terça-feira, 30 de janeiro de 2024

O DOGMA DA GRAÇA COMUM. Abraham KUYPER.

Esse texto contém um resumo do capítulo "A Graça Comum na visão de Kuyper", do livro, Abraham Kuyper e as bases para uma teologia bíblica, de Thiago Moreira. INTRODUÇÃO. "Abraham Kuyper (1837-1920) foi um homem envolvido em diversas áreas. Desenvolveu atividades teológicas, jornalísticas, universitárias, acadêmicas, políticas e eclesiásticas. (...) Abraham Kuyper pretendia apresentar o calvinismo como um sistema de vida abrangente que se pautava em princípios cristãos e que ia de encontro ao outro sistema de vida antagônico que denominava de modernismo. (...) Portanto, conservadorismo, socialismo e liberalismo eram modelos indesejáveis para Kuyper, como é demonstrado ao longo desta obra. (...) Assim, a religiao no neocalvinismo, deve ser um instrumento de crítica religiosa, portanto profética, mas não no sentido pueril e supersticioso com que se entende vulgarmente; antes, profética pois portadora de uma mensagem carregada de transcendência, do eterno e do infinito, julgando e julgando-se." (p. 25-54). CAPÍTULO 6. "A GRAÇA COMUM NA VISÃO DE KUYPER. Cosmogonia, doutrina da criação e a manifestação da graça comum na humanidade." O desejo de entender o significado da existência é um aspecto íntimo da humanidade que move a cultura do ser através da história. Há diversos enredos e proposições buscando refletir e apresentar a realidade da vida e cosmos, tratando desde a origem da existência humana até da veracidade de deuses, passando por um propósito para os eventos da história ou então do seu acaso. Nesse contexto, tanto a ciência como a teologia procuram definir uma narrativa elaborada que traga aspectos da origem e do movimento da vida e do mundo cosmológico. Os próprios mitos deveriam ser observados como proposições imaginativas sugestivas de uma visão de interpretação do mundo, assim como as soluções mais diversas dadas pela ciência, religiões, filosofias etc surgem como visões formatadas e de significado, numa concepção peculiar da realidade. "A história sagrada primordial é fundamento e legitimação para outros mitos (...) No caso do judaísmo e do cristianismo, como ressalta Eliade, observa-se pela primeira vez afirmada e aceita a ideia de certa definitividade dos acontecimentos históricos, no sentido de possuírem valor em si mesmos, já que são determinados por Deus." A realidade histórica é percebida como uma apresentação de movimentos do sagrado, "de modo que torna-se um drama cósmico entre criador e criatura, Deus e a humanidade, a partir de um valor religioso da história e da vida como um todo; em suma, uma sacralização da vida." (p. 195-198). "Na narrativa cosmogônica judaico-cristã, Deus é o artífice de tudo. A tudo deu sentido e propósito." (p. 198). Foi Deus que criou céus e terra, separou as águas e formou a humanidade, junto de todos os animais e plantas que existem. Neste movimento, a humanidade separou-se de Deus em meio a uma experiência de tentação espiritual maligna geradora da desobediência essencial, que jogou o mundo e tudo que nele existe na maldição do pecado. "Na perspectiva cristã, a restauração da relação de Deus com a humanidade, especificamente seus eleitos (os que ouvirem seu chamado e o atenderem), assim como o restabelecimento da terra e do cosmos como um todo em sua plenitude somente seriam realizados por intermédio do sacríficio redentivo de Jesus Cristo em um drama de criação, queda e redenção." A humanidade foi corrompida em sua natureza essencial e a imagem de Deus no ser humano está completamente pervertida, sendo que "o homem é incapaz de fazer o bem, tal como previsto no Catecismo de Heidelberg". (p. 199). Esse conhecimento da realidade humana e cosmológica apresenta uma existência terrível, com o mal assumindo certo protagonismo nas atividades humanas no cosmos, de modo que somente a degradação moral e o ódio bárbaro deveriam determinar a totalidade da vida no planeta. "Contudo, uma breve análise empírica mostra que não é essa a situação da humanidade, uma vez que ela se desenvolveu cultural, tecnológica e cientificamente, bem como em outros campos da existência, muito embora tenha se imiscuído em momentos aberrantes, bélicos, escravagistas e suicidas. Kuyper preocupava-se com essa questão. Como poderia o mundo - e por mundo entenda-se um sistema ético dominado pelo pecado - comportar a humanidade, notadamente aqueles que não se submeteram à graça salvadora de Cristo, e tê-la produzindo coisas boas e louváveis? A graça comum seria a resposta." (p. 200). A história bíblica esclarece que após a "queda" do homem diante de Deus, a vida humana e