quinta-feira, 28 de outubro de 2021

A ORAÇÃO DO PAI NOSSO. Aprenda a desenvolver um Bom Relacionamento com Deus!

"Ele disse: "Quando vocês orarem, digam: Pai, Revela-nos quem tu és. Dá um jeito neste mundo. Conserva-nos vivos com três boas refeições. Preserva-nos perdoados por ti e perdoando outros. Guarda-nos de nós mesmos e do Diabo." (Lucas 11.2-4, Bíblia A Mensagem). A Oração do Pai Nosso traz os temas e orientações necessárias para que a Humanidade possa conversar com Deus Pai, de modo que possamos viver a existência de maneira saudável e bendita. Um exemplo: quando aprendemos nos mandamentos de Jesus que não se deve "julgar para não ser julgado", então, logo deixamos de prestar atenção nos pensamentos e atitudes que percebemos danosos e de engano, já que rapidamente os condenamos. Mas Jesus e Deus não ensinam que não devemos analisar as pessoas e situações; pelo contrário. No entanto, sem a Presença de Deus conosco, nós não temos o equilíbrio mental e emocional para analisar algo, sem logo nos irritar e também condenar o que vemos como ruim e até maldoso. Assim, através da oração do Pai Nosso iremos desenvolver um relacionamento com Deus que vai colocar a nossa personalidade debaixo dos cuidados divinos, para que possamos aprender no dia a dia a analisar e definir o que, e quem está certo e errado. Sem que com isso fiquemos irados e desanimados diante das realidades humanas e sociais em que vivemos. Esse é um aprendizado espiritual importante, especialmente perante as antigas novidades que nos aguardam no Brasil de 2023. Nesse sentido, vamos meditar nos comentários de um grande teólogo, João Calvino, que buscou entender e explicar o valor dessa oração. COMENTÁRIO das Institutas da Religião Cristã, de Joao Calvino: A ORAÇÃO. "Por meio da oração temos acesso aos tesouros que estão guardados para nós no coração do nosso Pai celestial, pois tudo quanto colocou diante de nós como objeto de esperança também mandou que procurássemos mediante a oração. As palavras nunca poderão expressar plenamente a necessidade e a utilização deste exercício." A oração habitual de pedir o que desejamos alcançar e de clamar sobre o que nos preocupa vai nos ensinar o Temor, confiança e humildade, que irão nos deixar sem medo de invocar o Nome de Deus em toda ocasião e situação. EXPOSIÇÃO DO PAI NOSSO. "As primeiras palavras nos lembram que a oração deve ser dirigida a Deus em nome de Cristo, porque quando chamamos Deus de nosso Pai, inferimos que estamos pleiteando o nome de Cristo. Quem entre nós poderia ousar arrogar a si mesmo o título de filho de Deus, se não fossemos adotados como filhos em Cristo? João diz. "Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus." (João 1.12). "A segunda petição é: "Venha o teu reino." "Deus reina onde os homens negam o próprio eu, elevam-se acima do nível do mundo e seguem a justiça, de modo que possam aspirar à vida celestial." Portanto, nesta petição, há dois aspectos do reino que Deus vem realizar em nossas vidas: primeiro, Ele vem corrigir através do seu Espírito os desejos pecaminosos da nossa natureza; e segundo, "Ele molda todos os poderes da nossa alma em obediência ao Seu governo." "Quando oramos pedindo o nosso pão cotidiano, pedimos não somente o alimento, como também as roupas e todas as coisas necessárias para que possamos comer nosso pão em paz. Dessa maneira, entregamo-nos aos cuidados e à providência de Deus, a fim de que nos alimente, cuide de nós e nos preserve." "As petições, a quinta e a sexta, incluem tudo quanto é necessário para obtermos entrada na vida celestial nas alturas, o perdão dos pecados e a vitória sobre a tentação. Os pecados aqui são chamados "dívidas", porque estamos obrigados a pagar a penalidade proveniente deles, dívida essa que de modo algum poderíamos pagar a não ser que fossemos liberados dela mediante o perdão; e isso nos advém da misericórdia gratuita de Deus." Deus cancela a nossa dívida ao aceitar o pagamento dado por Cristo na cruz, ao morrer pelos pecados." "Na sexta petição, pedimos a Deus que assim nos arme e defenda para que obtenhamos a vitória contra todos os nossos inimigos: "não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal." "Há muitas formas de tentação, pois o termo inclui todos os conceitos corruptos da mente que nos predispõem a transgredir a lei de Deus, quer surjam de nós mesmos, quer sejam sugeridos pelo diabo. Além disso, coisas que em si mesmas não são malignas são transformadas em tentações pela arte de Satanás, sempre que servem para nos desviar de Deus; tais como riquezas, poder e honra, de um lado, ou pobreza, repreeensões e aflições de outro." Ao orar "livra-nos do mal", suplicamos o livramento tanto de Satanás quanto da prática do pecado, "pois embora Satanás pessoalmente seja nosso inimigo e procure nos destruir, o pecado é a arma pela qual ele tenta realizar seu propósito." "Queremos apenas ensinar que ninguém deve buscar, esperar ou pedir coisa alguma que não seja realmente incluída nesta breve oração", pois tudo que é proveitoso para o bem dos homens e está conforme a Glória de Deus está descrito nesta oração. O cristão vive diariamente diante do desafio da Fé, especialmente quando Deus nos convida pra Orar e falar com Ele; pois "sem fé é impossível agradar a Deus, pois aquele que d'Ele se aproxima precisa crer que Deus existe e que recompensa" os que buscam sua face - sem jamais esquecer a promessa pessoal de Jesus, de que "todo aquele que pede, irá receber." Saiba que um homem ou mulher diante de Deus será a pessoa cristã que pedir em oração para ser! Não será mais, e também não será menos. REFERÊNCIA: J. P. Wiles, As Institutas da Religião Cristã - um resumo - João Calvino. Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, SP, 1966, p 265-270. Autor. Ivan S Rüppell Júnior é Professor de Teologia e Ciências da Religião.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO nas Institutas de João Calvino, Outubro 2021

