sexta-feira, 21 de agosto de 2020

NÃO TERÁS OUTROS DEUSES DIANTE DE MIM! Devocionais nas INSTITUTAS de J Calvino, p/ Ivan S Rüppell Jr.

Devocionais nas Institutas de João Calvino, Semana 8, Tópico 11. A obra teológica “Institutas” do reformador protestante João Calvino contém uma explicação completa do conhecimento de Deus segundo o Cristianismo. Esse texto utiliza um resumo das “Institutas” de Calvino no objetivo de comunicar seu pensamento teológico através de breves devocionais semanais. Tópico 11: É ILÍCITO ATRIBUIR A DEUS UMA FORMA VISÍVEL; E TODOS AQUELES QUE FABRICAM ÍDOLOS PARA SI, SEPARAM-SE DO DEUS VERDADEIRO. “Não faça para si espécie alguma de ídolo ou imagem de qualquer coisa no céu, na terra ou no mar." (Êxodo 20.4). “Devemos firmar-nos solidamente neste princípio: sempre que atribuirmos qualquer forma ou formato a Deus, Sua glória é maculada por uma falsidade ímpia.” Deus decidiu que toda a glória divina seria somente Sua, proibindo qualquer representação visível de Sua figura, já que todas elas devem ser consideradas inapropriadas para representa-lo. “Tenham muito cuidado! No dia em que o Senhor lhes falou no meio do fogo no monte Sinai, vocês não virão forma alguma. Portanto, não se corrompam fazendo ídolos de qualquer forma, seja de homem ou de mulher.” (Dt. 4.15-16). Assim como Moisés ensinou nos livros de Êxodo e Deuteronômio, o Profeta Isaías também afirma que é uma ofensa assemelhar “aquele que é imaterial a alguma forma material, aquele que é invisível a uma imagem visível, aquele que é infinito a um pedaço finito de madeira, pedra ou ouro.” Um pensamento compartilhado também, pelo Apóstolo Paulo: “E, por ser isso verdade, não devemos imaginar Deus como um ídolo de ouro, prata ou pedra, projetado por artesãos.” (Atos 17.29). Eis a razão que temos para afirmar que é um insulto à majestade divina fazer qualquer estátua ou quadro para representar a Pessoa de Deus. Afinal, quando Deus foi visto face a face fazendo-se representar por sinais, estes eram adequadamente apropriados para transmitir a maneira como a Sua pessoa é incompreensível aos homens: “As nuvens, a fumaça e as chamas, embora simbolizassem a Sua glória, ao mesmo tempo refreavam as mentes de todos os homens de procurarem penetrar mais profundamente.” Esse entendimento foi bem esclarecido a Moisés da seguinte maneira: “Mas você não poderá olhar diretamente para minha face, pois ninguém pode me ver e continuar vivo.” (Êx. 33.20). Observe que a própria aparição do Espírito Santo em forma de pomba durou pouco tempo a fim de que a crença n´Ele viesse a oferecer satisfação a partir de Seu poder e Sua graça, jamais pela sua forma ou imagem. “Os ídolos das nações não passam de objetos de prata e de ouro, formados por mãos humanas.” (Sl. 135.15). O salmista argumenta acerca das imagens dos deuses falsos, já que todos eles são feitos de minérios, esclarecendo que o brilho dos metais não irá lhes tornar objetos dignos de reverência, pois “nenhuma matéria morta pode ser transformada em deuses. Realmente, como pode o homem, que é uma criatura de um só dia, conferir divindade a um pedaço de metal?” O Profeta Isaías repreende novamente o povo de Deus, acerca deste conhecimento: “O ferreiro trabalha na forja para criar uma ferramenta afiada; martela e modela com toda a força. De tanto trabalhar, sente fome e fraqueza, fica sedento e desfalece... Corta cedros, escolhe ciprestes e carvalho, planta um pinheiro no bosque, para que a chuva o faça crescer. Então, usa parte da madeira para fazer fogo e com ele se aquece e assa o pão. Depois, pega o que resta e faz para si um deus para adorar.” (Isaías 44. 