o cosmos do planeta enfrentaram grave corrupção e crescimento da maldade, até que Deus decidiu realizar um juízo datado sobre o planeta através de um dilúvio universal, que somente não atacou Noé e família, e casais de animais. Ao final deste evento, "Deus se pronuncia para abençoar Noé e os seus, outorgar-lhes um mandato cultural e realizar um pacto com a humanidade." (p. 201). O estabelecimento histórico da doutrina da graça comum se relaciona ao pacto realizado por Deus junto a Noé, sendo um pacto que deveria ser mais valorizado que os de Abraão e dos patriarcas, já que para Kuyper "se trata de um evento significativo e decisivo para a história e desenvolvimento humanos em uma perspectiva reformada." (p. 201). Kuyper destaca que o pacto com Noé carrega consigo elementos e aspectos significativos e visíveis, como o próprio arco-íris na criação, sendo algo que tornou Noé como um "segundo progenitor da raça humana". (p. 202). Enquanto Adão fora criado direto por Deus, Noé carrega consigo a descendência dos ancestrais humanos, sendo que "a importância da aliança noaica espraia-se, também, em sua relação com o futuro da igreja, que não se dá diretamente, mas pelas modificações realizadas na vida humana em geral e por ter preparado o ambiente favorável não só para o desenvolvimento sociocultural humano, mas para a fundação e preservação da igreja na vida terrena." (p. 202). A aliança noaica foi dada por Deus a toda humanidade e planeta sem necessidade de acordo, garantindo que até a segunda vinda de Cristo todo o cosmos seguirá sem um evento drástico e conclusivo de sua existência em nosso mundo. "Mesmo que a humanidade ainda permaneça sob a maldição do pecado, a graça comum restringe seus efeitos impedindo que ela se torne tão má e tirana como descrito no período pré-diluviano; "a besta dentro do homem permanece igualmente má e selvagem, mas as barras em torno de sua jaula foram fortificadas, de modo que não pode mais escapar como antes". (Kuyper, Commom Grace, I, p. 10-11). (p. 202). A partir das bases da graça comum Kuyper declarou que Aristóteles tinha maior conhecimento do cosmos que os pais da igreja e que o conhecimento da cosmologia cresceu debaixo do islamismo melhor que nos monastérios cristãos. Pois uma visão dualista e a distinção entre sagrado e profano na observação do mundo ocorre a partir de uma visão corrompida do evangelho, segundo Kuyper. Para ele, "a regeneração sofreu uma interpretação dualista consubstanciada na dicotomia natureza e graça." (p. 203). O olhar religioso se voltou para os céus e negou a realidade e o valor do cosmos, do ser humano e das responsabilidades temporais. O discipulado e a adoração a Cristo se afastaram do fato de que Deus é o criador dos céus e de toda terra, fazendo com que os cristãos viessem a negar aspectos reais da existência neste mundo, impedindo uma boa compreensão da realidade da vida e do ser humano na história. "Cristo foi concebido exclusivamente como o Salvador e seu significado cosmológico foi perdido de vista". (Kuyper, Calvinismo, p. 125). (p. 203). Sabe-se que Deus tem se revelado de forma especial através de sua Palavra, e igualmente tem se revelado de uma forma geral, "em que toda a criação guarda em si o brilho divino por ser fruto de seu desígnio". (p. 204). Desta forma, Kuyper ressalta que a revelação da Glória de Deus em sua majestade está exposta mais na própria criação, do que na salvação. Assim, a doutrina da graça comum "demonstraria sua soberania e domínio sobre a criação por meio de dons e virtudes que concederia para o desenvolvimento humano." (p. 204). "Segundo Kuyper, a graça comum é um dogma facilmente extraído da leitura da narrativa bíblica e seu drama cósmico de criação-queda-redenção, além de empiricamente verificável pela observação da história humana e seu desenvolvimento, alías, de sua possibilidade." (p. 204). A preocupação da reflexão de Kuyper surge do fato em que a humanidade deveria seguir rumo a uma corrupçao existencial cada vez maior a partir da queda e do pecado, sendo capaz de promover somente o mal na existência. E se essa fosse toda a verdade, os seres humanos distantes da graça especial do conhecimento de Cristo se tornariam tão somente "pessoas pérfidas e (auto) destrutivas." (p. 204). Neste contexto, Kuyper entende que "dogmas" "são doutrinas explicativas de pontos fundamentais à existência humana que encontram suas fontes reservadas na revelação divina exposta na Escritura." (p. 205). Portanto, "o dogma da graça comum explicaria uma antropologia bíblica que responderia sobre pontos fundamentais que concernem à natureza humana, à formação e ao desenrolar da