Esse texto contém um resumo e citações do "Resumo" de J P Wiles para as Institutas de João Calvino. INTRODUÇÃO. Comentário de Alister McGrath sobre "As Institutas" de Calvino e o tema da Predestinação: "A análise que Calvino faz da predestinação parte de fatos empíricos. Alguns crêem no evangelho. Outros não. A função primária da doutrina da predestinação é explicar o porquê de alguns indivíduos responderem ao evangelho, e de outros não. Representa uma tentativa de explicar a variedade das respostas humanas diante da graça. A teologia calvinista da predestinação deve ser considerada como uma reflexão sobre os dados colhidos da experiência humana e interpretados à luz das Escrituras, em vez de algo que se deduz com base em ideias preconcebidas sobre a onipotência divina. (...) Longe de ser uma premissa de importância central no pensamento de Calvino, a predestinação é uma doutrina acessória, que se preocupa em explicar um aspecto intrigante das consequências da proclamação do evangelho da graça." (2005, p 533). TÓPICO 21. A ELEIÇÃO. "O evangelho não é pregado em toda parte do mundo, e onde é pregado não encontra sempre a mesma recepção; e esta circunstância, sem dúvida, está subordinada à determinação de Deus na sua eleição eterna." Mas essa decisão soberana da Majestade de Deus em que alguns irão receber a salvação e outros serão impedidos de experimenta-la causa dificuldades que somente serão resolvidas "numa crença reverente e correta na eleição e na predestinação." Alguns entendem não ser razoável imaginar "que alguns homens sejam predestinados à salvação e outros à destruição." Essa visão se torna uma pedra de tropeço, pois jamais saberemos que "nossa salvação flui da fonte da misericórdia gratuita de Deus, até que cheguemos a um conhecimento da Sua eleição eterna." Deus decidiu oferecer a esperança da salvação para alguns homens e nega-la a outros; "e o próprio contraste projeta luz sobre Sua graça." Paulo afirma que a salvação de um remanescente ocorreu em razão da eleição, o que demonstra que é a Bondade Soberana de Deus que define suas decisões; pois Deus não deve nada a homem algum. "Assim, hoje também há um remanescente escolhido pela graça. E, se é pela graça, já não é mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria graça." (Romanos 11.5-6). Então, se é preciso recordar da eleição para conseguir entender que a salvação é pela graça; todos que negam essa doutrina abandonam a humildade e ocultam o testemunho de uma verdade necessária. Penso que as zombarias dos ímpios quando tratam da predestinação não devem nos calar, e nem mesmo a cautela dos que se dizem atenciosos com os de "mente fraca"; pois neste caso, ao defender sua posição também acabam afirmando que Deus não foi sábio ao apresentar a eleição e torna-la conhecida aos homens. "Ninguém que se arroga ser piedoso ousa negar totalmente a doutrina da predestinação; no entanto muitas objeções são levantadas contra ela, e especialmente por aqueles que a consideram ser o efeito da presciência, ou que ensinam que a presciência é a sua causa." "Nós também cremos firmemente que Deus não somente predestina como também pré-conhece, contudo, dizemos que é absurdo fazer da Sua presciência a causa do Seu propósito predestinador." Ao falar da presciência de Deus queremos destacar que tudo sempre esteve diante de seus olhos; "de tal maneira que, para Seu conhecimento, nada é futuro ou passado, mas todas as coisas são presentes." "Todavia, por predestinação queremos dizer o eterno decreto de Deus mediante o qual Ele determinou consigo mesmo o que haveria de ser de todos os homens." "Pois nem todos são criados em condições iguais; mas sim a vida eterna é preordenada para alguns e a condenação eterna para outros." E do modo como cada homem está colocado em uma destas condições distintas, "dizemos que é predestinado para a vida ou para a morte." Deus demonstrou esta verdade acerca da família de Abraão, revelando ser o Juiz da condição de toda uma nação, naquela eleição. Pois foi na pessoa de Abraão que Deus escolheu uma nação e rejeitou outras, conforme também Moisés afirmou ao povo que a razão de sua preferência era o Amor de Deus, sendo este o motivo de serem libertos do Egito. "O Senhor não se afeiçoou a vocês nem os escolheu por serem mais numerosos do que os outros povos, pois vocês eram o menor de todos os povos. Mas foi porque o Senhor os amou e por causa do juramento que fez aos seus antepassados. Por isso ele os tirou com mão poderosa e os redimiu da terra da escravidão, do poder do faraó, rei do Egito." (Deuteronômio 7.7-8). Portanto, fiquem alertas todos que pensam que Deus faz suas escolhas de acordo com a dignidade dos homens, pois eis aqui a prova do modo como o Senhor preferiu uma nação diante de todas as outras, já que Ele declarou o "Seu favor sobre aqueles que eram poucos e ignóbeis, até mesmo perversos e desobedientes." Quem de vocês ainda vai discutir com Deus sobre isto, questionando com Ele acerca de "porque foi Seu beneplácito dar tal prova da Sua compaixão?". Creio estar provado que Deus age conforme o seu conselho secreto ao escolher livremente quem ele quer, mas também, importa saber que aos que Ele oferece a salvação, igualmente garante a eficácia dos resultados. "Na adoção da família de Abraão brilhou o favor gratuito de Deus, que Ele negou a outras, mas nos membros de Cristo brilha uma demonstração muito mais excelente do poder de Sua graça; pois aqueles que estão unidos com Ele como seu Cabeça nunca decaem da salvação." Desta forma, entendemos que a Eleição Geral de Israel era a imagem visível de uma bênção maior que Deus definiu derramar sobre alguns em detrimento de outros. "Esta é a razão porque Paulo distingue tão cuidadosamente entre os filhos de Abraão segundo a carne, e os descendentes espirituais que são chamados como foi chamado Isaque - não porque era uma coisa vã ou infrutífera ser filho de Abraão, mas porque o conselho imutável de Deus, mediante o qual Ele predestinou a Si mesmo a quem quis, foi eficaz para a salvação destes somente." No próximo capítulo irei destacar os textos bíblicos que apresentam essa doutrina. TÓPICOS 22 a 24. UMA DECLARAÇÃO DO TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS À VERDADE DA DOUTRINA DA ELEIÇÃO E UMA REFUTAÇÃO DAS OBJEÇÕES QUE SEMPRE TEM SIDO LEVANTADAS CONTRA ELA. PROVA DA MESMA MEDIANTE A CHAMADA EFICAZ. "A doutrina da eleição encontra oposição de todos os lados, mas a sua verdade não pode ser abalada." Muitos entendem que Deus prefere alguns homens ao invés de outros baseado na presciência de suas atitudes, adotando pela Graça aqueles que sabe que serão dignos de Sua Graça, e declarando a condenação eterna aos que também já sabe que serão indignos. Esse pensamento tem sido aceito por muitas épocas e grande número de bons homens, porém, "a verdade de Deus é sólida de mais para ser abalada pela autoridade de grandes nomes." "Quando Paulo ensina que fomos escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo (Efésios 1.4), ele certamente anula o pensamento de que Deus tinha qualquer respeito para com nossos méritos." Paulo indica que após nosso Pai celestial saber que ninguém da família de Adão seria digno de sua eleição, então Ele volta seu olhar para Cristo, vindo a dar vida aos que escolheu a partir da honra de Cristo. Assim, Paulo convoca os colossenses para "dar graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz" (Col 1.12). Portanto, ao realizar a eleição antes de derramar a graça que nos capacita para a vida futura, de que forma Deus poderia achar algo em nós que pudesse auxiliar nossa eleição? A carta aos Efésios é mais clara ainda sobre esse ponto: "Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença." (Ef 1.4). "Se Deus nos escolheu para que fossemos santos, não nos escolheu porque previu que seríamos santos." Paulo trata do mesmo tema na carta aos Romanos, ao esclarecer que nem todo o povo de Israel poderia ser considerado israelita, pois estavam sob a mesma bênção de forma hereditária, mas "a sucessão não passou para todos sem distinção". Ainda que os descendentes de Abraão fossem santos em razão daquela aliança perante o povo, Paulo também destaca que muitos ficaram de fora da aliança, o que não ocorreu em razão de sua indignidade, mas "sim por causa da supremacia e domínio da eleição especial de Deus." Jesus Cristo faz a seguinte declaração ao perceber o coração duro dos que ouvem suas palavras: "Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim... E a vontade de quem me enviou é esta: Que nenhum se perca de todos os que me deu." (João 6.37-39). "Observe aqui que o dom do Pai é definido como sendo a causa da nossa vinda a Cristo e do nosso interesse no Seu cuidado protetor. "Ninguém", diz Ele, "pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer... todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim". (João 6.44-45). Neste sentido, entendemos que a eleição seria comum a toda humanidade se todos viessem até Cristo, mas o que vemos é algo diferente disto, pois há um número menor de crentes. Alguns dizem que seria um contrassenso Deus chamar todos os homens para ele, sendo que somente alguns são escolhidos; e desta forma afirmam que a promessa universal derruba a ideia de uma graça diferente e especial. "Já demonstrei antes como as Escrituras reconciliam estas duas coisas: que pela pregação do evangelho todos os homens são chamados ao arrependimento e à fé, e apesar disso, o espírito de arrependimento e de fé não é dado a todos... ; embora a voz do evangelho seja uma chamada geral a todos os homens, não obstante, o dom da fé é raro." Isaías esclarece o motivo, declarando que o "braço forte do Senhor" não alcança a todos com a revelação do conhecimento de Deus. O profeta esclarece que, "devido à fé ser um dom especial, a chamada externa chega em vão aos ouvidos dos homens." Agostinho orienta aqueles que desejam contraditar a Deus: "Queres disputar comigo? Prefiro que te maravilhes comigo, e exclames: Oh, que profundidade." Paulo também esclarece que Jacó foi escolhido e Esaú foi rejeitado não porque Deus sabia de suas atitudes, mas sim devido à escolha de Deus, antes sequer de terem praticado algum bem ou mal. "Mas procuremos a causa da condenação na corrupção do homem, ao invés de inquirir sobre o mistério inescrutável e incompreensível da predestinação divina." Vamos analisar três mentiras acerca dessa doutrina: 1. "Alguns falsa e impiamente acusam Deus de parcialidade injusta porque não trata todos da mesma maneira." Declaram que Deus deve castigar todos se os acha culpados, ou salvar todos se os acha inocentes, querendo impedir Deus de ser misericordioso ou de realizar seu justo juízo. A nossa confissão é que todos são culpados, e que alguns serão salvos pela misericórdia de Deus; sendo que não irá socorrer a todos, porque cabe a Ele decidir ser o Juiz da sentença justa de condenação. 2. "Diz-se que esta doutrina destrói todo o cuidado para com as boas obras. Admitimos que há muitos suínos que abusam da doutrina da predestinação e fazem dela uma desculpa para desafiar toda a repreensão e toda a exortação às boas obras", dizendo que pela predestinação, Deus vai salva-los ainda que cometam toda barbaridade. "Todavia as Escrituras não encorajam uma tal estultícia e maldade." 3. "Contrapõe-se que esta doutrina milita contra todas as exortações a uma vida piedosa." No entanto, enquanto pregava a eleição, Paulo igualmente foi sempre firme ao exortar e admoestar. Qual mestre zeloso que pensa dessa forma pode se comparar ao Apóstolo Paulo em zelo e determinação? Lembremos de Agostinho: "Visto não sabermos quais são os eleitos, cumpre-nos desejar de coração a salvação de todos. Assim sendo, procuremos fazer de toda pessoa com que encontrarmos participante da paz; e nossa paz permanecerá sobre os filhos da paz." "Deus manifesta Seu conselho secreto ao chamar Seus eleitos; podemos, portanto, corretamente considerar a chamada eficaz como sendo a prova da eleição, porque "aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou." (Romanos 8.30). Neste sentido, eles já começam a viver os benefícios da eleição desde a sua chamada; "e o Espírito que então recebem é, portanto, chamado o Espírito da adoção e o penhor da sua herança futura." (Efésios 1.13). (Wiles, J P. As Institutas da Religião Cristã - um resumo. João Calvino. Editora PES, São Paulo SP, 1966, p 270-277). (McGraht, Alister. Teologia sist, hist e filosófica. Uma Introdução à Teologia Cristã. Shedd Publicações. São Paulo, 2005). Autor: Ivan Santos Rüppell Jr é Teólogo e Cientista da Religião, Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil.

sábado, 23 de outubro de 2021

SOLA SCRIPTURA! A Reforma do Cristianismo e a Palavra de Deus.

