terça-feira, 8 de maio de 2018

a ESPIRITUALIDADE no Cinema: O RESGATE DO SOLDADO RYAN

O talentoso cineasta Steven Spielberg levou o OSCAR de direção em 1999 com este drama militar em que um grupo de soldados liderados pelo capitão Miller (Tom Hanks) assume uma só missão durante a retomada da Europa das mãos dos nazistas: eles devem resgatar o último sobrevivente (Matt Damon) de quatro soldados da família Ryan, pois três dos irmãos já morreram nas batalhas da II guerra. Eis o argumento do clássico filme de guerra "O Resgate do Soldado Ryan", USA/1988, que dramatizou a mais midiática batalha de guerra do cinema ao apresentar o desembarque dos aliados na Normandia em 1944 como um épico realista inigualável. E já que falamos de Espiritualidade por aqui, eis que a palavra "Resgate" traz consigo a ideia de uma ação ou atividade que é impossível de ser realizada pelo resgatado - ou seja, alguém terá que praticar esta boa ação por ele. Trata-se de uma conquista que depende totalmente daqueles que irão protagonizar o resgate, restando ao condenado somente aguardar a chegada de seus salvadores. E a ocorrência de um "resgate" espiritual é exatamente a experiência principal da Páscoa dos Cristãos, pois nesta a morte do cordeiro sacrificado é que irá resgatar milhões de seres humanos de seu traçado destino de morte. Trata-se de um resgate realizado por um ato de "substituição", afinal, de tal forma que assim que os cordeiros morrem, os homens antes condenados à perecer são consequentemente resgatados e livres de experimentar tal condenação existencial. Um projeto de resgate sacrificial que o Capitão Miller igualmente protagoniza como o amadurecido líder da missão urgente que assume ao liderar um pelotão de soldados em meio à Europa incendiada pela batalha mor da II guerra mundial. Uma atuação que lhe valia outro Oscar! E o ator Tom Hanks preenche sua personalidade com algumas posturas éticas que o aproximam daquelas que edificam as melhores ações espirituais entre os homens. Pois o sacrifício ao qual se dispõe é abraçado por ele integralmente assim que se dedica ao mesmo de corpo e alma. Dá até pra dizer que o (bom) capitão é um voluntário para o que der e vier, apresentando uma personalidade militar sacerdotal interessante, até pela maneira com que finaliza sua missão junto do soldado Ryan, ao desafia-lo à uma vida digna. Valores éticos de uma liderança existencial que observamos grandemente na própria Pessoa essencial da Páscoa Cristã - sim, Jesus de Nazaré também entregou-se às torturas e morte da Sexta-feira da Paixão em atitude consciente e voluntária: "Ninguém tira a minha vida de mim, eu a dou livremente", esclareceu ele na biografia autorizada do Apóstolo João. As razões de Jesus Cristo ter assumido tal sacrifício mortal-espiritual a fim de que os homens de fé não continuassem mortos na eternidade, origina das perspectivas transcendentais de sua experiência de vida terrena enquanto o homem celestial que vêm libertar a humanidade por aqui. Pois o que Jesus veio resgatar essencialmente não foi a natureza e criação ou o governo dominante desta época, mas sim, as próprias almas dos homens. Daí que pra realizar este peculiar resgate era necessário livrar a espécie humana de sua permanente experiência natural de morte, além desta vida. Jesus, então, teve que morrer exatamente pra "matar" a força da morte em si mesmo enquanto um ser humano, livrando assim a humanidade de continuar padecendo sob esta miséria, continuamente. E do mesmo modo com que o Capitão Miller desafia o jovem Ryan a abraçar ferozmente a experiência de uma vida virtuosa a partir dali - oportunidade existencial que lhe foi possível somente a partir do sacrifício de quase todo um pelotão; igualmente Jesus convoca os Cristãos no Domingo de Páscoa para que conheçam (desde já) as vivências excepcionais da Ressurreição da maneira de viver dos homens. Assim como a frase do capitão Miller é simples e direta para Ryan: "Faça valer a pena!"; da mesma forma Jesus convoca seus fiéis a "celebrarem a sua salvação da morte", vivendo desde agora como sal e luz entre os homens, fazendo brilhar uma experiência de vida humana gerada a partir da própria Personalidade de Deus. Eis aquele momento na história em que o resgate por sacrifício chamado Páscoa torce o destino da humanidade assumindo a morte sobre si para que milhares e milhões descubram uma vida, nova. Bom filme!

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