vida sociocultural." (p. 205). A análise antropológica de Kuyper não nega a realidade da "depravação total" do ser humano diante de Deus a partir da entrada do pecado no mundo, mas deseja "conciliar a hipótese, por meio de uma leitura exegética da narrativa bíblica, de um ação positiva divina que mitigaria essa depravação, o que traz a célebre ideia de uma graça comum (gratia comunis ou gemene gratie)." (p. 205). Enquanto a graça especial de Deus em Jesus Cristo realiza a fundamental e necessária regeneração integral da humanidade e criação mediante a salvação religiosa cristã, Kuyper vislumbra o entendimento teológico daquilo que Deus tem promovido no mundo, no objetivo de "refrear o impulso pecaminoso por meio da graça, não a salvifica, mas a comum, que restringe a ação do pecado na vida e na história. A graça comum passa a ser uma lente interpretativa da história e da manifestação cultural." (p. 206). Kuyper vai anotar a realidade fática dos mais diversos atos benditos de Deus na história, em eventos mundiais e situações locais, destacando como Deus enfraquece a força do pecado a fim de oferecer a condição de uma vida social aos homens neste mundo. "É essa a graça que serve de fonte para a virtude e dons artísticos, filosóficos, culturais e científicos." (p. 206). A história das nações apresenta, neste sentido, as conquistas e também as perdas incríveis de impérios diversos, demonstrando como a vida humana cotidiana se desenvolve enquanto Deus manifesta igualmente sua graça comum. Eis o motivo para o cristão não assumir "uma visão dualista da existência e reconhecer a graça de Deus manifestada na criação", de modo que deve-se valorar tudo de bom e importante que os seres humanos não regenerados promovem na história, sendo que isto não significa abraçar tudo que a humanidade produz como se bom fosse: "os frutos da graça comum a serem reconhecidos devem ser os que não foram totalmente deturpados pela pecaminosidade humana e são capazes de mostrar consonância com uma ética cristã." (p. 207). O conceito teológico da graça comum permite vislumbrar atos e valores éticos na atividade de pessoas não convertidas, ao mesmo tempo em que se observa a utilização e frutos destes conhecimentos serem destinados para corromper a sua ideia e alvo iniciais. Kuyper destaca dois aspectos de análise da realidade a partir do dogma da graça comum. A depravação espiritual do ser não significa que a humanidade pecadora é incapaz de realizar coisas boas, ao mesmo tempo em que a regeneração espiritual em desenvolvimento na Igreja de Cristo não tem gerado todas as bênçãos devidas. "É nesse sentido que Kuyper entende que se pode verificar, ao longo do tempo, incrédulos que são moralmente melhores que o que se espera e crentes piores que o desejado. Negar isso seria fechar os olhos à realidade", sendo que Kuyper utiliza a atitude de Abimeleque diante de Abraão como exemplo. (p. 207-208). Deste modo, Kuyper apregoa que a afirmação teológica sobre a incapacidade de fazer o bem que acometeu a humanidade após a queda do pecado seria uma verdade integral no desenvolvimento da vida social na história, se o ser humano "não tivesse na graça comum o freio de seus impulsos malignos ou nela uma forma de mantê-los controlados." (p. 208). Ao integrar estes entendimentos antropológicos e fenomenológicos, Kuyper "sustenta que a experiência cotidiana comprova ser possível notar a ação divina no controle da natureza maligna da humanidade por meio das "grades da graça comum", a ponto de torná-la inofensiva." (p. 208). Desta forma, o dogma da graça comum atua em dois movimentos. Regula e restringe na criação os efeitos da queda e pecado; e capacita "a humanidade com dons e virtudes variadas para a promoção e desenvolvimento sociocultural a fim de possibilitar ambiente viável ao plano divino para a existência humana. Kuyper argumenta que o fato de o mundo todo ainda estar de pé e manifestar alguma beleza, a despeito da terrível maldição do pecado, deve-se à divina graça comum." (p. 209). Kuyper enfatiza que as bênçãos oriundas da graça comum na história da humanidade caída, somente alcançam seus propósitos benditos porque Deus de forma soberana criou o mundo desde o início na condição de suportar e se desenvolver a partir desta ação da providência divina; afirmando que a graça comum não é acidente, "mas sim algo incorporado desde o início ao plano divino". (p. 210). "Por essa razão, pode-se constatar que a graça comum é instrumento divino atuante também nos que não são regenerados, demonstrando que nem todo o bem que produzem é fruto de uma graça particular ou salvífica." (p. 211). Ao destacar o pensamento