A Reforma Protestante do sec 16 será celebrada mais uma vez no próximo dia 31 de outubro. Esta Reforma da Religião Cristã deu origem ao Protestantismo, e ficou marcada por cinco títulos que se tornaram lemas de sua doutrina religiosa, os quais enfatizam que acima de qualquer instituição e homem, o Cristianismo deve ser estabelecido primeiramente conforme cinco conceitos teológicos: Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus e Soli Deo Gloria; ou seja, Somente a Escritura e Somente a Graça, Somente a Fé e Somente Cristo, e Somente a Deus a Glória! O princípio doutrinário Sola Scriptura - Somente a Escritura indica que a Bíblia é a única regra de fé e prática da Igreja, sendo que o protestantismo afirma as doutrinas da inspiração e autoridade, inerrância e clareza, necessidade e suficiência do texto bíblico como fundamentos do Conhecimento de Deus, na Teologia Reformada. Nesse contexto, voltamos nossa atenção para as palavras de Jesus anotadas pelo Apóstolo João, no capítulo cinco do Evangelho, que contém o ensino do Messias para os que negavam sua autoridade como Profeta de Deus: "Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês tem a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito; contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida (...) Se vocês cressem em Moisés, creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito. Visto, porém, que não crêem no que ele escreveu, como crerão no que eu digo?" (versos 39 a 47). Jesus revela que sua Autoridade como Cristo para fazer Obras em nome de Deus e declarar Bênçãos e Juízos divinos para os homens tem base e origem nas Escrituras, num princípio relacionado à Torá (Lei) de Moisés, sendo que utilizamos este mesmo princípio para valorar o modo como as Escrituras desenvolvidas nos Evangelhos pelos Apóstolos, igualmente autorizam o conhecimento cristão. Sobre esse tema, o Salmo 19 é um dos textos bíblicos que melhor ensina a importância das Escrituras para que a humanidade possa conhecer Deus de forma verdadeira e profunda. O salmo inicia com uma proposição universal, ao afirmar que "os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos.", apresentando o modo como toda natureza e mundo comprovam a existência do Criador Todo Poderoso sobre a Terra, sendo um conceito teológico entendido como uma "revelação geral" de Deus acerca de sua Majestade, que toca o coração de todos os seres humanos, simplesmente pelo fato de estarem vivos. A seguir, o Salmo 19 acrescenta o ensino do modo como Deus revela a Verdade da existência e oferece Vida pra humanidade: "A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma... os preceitos do Senhor são justos, e dão alegria ao coração. Os mandamentos do Senhor são límpidos e trazem luz aos olhos." (versos 7-8). Desta forma, vemos nestes versículos como o próprio texto bíblico atesta o modo como Deus faz uma "revelação especial" acerca de Si mesmo para a humanidade, vindo a estabelecer as Escrituras como as Palavras de Deus que irão esclarecer aos seres humanos o caráter divino e o conhecimento acerca da Vida real e eterna. Então, vemos como a natureza anuncia a Majestade do Criador, enquanto aprendemos que somente a Bíblia ensina a Verdade sobre Deus e a existência humana. Sendo este um breve e simples exemplo da maneira como surgiu e de como tem se mantido na Igreja Protestante o princípio Sola Scriptura, da supremacia da Bíblia, como um valor cristão básico e fundamental. Agora, para entender um pouco melhor a importância deste princípio e o modo como seu valor foi essencial para a Reforma do Cristianismo iniciada no século 16, vamos aproveitar algumas reflexões e fatos apresentados pelo historiador e teólogo Alister McGrath, em seu livro; A Revolução Protestante - uma provocante história do protestantismo contada desde o século 16 até os dias de hoje. O autor conta na introdução do livro, o modo como a Igreja Anglicana se reuniu ao final do século 20 no objetivo de reforçar a unidade de sua liderança, e assim de todos os fiéis. Em meio às atividades diárias de oração e estudo da Bíblia, eis que uma questão essencial eclodiu: "como a Bíblia deveria ser interpretada - por exemplo, em relação a questões controversas como a da homossexualidade"; sendo que este e tantos outros temas urgentes da chegada próxima do século 21 refletiam as mais diversas contrariedades de entendimento entre liberais e conservadores no meio religioso. "Parafraseando Hugh Latimer, bispo de Worcester... todos queriam o bem - mas certamente eles não queriam a mesma coisa." (p 9-10) Nesta situação, os anglicanos passaram a debater de que maneira a Bíblia poderia "ser o fundamento para a identidade e a união deles quando havia uma desunião tão evidente em relação a como ela tinha de ser entendida?". Para McGrath, "a ideia no cerne da Reforma do século 16, que trouxe o anglicanismo e outras igrejas protestantes à existência, era que a Bíblia podia ser entendida por todos os cristãos - e de que todos eles tinham o direito de interpretá-la e de insistir que as suas percepções fossem levadas a sério." Assim, a proposição de que os cristãos deveriam ter o direito de interpretar as Escrituras segundo seu próprio entendimento se tornou tanto um valor da reforma, como um princípio de consequências incontroláveis na história do Cristianismo, conforme destaca McGrath: "O desenvolvimento do protestantismo como a principal força religiosa do mundo é decisivamente modelada pelas tensões criativas que emergem desse princípio." (p 10) Nesse contexto, anotando a importância fundamental das Escrituras ao Cristianismo, a partir de como Jesus estabelece a Lei de Moisés como base de sua autoridade, a qual somente temos conhecimento exatamente pelas Palavras Bíblicas dos Evangelhos dos Apóstolo; voltamos nossa atenção para o modo como o lema SOLA SCRIPTURA esteve presente na história da Igreja Medieval e particularmente, no surgimento do Protestantismo. Segundo McGrath, "o protestantismo... teve origem nas grandes agitações intelectuais e sociais da época que criaram uma crise nas formas existentes de cristianismo e que ofereceram meios pelos quais isso podia ser resolvido." A própria expressão "protestantismo" para designar esse movimento surgiu de forma casual, em meio aos decretos romanos que definiam Lutero como um herege, sendo que em meio aos conflitos de autoridade entre Roma e Alemanha, diversos príncipes vieram apoiar Martinho Lutero, com um decreto de 1526 liberando-os para decidir por si próprios como atuar diante do reformador, o que acabou impulsionando o movimento reformista luterano na Alemanha. (p 13) Até que anos mais tarde, autoridades do catolicismo romano reunidas na Dieta de Speyer de 1529 aprovaram resoluções contrárias tanto ao Islã quanto diante do movimento da Reforma de Lutero; sendo que nesta ocasião, "seis príncipes alemães e quatorze representantes imperiais, indignados", vieram a realizar um protesto direto diante da opressão contra a liberdade de religião. Sendo que, "o termo latino protestantes foi imediatamente aplicado a eles e ao movimento que representavam." (p 14) Dentro desse contexto histórico e religioso, o termo protestantismo veio a ser utilizado para designar tanto a reforma alemã, como a reforma desenvolvida por Ulrico Zuínglio na Suiça, além de movimentos anabatistas e também, as atividades desenvolvidas em Genebra sob a liderança de João Calvino. Desta forma, ao redor da década de 1560 e em meio ao desenvolvimento das reflexões da Contra Reforma Católica, luteranos e anglicanos, reformados e anabatistas buscaram alinhamento e certa unidade no interesse de colaborarem junto diante de um adversário fortíssimo, a Igreja Católica. "Quaisquer que fossem as diferenças, assim eles raciocinaram: "Somos todos protestantes" - embora houvesse uma evidente falta de clareza em relação ao que isso queria realmente dizer." (p 15) A partir disto, buscamos entender o modo como este "Protestantismo" surgido no séc 16, que agregava diversos movimentos cristãos interessados na "Reforma" do Cristianismo, faz parte de uma realidade que sempre esteve presente na Religião Cristã; especialmente a partir do modo como os cristãos valorizam a Bíblia, o que demonstra a importância e supremacia das Escrituras como o valor essencial de uma Igreja Cristã que pretende atuar continuamente numa reforma válida de suas estruturas e vivências. O autor anota o modo como desde a década de 1170, na Idade Média, um comerciante do sul da França chamado Valdes (Pedro Valdo) iniciou um projeto de reforma da religião cristã baseado na importância da leitura da Bíblia e na atenção aos necessitados, de forma que o movimento cristão valdense veio a se desenvolver nas regiões da França e Itália, nos Alpes, tendo uma base até os dias de hoje na região de Piemonte, norte da Itália. Seguindo o princípio de desenvolver pregações cristãs direto do texto bíblico, o movimento influenciou o reformador suiço Bullinger na época da Reforma, vindo a se integrar ao movimento protestante, assumindo valores de pensamento calvinistas. Para McGrath, "o movimento valdense representa um importante elo histórico entre os primeiros movimentos reformadores medievais, que tinham programas predominantemente morais e fundamento bíblico, e a Reforma." (p 32). Neste mesmo contexto, o autor destaca um certo "evangelicalismo católico" surgido em regiões da Itália, com ênfases na importância da fé pessoal e na responsabilidade do cristão agir no dia a dia segundo princípios bíblicos, sendo uma experiência que também surgiu e se manteve durante a Igreja medieval. Após esse destaque sobre alguns movimentos de reforma do cristianismo, entende-se que a compreensão correta da origem histórica do Protestantismo aponta para uma dupla mudança que ocorria na cultura ocidental ao final da idade média e início do período moderno. Mudança embasada em valores e ideias, e relacionada aos desejos pessoais e aspirações sociais que tomavam conta do ocidente desde o século 14, sendo que, "o advento da imprensa permitiu o descontentamento com os paradigmas existentes e o entusiasmo por uma alternativa para difundir ideias com rapidez sem precedentes." (p 33). Aqui, anotamos que a grande transformação religiosa da época da reforma protestante surgiu a partir de debates sobre a possibilidade de que ideias fundamentais da igreja podiam ter origem e estar embasadas em intepretações errôneas da Bíblia. Sendo que foi o Renascimento do séc 14 que trouxe mudanças para o mundo das ideias, as quais através do Humanismo vieram a promover mudanças na realidade social de toda Europa. Observe que os humanistas do Renascimento, entre o séc 14 até o ano de 1500 se dedicavam a buscar a eloquência e excêlencia da cultura das civilizações clássicas grega e romana, vindo a fortalecer o valor da filosofia como ideias de reflexão e estruturação da sociedade: "seu método básico se resume na expressão latina AD FONTES, "de volta às origens"! O riacho é mais puro na nascente." (p 36). Nesse mesmo movimento, o estilo de arquitetura gótico perdeu espaço para o clássico, enquanto que o latim rebuscado do poeta Cícero se tornou a linguagem das universidades e literatos, diminuindo a importância do latim popular. Em meio a tudo isso, "a maioria dos humanistas da época - como o grande Erasmo de Roterdã - eram cristãos preocupados com a renovação e a reforma da igreja." (p 36). Daí surgiu a reflexão e decisão de que o mesmo método utilizado pelo humanismo renascentista na revolução da literatura e conhecimento, arquitetura e sociedade deveria também ser utilizado para a reforma do Cristianismo. "Mas como isso tinha de ser feito?... Qual era a fonte original do cristianismo? Os humanistas cristãos tinham pouca dúvida: a Bíblia, especialmente o Novo Testamento. Essa era a fonte derradeira da fé. (...) A exigência humanista de retorno à Bíblia mostrou ser um chamado muito mais radical do que muitos homens seniores da igreja podiam digerir (...) O verdadeiro conteúdo da Bíblia devia ser estabelecido por meio de métodos textuais mais confiáveis, e a Bíblia devia ser lida em suas línguas originais." (p 36-37). Neste período, o mesmo Erasmo que havia lançado em 1503 a revolucionária obra, Manual do Soldado Cristão, que valorizava a importância de o cristianismo estar baseado nos crentes leigos que deveriam praticar a religião embasados na leitura bíblica, acabou produzindo em 1516 uma edição do Novo Testamento em grego, apontando diversos erros de tradução na Vulgata latina estabelecida ao redor do ano 800 e tornada oficial na Idade Média. Erasmo esclareceu a partir do texto grego que a convocação cristã de Mateus 4.17 não deveria ser lida como estava na versão latina: "Façam penitência, pois o Reino de Deus está próximo", mas sim, conforme o texto grego "ad fontes", que dizia: "Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo." E neste exemplo, vemos o modo como a reconciliação Cristã dos homens com Deus foi transferida da esfera de uma instituição histórica para uma relação pessoal diante da Pessoa de Deus, pois a penitência é um ato sacramental ritualístico vivenciado numa instituição diante de homens designados para isto, enquanto que o arrependimento é um sentimento de tristeza afirmado numa súplica e oração de ajuda, dirigida e falada pra Deus Pai, como bem ensinou Jesus Cristo: "Vocês, orem assim: Pai Nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome... Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores..." (Mateus 6.9-12). Sendo que foi este livre acesso às Escrituras e a supremacia do texto bíblico sobre as tradições dos homens, que capacitou Lutero a conhecer o conceito essencial do Evangelho de Jesus Cristo, na carta aos romanos do Apóstolo Paulo, cap 1.17: "Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé". Algo que fez tanto o líder protestante do séc 16, como igualmente qualquer cristão dedicado a Bíblia na história, a ser capaz de confessar seus pecados a Deus em nome de Jesus Cristo, para dizer feliz junto com Paulo: "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo." (Romanos 5.1). Enfim, é dentro deste contexto histórico e social, que McGrath ressalta a seguinte afirmação: "Sem o Humanismo, não teria havido Reforma", sendo que, "esse lema repetido com frequência apresenta o ponto de que o surgimento do humanismo forçou um programa de reforma mais radical sobre a igreja do que fora previsto." É verdade! As transformações culturais dos séculos 14 e 15 oportunizaram as condições sociais e políticas para que os Líderes da Reforma Protestante tivessem um êxito histórico no propósito de promover uma reforma da Religião como jamais houve no Cristianismo. E do mesmo modo, entendemos que nenhuma Reforma saudável do Cristianismo jamais aconteceria separada das Escrituras. Sendo que o momento histórico do sec 16 propiciou a formatação de um protestantismo estabelecido na ideia mais original e perigosa (maravilhosa) da história - o acesso livre do ser humano ao texto das Escrituras Bíblicas, a própria Palavra de Deus! Sola Scriptura - Somente a Bíblia. (REFERÊNCIAS: McGrath, Alister. A Revolução Protestante - uma provocante história do protestantismo contada desde o século 16 até os dias de hoje. Editora Palavra, Brasília DF, 2012) Autor: Ivan Santos Rüppell Junior é Teólogo e Cientista da Religião, Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

A IGREJA PRESBITERIANA E A REFORMA PROTESTANTE.

