sexta-feira, 14 de abril de 2023

TEOLOGIA APOCALÍPTICA. Texto 3. Resumo "Entendes o que lês?". SPS - extensão Curitiba, 2023.

Este breve resumo com citações tem objetivo didático para a disciplina Teologia Apocalíptica, do Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba. Resumo do livro: Entendes o que lês?, de Gordon Fee e Douglas Stuart, Ed Vida Nova, São Paulo-SP, 1982. O CONTEXTO LITERÁRIO. (p. 226). A situação histórica e o significado das figuras do Livro do Apocalipse deve ser complementada pelo entendimento de "como esta visão específica funciona no livro como um todo." Assim, deve-se ler Apocalipse como lemos as cartas, e não como lemos os textos dos Profetas do AT, pois os antigos profetas trazem mensagens específicas enquanto o Apocalipse tem seu conteúdo todo relacionado. "Devemos pensar em parágrafos", porque cada parágrafo é um bloco para edificar o argumento inteiro", tanto nas Epístolas como no Apocalipse. "O livro é uma totalidade global, com estrutura criativa, e cada visão faz parte integrante da totalidade." Sendo um livro único e singular em seu estilo literário no NT, o melhor é desenvolver nossa avaliação direto no conteúdo, para termos bom aprendizado. (p. 226). "O livro desdobra-se como um grande drama, em que as primeiras cenas preparam o palco e definem o elenco de personagens, e as cenas posteriores precisam das primeiras para podermos seguir o enredo." (p. 227). O "palco" e os personagens estão dispostos nos capítulos 1 a 3: João (1.1-11); Cristo (1.12-20); a Igreja (2.1-3.22), Pois, "em cartas para sete igrejas reais, porém também representativas, João encoraja e adverte a igreja"; Deus reinando como Majestade Soberana (cap. 4); Cristo, o Cordeiro agindo em favor do povo de Deus (cap. 5). "Os capítulos 6-7 começam a desdobrar o próprio drama. Três vezes no livro, as visões são apresentadas em conjuntos de sete, cuidadosamente estruturadas (capítulos 6-7, 8-11, 15-16)." Os quatro primeiros aspectos formam uma só visão, sendo que nos cap. 6-7 e 8-11 há dois itens a mais, com elementos de outra perspectiva, até que há duas visões interrompendo o quadro até surgir o sétimo aspecto. "Nos capítulos 15-16, os três finais formam um só agrupamento sem o interlúdio." Exemplo, cap. 6-7: "1. Cavaleiro branco = Conquista 2. Cavaleiro vermelho = Guerra (p. 227) 3. Cavaleiro preto = Fome 4. Cavaleiro amarelo = Morte 5. A pergunta dos mártires: "Até quando?" 6. O terremoto (o julgamento de Deus): "Quem é que pode suster-se?" a. 144.000 selados b. Uma grande multidão 7. A ira de Deus: as sete trombetas dos capítulos 8-11." (p. 228). Assim, os capítulos 8-11 trazem o conteúdo do juízo, com quatro trombetas anunciando a desgraça na natureza, "a quinta e a sexta trombeta indicam que o julgamento também virá das hordas bárbaras e de uma grande guerra." Há um intervalo e anúncio sobre as testemunhas, e "a sétima trombeta soa a conclusão: "O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos". (p. 228). O contéudo revelado traz o sofrimento da igreja e o juízo de Deus até seu triunfo. "As visões, no entanto, não se acabaram. Nos capítulo 8-11, recebemos o quadro global; os caps. 12-22 oferecem pormenores daquele julgamento e triunfo." O quadro Capela Sistina (Miguel Angelo) traz uma cena nessa persperctiva, com um quadro geral impressionante cheio de fatos menores a serem percebidos. "O capítulo 12 é a chave teológica do livro. Em duas visões, somos informados acerca da tentativa de Satanás no sentido de destruir a Cristo, e da derrota dele, Satanás, em contrapartida." O conteúdo integral do NT traz o já/ainda não acerca de Satanás, como um inimigo derrotado, que ainda age. "Há, portanto, regozijo porque "Agora veio a salvação" (12.10), mas ainda há ais para a igreja porque Satanás sabe que seu tempo está limitado e está tirando vingança contra o povo de Deus." (p. 228). Os caps. 13-14 identificam a vingança como o Império Romano que exige fidelidade religiosa, sendo que Roma e seus líderes estão condenados (caps. 15-16), com o livro sendo concluído "na história das duas cidades", nos capítulos 17 até 22. "A cidade terrrestre (Roma) está condenada por sua participação na perseguição do povo de Deus. É seguida pela cidade de Deus, onde o povo de Deus habita eternamente." Destaca-se em todo quadro, que há dificuldades sobre elementos do conteúdo acerca de seu significado e função em todo contexto, o que requer um