teológico cristão que buscou analisar os atos da providência divina para abençoar a sociedade no decorrer da história, anota-se que "há uma convergência possível entre o pensamento de Agostinho, Calvino e Kuyper no que diz respeito à revelação divina na criação e na humanidade em especial. Calvino sustenta que a razão por meio da qual o ser humano discerne entre o bem e o mal e exerce seus julgamentos não é totalmente apagada mesmo diante da queda, "mas foi em parte debilitada e em parte viciada" (Inst. II. 2.12). (p. 214). Calvino estabelece este entendimento ao definir a existência na história de "coisas terrenas" e de "coisas celestes", de forma que as muitas realizações humanas que não pertencem ao Senhor e a seu reino, ainda "mantém uma relação com a razão da vida presente e são contidas de algum modo entre seus fins". (p. 214). Nesse contexto, as coisas terrenas contém a ordem cultural da humanidade, desde a política e artes, enquanto que as coisas celestes apresentam "Deus e o conhecimento da vontade divina, e a regra de que a vida se forme segundo essa vontade." (p. 214). A partir disto, Calvino valoriza elementos terrenos realizados pela humanidade pecadora e não regenerada, como os que distinguem a correção e a ordem social, entendendo que além da "semente da religião", os seres humanos carregam desde a criação certa "semente de alguma ordenação política", pois para o reformador de Genebra, "na constituição desta vida, a nenhum homem se destituiu a luz da razão." (Inst. II, 2.13) (p. 215). Sendo este último, um pensamento encontrado também em Agostinho. Calvino apresenta nesta reflexão o que seriam os frutos da revelação geral, compreendidos como benesses da graça comum pelos kuyperianos, os quais são percebidos no fato dos seres humanos conservarem consigo através da história nuances e potenciais oriundos da "luz da razão", no momento de discernir e também desenvolver a realidade da existência da humanidade na história. "Nesse sentido, Kuyper afirma que muitos dos deveres e virtudes que comumente são vistos como cristãos estendem-se, na verdade, a todos; não seriam propriamente cristãos." (p. 216). Tal percepção é voltada para anotar virtudes diversas dos homens na sociedade, como a honestidade e pacifismo, e o interesse pelo que é correto e bom, sendo que este pensamento vai gerar uma grave diferença no modo em que Kuyper define quais seriam os deveres humanitários e sociais dos cristãos, e quais seriam os deveres oriundos de outras religiões. Sendo que muitas das boas ações civis na história decorreriam, assim, de valores enraizados "na ordem natural da existência humana", que não seriam providos no mundo necessariamente pelo cristianismo. "Na humanidade, portanto, é possível encontrar, indistintamente, a capacidade de realizar o bem civil." (p. 217). Para Herman Bavinck (1854-1921) (Calvin and Commom Grace), "a graça comum é também um ato de misericórdia de Deus para com a humanidade, ao interpor-se e refrear o pecado", de modo que a própria "natureza é sustentada pela esperança que Deus implantou no coração humano por sua graça"; sendo esta uma reflexão que se incorpora ao pensamento de Kuyper sobre o desenvolvimento da graça comum na história, apregoando que "a vontade de Deus é soberana e prevalece em tudo." (p. 217). Pois, "a ênfase calvinista na vontade soberana de Deus entende que esta é fundamental não somente para o processo criador da existência, mas também para sua manutenção." (p. 218). Assim, a graça comum é utilizada para que Deus revele a sua glória na história humana, em uma ação independente da graça especial e regeneração cristãs, posto que Deus tem derramado dons e virtudes para toda a humanidade vivenciar e desenvolver neste período da existência. Finalmente, anota-se que "a teologia de Kuyper não negligencia a piedade ou a obra salvadora, basta ver suas publicações de sermões, devocionais e textos esparsos sobre o tema (embora indiscutivelmente a parte de sua obra dedicada à cultura, política e sociedade é bem mais divulgada e estudada). No pensamento do teólogo neerlandês, rompe-se esse dualismo - que sempre afligiu (e ainda aflige) a igreja - por meio do resgate da compreensão do Cristo cósmico, cuja redenção alcança toda a criação." (p. 222). REFERÊNCIAS. MOREIRA, Thiago. Abraham Kuyper e as bases para uma teologia bíblica. Brasília, DF - Editora Monergismo, 2020. Autor. Ivan S Rüppell Jr é professor, advogado e ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil, atuando na gestão de ações sociais das igrejas.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Meditação Dominical. DEUS CUIDA DE VOCÊ EM TUDO!