"O presbiterianismo derivou da Reforma Protestante do século 16. Pouco depois que o protestantismo começou na Alemanha, sob a liderança de Martinho Lutero, surgiu uma segunda manifestação do mesmo em Zurique, na Suiça, sob a direção de outro ex-sacerdote, Ulrico Zuínglio. Para distinguir-se da reforma alemã, esse novo movimento ficou conhecido como Segunda Reforma ou Reforma Suiça. (...) Até hoje, as igrejas ligadas a essa tradição no continente europeu são conhecidas como Igrejas Reformadas (da Suiça, França, Holanda, Hungria, Romênia e outros países)... O termo reformado é um termo abrangente que inclui todo um modo de encarar a vida a partir de uma série de presssupostos, dentre os quais se destaca a soberania de Deus." (...) "O termo presbiteriano foi adotado pelos reformados nas Ilhas Britânicas (Escócia, Inglaterra e Irlanda)... O sistema presbiteriano, isto é, o governo da igreja por presbíteros eleitos pela comunidade e reunidos em concílios, significava um governo mais democrático e autônomo em relação aos governos civis. Das Ilhas Britânicas, o presbiterianismo foi para os Estados Unidos e dali para muitas partes do mundo, inclusive o Brasil." (...) "A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma federação de igrejas que tem em comum uma história, uma forma de governo, uma teologia, bem como um padrão de culto e de vida comunitária. Historicamente, a IPB pertence à família das igrejas reformadas ao redor do mundo, tendo surgido no Brasil em 1859, como fruto do trabalho missionário da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos. Suas origens mais remotas encontram-se nas reformas protestantes suiça e escocesa, no século 16, lideradas por personagens como Ulrico Zuinglio, João Calvino e João Knox. O nome "igreja presbiteriana" vem da maneira como a igreja é administrada, ou seja, através de "presbíteros" eleitos pelas comunidades locais."* Referências: Matos, Alderi Souza e Nascimento, Adão Carlos. O que todo Presbiteriano inteligente deve saber. Socep Editora, Santa Bárbara d´Oeste, SP, 2007, p 9-12. Autor. Ivan Santos Rüppell Júnior é Ministro da IPB, professor de Teologia e Ciências da Religião.

A ORAÇÃO DO PAI NOSSO nas Institutas de João Calvino, Outubro 2021

Esse texto contém um resumo e citações do "Resumo das Institutas de João Calvino" desenvolvido por J P Wiles. Institutas da Religião Cristã. Tópico 20. A ORAÇÃO. "Por meio da oração temos acesso aos tesouros que estão guardados para nós no coração do nosso Pai celestial, pois tudo quanto colocou diante de nós como objeto de esperança também mandou que procurássemos mediante a oração. As palavras nunca poderão expressar plenamente a necessidade e a utilização deste exercício." Mas, afinal, se Deus sabe das nossas necessidades e tem entendimento do que é melhor para nós, não é um engano chamar sua atenção através de orações, como se ele precisasse ouvir de nós estes pedidos? Quem pensa assim ainda não entendeu o propósito da oração. Ainda que Deus esteja continuamente nos protegendo e abençoando, quando nem mesmo sabemos o que ocorre em nossas vidas, devemos aprender como é importante buscar diretamente a Sua presença, até compreender como Ele é o nosso refúgio principal nas necessidades. A prática habitual de pedir o que está em nosso coração e de clamar o que nos preocupa vai nos ensinar o Temor que irá nos deixar sem medo de invocar seu Nome em toda ocasião e situação. "Para orarmos corretamente, quatro regras devem ser observadas: 1. Que nosso estado de coração e postura de mente seja tal como é apropriado para os que procuram comunhão com Deus. 2. Que em todos os nossos pedidos verdadeiramente sintamos necessidade das coisas que pedimos e sinceramente desejamos obtê-las. 3. Que deixemos de lado toda a vanglória e toda a confiança no próprio eu, humildemente dando toda a Glória somente a Deus. 4. Que, apesar da nossa auto-humilhação, sejamos encorajados a orar pela expectativa segura que Deus escutará nossas orações e as responderá, pois assim é o mandamento de Cristo: "Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá." (Mc 11.24). Sabemos que nenhum ser humano pecador tem condições de comparecer diante da Presença Santa de Deus Pai celestial, e por isso, Deus enviou Jesus Cristo para ser o Advogado e Mediador de nossas orações e súplicas, já que Deus jamais irá recusar um pedido de seu Filho. EXPOSIÇÃO DO PAI NOSSO. "As primeiras palavras nos lembram que a oração deve ser dirigida a Deus em nome de Cristo somente, porque quando chamamos Deus de nosso Pai, inferimos que estamos pleiteando o nome de Cristo. Quem entre nós poderia ousar arrogar a si mesmo o título de filho de Deus, se não fossemos adotados como filhos em Cristo? João diz. "Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus." (João 1.12). De acordo com isso, Deus Se chama nosso Pai, e deseja que assim O chamemos." "Quando a oração diz que Ele está "no céu" não suponhamos que Ele esteja confinado a certos limites ou que habite nalguma região circunscrita; lembremo-nos pelo contrário, daquilo que Salomão diz: "Os céus, mesmo os mais altos céus, não podem conter-te. Muito menos este templo que construí." (1 Reis 8.27). "A primeira petição é que o nome de Deus seja santificado." Deus demonstra Seu poder, sabedoria, justiça, misericórdia e verdade no propósito de tocar nosso coração para admirar sua Majestade e cantar em seu louvor; "no entanto, a humanidade rouba d´Ele a glória que lhe é devida. Daí surgir a necessidade de orarmos: "Santificado seja o teu nome." "A segunda petição é: "Venha o teu reino." "Deus reina onde os homens negam o próprio eu, elevam-se acima do nível do mundo e seguem a justiça, de modo que possam aspirar à vida celestial." Portanto, há dois aspectos do reino que Deus vem realizar em nossas vidas, nesta petição: primeiro, Ele vem corrigir através do seu Espírito os desejos pecaminosos da nossa natureza; e segundo, "Ele molda todos os poderes da nossa alma em obediência ao Seu governo." Assim, quem faz essa oração pede que Deus venha purificar o seu coração de todos os interesses e atitudes contra o Reino; e logo após, pede que Deus edifique as suas Igrejas em todo mundo, enriquecendo-as com dons, além de pedir que Deus "abata todos os inimigos da sã doutrina e da religião pura, anulando os seus conselhos e frustrando seus esforços. Mas a oração será completamente cumprida no último advento de Cristo, quando Deus será tudo em todos." "A terceira petição é que a vontade de Deus seja feita na terra como é no céu." Essa oração depende da primeira e somente será cumprida através daquela, mas é um pedido necessário, "porque somos lentos para perceber o que é o Reino de Deus." Trata-se de uma oração que esclarece a petição anterior, "mostrando como Deus será Rei no mundo, quando todos os homens se submeterão à Sua vontade", que é a sua vontade revelada a qual nos submetemos ao obedecer voluntariamente seus princípios. "Da primeira metade desta oração aprendemos que os que não procuram que o nome de Deus seja santificado, que seu Reino venha, e que Sua vontadade seja feita, não são dignos de serem considerados filhos e servos de Deus." "Quando oramos pedindo o nosso pão cotidiano, pedimos não somente o alimento, como também as roupas e todas as coisas necessárias para que possamos comer nosso pão em paz. Desta maneira, entregamo-nos aos cuidados e à providência de Deus, a fim de que nos alimente, cuide nós e nos preserve." "As petições, a quinta e a sexta, incluem tudo quanto é necessário para obtermos entrada na vida celestial nas alturas, o perdão dos pecados e a vitória sobre a tentação. Os pecados aqui são chamados "dívidas", porque estamos obrigados a pagar a penalidade proveniente deles, dívida essa que de modo algum poderíamos pagar a não ser que fossemos liberados dela mediante o perdão; e isso nos advém da misericórdia gratuita de Deus." Deus cancela a nossa dívida ao aceitar o pagamento dado por Cristo na cruz, ao morrer pelos pecados." Portanto, todo aquele que imagina que as suas próprias obras ou ainda, as obras de outros poderão satisfazer essa dívida, não irão experimentar esta redenção gratuita - livramento da condenação e reconciliação com Deus. "Na sexta petição, pedimos a Deus que assim nos arme e defenda para que obtenhamos a vitória contra todos os nossos inimigos: "não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal." "Há muitas formas de tentação, pois o termo inclui todos os conceitos corruptos da mente que nos predispõem a transgredir a lei de Deus, quer surjam de nós mesmos, quer sejam sugeridos pelo diabo. Além disso, coisas que em si mesmas não são malignas são transformadas em tentações pela arte de Satanás, sempre que servem para nos desviar de Deus; tais como riquezas, poder e honra, de um lado, ou pobreza, repreeensões e aflições de outro." Ao orar "livra-nos do mal", suplicamos o livramento tanto de Satanás quanto da prática do pecado, "pois embora Satanás pessoalmente seja nosso inimigo e procure nos destruir, o pecado é a arma pela qual ele tenta realizar seu propósito." Estas três últimas petições indicam que as orações dos cristãos devem ser tanto particulares, como também públicas, "tendo por seu objetivo a edificação da igreja e o proveito de toda a comunidade dos crentes." Esse entendimento não exige que utilizemos somente as palavras e expressões próprias da Oração do Pai Nosso em nossas orações, pois as Escrituras dão testemunho de súplicas diversas que são inspiradas pelo Espírito Santo. "Queremos apenas ensinar que ninguém deve buscar, esperar ou pedir coisa alguma que não seja realmente incluída nesta breve oração", pois tudo que é proveitoso para o bem dos homens e está conforme a Glória de Deus está descrito nesta oração. REFERÊNCIA: J. P. Wiles, As Institutas da Religião Cristã - um resumo - João Calvino. Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, SP, 1966, p 265-270. Autor. Ivan S Rüppell Jr é Professor e Capelão Social.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

A Importância de Deus nos Projetos para o NOVO Ano!

