quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

a ESPIRITUALIDADE no Cinema e Tv: VIRGIN RIVER. Quando a humanidade "fala" mais alto.

"Fale o que está sentindo...!" Aos 14 minutos do último episódio da primeira temporada, o Dr. Doc (Tim Matheson) resume numa frase certeira a essência dramática desta sensível série da Netflix, que está com a segunda temporada garantida pra 2020. Veja que os diálogos bastante pessoais e diretos de Virgin River são constantes, algo que faz recordar que a comunicação mais básica dos seres humanos é a que se manifesta nas conversações cujo tema principal somos nós mesmos, certo? O que ajuda a perceber como falhamos ao não nos dedicar pra desenvolver o potencial de falarmos mais uns com os outros sobre o que levamos no coração, que é a característica central da personalidade humana que recebemos do Criador; vinda direto da sua imagem e semelhança. Sim, a Espiritualidade de "Virgin River" está relacionada à descoberta da natureza existencial da humanidade, que se baseia exatamente nos relacionamentos conscientes que somente a nossa espécie pode experimentar no mundo. O fato é que os seres humanos são semelhantes a Deus de uma maneira que nenhuma outra criatura pode ser, e por isso mesmo, deveríamos utilizar inteiramente a capacidade de dialogar sobre "nós mesmos", pra nos tornar pessoas mais completas. Pois os aspectos da personalidade de Deus que recebemos são a sua inteligência e vontade, pra que possamos vivenciar a existência de maneira criativa, numa perspectiva moral que consiga valorizar a dignidade das pessoas e situações da nossa história, sem descuidar da natureza e tudo que existe. (Bíblia de Genebra, p 10) Segundo John Stott, a imagem de Deus na humanidade tem a ver com sermos racionais e conscientes, morais e sensíveis ao próximo e à vida, que são os elementos que nos capacitam a viver respeitosa e amorosamente a existência. "Assim, somos os únicos seres capazes de pensar, escolher, criar, amar e adorar." (p 18) Tá entendendo? Daí a importância de respeitar esse aspecto da espiritualidade humana mediante a prática de um diálogo certeiro e sensível, conforme bem orienta o conselho bíblico: "A preocupação deprime a pessoa, mas uma palavra de incentivo a anima." (Provérbios, 12.15) A espiritualidade de Virgin River nos convoca a conhecer aquele potencial relacional do ser humano que está presente em nossa personalidade consciente, já que temos a boa condição de perceber e dialogar acerca das sensações da vida. Nessa perspectiva, vale a pena dar uma olhada na série romântica "Virgin River", que estreou em dezembro de 2019 na Netflix, baseada na saga de livros da autora Robyn Carr. A trama conta a história da enfermeira Melinda Monroe, que decide abandonar sua vida na cidade grande, partindo para a pequena cidade de Virgin River. A primeira temporada tem 10 capítulos, e vale destacar que seus dramas são desenvolvidos de uma maneira bastante natural, buscando valorizar as emoções mais comuns das pessoas, o que nos torna espectadores participantes do convívio comunitário cotidiano do vilarejo. O negócio é que assistir Virgin River irá nos ajudar a perceber o interesse real que temos pelas pessoas ao nosso redor e suas sensações mais básicas, de dores e saudades, medos e ansiedades, fazendo um contraponto ao interesse escapista que muitas vezes nos leva a gastar emoções diante de novelões que estão sempre no limite da vida e da morte, apresentando atos desconectados da vida diária da gente. A primeira temporada finaliza com algumas pontas interessantes pra gente seguir a série, mas, não esqueça; o que vale mesmo é pensar diante da TV sobre aquele nosso interesse perdido acerca do que realmente vai na alma das pessoas próximas, numa reflexão espiritual que certamente vai nos ajudar a gastar mais tempo falando uns com os outros acerca das realidades de nós mesmos. Bom seriado.

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