Essa é a quarta meditação sobre como planejar 2024 com a Sabedoria de Deus. E hoje vamos "ouvir" o que o próprio Filho de Deus orienta conforme ficou anotado pelo evangelista Lucas. Disse Jesus: "Qual é o preço de cinco pardais? Duas moedas de cobre? E, no entanto, Deus não se esquece de nenhum deles. Até os cabelos de sua cabeça estão todos contados. Portanto, não tenham medo; vocês são muito mais valiosos que um bando inteiro de pardais." (Lucas 12.6-7). Acredite, Deus cuida de tudo pra você! Jesus segue o ensino avisando que o homem que somente se preocupava em construir celeiros pra guardar as colheitas, iria morrer naquela mesma noite, e agora José? "Sim, é loucura acumular riquezas terrenas e não ser rico para com Deus", eis aí o conselho essencial para 2024. (Lc 12.21). O conselho de Jesus ensina que quando nós olhamos para Deus, então percebemos como Ele já está olhando para nós e aí começamos a descobrir através deste relacionamento, qual é a melhor maneira de programar as datas e projetos do novo ano. Veja que a primeira orientação de sabedoria pra organizar 2024 foi a de saber que não podemos definir nem o que irá acontecer amanhã, sendo um aviso que desafia o ser humano a buscar grande dependência de Deus. Daí vimos que Deus governa o dia de amanhã e também os tempos e lugares da nossa história pra gente encontrar Deus nas esquinas. E pra garantir que nada importante falte pra nós nestes encontros (de Deus) e desencontros (nossos), Deus Pai envia águas e faz crescer os alimentos nos campos, enquanto promete que vai cuidar até das roupas do cidadão cristão. Uma bênção tão importante que virou até petição do "pão nosso de cada dia" na maior das orações. Portanto, o negócio da sabedoria é se preocupar primeiro com Deus no "dia de hoje", para que ao nos dedicar a pensar sobre o ano inteiro, isto se torne uma experiência saudável e abençoada. Pois Deus vai conduzir a gente nas conversas e atividades que já visualizamos, e nas que ainda irão surgir durante o ano. Estar na presença de Deus é o primeiro conhecimento de Sabedoria ao planejar 2024. ORAÇÃO. Santo Deus e Pai celestial. Santificado seja o teu nome porque o Senhor é bom! Ilumina a nossa alma e fortalece nossa fé pra levantar de manhã diante da tua face. Pois o Senhor cuida de nós e conhece tudo sobre a nossa vida. Que venha o teu reino e seja feita a tua vontade em nosso coração e desejos, para que o Senhor venha guardar os nossos passos em 2024. Amém! Autor. Ivan S Rüppell Jr é professor, advogado e ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil, atuando na gestão de ações sociais cristãs.

domingo, 21 de janeiro de 2024

a Espiritualidade da INTEGRIDADE do Estado, no CINEMA. Segredos Oficiais, 2019.