O Apóstolo Tiago escreve o que podemos chamar de carta da Sabedoria no Novo Testamento, seguindo os passos de Salomão, filho de Davi. E com Tiago recordamos e estabelecemos que a Sabedoria Cristã é sempre um conhecimento que se realiza no modo como vivemos a existência, como esclarece o Apóstolo ao explicar que devemos demonstrar a nossa sabedoria pelo bom procedimento, com atitudes oriundas da humildade. (3.13). Nesse sentido, vamos meditar em princípios e atitudes cristãs que possam nortear os nossos projetos de vida para o novo ano. "Ouçam agora, vocês que dizem: "Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro". Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: "Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo". Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna. Pensem nisto, pois: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado." (Carta do Apóstolo Tiago, 4.13-17). O comentário da Bíblia de estudo de Genebra para esse texto bíblico vai direto ao ponto: "Tiago repreende a pessoa que vive a sua vida e faz planos sem qualquer consideração da vontade de Deus. Tal pessoa vive sem respeitar a soberania divina... A primeira consideração em todos os planos para o futuro deve ser a soberana vontade de Deus." Sobre esse tema, o Apóstolo Paulo trouxe importante conhecimento sobre a Soberania de Deus na história, quando estava palestrando lá no Areópago de Atenas no primeiro século, dizendo: "De um só fez ele todos os povos, para que povoassem a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar (...) "Pois nele vivemos, nos movemos e existimos", como disseram alguns dos poetas de vocês: "Também somos descendência dele". (Atos dos Apóstolos, cap 17.26-28). Assim, a primeira e boa decisão diante da realidade de que há um Deus Soberano sobre a história da nossa vida e da humanidade é fazer logo a oração do salmo 131, que diz: "Senhor, o meu coração não é orgulhoso e os meus olhos não são arrogantes. Não me envolvo com coisas grandiosas nem maravilhosas demais para mim. De fato, acalmei e tranquilizei a minha alma... Ponha a sua esperança no Senhor, ó Israel, desde agora e para sempre!". Então, de um lado deve-se aprender que Deus é Soberano, e de outro, Tiago lembra que os seres humanos não sabem nem o que vai ocorrer amanhã, sendo que podemos nos considerar como a "neblina" que surge e logo se vai, se quisermos comparar a nossa capacidade diante da vida com a capacidade soberana de Deus Todo Poderoso. Jesus contou uma parábola sobre essa realidade, falando da necessidade de nos preocuparmos com o plano fundamental da história - a ressurreição e a vida eterna, além de destacar os cuidados que Deus derrama sobre nós enquanto Ele dirige o mundo e universo. Jesus contava sobre um agricultor que teve uma grande colheita e por isso decidiu construir novos celeiros, afirmando pra si mesmo: "Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se". Mas Jesus chamou sua atenção, dizendo: "Insensato! Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida... Assim acontece com quem guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus." E seguindo com o ensino, Jesus disse: "Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?... Busquem, pois, o Reino de Deus, e essas coisas lhes serão acrescentadas." (Lucas 12.13-34). Assim, além de saber que Deus é Soberano sobre a época em que nascemos e os lugares que vivemos, devemos entender como sendo maligna a ideia de querer governar nossa existência negando a vontade de Deus, afora o fato de sermos seres frágeis diante da realidade do mundo e das realidades do conhecimento sobrenatural de Deus. Somente após compreender estas verdades básicas é que nós seremos capazes de seguir em frente, procurando entender o que é bom e o que é ruim de fazer quando tentamos organizar nossas vidas. Veja que o próprio Messias Jesus orientou que as pessoas deveriam ser cuidadosas ao avaliar as suas escolhas antes de tomar decisões e seguir com os seus projetos de vida. Assim, o problema não é planejar o futuro, mas sim, pensar e gerenciar proposições de vida sem prestar atenção e respeitar a vontade de Deus e a sua Soberania sobre toda a história e o mundo, certo? Nesse contexto, uma orientação fundamental e abrangente surge do modo como Salomão afirmou que somente o Temor e a guarda dos Mandamentos são verdades básicas de todos que desejam estar dentro da vontade de Deus enquanto vão vivendo o dia a dia comum da Humanidade. Sendo uma verdade que Jesus aprofundou ao estabelecer a importância interior dos 10 mandamentos e o seu valor como fundamentos de quem deseja estar debaixo da vontade de Deus, concluindo com as seguintes palavras, lá no Sermão do Monte: "Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha." O reformador Lutero também ensinava um sapateiro a viver no dia a dia de maneira digna perante Deus, orientando que ele deveria fazer um bom sapato e vende-lo por preço justo. Enquanto o Apóstolo Paulo afirmava que já não poderia viver sem falar sobre Deus e o Evangelho do Messias que haviam transformado sua história de vida, pois entendia que contar isto aos outros era a principal vontade de Deus em nossos dias; sendo que a experiência de Lutero e Paulo se relaciona com a instrução final de Tiago: "Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado", ao negar seguir a vontade de Deus enquanto vive. Agora, há algo fundamental que devemos saber acerca de como viver de forma abençoada diante do Deus Soberano, enquanto nossos projetos são lentamente conduzidos na vida, em meio a tantas novidades e surpresas que podem vir daonde menos se espera, tendo por exemplo a própria pandemia. Tiago segue falando palavras de sabedoria pra nós, e no início do cap cinco ele orienta os cristãos a praticar sempre a paciência e buscarem se fortalecer no Senhor, pois somente serão felizes diante de Deus aqueles que demonstram perseverança em segui-lo e manter-se junto d´Ele na vida. Na continuidade do capítulo, Tiago indica o que devemos fazer para ficar fortes e "esperar" em Deus, enquanto seguimos com a vida. O apóstolo convoca os cristãos para se aproximar de Deus com todas as suas dificuldades e dores, alegrias e vivências, enfatizando que nossa melhor atitude é falar com Deus sobre tudo que nos acontece, conforme lemos: "Entre vocês há alguém que está sofrendo? Que ele ore. Há alguém que se sente feliz? Que ele cante louvores. Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. A oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará... A oração de um justo é poderosa e eficaz." (5.13-16). Então, desenvolva logo a experiência de depender de Deus através de um relacionamento de orações constantes sobre os assuntos mais variados da vida, pois somente assim seremos cuidados pelo Senhor enquanto procuramos viver debaixo da sua Soberana vontade; sabendo que sua Grandiosa Compaixão estará agindo sobre nós na caminhada. E aqui, você pode utilizar o conselho de Paulo sobre o tema de saber andar com Deus enquanto a vida da gente não se resolve, conforme Filipenses 4.6: "Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus." Pois somente a paz de Deus poderá nos livrar de tomar decisões ruins e apressadas enquanto as angústias da existência dominam o nosso coração. É isso! O aprendizado que vai nos ensinar a viver corretamente diante do Deus Soberano é incluir em cada uma de nossas escolhas de vida, o conhecimento de seu controle sobre a nossa história e o respeito aos princípios da sua vontade moral para nós. Portanto, o negócio é não tomar decisões que envolvam escolhas contrárias aos mandamentos de Deus, além de buscar sempre viver na Sua presença, entregando-lhe em oração tudo que somos e respiramos - já que somente a partir disto seremos capazes de experimentar uma relação existencial de proximidade dependente junto de Deus Pai. Sendo algo que nos tornará capazes de dizer com sinceridade a frase que Deus espera ouvir dos cristãos: "Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo." E nesta conclusão, cabe o comentário de John Stott sobre as observações do Apóstolo Paulo ditas lá no Areópago: "O que mais impressiona é a abrangência da mensagem de Paulo. Ele proclamou Deus em sua plenitude, como Criador, Sustentador, Soberano, Pai e Juiz."** Assim, eu e você iremos conhecer e ser abençoados por cada uma destas benditas faces de Deus, exatamente ao procurar estar junto d´Ele tanto nos momentos de análise e decisão sobre o que fazer ano que vem, como também, buscando a Paz e cuidado que somente a sua Presença oferece aos que praticam a religião diante d'Ele. Dessa forma, seremos capazes de seguir andando em cada novo dia de vida que Deus nos dá, aguardando as portas que se fecham e que se abrem, pois somente junto de Deus iremos conseguir achar e permanecer nas que serão saudáveis para nós. Feliz Ano Novo! (*Bíblia de Estudo de Genebra, Edit Cultura Cristã, SP, 1999. p 1490/91) (**A Bíblia Toda o Ano Todo, John Stott, Edit Ultimato, MG 2006 p 334) AUTOR: Ivan Santos Ruppell Jr é Professor de Teologia e Ciências da Religião, e Capelão Social.

REFORMA PROTESTANTE. Estudo de Pequenos Grupos da Igreja Presbiteriana Olaria, 18 a 22, Outubro 2021

TEXTO Bíblico Base: "Como são felizes aqueles que têm suas transgressões perdoadas, cujos pecados são apagados! Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa!" (Carta aos Romanos, cap 4.7-8). COMENTÁRIO: No próximo dia 31 de outubro que será domingo da semana que vem, nós iremos celebrar a Reforma Protestante iniciada em 1517, na Alemanha, pelo monge agostiniano Martinho Lutero. Saiba um pouco mais dessa história. "Tão logo a moeda no cofre ressoa, a alma sai do purgatório". Essa era a curta mensagem musicada da propaganda de João Tetzel... Seu esquema para o levantamento de fundos - a venda de indulgências - era, simplesmente, a venda do perdão (...) Lutero, sacerdote e professor de Wittenberg, opunha-se totalmente à venda das indulgências. Quando Tetzel chegou àquela localidade, Lutero redigiu uma lista de 95 queixas e a afixou na porta da igreja, que também servia como quadro de avisos da comunidade. O perdão divino certamente não poderia ser comprado e vendido, dizia Lutero, uma vez que Deus o oferece gratuitamente... Lutero se rebelava contra toda a corrupção da igreja e pressionava para que uma nova compreensão da autoridade do papa e das Escrituras fosse adotada. Tetzel saiu logo de cena (morreu em 1519), mas Lutero prosseguiu, vindo a liderar uma revolução religiosa que mudou radicalmente o mundo ocidental. (...) A inquietação espiritual que atormentava outros grandes cristãos, ao longo de todas as eras, também influenciou Lutero. Ele estava profundamente consciente do próprio pecado, da santidade de Deus e de sua total incapacidade de obter o favor divino... "Minha situação era que, apesar de ser um monge impecável, eu me punha diante de Deus como um pecador perturbado por minha consciência e não tinha confiança de que meus méritos poderiam satisfazê-lo", escreveu Lutero. "Noite e dia eu ponderava, até que vi a conexão entre a justiça de Deus e a afirmação de que "o justo viverá pela fé". Então, entendi que a justiça de Deus é a retidão pela qual a graça e a absoluta misericórdia de Deus nos justificam pela fé... Toda a Escritura passou a ter um novo significado (...) esta passagem de Paulo tornou-se, para mim, o portão para o céu."(*) Segundo o historiador Alister McGrath, "as pessoas pareciam acreditar que as indulgências eram um modo rápido e conveniente de comprar o perdão dos pecados. Martinho Lutero protestou. O perdão era uma questão ligada à mudança de relacionamento entre o pecador e Deus, não, a uma barganha financeira. O conceito de perdão pela graça havia se corrompido, transformando-se na ideia de aquisição do favor divino."(*) COMPARTILHAR: 1. O que chama sua atenção nesta história do início da Reforma Protestante do Cristianismo no século 16? 2. Lutero estava preocupado que os Cristãos tivessem acesso à leitura da Bíblia e que os princípios da Igreja fossem extraídos somente das Escrituras. O que você pensa disto? 3. Leitura de Romanos 5.1: "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo...". Você se sente perdoado e em paz com Deus conforme a promessa de perdão dada no Evangelho? ORAÇÃO pelo encontro dos Cristãos na Igreja no dia de Domingo e pelos pedidos do grupo. Boa semana! (*Referências: Os 100 acontecimentos mais importantes da História do Cristianismo, Curtis, Lang e Petersen, Edit Vida, SP, 1991, p 108-111; Teologia sist, hist e filosófica, Mcgrath, Shedd Public, São Paulo, 2005, p 98)

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

A TRINDADE DE PESSOAS DO ÚNICO DEUS Pai, Filho e Espírito Santo, nas INSTITUTAS de Calvino, 2021

