sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Devocionais nas INSTITUTAS de J Calvino. A VERACIDADE DA BÍBLIA. Semana 6, Agosto 2020

Devocionais nas Institutas de João Calvino, Semana 6, Tópico 8. Esse texto utiliza um resumo das “Institutas” de Calvino no objetivo de comunicar seu pensamento teológico através de breves devocionais semanais. “Uma das inovações mais importantes da exegética de Calvino é justamente o conceito da acomodação, segundo o qual Deus ajustou sua palavra revelada às capacidades da mente e do coração humanos. Para ilustrar este ponto, Calvino utiliza a analogia do orador: um bom orador conhece as limitações de sua audiência e adapta a sua linguagem a ela.” (R. Q. Gouvêa). 8: HÁ PROVAS SÓLIDAS E RACIONAIS QUE SERVEM PARA CONFIRMAR A VERACIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS. Somente Deus pode oferecer a credibilidade adequada a respeito de Si mesmo, algo que Ele realiza através do testemunho do Seu Espírito, que é o único capaz de gerar uma fé verdadeira no coração dos homens. (Isaías 59.21). A autoridade da Bíblia somente será conhecida a partir do ensino dado acima, sendo que não há argumento humano ou mesmo uma declaração autorizada da igreja que seja capaz de limpar do coração do homem as suas incertezas acerca da autoridade das Escrituras. Porém, logo após eles receberem o testemunho essencial do Espírito Santo, toda boa argumentação acerca da pureza e da ordem das doutrinas divinas será muito benéfica ao desenvolvimento de sua fé. “E nossos corações ficam ainda mais consolidados quando observamos que nossa admiração é excitada, não pelas belezas da linguagem, e sim pela dignidade das coisas reveladas.” A providência divina revelou sua Palavra em estilo simples e humilde a fim de que os ateus não explicassem a sua grandeza como sendo oriunda da beleza da linguagem do texto. Eis a razão para que Paulo afirmasse que a fé dos coríntios se baseava no poder de Deus ao invés de na sabedoria dos homens, pois ele não anunciou o evangelho através de belas argumentações, mas sim, pela demonstração do Espírito e de poder (1Co 2.4). Esse entendimento surge de um discernimento interior sublime que somente a leitura das Escrituras traz ao espírito do homem, pois é algo que jamais sentimos mesmo diante dos escritos dos maiores oradores e filósofos do mundo. Ao observar o estilo literário elegante e até mesmo esplêndido de alguns dos profetas, aprendemos que não foi para desprezar tal eloquência que o Espírito Santo empregou em outros escritos um estilo mais simples. Na verdade, foi para comprovar que em qualquer dos textos das Escrituras a excelência humana será sempre superada pela majestade do Espírito. A credibilidade das Escrituras também não se baseia em sua antiguidade, pois foi escrita a partir de Moisés, que nada apresentou de novo, mas somente testemunhou o que seus pais já sabiam acerca da aliança do Deus eterno feita com Abraão, muito tempo antes. “Os numerosos milagres que ele (Moisés) registra são as (reais) confirmações da autoridade das suas leis e da veracidade da sua doutrina.” Moisés subiu ao monte e lá permaneceu solitário por quarenta dias, e seu rosto tornou-se brilhante como o sol, além dele ter sido acompanhado por uma nuvem ao entrar no tabernáculo: “porventura tudo isto não é o testemunho do próprio Deus à inspiração do Seu servo?” O testemunho dado pelos milagres divinos se tornou a base da autoridade de Moisés para que fosse falar ao povo ao descer do Monte Sinai, acusando-os de atitudes de descrença e rebeldia. “Fica claro, portanto, que os israelitas somente admitiram a veracidade das suas palavras porque estavam plenamente convictos dela pela sua própria experiência.” Uma percepção que se repete acerca dos Profetas, como quando Isaías previu a destruição de Jerusalém pelos caldeus