cristo; “o Mediador de nossa adoção”. (p 24). Aquele que não se consagra para viver a justiça de Cristo, afasta-se do Criador e renuncia “voluntariamente ao nosso Salvador.” (p 24). 7. A exortação das Escrituras traz consigo as promessas das bênçãos de Deus e realiza a conclusão da nossa salvação. “Posto que Deus tem revelado a si mesmo como Pai”, seremos ingratos se não agirmos como seus filhos. Cristo subiu aos céus e nos uniu como membros de seu corpo, e por isso nos convoca a deixar para trás “os desejos da carne e elevar nossos corações a Ele.” (p 24). O Espírito Santo nos consagrou como templos de Deus, e por isso devemos manifestar a Sua glória, ao invés de profanar este santuário. Nossa alma e corpo irão herdar uma coroa incorruptível, e assim devemos nos manter puros até o dia do Senhor. “Estes são os melhores fundamentos para um código correto de conduta.” (p 24). Um cristianismo externo não é suficiente. 8. Como se pode glorificar o nome de Cristo se tudo que possuímos é sermos membros de uma igreja? O verdadeiro conhecimento de Deus dado na Palavra do Evangelho nos conduz para a comunhão com Cristo. E o verdadeiro conhecimento de Cristo requer o abandono da velha e corrupta natureza humana, sendo que conhecer a Cristo somente no exterior é “uma crença perigosa”. (p 25). 9. “O evangelho não é uma doutrina da fala, mas de vida.” A compreensão do Evangelho requer que sua mensagem esteja em nossa alma e atinja o coração, não sendo possível “assimilá-lo por meio da razão e da memória.” “Os cristãos nominais devem parar de insultar a Deus dizendo serem aquilo que não são.” A fé e religião que não muda o coração e atitudes até nos tornar novas criaturas, “não nos será de muito proveito.” (p 25). 10. Os Filósofos afastam-se de todos que “professam conhecer a arte de viver a vida”, e com mais razão os cristãos deveriam criticar os que levam o Evangelho nos lábios, ao invés de no coração. As convicções e afetos dos crentes não tem limites, enquanto que “as exortações dos filósofos são frias e sem vida.” (p 25). O progresso espiritual é necessário. 11. Devemos seguir adiante na busca da perfeição, sendo injusto cobrar ou requerer tal perfeição “antes de constatarmos se uma pessoa é verdadeiramente cristã.” “Se instituíssemos uma norma de perfeição total para os cristãos, não existiria nenhuma igreja”, já que todos estamos longe de sermos cristãos ideais, sendo que alguns progridem lentamente. (p 26). 12. “A perfeição deve ser a meta final a qual nos dirigir e o propósito supremo em nossas vidas.” Não é correto abraçar alguns valores de Deus em detrimento de outros, “segundo nosso gosto e capricho.” Deus deseja sinceridade no serviço e “simplicidade de coração, sem engano nem falsidade.” A vida espiritual requer uma dedicação sincera na busca da santidade e retidão, enquanto que uma mente dividida só gera conflitos. Saiba que não há ninguém que seja forte e capaz de estar sempre vigilante pra seguir adiante na caminhada cristã, sendo que a maioria dos crentes “se desviam ou se detêm em seu progresso espiritual”, alcançando avanços lentos e pequenos. (p 26). 13. Mas, “deixemos que cada um proceda de acordo com a habilidade que lhe foi dada e continue assim, a peregrinação que tem empenhado.” Não há ninguém tão infeliz que não consiga progredir de vez em quando. Façamos todo possível para seguir adiante e não vamos nos desesperar quando avançamos pouco. Estejamos felizes se o dia de hoje foi melhor que o dia que passou. (p 26). 14. “A única condição para o verdadeiro progresso espiritual é a de que permaneçamos sinceros e humildes.” (p 26). Mantenha a sua meta e avance até ela com vontade, sem cair no orgulho ou se entregar às paixões pecaminosas. Sejamos diligentes para alcançar mais santidade até atingir a nossa melhor qualidade espiritual, pois “somente chegaremos à perfeição absoluta” quando estivermos na própria presença de Deus, e separados deste corpo corruptível. (p 27). REFERÊNCIAS: CALVINO, João. A Verdadeira Vida Cristã. tradução de Daniel Costa. Editora Cristã Novo Século. São Paulo. SP. 2000. *VOCÊ PODE ACESSAR NESTE BLOG aos Estudos Devocionais para Grupos, com o conteúdo desse primeiro capítulo resumido organizado em REFLEXÕES. Ivan S. Rüppell Jr. Professor de Teologia e Ciências da Religião.