A obra teológica “Institutas” do reformador protestante João Calvino contém uma explicação completa do conhecimento de Deus segundo o Cristianismo. Esse texto utiliza um resumo das “Institutas” de Calvino no objetivo de comunicar seu pensamento teológico através de breves devocionais. TÓPICO 12: DEUS É DISTINGUIDO DOS ÍDOLOS, A FIM DE QUE O CULTO SEJA PRESTADO SOMENTE A ELE. “Já dissemos que o conhecer a Deus não pode consistir em vã especulação, mas sim implica em adoração ao Deus a quem conhecemos (...) , repito que quando as Escrituras asseveram que há um só Deus, e somente um, elas não estão argumentando em prol do mero nome, e sim, ordenam que nenhuma parte da honra que pertence a Deus seja dada a outro. Nisto vemos quanto a religião pura difere da superstição.” A verdadeira religião será sempre corrompida se agirmos com falsidade e pelo erro, pois “qualquer licença que tomemos no culto, devido a um zelo apressado e sem consideração, é de natureza supersticiosa.” De pouco adianta reconhecer as nossas faltas neste assunto, e ainda assim, escolher ignorar o fato de que estas atitudes nos afastam de Deus. Além de não ensinarem nada de bom, acerca de como se deve adorar ao único Deus verdadeiro. A questão principal é que Deus reafirma os seus direitos de ser a única Majestade dos céus, e revela o seu zelo com esta verdade, através de sua disposição de punir a todos que O confundem com ídolos. Ao mesmo tempo, Ele mesmo define o modo correto em que os homens devem oferecer-lhe um culto legítimo. Pois as ordenanças divinas também tem o propósito de nos desviar de celebrar uma adoração desvirtuada e corrompida. A superstição adota alguns subterfúgios para seguir os deuses falsos, embora procure conservar a aparência de que está servindo ao Deus verdadeiro; pois “concede-Lhe o lugar mais alto, e O cerca com uma multidão de deuses menores, entre os quais distribui suas prerrogativas e atributos; e, assim, com dissimulação astuciosa, a glória da divindade, que deve ser reservada somente para Deus, é mutilada e dispersada.” Foi através desse argumento e utilizando essas ideias que alguns idólatras compartilharam os poderes do Altíssimo com o maioral dos deuses dos homens, na antiguidade. É dentro desse contexto e pensamentos que se aplicam e são utilizadas as expressões “latria (adoração), e dulia (serviço), fazendo uma distinção que os libera para transferir as honras divinas." No entanto, ambos estes termos são usados sem esse tipo de distinção e diferenciação nas Escrituras Sagradas. "Ademais, todos devem reconhecer que o serviço é algo mais do que a adoração; e é uma distinção imprópria prestar aos santos aquilo que é maior, e a Deus aquilo que é menor.” Desta forma, Paulo condena os cristãos da Galácia por servirem a ídolos que sequer eram deuses, algo que faz o apóstolo denominar tal atitude, como sendo uma vã adoração. (Gálatas 4.8). O próprio Senhor Jesus Cristo foi contra o uso de tal distinção, pois respondeu prontamente ao tentador: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás.” Sendo que até o Apóstolo João foi reprovado por oferecer uma servidão indevida a um anjo, posto que tal reverência deveria ser dedicada somente para com Deus. Eu até entendo que existe um certo tipo de honra que foi prestada a alguns homens na história, mas somente, como uma obediência cívica e cidadã. Observe que Pedro também proíbe Cornélio de se prostrar diante dele, pois tal postura é orientada somente para ser dedicada à Pessoa de Deus, e a ninguém mais. “Se, portanto, desejamos ter um só Deus, e somente um, lembremo-nos que não deve ser roubado da mínima partícula da Sua glória.” TÓPICO 13 (parte 1): AS ESCRITURAS ENSINAM QUE A ESSÊNCIA (OU SEJA, O SER) DE DEUS É UNA, E QUE CONTÉM TRÊS PESSOAS. "As Escrituras nos informam que Deus é um Ser infinito e que Ele é Espírito." Porém, um antigo teólogo confundiu bastante a natureza do Ser divino, "ao dizer que tudo quanto vemos e tudo quanto não vemos é Deus." Esse engano é um dos motivos pelos quais Deus fala pouco sobre a sua Pessoa, revelando-nos somente algo acerca da sua grandeza, para que não procuremos medi-lo com nossas próprias mãos. Por isso mesmo, Deus está sempre esclarecendo para toda a humanidade que Ele é "Espírito", a fim de que não procuremos compreende-lo a partir do que é terreno e físico. O Senhor também afirma que Ele habita nos céus para elevar os nossos pensamentos acerca d´Ele, ainda que muitos homens tenham "pensamentos antropomórficos acerca de Deus; ou seja, atribuem a Ele uma forma humana porque as Escrituras falam d´Ele como tendo boca, olhos, mãos e pés." No entanto, essas expressões não representam a Deus, pois o objetivo delas é tratar da nossa dificuldade para compreender a natureza divina; sendo que o motivo para que sejam utilizados estes termos “humanos” é o de procurar revelar algum conhecimento válido sobre a Pessoa de Deus, que nos seja possível entender. "Mas há outra característica especial por meio da qual Deus Se faz mais distintamente conhecido a nós. Ele não somente nos diz que é Uno, mas sim que três pessoas devem ser conhecidas e distinguidas n`Ele." Preste atenção, pois este conhecimento é fundamental para todo aquele que deseja realmente conhecer o Deus verdadeiro! Pois, "quando o autor sagrado chama Cristo de a expressa imagem da pessoa do Pai, sem dúvida atribui ao Pai uma certa subsistência na qual é diferente do Filho - se posso assim traduzir a palavra grega hypostasis empregada em Hebreus 1.3." Sim, pois o escritor não fala neste texto da essência de Deus! - que é uma essência indivisível, sendo algo que tanto o Pai como o Filho têm completamente em si mesmos. O que ele deseja ensinar é que "visto que o Pai se expressou completamente no Filho, diz-se muito corretamente que o Filho é a expressa imagem da pessoa do Pai." Portanto, o texto bíblico indica que há uma essência "particular" de Deus Pai que resplandesce completamente na pessoa do Filho, dando a entender, ainda, que há uma outra "essência" particular (peculiar) no Filho, que igualmente o torna uma Pessoa distinta do Pai. "O mesmo argumento se aplica ao Espírito Santo, que é Deus, mas mesmo assim deve ser distinguido do Pai. Neste sentido, temos recebido o testemunho das Escrituras de que há três pessoas (hipóstases) em Deus." Alguns desprezam o uso da expressão "pessoas" para diferenciar as três personalidades do único Deus, posto que tal termo não está nas Escrituras. "Mas como pode ser ilícito explicar em palavras mais claras aquelas passagens das Escrituras que, para nossa compreensão, são difíceis e obscuras?" Afinal, alguns homens tementes foram convocados na história para apresentar com precisão e clareza nossa crença cristã, no objetivo de que homens maus não continuassem causando confusão. Observe que o homem Ário, por um lado, afirmava que Cristo era Deus e Filho de Deus, e de outro lado, também negava a sua eternidade, declarando que havia sido criado junto de outras criaturas. Daí a necessidade de esclarecer que o Filho é da mesma essência do Pai! Outro a falar deste tema foi Sabélio, que declarou que os termos Pai, Filho e Espírito Santo são somente maneiras distintas de expressar os atributos diferentes de Deus; pois, "ele mantinha que o Pai era o Filho, e o Espírito era o Pai, sem ordem ou distinção." Portanto, por causa destes enganos, entendemos que foi necessário definir que há três pessoas distintas em Deus, e que na unidade de Deus há uma trindade de pessoas. É importante saber que a expressão "pessoa" deseja definir o que é peculiar e particular à uma das pessoas divinas, diante das outras duas pessoas. "E com a palavra "subsistência" quero dizer alguma coisa diferente da "essência" ou do "Ser". Pois, se o Verbo fosse simplesmente Deus, e nada de particular tivesse em Si, João não poderia ter dito que "o Verbo estava com Deus." Ao mesmo tempo, ao dizer que, "e o Verbo era Deus", ele conduz os nossos pensamentos de volta à unidade da essência divina." "Concluímos, portanto, que quando a palavra "Deus" é usada de modo simples e indefinida, ela pertence ao Filho e ao Espírito tão verdadeiramente quanto pertence ao Pai." E quando o Pai é colocado ao lado do Filho, ao falar que o ama ou que o enviou ao mundo, cada pessoa divina se torna distinta em sua subsistência pessoal, diante da outra pessoa. "Agora passarei a dar provas da Deidade do Filho e do Espírito Santo." Observe que ao ler nas Escrituras algo acerca da "Palavra de Deus", não somos simplesmente informados de que Deus declarou algo, mas sim, que se trata daquela eterna Sabedoria que “está” com Deus! Ora, veja que aprendemos nos escritos de Pedro (1 Pd 1.11) que tanto os profetas antigos quanto os apóstolos falavam pelo "mesmo" Espírito de Cristo. E como o Cristo de Deus, conforme o vimos, ainda não havia sido manifestado ao mundo na época dos profetas, eis que entendemos que Pedro utilizava a palavra Cristo para designar o Verbo eterno do Pai. Uma realidade que Moisés observou desde o momento da criação; "pois atribui à Palavra uma participação na Criação ao dizer expressamente que Deus “disse” em todas as suas obras: haja isto ou haja aquilo." Os Apóstolos interpretam as Escrituras ensinando que o mundo foi feito pelo Filho (Hb 1.2), igualmente ao que Salomão (Pv 8.22) e o próprio Cristo afirmam: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também." (Jo 5.17). No princípio de seu evangelho, João "claramente demonstra como