O filme "Segredos Oficiais", do Diretor Gavin Hood, com Keira Knightley e Ralph Fiennes, (Prime Vídeo) é uma pequena jóia do cinema que merece ser visto. Além de equilibrar com boa técnica e atuações interessantes uma eficaz apresentação da história, o filme combina com talento o gênero drama pessoal com suspense de tribunal, junto ainda, de uma investigação jornalística. E tudo isto pra contar uma historia fundamental baseada em fatos reais. Mas a cereja do bolo que abrilhanta esse discreto e competente filme político é mesmo a sua Espiritualidade da Integridade. A atriz protagonista interpreta a funcionária pública britânica Katharine Gun, acusada de traição contra seu país, por ter revelado que a Inglaterra iria espionar alguns países da ONU para que fossem chantageados a apoiar a guerra dos EUA contra o Iraque no inicio do sec. 21, 2003. Mais de uma vez a cidadã britânica Katharine Gun declarou e assumiu não se arrepender de ter vazado documentos da proposta de espionagem inglesa, já que ela entendia que seu dever era com os cidadãos de seu pais que iriam para uma guerra ilegal, ao invés de obedecer ao Governo de Tony Blair. É isso. A Espiritualidade da Integridade é aquela virtude nascida no espírito humano que torna uma pessoa genuina, agindo com autenticidade consigo mesma e o próximo, sendo uma personalidade com coerência moral, a sinceridade existencial. Virtude simples que se torna uma atitude poderosa na vida das autoridades de Estado e todo funcionário público, exatamente porque seus cargos e funções existem para que a população de seus países seja atendida e protegida, a partir da informação e capacidade técnica dos servidores. Neste sentido, vemos como a Integridade supera a ambição egoista e a atitude profissional burocrática de submissão ao poder transitório, somente quando o valor transcendente da religião confere ao ser humano a real dimensão desta virtude humanitária essencial. O teólogo cristão anglicano John Stott explicou o modo em que as autoridades (cargo) foram instituidas por Deus em nosso mundo, ensinando que são posições públicas ou familiares criadas para serem "sal da terra". Pois os pecados do egoísmo da avareza e da vaidade que oprime são uma atitude corrosiva comum da humanidade, gerando caos social e amoralidade nas relações humanas. Daí a importãncia de valorar a "instituição da autoridade" conforme dada por Deus como um sal da terra, com atos de virtude ao Estado, para que a sua atividade diante da humanidade venha reprimir e limitar a degradação da sociedade. Afinal, essa instituição pública existe para a promoção dos direitos humanos e proteção dos inocentes. Bom filme! Ivan S Rüppell Jr é professor de ciências da religião e ministro da Igreja Presbiteriana. Autor do livro, Resenhas espirituais de Meditações cinematográficas, edit. Dialética, 2020.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Meditação Dominical. O PÃO NOSSO DE CADA DIA EM 2024! Salmo 65.

TEXTO Bíblico. "Que grande louvor, ó Deus, te aguarda em Sião! Cumpriremos os votos que te fizemos, pois respondes às nossas orações; todos virão a ti. Embora sejam muitos os nossos pecados, tu perdoas nossa rebeldia. Como é feliz aquele que tu escolhes para se aproximar de ti (...) Cuidas da terra e a regas, tornando-a rica e fértil. O rio de Deus tem muita água; proporciona fartura de cereais, porque assim ordenaste. Encharcas o solo arado... Amoleces a terra com chuvas... Coroas o ano com boas colheitas... Os campos estão cobertos de rebanhos, e os vales, forrados de cereais; toda a terra grita e canta de alegria!" (Salmo 65). MEDITAÇÃO. Essa é a terceira meditação pra buscar sabedoria ao planejar o ano de 2024. Vimos que o Apóstolo Tiago ensina que somente Deus sabe o que vai acontecer amanhã de manhã, e Paulo ensina que Deus governa o tempo e os lugares de nosso cotidiano pra gente ficar mais perto do Reino dos céus - que já está no meio de nós aqui pelo planeta terra. Agora vamos prestar atenção no Rei e Salmista Davi, que dá outras dicas sobre o que Deus anda fazendo no mundo. Primeiro, Deus vai continuar "coroando" e abastecendo o ano de 2024 com sua bondade e poder celestiais, o que lá em Israel significava que os campos eram cobertos pelos rebanhos e ficavam cheios de espigas e cereais. Então, você pode confiar que Deus vai continuar derramando chuvas sobre a terra pra ninguém morrer de sede ou fome, pois tudo no planeta depende do rio de Deus que tem muita água, acredite. Enquanto Deus mantém a Terra girando e o sol aquecendo pra nossa sociedade seguir se movendo, Ele também promete que vai ouvir nossas orações, perdoar as transgressões e nos puxar pra perto d'Ele. Ao fazer isto dia sim e no outro também, Deus anuncia para todas as dimensões do universo como nós somos bem-aventurados, sendo estes alguns dos motivos pelos quais devemos ficar satisfeitos com a bondade da Casa de Deus Pai, tá entendendo? Confie em Deus ao planejar o ano de 2024. ORAÇÃO. Muito obrigado, Deus Pai. O que seria de toda humanidade sem a chuva e o sol, as águas e o calor? Eu te agradeço pelo pão nosso de cada dia que cresce sobre toda a Terra. Obrigado por ouvir minhas orações e chegar perto pra abraçar meu espírito. Bendito seja o nome do Deus e Pai do Senhor Jesus Cristo! (*meditação baseada na mensagem do Reverendo Nivaldo Furlan, 14/01/2024). Autor. Ivan S Rüppell Jr é professor e ministro da Ig Presbiteriana Nova Jerusalém, atuando na gestão de ações sociais cristãs.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Meditação Dominical. DEUS SABE ONDE E QUANDO, EM 2024!