e o exílio do povo, ainda numa época em que o reino de Judá estava em paz, anunciando também que o rei persa Ciro iria liberta-los da Babilônia num futuro distante, sendo que estas profecias foram ditas cem anos antes da existência de um certo Ciro. Você deseja uma prova maior acerca das palavras de Isaías serem verdadeiros oráculos de Deus? E o que dizer do Profeta Jeremias, que também guiado pelo Espírito de Deus, fez a previsão de que o cativeiro seria de 70 anos, quando este estava apenas começando? “E Daniel não previu o futuro seiscentos anos antes...?” Eu não ignoro os pensamentos espertos de alguns, que argumentam que Moisés e os Profetas talvez não tenham escrito os livros que levam seus nomes, e até mesmo, se Moisés realmente existiu? “Todavia, se perguntássemos: já existiu um Platão, um Aristóteles, um Cícero, seríamos considerados culpados da estultícia mais absurda.” A lei de Moisés foi preservada pela providência de Deus e desde que foi redescoberta pelo rei Josias tem estado disponível aos homens. E para os que perguntam de onde vieram os exemplares que hoje possuímos, já que Antíoco ordenou a destruição de todos os livros sagrados? Eu lhes devolvo a questão, arguindo de que forma poderiam ser escritos tão rapidamente, de novo, pra estarem hoje em nossas mãos? Ora, “quem pode deixar de reconhecer a maravilhosa obra de Deus na preservação deles naquela época e no suceder de todos os desastres subsequentes dos judeus?” “Quando chegamos ao Novo Testamento, descobrimos que sua veracidade está firmada em alicerces igualmente sólidos. Três dos evangelistas relatam sua história num estilo humilde e sem adornos.” São textos plenos de uma simplicidade desprezada por aqueles que não percebem a grandeza da mensagem que transcende a capacidade humana, a qual se eleva acima dos céus pelos breves relatos dos sermões de Cristo. “João, porém, trovejando das alturas, confunde, como através de um raio, a obstinação de todos quantos não conseguem trazer à obediência da fé. De modo semelhante, os escritos de Paulo e Pedro compelem nossa admiração devido (à) sua celestial majestade.” E não devemos esquecer que embora Satanás e o mundo procurem esmagar e obscurecer a Palavra de Deus, a mesma permanece firme à nossa disposição. A comprovação da dignidade das Escrituras no coração dos crentes ocorre por um grande número de outras razões, e que somente irão transmitir a fé verdadeira quando o próprio Pai celestial isto realizar no interior do homem. Pois é absurdo querer provar aos que não creem que as Escrituras são a Palavra de Deus, já que somente mediante a fé é que se alcança tal entendimento. ORAÇÃO: Deus e Pai nosso que está nos céus, ilumina nossa mente e coração pelo agir do teu Espírito Santo, pra que consigamos perceber a autoridade da Bíblia. Ajuda-nos a perceber e discernir as boas provas que o Senhor tem dado acerca da autoridade das Escrituras através dos tempos, na vida de Profetas e Apóstolos, e nos ensinos e anúncios que foram escritos por eles, segundo a tua inspiração. Abençoa-nos como leitores da bíblia e estudiosos do conhecimento da veracidade das Escrituras, iluminando os nossos corações para valorizar a simplicidade e grandeza das tuas revelações acerca da verdade e do Evangelho. Amém! Ivan Santos Rüppell Jr. Teólogo, Cientista da religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. CALVINO, João. A Verdadeira Vida Cristã, introdução p/ Ricardo Quadros Gouvêa. Trad Daniel Costa, Editora Cristã Novo Século, São Paulo, SP, 1998. As citações em destaque e asterisco são das Institutas de João Calvino. As citações em destaque são do Resumo de Joseph Pitts Wiles. (páginas 55 a 69 das Institutas, vol 1, 2006, Editora Cultura Cristã). (páginas 23 a 36 do Resumo de J.P. Wiles).

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