Deus, ao falar, criou o mundo"; enquanto também ensina que o Verbo é a causa primária de tudo que existe, sendo eterno Deus como o Pai, mas também distinto na pessoa de Deus Filho. "Seria bom dar aqui uns testemunhos bíblicos à divindade de Cristo." O Salmo 45 afirma: "Teu trono, ó Deus, permanece para todo o sempre." Em Isaías, o Cristo é "Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da Paz" e o Emanuel: "Deus conosco". Em Jeremias 23.6, lemos: "E este será seu nome: "O Senhor é nossa justiça." Observe que "é especialmente digno de nota que as predições no Velho Testamento sobre os atos de Deus são consideradas pelos apóstolos como tendo sido cumpridas em Cristo... (enquanto que) Isaías disse que o Senhor dos Exércitos seria uma pedra de tropeço para Judá e Israel"; sendo que Paulo afirma que esta sentença foi cumprida na Pessoa de Cristo, diante de quem iremos comparecer no tribunal divino, conforme Romanos 14.10-11. O evangelista João testifica que a glória de Jeová vista por Isaías era a glória do próprio Cristo (cap. 6). O próprio Tomé adorou a Cristo com estas palavras: "Senhor meu e Deus meu!" Saibam que todos os milagres de Jesus são uma prova de sua divindade, pois os praticava a partir de um poder inerente em si mesmo, ao contrário dos apóstolos. TÓPICO 13 (parte 2): AS ESCRITURAS ENSINAM QUE A ESSÊNCIA (OU SEJA, O SER) DE DEUS É UNA, E QUE CONTÉM TRÊS PESSOAS. (parte 2). “No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia, a escuridão cobria as águas profundas, e o Espírito de Deus se movia sobre a superfície das águas.” (Gênesis 1.1-2). João Calvino destaca a importância do conhecimento de Deus, conforme foi revelado nas Escrituras, pois, "nas mesmas fontes documentárias devemos procurar a prova da Deidade do Espírito Santo." Afinal, Moisés começou a apresentar esta verdade já nos primeiros registros da criação, ao dizer que o Espírito de Deus pairava sobre as águas, ocasião em que Ele manifestava o seu poder sobre o caos. E há um outro testemunho como este, que nos foi dado pelo Profeta Isaías, ao dizer: "Agora, o Senhor Soberano e seu Espírito me enviaram com esta mensagem..."; a fim de enaltecer a presença do Espírito na autoridade dada aos Profetas, evidenciando a majestade divina de sua Pessoa. Mas, penso que a melhor confirmação desta verdade ocorre em nossa experiência como cristãos, ao reconhecer os atributos santos da divindade presentes na Pessoa do Espírito, sabendo que Ele está em todos os lugares, nos sustenta e traz vida, enquanto nos renova para uma vida incorruptível. "Ora, as Escrituras nos ensinam em muitos lugares que por uma energia que não Lhe foi emprestada, e sim que pertence a Ele mesmo - Ele é o Autor da regeneração. E não somente da regeneração, mas também da futura imortalidade." Observe que é o próprio Espírito Santo que nos capacita para que sejamos sábios e tenhamos eficácia em nossas palavras, sendo que estes poderes pertencem ao Deus Jeová; pois, "vêm d´Ele o poder, a santificação, a verdade, a graça e toda bênção concebível."; conforme as orientações dadas por Paulo, que atribuem ao Espírito todo poder, a fim de esclarecer que Ele é uma pessoa divina: "Tudo isso é distribuído pelo mesmo e único Espírito, que concede o que deseja a cada um." (1 Co 12.11). Sobre o conhecimento da divindade do Espírito Santo, devemos meditar em "um testemunho que requer atenção especial": Paulo declara que nós somos o templo de Deus, sendo que a ocorrência desta promessa decorre da profecia de que receberíamos o Espírito em nossas vidas. Conforme a explicação de Agostinho: "Se tivéssemos sido ordenados a edificar um templo de madeira e de pedra para honrar o Espírito, essa teria sido prova clara da Sua Deidade: quanto mais clara então, a prova que diz que não devemos edificar, mas sim, ser o templo d´Ele! E o Apóstolo Paulo diz num lugar que somos templo do Espírito Santo, com o mesmo significado. Além disso, quando Pedro repreende Ananias por ter mentido ao Espírito Santo, acrescenta: "Não mentiste aos homens, mas a Deus". (At 5.3-4). Observe que o Autor das profecias é o Senhor Jeová, sendo reconhecido desta forma pelos profetas como o “Senhor dos Exércitos”, ao mesmo tempo em que Ele é confirmado por Cristo e pelos Apóstolos, como sendo igualmente o Espírito Santo. A majestade divina do Espírito também se torna conhecida quando entendemos que Ele é tomado por tristeza, diante da rebeldia do povo (Isaías 63.10), e pelo fato de que os pecados cometidos contra Ele devem ser considerados como uma blasfêmia sem perdão, segundo as escrituras; (Mateus 12.31; Marcos 3.29, e Lucas 12.10). Sobre os testemunhos da Palavra de Deus acerca da divindade da Trindade, observamos que "quando Cristo veio ao mundo, Deus Se revelou mais claramente do que nunca e, portanto, ficou sendo mais intimamente conhecido a nós no que diz respeito às Suas três pessoas. E dentre as muitas passagens relevantes no Novo Testamento, bastará uma, (Efésios 4.5): "Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual está sobre todos, em todos, e vive por meio de todos.". O argumento apresentado neste texto é muito claro, e podemos perceber isso da seguinte forma: "visto haver uma só fé, pode haver um só Deus; e visto haver um só batismo, pode haver uma só fé." Eis a razão porque devemos ser batizados no Nome do único Deus verdadeiro, o qual, conforme Cristo ordenou, será em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. As Escrituras ensinam a distinção entre as três pessoas da Trindade, sendo que a revelação desse mistério deve nos causar grande temor, nas palavras de Gregório de Nazianzo: "Logo que contemplo um, estou cercado pela glória dos três; logo que meus pensamentos distinguem os três, são levados de volta ao um." Portanto, devemos saber que ao reconhecer a Trindade, nós honramos de forma devida a unidade do Deus único, pois o ensino das Escrituras indica que há uma distinção sem divisão, entre Eles. O Verbo estava com Deus e desfrutou de Sua glória porque era distinto d´Ele. O Pai igualmente criou todas as coisas pelo Verbo porque é distinto d´Ele, sendo que não foi o Pai que desceu ao mundo, morreu e ressuscitou; mas sim, aquele que foi enviado pelo Pai, o Filho. E ainda, "Cristo infere que há uma distinção entre o Espírito e o Pai, ao dizer que o Espírito procede do Pai; e distingue o Espírito de Si mesmo ao chamá-LO "outro"; quando diz: "O Pai vos dará outro consolador". Não pretendo tratar desse mistério através de ilustrações naturais, ao mesmo tempo em que não posso me calar sobre uma distinção tão clara, conforme foi dada nas Escrituras. "É da seguinte natureza: ao Pai é atribuído o começo da operação, a fonte e origem de todas as coisas; ao Filho, a sabedoria e o conselho, a dispensação de todo o governo; ao Espírito, o poder e a eficácia demonstrados na ação." E ainda que as três Pessoas sejam igualmente eternas, como o único Deus é eterno; "no entanto, a observância de uma certa ordem em falar das pessoas divinas não é vã nem supérflua: o Pai é assim considerado o primeiro, o Filho é da parte do Pai, e o Espírito é da parte de ambos. Nossa mente pensa instintivamente em Deus como sendo o primeiro, e depois, da Sua Sabedoria que procede da parte d´Ele, e finalmente, do poder do Espírito pelo qual os decretos do Seu conselho são executados. (...) Em nenhum lugar é isto mais claramente apresentado do que no cap. 8 de Romanos, onde o mesmo Espírito é primeiramente chamado o Espírito de Cristo, e depois, o Espírito d´Aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos." Pedro confirma esse entendimento para nós, pois esclarece que os Profetas falaram pelo Espírito de Cristo, enquanto as Escrituras ensinam que foi pelo Espírito de Deus Pai que eles falaram; o que nos faz compreender que todos Eles são igualmente Um! Segundo Agostinho: "Cristo, quando considerado somente em relação a Si mesmo, é chamado Deus; em relação ao Pai, é chamado o Filho. E, outra vez, o Pai, considerado em Si mesmo, é chamado Deus; com respeito ao filho, é chamado o Pai. O Pai não é o Filho, e o Filho não é o Pai, mas o Pai e o Filho são o mesmo Deus." Observe que "esta distinção entre as pessoas, em vez de ser oposta à unidade da essência divina fornece uma prova disso. A unicidade do Filho com o Pai aparece nisto: que Eles têm um só Espírito; e o Espírito não pode ser algo diferente do Pai e do Filho por esta mesma razão, que Ele é o Espírito do Pai e do Filho. De fato, em cada pessoa está a Deidade inteira, ao mesmo tempo que cada uma tem Sua própria personalidade distinta." Portanto, é necessário declarar com sobriedade que cremos num só Deus: "único e indiviso, em quem há três pessoas; e, portanto, quando usamos o vocábulo "Deus" de modo indefinido, queremos dizer o Filho e o Espírito tanto quanto o Pai." E para respeitar à ordem dada na revelação acerca da Trindade divina, devemos utilizar a palavra “Deus” somente para a pessoa do Pai, quando o citamos junto da pessoa do Filho, como quando dizemos: o Filho de Deus e o Espírito de Deus. Pois, quando honramos esta ordem das Pessoas de forma correta, nós também reverenciamos a essência Única de Deus, ao mesmo tempo em que não desprezamos a Divindade do Filho e do Espírito Santo. REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. (pgs 51 a 71 do Resumo das Institutas de J P Wiles). AUTOR: Ivan Santos Rüppell Jr. Teólogo, Cientista da religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

