quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

NAO OLHE PARA CIMA! Espiritualidade no Cinema, Netflix 2021

Quase nada é razoável e quase tudo é negociável no mais novo sucesso da Netflix, "NÃO OLHE PARA CIMA", que foi lançado em dezembro de 2021 e já se tornou o terceiro filme mais assistido nas plataformas de streaming, com um tema que tem gerado debates e movimentado as redes sociais. O enredo segue a jornada de uma dupla de astrônomos representados pelos astros Leonardo Di Caprio e Jenniffer Lawrence, que descobrem um cometa no espaço vindo em direção ao planeta Terra chegando em seis meses, com tamanho e capacidade de destruir nosso mundo. O modo como essa informação crucial e trágica é recebida de maneira escapista pela nossa geração pós-moderna deste século 21 tem sido o assunto de reflexões e discussões variadas nas redes sociais e mídias de cultura. Afinal, a razoável e bastante concreta informação de que nosso Planeta Terra pode acabar em pouco tempo, acaba sendo um conhecimento gravemente manipulado no filme, assim que os fatos da realidade vão sendo superados pelos interesses das oportunidades, seja do poder ou pra fazer negócios. Sendo que essa visão geral dada no filme sobre como se move e organiza nossa sociedade na atualidade, se torna um retrato instigante da supérflua e caricata vivência que a humanidade tem experimentado desde que os relacionamentos virtuais e as declarações midiáticas assumiram o rumo de como quase todo mundo deve viver sua história. A dupla de astros carismáticos e talentosos de Hollywood que conduz o tema do filme foi uma escolha acertada da produção, seguindo o padrão clássico do cinema norte-americano, no objetivo de dar credibilidade e dignidade a qualquer assunto cinematográfico. A opção dramática com que o Diretor Adam Mckay busca desenvolver a narrativa utiliza tanto a ironia teatral, além do exagero emocional com que as pessoas comuns se relacionam nas redes, enquanto elas expôem as situações mais básicas e cotidianas como se fora uma experiência definitiva de suas vidas; o que torna o filme uma sátira surreal envolta numa atmosfera um pouco absurda, que é o que tem se tornado a convivência humana pautada nas mídias. Ao pensar sobre a Espiritualidade no Cinema, não há como escapar do tema do Apocalipse que é uma palavra culturalmente relacionada ao fim do mundo. Ainda que o Livro bíblico escrito pelo Evangelista João ao final do primeiro século traga mais uma mensagem de Revelação sobre o Governo de Deus na História até os últimos dias; do que propriamente procure tratar do fim dos tempos. Mas, logo iremos chegar neste assunto. Por enquanto, vale ressaltar algumas cenas interessantes que destacam experiências importantes das pessoas no que refere à Espiritualidade de Quase Todo Mundo. O negócio é que tratar de Espiritualidade na civilização ocidental deve levar em conta as ponderações filosóficas clássicas e basilares de Platão e Aristóteles, que entendiam os Seres Humanos como pessoas pensantes e sensíveis exatamente a partir do fundamento de que somos uma raça com corpo e espírito. Sendo que o espírito humano é a essência da personalidade que nos diferencia do restante da natureza e das coisas, bem como, é também mediante a espiritualidade que as virtudes se movem em nossa pessoa e em toda vida que praticamos diante do próximo, da sociedade e toda criação. Neste sentido, destaca-se desde o início a preocupação espiritual humanitária dos protagonistas e daqueles que mantém um conhecimento razoável (consciente e factual) da nova e cruel realidade, já que voltam-se com compaixão para a existência humana na terra, buscando valorar e proteger os sentimentos e atividades que nos unem, recordando o que já vivemos e até o que iremos deixar de experimentar assim que nosso tempo acabar. Sim, esta preocupação acerca das sensações humanas é um valioso elemento espiritual, até porque se observa no filme o modo como as ideologias social-progressistas desprovidas do transcendente e envoltas em poder e conquistas rapidamente desprezam a vida humana para se dedicar a gerenciar a realidade conforme a vaidade ensina, sendo que este orgulho humano primitivo foi sempre percebido negativamente na espiritualidade clássica ocidental. Nas situações dramáticas apresentadas próximas da conclusão do filme, os protagonistas se reúnem em família e com amigos na busca de vivenciar sensações e prazeres básicos da vida, algo que podemos relacionar com a sabedoria bíblica clássica de Salomão em Eclesiastes, em que se deseja responder a sempre essencial questão: Qual o sentido e propósito da vida! Sendo que o Sábio escritor de Provérbios indica o modo como, mesmo em períodos obscuros da vida, ainda assim é possível receber satisfação junto de Deus, já que nestes tempos, "para o homem não existe nada melhor do que comer, beber e encontrar prazer em seu trabalho. E vi que isso também vem da mão de Deus." (Ec 2.24). Trata-se de uma experiência que parece (e não deixa de ser) escapista, quase como uma fuga da realidade em que transcorre o filme - de proximidade ao fim do mundo; e que, no entanto, é refletida por Salomão e igualmente por Moisés de modo a buscar espiritualmente em Deus um conhecimento e atitude que possa nos "ajudar a contar os nossos dias" em épocas conturbadas, como bem orou o Profeta mor de Israel, no deserto. Eis então o modo em que, assim como diante do cometa que se achega ao planeta, também a vida humana na terra envolta na miséria da morte oculta a cada esquina, deve perceber a virtude espiritual de se experimentar toda boa sensação da vida, ainda que pareça não haver colheita na plantação. Essa vivência é bastante desenvolvida na parte final do filme, com pessoas diversas das mais diferentes