TEXTO Bíblico. "Ele é o Deus que fez o mundo e tudo que nele há... De um só homem ele criou todas as nações da terra, tendo decidido de antemão onde se estabeleceriam e por quanto tempo. Seu propósito era que as nações buscassem a Deus e, tateando, talvez viessem a encontrá-lo, embora ele não esteja longe de nenhum de nós." (Livro de Atos, cap. 17. 24-27). MEDITAÇÃO. Nós não sabemos nem o que vai acontecer amanhã, então é melhor sermos sábios ao planejar o ano de 2024 em nossas vidas, certo? Deus é que sabe destas coisas, como vimos semana passada junto aos ensinos do Apóstolo Tiago. E agora o Apóstolo Paulo vem apontar uma verdade inquietante sobre como Deus é Soberano e importa sabermos muito sobre isto. Paulo esclarece que Deus governa o tempo (dias e anos) e também os lugares (todo espaço) em que a humanidade vive pra que, "tateando, talvez viessem a encontrá-lo". Ou seja, conforme explica Eugene Peterson, Deus "criou toda a terra habitável, com muito espaço e tempo para uma vida em que pudéssemos buscar a Deus...". Tá entendendo? Sim, nosso primeiro programa da agenda pra 2024 é definir onde e quando iremos encontrar Deus habitualmente durante o ano, especialmente no Sétimo dia Cristão, o domingo. Caso contrário, vamos nos afastar dos movimentos soberanos de Deus sobre a existência e assim jamais saberemos o que Deus está fazendo em nossa história e o que Ele tem preparado para aqueles que o amam. Deus é Soberano e nós devemos ser sábios! ORAÇÃO. Pai Nosso que está nos céus. Obrigado por governar os dias e os lugares pra que eu consiga te conhecer, e assim saber da vida verdadeira. Abençoa minha vida neste ano de 2024 pra que eu seja sábio nas escolhas e decisões sobre aonde colocar meu coração e pensamentos. Que venha o teu reino e seja feita a tua vontade na minha história. Amém. Autor. Ivan S Rüppell Jr é professor e ministro da Igreja Presbiteriana Nova Jerusalém, atuando na gestão de ações sociais.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

a Espiritualidade da TOLERÂNCIA, no CINEMA. Trumbo, 2015.

Trumbo - Lista Negra, do diretor Jay Roach é um filme valioso. Utiliza o melhor do cinema norte-americano, com uma produção técnica e de visual talentosos, numa edição das cenas em dinâmica adequada e eficaz, junto de uma representação natural e intensa dos atores. Tudo isto para apresentar de forma agradável e interessante um tema político-social valoroso. A história real de Dalton Trumbo revela como atores e diretores, roteiristas e trabalhadores diversos das artes cinematográficas foram cancelados e até presos na década de 1950 nos Estados Unidos da América. O crime destes artesãos do cinema foi o de se reunir pra pensar e de se organizar para propor valores de convivência social e trabalhistas mais humanitários e equilibrados na sociedade. Na época eles foram chamados de comunistas e impedidos de trabalhar por grupos tradicionais de direita, especialmente através do movimento político radical do Senador Joseph McCarthy. O tema da Espiritualidade da Tolerância surge no filme pelo modo como o perseguido roteirista Dalton Trumbo busca desenvolver a liberdade de expressão junto das mais diversas personalidades da época com as quais procura dialogar pra compreender, inclusive perdoar no objetivo de curar a comunidade artística da opressão. Uma virtude espiritual essencial que está faltando nestes dias em que a história se repete, já que no séc. 21 o movimento de repressão da liberdade de consciência (espírito) e de cancelamento do pensamento (conhecimento) ocorre não somente nas artes, mas também nas universidades e instituições públicas diversas. Afinal, a defesa da liberdade de pensamento proposta pela "Tolerância Contemporânea" se tornou um fundamento feroz da Intolerância! Isto ocorre porque assim como no fascismo do séc. 20, a tolerância do séc. 21 determina que é preciso assumir e praticar a ideologia da "cultura" dominante como sendo a única verdade capaz de gerar convivência "democrática" entre os homens. Tolerância deixou de ser convívio pra se tornar associação. Em