12, 14-15). “Um ídolo pintado é tão proibido quanto uma imagem esculpida. Os membros da igreja grega, pois, consideram-se livres de toda a culpa porque não tem imagens esculpidas; no entanto, no seu uso de quadros vão a excessos maiores do que os idólatras.” Eu sei que Gregório disse que “as imagens servem de livros para o povo comum.” "Mas, se Gregório tivesse aprendido acerca do assunto com o Espírito Santo, jamais diria isso.” O Profeta Jeremias assevera que “ensino de vaidades é o madeiro” (10.8), e o Profeta Habacuque afirma que “a imagem de fundição é mestra de mentiras.” (2.18). Eis o modo como os Profetas condenam a ideia de que as imagens são os “livros” do povo comum, pois Deus deseja instruir os homens através do ensino de Sua Palavra e pela ministração de Suas ordenanças. É importante saber que aqueles que Deus chama para serem seus discípulos não devem ser considerados um “povo comum”, que somente serão capazes de aprender de Deus através de imagens. No entanto, este povo comum será considerado tolo, caso deixe de escutar a doutrina que poderia lhes tornar sábios, pois o próprio Paulo adverte que “é mediante a pregação da Palavra que Jesus Cristo é representado como crucificado.” (Gl. 3.1). Ora, caso “os homens tivessem sido ensinados fiel e honestamente que Cristo morreu para carregar nossa maldição na cruz”, não haveria necessidade de preencher as igrejas com cruzes diversas de todos os tipos. “Não importa se os homens simplesmente adoram uma imagem, ou adoram a Deus na imagem; é idolatria quando honras divinas são atribuídas a uma imagem sob qualquer pretexto.” Perceba que os pagãos utilizavam os mesmos argumentos para a sua idolatria, que ora encontramos sendo usados por alguns dos cristãos. Pois eles negam a acusação de idolatria, “dizendo que prestam às imagens um “serviço” (dulia), mas não uma “adoração” (latria); e alegam que tal serviço pode ser prestado a estátuas e quadros sem qualquer ofensa a Deus... Como se o serviço não fosse algo mais que adoração!... Mas, para um grego, o significado daquela palavra é tal que a desculpa se torna a seguinte: “Adoramos imagens sem adorá-las.” E sobre o Sínodo de Nicéia (787 d.C), “o qual decretou que as imagens não somente deveriam ser colocadas nas igrejas, como também deveriam ser adoradas”, gostaria de apresentar aqui, alguns de seus argumentos: um delegado de nome João disse: “Deus criou o homem à Sua imagem; logo, concluo que é correto ter imagens... E outro preletor defendeu assim a colocação de imagens nos altares: “Nem se acende uma candeia, para coloca-la debaixo do alqueire”. Mas, o argumento mais engenhoso de todos, foi este: “Como temos ouvido dizer, assim o vimos (Salmo 48.8). Concluímos, que aprendemos a conhecer a Deus não somente ao ouvir Sua palavra, mas também ao olhar para as imagens.” Enfim, depois de tudo isso, eu já “estou cansado de referir-me a tais absurdos... (pois) que confiança pode ser dada às declarações destes reverendos pais, que manuseiam as Escrituras com tal tolice infantil?...”. “Já dissemos que o conhecer a Deus não pode consistir em vã especulação, mas sim, implica em adoração ao Deus a quem conhecemos (...) (e agora) repito, que quando as Escrituras asseveram que há um só Deus, e somente um, elas não estão argumentando em prol do mero nome, e sim, ordenam que nenhuma parte da honra que pertence a Deus seja dada a outro.” ORAÇÃO: Pai Nosso que estás no céu, Santificado seja o Nome do Senhor. Não permita que tenhamos outros deuses além do Senhor. Não nos deixe cair em tentação, mas livra-nos do mal. Não permita que nos curvemos e nem adoremos a qualquer ser e espécie dos céus, terra e mar. Óh Deus, livra-nos de toda idolatria, seja pela avareza ou cobiça, orgulho e vaidade. Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento demonstra a habilidade de suas mãos... A lei do Senhor é perfeita e revigora a alma. Os decretos do Senhor são dignos de confiança e dão sabedoria aos ingênuos... O temor do Senhor é puro e dura para sempre. As instruções do Senhor são verdadeiras e todas elas são corretas... Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, Senhor, minha rocha e meu redentor.” (Salmo 19. 1-14). Ivan Santos Rüppell Jr. Teólogo, Cientista da religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. (pgs 51 a 71 do Resumo das Institutas de J P Wiles).

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