idades e etnias se achegando umas para as outras, e procurando anotar e agradecer as vivências experimentadas e a vida que tiveram juntas; a saber, toda a sensação que foi compartilhada entre pessoas, e não perante as coisas e objetos. Numa reflexão cultural, pode-se comparar "Não Olhe para Cima" com o filme "Impacto Profundo", com Elijah Wood, Téa Leoni e Morgan Freeman, realizado em 1988 pela diretora Mimi Leder, em que se observa que o raciocínio moderno e clássico da civilização ocidental ainda orientava a ação política e da mídia, além de definir a compreensão científica dos fatos, posto que a descoberta do meteoro "Biederman" rumo ao planeta Terra gera reações bastante equilibradas e dignas; o que já não se encontra na percepção pós-moderna que relativiza até o sexo dos anjos, de "Não Olhe para Cima". Sem deixar de anotar o modo em que, como narrativa cinematográfica, o presente filme da Netflix e as decisões autorais de seu diretor em busca do surreal, não alcançam a rigidez técnica e a profundidade de ambientação cênica desenvolvidas por Stanley Kubrick no filme "Dr. Fantástico" (Dr. Strangelove, 1964), em que o fim do mundo era refletido a partir das maquinações e interesses políticos em meio ao cenário da guerra fria das décadas de 1950 e 60. Mas, e acerca da Espiritualidade de quase todo mundo; o que a cosmovisão ocidental tem pra oferecer de conhecimento ao redor do filme "Não Olhe para Cima"? Bem, penso que não há entendimento mais valioso e profundo, objetivo e claro de que as reflexões do teólogo cristão John Stott, conforme lemos no texto devocional: "A Bíblia Toda o Ano Todo". Aprendemos de seu olhar que desde que Jesus ressuscitou e subiu direto para o Trono celestial de Deus, tomando nas mãos o Livro da Vida para dar prosseguimento na História da Humanidade; então, eis que o Cristo prontamente abriu os "Sete Selos" do Livro do Apocalipse pra dar conhecimento das coisas que temos visto acontecer nos dois últimos milênios, e que irão se prolongar até o Fim dos tempos. E conforme anota John Sttot, "a abertura dos sete selos e o soar das sete trombetas simbolizam o mesmo período (entre as duas vindas de Cristo)", em que o toque das trombetas são as Palavras do Evangelho e dos Apóstolos que buscam "chamar as pessoas ao arrependimento"; sendo que o anúncio negativo de juízo das trombetas é complementado pelo convite positivo do Evangelho. A partir daí, o teólogo destaca como o capítulo 12 de Apocalipse apresenta alguns atores destes tempos finais, que são a mulher grávida, a criança masculina e o dragão vermelho, Satanás; sendo que este Anjo Maligno vai atuar junto de aliados para promover opressão e engano, caos e maldade no mundo. Nesse tema, ficamos sabendo da existência da besta saída do mar que se assume como um poder político perseguidor dos homens, e da besta surgida da terra que promove a idolatria e a negação da Palavra de Deus, além da "Babilônia", na figura de "Roma como uma influência corruptora: (já que) ela "fez todas as nações beberem do vinho da fúria da sua prostituição" (Apocalipse 14.8). Essa atuação maligna explicada no livro de Apocalipse pode ser refletida no filme "NÃO OLHE PARA CIMA", quando percebemos a realidade física, cultural e humana do que Stott identifica como sendo um triplo ataque histórico desencadeado contra a Verdade de Deus, em um plano "armado pelo diabo em todo o mundo, como vimos nos primeiros capítulos de Atos - físico (perseguição), moral (comprometimento) e intelectual (falso ensino)". Sendo que estes três aliados do Mal bastante atuantes na história tomam forma no filme em meio às estratégias globais totalitárias de engano e manipulação, impiedade e opressão, negociatas e controle da vida e do pensamento da Humanidade. Enfim, em meio a esse conhecimento complexo da Espiritualidade humana, vamos recordar a mensagem apocalíptica essencial de como Deus vai proteger e no final, resgatar a humanidade neste período de tempo conflituoso, conforme lemos no verso 1 do capítulo 14 de Apocalipse: "Então, olhei, e diante de mim estava o Cordeiro, em pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil que traziam escritos na testa o nome dele e o nome de seu Pai." Sabendo que esse número de 144 mil não é literal, mas sim simbólico dos milhões que Jesus afirma que irá salvar como o Messias, enquanto também diz que irá derramar um juízo digno da queda de um cometa sobre o mundo, ao revelar o conteúdo das "sete taças da ira de Deus"; sendo este, afinal, o conhecimento mais profundo e significativo dado pela Espiritualidade cristã ao Ocidente e Oriente, desde sempre, que podemos articular ao assistir o interessante drama "Não Olhe para Cima". Bom filme! REFERÊNCIAS. John Stott, A Bíblia Toda o Ano Todo. Edit Ultimato, Viçosa MG, 2006, páginas 410-420. Autor. Ivan S Rüppell Jr é Mestre em Ciências da Religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil.

2 comentários:

  1. Mas os céus e a terra que agora existem estão sendo guardados pela mesma ordem de Deus a fim de serem destruídos pelo fogo. Estão sendo guardados para o Dia do Julgamento e da destruição dos que não querem saber de Deus.
    2 Pedro 3:7Porque haverá o grito de comando, e a voz do arcanjo, e o som da trombeta de Deus, e então o próprio Senhor descerá do céu. Aqueles que morreram crendo em Cristo ressuscitarão primeiro.
    Então nós, os que estivermos vivos, seremos levados nas nuvens, junto com eles, para nos encontrarmos com o Senhor no ar. E assim ficaremos para sempre com o Senhor.
    Portanto, animem uns aos outros com essas palavras.
    1 Tessalonicenses 4:16-18

    A única maneira de viver na plena felicidade sem medo de nada é ter a visão da eternidade.



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