outra perspectiva de valor, vemos no filme "Trumbo" o modo em que uma Espiritualidade da Tolerância relacional toma forma aos poucos no decorrer de toda a história. Algo que ocorre através das pequenas e constantes atitudes de Trumbo ao se posicionar em defesa e na propagação de uma convivência amistosa entre as pessoas com posições políticas e sociais diferentes. Um princípio que toma conteúdo de virtude espiritual no discurso que Trumbo faz em 1970, ao receber um prêmio por toda a carreira no sindicato. O roteirista defende que um grande número de pessoas vivenciou uma terrivel época de opressão, na qual muitos foram obrigados a dizer e fazer o que jamais fariam normalmente. Sendo que essa peculiar compreensão do período vivenciado orientou a sua atitude de misericórdia diante dos que viveram com ele aquele momento da história. Ainda que o filme seja simplório ao dividir os grupos antagônicos entre bons de um lado, e maus do outro, a personalidade e atitude de Trumbo propõe outra perspectiva de valores pra entender aquela época. Algo evidenciado na grande interpretação do protagonista Bryan Cranston e valorizado pela direção que entrega a condução da narrativa dramática do filme ao carismático personagem Trumbo. Nesse contexto, um padrão ético espiritual que procura respeitar o pensamento contrário até quando este se revela violento surge a partir de um valor religioso das relações cristãs, como vemos na carta aos Romanos, nos capítulos 12 e 13. Enquanto no cap. treze os cristãos são ensinados a deixar que Deus traga ordem e disciplina nas relações sociais em comunidade através das autoridades que devem penalizar os criminosos e proteger os inocentes. Bem, nas relações pessoais aprende-se no cap. doze a orientação pra afastar a vingança e até abençoar os que nos perseguem, procurando viver em paz no que depender de nós, o que gera a oportunidade de praticar misericórdia na busca de um eficaz tratamento dos conflitos da vida. Bom filme! Autor. Ivan S Rüppell Jr é teólogo e professor de ciências da religião, tendo publicado o livro Resenhas espirituais de Meditações cinematográficas, em 2020, editora dialética.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Meditação Dominical. TUDO BEM NO ANO QUE VÊM?

TEXTO Bíblico. "Escutem, agora, vocês que dizem: "Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e faremos negócios, e teremos lucros". Vocês não sabem o que acontecerá amanhã... Se Deus quiser, não só viveremos, como faremos isto e aquilo." (Carta de Tiago cap. 4. 13-17). MEDITAÇÃO. Saber que Deus é Soberano sobre o tempo da duração de nossas vidas é um conhecimento relacionado neste ensino a todas as decisões que tomamos no dia a dia da nossa história. Pois o Apóstolo Tiago aconselhou que não deveriamos ser orgulhosos em decidir os planos pra vida cotidiana, de qualquer jeito e esquecendo de Deus, já que não sabemos o que vai acontecer nem no dia de amanhã, imagina em todo o ano. Então, o importante é prestar atenção no princípio apresentado por Tiago, que esclarece o fundamento de que Deus é mais Soberano do que imaginamos! Sendo que esse é um conhecimento essencial pra fazer nossas vidas serem abençoadas por Deus desde o momento em que começamos a planejar algo, como é comum fazer no início do ano. Ou seja, ou aprendemos a receber conselhos e a depender de Deus para os nossos planos, ou pouco vai mudar e nada irá melhorar na vida. Tá entendendo? Fica então a dica de sabedoria bíblica, e semana que vêm continuamos, com o apoio do Apóstolo Paulo. ORAÇÃO. Santo Deus e Pai Nosso que está nos céus. Deus Todo Poderoso e Senhor Soberano sobre toda vida e criação. Ilumina o nosso coração e derruba nosso orgulho, pra que sejamos sábios e humildes diante da tua Majestade. Pois somente o Senhor é Deus, e não há outro. Dá-nos sabedoria e entendimento espiritual da tua grandeza e poder, pra que estejamos sempre debaixo das tuas mãos e do teu cuidado. Amém! Autor. Ivan S Rüppell Jr é Professor e Ministro da Igreja Presbiteriana Nova Jerusalém, atuando na gestão de ações sociais.