A Sabedoria de Salomão e as Ideologias de vida dos Homens

Salomão explica no livro de Eclesiastes o modo em que toda atividade de trabalho e toda busca de conhecimento desenvolvidos pelos homens são experiências vãs e inúteis na História se quisermos dar certo segundo nossas próprias forças, pois fica tudo sem sentido! O Sábio chegou à conclusão de que não existe nada de novo debaixo do céu, tanto na natureza como nas realizações humanas que seja algo capaz de transformar o ciclo repetitivo, injusto e desagradável da existência humana no planeta Terra. Dá uma olhada: "Que grande inutilidade!", diz o mestre. "Que grande inutilidade! Nada faz sentido!" O que o homem ganha com todo o seu trabalho em que tanto se esforça debaixo do sol? Gerações vêm e gerações vão, mas a terra permanece para sempre. O sol se levanta e o sol se põe, e depressa volta ao lugar de onde se levanta. (...) Haverá algo novo de que se possa dizer: " Veja! Isto é novo!"? Não! Já existiu antes de nossa época." (Ec. 1.2-3, 10). Ô louco, e agora? O que fazer? Calma, não precisa ficar desesperado, não! Presta atenção na explicação complementar da Bíblia de Genebra sobre esse ensino de sabedoria: "Eclesiastes busca dar uma resposta à pergunta: Que proveito tem o homem no trabalho e na sabedoria?", sendo que, "a conclusão de Salomão de que a morte faz com que toda sabedoria e trabalho humanos sobre a face da terra (debaixo do sol) sejam em vão não significa que as pessoas devem abandonar a sociedade e a cultura e passar a viver uma vida ascética" - distante e desvinculada das relações familiares e sociais." Bem, o que ocorre é que Salomão está querendo chamar a nossa atenção para o modo como temos perdido tempo e bons sonhos no dia a dia da gente, enquanto vamos correndo atrás do vento; ao invés de fazer a vontade de Deus na sociedade. Afinal, até hoje todas as conquistas materiais que o homem edificou e livros que escreveu ainda não foram capazes de mudar a história da (falta) de vida e anseio de segurança social da humanidade, certo? Nem o capitalismo e socialismo, nem o fascismo e comunismo, nem o modernismo e os progressistas conseguiram chegar lá, a ponto de impedir o sol de se pôr como tem sido, e especialmente, pra ter a condição de fazer brilhar o olhar e o coração de toda gente da terra, em cada músculo que sente e refeição que saboreia! Sendo que esse aspecto imutável da realidade humana terráquea é enfatizado no comentário da Bíblia A Mensagem: "Eclesiastes desafia o otimismo ingênuo que estabelece um objetivo que nos atrai e vai atrás dele com vontade, esperando que o resultado seja uma vida plena." Isso significa que nenhuma das ideologias políticas e sociais disponíveis na pós-modernidade do século 21 irão tratar as necessidades diarias disponíveis desde sempre no ser humano. Agora, a questão bastante séria disso tudo é que Dois mil anos de Cristianismo e quase quatro mil de Sabedoria bíblica não ensinaram o cristão para que aprenda a viver sua vida social contemporânea com quem sabe, ou seja, com Deus! Os Cristãos não conseguiram aprender na Bíblia e cultura oriental o valor e pertinência de atentar para a voz dos Sábios pra saber viver nos dias de hoje até a volta de Jesus. Pois de segunda a sábado parece que nosso olhar e coração se voltam e perdem-se rapidamente em qualquer proposta moderna de evolução próspera e ideologias de libertação sociais que os intelectuais da política e sociologia, economia e pedagogia não cansam de promover direto na nossa alma; que horror! Mas eis que o Sábio Salomão surge das profundezas da boa espiritualidade pra recordar aos esquecidos e revelar aos distantes, o "método" e o "segredo" pra aproveitar o dia; ou "carpe diem", como dizia o Prof Keaton. Dá uma olhada: "Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é o essencial para o homem." (Ec 11.13). É isso! Não matar e não roubar, não mentir e não cobiçar o que é do próximo, além de não caluniar o outro e não desobedecer aos pais é a bendita proposição social bíblica de Deus Pai Todo Poderoso pra que todo mundo alcance e viva as básicas satisfações corporais da gente, oxente. Ou seja, são os bons e velhos 10 Mandamentos que vão fazer os seres humanos de toda época e lugar descobrirem que todo trabalho diário e estudo de livros pode ainda valer a pena. Pois há muita bênção debaixo do céu pra gente vivenciar nestes dias difíceis, conforme esclarece o Sábio neste mesmo livro: afinal, "para o homem não existe nada melhor do que comer, beber e encontrar prazer em seu trabalho. E vi que isso também vem da mão de Deus... Ao homem que o agrada, Deus dá sabedoria, conhecimento e felicidade (Ec 2.24-26). Tá entendendo? Ora, quando Deus não está ensinando a humanidade sobre a solução do problema da morte e eternidade da nossa espécie - que é o assunto principal da Bíblia e da Páscoa Cristã; bem, o negócio é que Deus também se preocupa em resolver como fazer a vida da gente dar certo, aqui e agora, cidadão. Eis a cética e certeira palavra de sabedoria existencial de Salomão que, segundo Eugene Peterson, "... purifica o ar. E, uma vez que o ar está puro, estaremos prontos para a realidade - Deus."(*) Então, pare de correr atrás e oferecer aos homens as ideologias libertárias e idólatras que só promovem revoluções periódicas e insatisfação habitual, pois os 10 Mandamentos de Deus na sociedade são lembretes de vida verdadeira aos cristãos e amparo pessoal e livramento do caos social pra toda humanidade. Nas próximas eleições, vote em vereadores e deputados que façam leis e em prefeitos e governadores que promovam na sociedade projetos baseados nos 10 mandamentos de Deus. Seja um Sábio cidadão! (Referências: Bíblia A Mensagem, Eugene Peterson, Edit Vida, 2011, SP, comentário de Eclesiastes, p 903) (Bíblia de Estudo de Genebra, Cultura Cristã, SP, 1991). Autor: Ivan S Rüppell Jr é Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil e Professsor de Ciências da Religião.

NÃO IRRITEM AS CRIANÇAS!! Outubro de 2021

"Pais, não irritem seus filhos, para que eles não desanimem." (Carta de Paulo aos Colossenses, cap 3.21). A civilização ocidental tem uma tradição educacional formada junto de lideranças religiosas, devido às instituições e valores judaico-cristãos, além de perspectivas de aprendizado greco-romanos, sendo que a identidade infantil foi bastante valorizada pelo Cristianismo a partir das orientações dadas por Jesus Cristo e seus Apóstolos. Assim, o princípio relacional entre pais e filhos que o Apóstolo Paulo ensina aos colossenses acontece ao redor do necessário aprendizado da identidade infantil que a família deve promover, conforme esclarece o comentário da Bíblia de Genebra do texto da carta aos Efésios 6.4: "Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor"; no seguinte destaque: "criai-os. o grego sugere a ideia de nutrir e ajudar a florescer. Aos pais se confia as mentes, sentimentos e corpos destes tenros portadores da imagem divina. Logo, os filhos não existem para os pais, mas os pais, para os filhos - para ajudá-los a desenvolverem-se como pessoas diante de Deus." Sim, é surpreendente como a personalidade individual é valorizada no cristianismo, já que os filhos não são considerados como "bens" utilitários da família e Estado, mas sim, são seres humanos em formação de sua identidade própria, segundo a bênção dada por Deus assim que os criou à imagem divina como Pessoas conscientes, com capacidade para se desenvolver racional e sentimentalmente na existência. Neste sentido, quando pais e adultos compreendem que sua autoridade familiar e social diante de filhos e crianças será também uma relação de aprendizado existencial da personalidade dos pequeninos, eis que tal oportunidade se transforma num grande privilégio e desafio. Daí que a convocação divina pra que pais e educadores não irritem filhos e crianças requer o tratamento inicial da própria personalidade dos pais e educadores, antes de mais nada. Ou seja, não adianta ser pai, mas é preciso ser sábio pra participar saudavelmente da história de vida das crianças. E com ecos de Salomão, eis que o grande texto sobre Sabedoria relacional do Cristianismo foi escrito pelo Apóstolo Tiago; dá uma olhada: "Quer ser considerado sábio? Quer ter reputação de quem entende? Esse é o caminho: Aprenda a viver!... Viva com humildade! O que conta é como você vive, não o que você fala... A verdadeira sabedoria, que vem de Deus, começa com uma vida santa e é vista no relacionamento com o próximo. É cheia de gentileza, bom senso, misericórdia e é pra lá de abençoada. Não muda como o tempo instável e não tem duas caras. Essa sabedoria se confirma na vida comunitária. Você poderá ter uma comunidade saudável, sólida, bem-sucedida e que Deus aprova somente se trabalhar duro para fortalecer os relacionamentos, tratando todos com dignidade e honra." (Tiago 3.13-18, Bíblia A Mensagem). Esse negócio de ser Sábio para se tornar capaz de conviver com os outros com alguma autoridade digna é tão sério, que ao anunciar a vinda do Messias, o Profeta Isaías revelava o modo como o Cristo de Deus iria ensinar a humanidade com espírito de mansidão e sabedoria: "Olhem bem para meu servo. Estou dando a ele pleno apoio. Ele é meu escolhido, e eu não poderia estar mais satisfeito com ele. Eu lhe dei do meu Espírito, da minha vida. Ele estabelecerá a justiça entre as nações. Não chamará atenção para o que faz com discursos espalhafatosos ou desfiles pomposos. Ele não vai menosprezar os oprimidos nem os fracos, nem fazer pouco caso do cidadão comum, mas, com firmeza e constância, estabelecerá a justiça" (Isaías 42, Bíblia A Mensagem). E olhe que foi essa "atitude" de sabedoria no falar e conviver que fez com Jesus de Nazaré fosse identificado como um Rabi e Professor de Autoridade, mesmo quando estava chamando a atenção e disciplinando pecadores e prostitutas, líderes religiosos e sacerdotes, pais e mães de toda Judeia e Samaria; pois "quando ouviram a respeito de tudo o que ele estava fazendo, muitas pessoas... foram atrás dele." (Ev. de Marcos, 3.8). A razão do sucesso de Jesus como autoridade entre homens e crianças, mulheres e jovens era de que a sua sabedoria tinha bases e origens no poder de Deus, conforme seus discípulos percebiam segundo o costume habitual de Jesus de buscar a presença de Deus em oração, tanto para o dia a dia comum como para as situações de tomadas de decisão: "Num daqueles dias, Jesus saiu para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze deles, a quem também designou apóstolos." (Lucas 6.12-13). E foi essa inovadora e fundamental experiência de dependência de Deus que Jesus bem ensinou a seus discípulos, a fim de que eles também conseguissem aprender como se tornar sábios em vida, conforme o destaque dado no princípio ensinado anos mais tarde, por Tiago: "Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida. Peça-a, porém, com fé, sem duvidar...". (1.5). É isso! Neste feriado prolongado que recorda a importância das crianças, assuma o compromisso de buscar a Deus pra se tornar uma personalidade saudável na vida dos pequeninos da sua história. Sim, busque a Deus e peça sabedoria; pois conforme Jesus ensinou; "peçam e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam e a porta lhes será aberta... Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir!" (Lucas 11.9-13). Feliz Dia das Crianças, lembrando sempre que a disciplina e correção dos sábios dá tranquilidade aos alunos e filhos, pois "é melhor encontrar uma ursa da qual roubaram os filhotes do que um tolo em sua insensatez." (Provérbios 17.12). "Pais, não sejam severos demais com seus filhos, pois acabarão esmagando o espírito deles." REFERÊNCIAS: (Bíblia de estudo de Genebra, Edit Cultura Cristã, São Paulo, 1999, p 1409). (Bíblia A Mensagem, Eugene Peterson, Edit Vida, SP, 2011). Autor. Ivan S Rüppell Jr é Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil e Professor de Ciências da Religião.

sábado, 2 de outubro de 2021

RECONCILIAÇÃO! Estudo de Pequenos Grupos da Igreja Presbiteriana Olaria, 04 a 08 de Outubro, 2021

TEXTO Bíblico Base: "Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação." (2 Coríntios 5.17-19). COMENTÁRIO: Se fosse possível reiniciar a organização da Religião Cristã na história, eu logo daria o título de "Reconciliação" para a Mensagem que a Igreja deveria praticar perante toda humanidade, pois como diz o comentarista bíblico John Stott sobre as expressões que tratam do que ocorreu na Páscoa Cristã em favor dos cristãos, a "reconciliação é compreensivelmente a mais popular, por ser a mais pessoal". Conforme entendemos na afirmação do Apóstolo Paulo: "Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus." (2 Cor 5.21). Dessa forma, como bem esclarece o tema do capítulo cinco da carta aos Romanos: "Morte em Adão, Vida em Cristo"; "assim como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um único homem muitos serão feitos justos." (v. 19). E utilizando ainda o comentário de Stott sobre esse texto da carta aos Coríntios, percebemos que "Deus é o autor, e Cristo é o agente" da nossa reconciliação, destacando que os Cristãos são os "Embaixadores da Reconciliação" ao mundo: "Assim, quando suplicamos às pessoas que se reconciliem com Deus, é como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Nossa primeira tarefa é expor aquilo que Deus fez na cruz e então lançar o apelo. Uma boa regra é não fazer o apelo sem antes expor a Palavra, e não expor a Palavra sem fazer um apelo."(*) COMPARTILHAR: 1. O que a palavra "Reconciliação" fala a seu coração, sobre a Obra da Religião Cristã no mundo? 2. Sobre o comentário acima deste estudo: "Reconciliação", qual assunto ou tema chama sua atenção? 3. Você sabia que é um "Embaixador" de Deus no mundo, e; como tem sido essa experiência pra você? ORAÇÃO pela Celebração Dominical conjunta do Povo de Deus na Igreja, no Dia do Senhor, e pelos pedidos do grupo. (*Stott, John. A Bíblia Toda o ano Todo. Edit Ultimato, 2007, Viçosa MG, p 367)