estudo aprofundado. (p. 229). AS QUESTÕES HERMENÊUTICAS. (p. 229). A dificuldade do Apocalipse é a dificuldade dos textos proféticos, pois o entendimento de um texto deve ser aquele que foi dado aos ouvintes originais, no entanto, conteúdos proféticos tratam de situações futuras para os primeiros ouvintes. "Frequentemente, aquilo que "deveria ser" tinha um aspecto temporal imediato, que do nosso ponto de vista histórico já aconteceu. Desta forma, Judá foi mesmo para o cativeiro, e foi restaurado, exatamente como Jeremias profetizara; e o Império Romano realmente foi sujeitado ao julgamento temporal, parcialmente através das hordas bárbaras, exatamente como João previu." (p. 229). Nestas questões as dificuldades hermenêuticas não são problemáticas, pois os princípios dados antes para o juízo de Deus ocorrido servem igualmente para nós, além do fato de que assim como outrora, igualmente hoje e no futuro, Deus irá julgar os perseguidores de cristãos, seja Roma antes ou a Rússia (e outros) no mundo contemporâneo. Especialmente, devemos ouvir e receber assim como os originais ouvintes do livro, "que o discipulado segue o caminho da Cruz, que Deus não nos prometeu livramento do sofrimento e da morte, mas, sim, o triunfo através deles." (p. 230). "Sendo assim, o Apocalipse é a Palavra de Deus de consolo e encorajamento aos cristãos que sofrem, seja na Rússia, na China vermelha, no Camboja, em Uganda, ou em qualquer outro lugar. Deus está no controle. Viu a labuta do Seu Filho, e ficará satisfeito." (p. 230). Eis a Palavra que deve ser ouvida na Igreja hoje, amanhã e sempre. Por isso, nossa dificuldade de interpretação e entendimento não está na "palavra de advertência e de consolo que é a razão de ser do livro". O nosso problema reside em que, a Profecia dada numa "palavra temporal está frequentemente tão estreitamente vinculada às realidades escatológicas finais." (p. 230). Se a queda de Roma (cap. 18) é o primeiro ato do quadro final, e outras profecias igualmente assim se apresentam, afirmando que o "término definitivo" é parte do quadro exposto, o que fazer, então, com essa profecia? Sugestões: 1. Quadros proféticos apresentam a realidade, mas não são a realidade em si mesmos, ou seja, as calamidades das primeiras quatro trombetas não precisam ocorrer daquele modo. 2. Os anúncios do irremediável juízo de Deus não significam a sua urgência temporal em nosso tempo e perspectiva, de forma que "pouco tempo" pode significar "limitado" ao invés de breve. 3. "Os quadros em que o "temporal" é estreitamente vinculado com o "escatológico" não devem ser considerados como sendo simultâneos - ainda que os próprios leitores originais os tenham entendido assim" (ver análise de Marcos 13 e Mateus 24-26 dada em aula). A perspectiva escatológica evidencia o aspecto do já/ainda nãok, sendo algo que faz parte da profecia. "O que devemos tomar cuidado de não fazer é gastar tempo em demasia especulando sobre como quaisquer dos nossos eventos contemporâneos possam ser encaixados nos quadros do Apocalipse. O livro não pretendeu profetizar a existência da China Vermelha, por exemplo, nem nos dar pormenores literais da conclusão da história." (p. 231). 4. Uma possível "segunda dimensão" a ser cumprida dos quadros anunciados não é possível de ser compreendida pelo conteúdo a nos revelado. O NT traz, por exemplo, uma figura diversa sobre o Anti-Cristo, sendo alguém específico para Paulo (2 Ts 2.3-4), o Imperador em Apocalipse (13-14) e os gnósticos em 1 João. "Historicamente, a igreja tem visto (em certo sentido, corretamente) uma varidade de governantes mundiais como sendo uma expressão de um anticristo {...} Neste sentido, muitos anticristos continuam a vir (1 João 2.18)"; no entanto, a personalidade mundial destacada em Apc 13-14 nos eventos finais permanece sendo uma interpretação sempre ambígua, a partir do próprio NT. 5. Quadros escatológicos devem ser entendidos como foram anunciados, como os de Apc 11.15-19 e 19.1-22.1. (p. 231). "Assim como a primeira palavra da Escritura fala de Deus e da criação, assim também a palavra final fala de Deus e da consumação." (p. 232). Se há incerteza de interpretação sobre como tudo irá ocorrer, já há confirmação de que sim, tudo que foi anunciado irá ser realizado. "Tal certeza deve servir a nós, como para eles, para advertir e encorajar." (p. 232). Deve-se aguardar a vinda do Senhor, partilhando deste futuro certo no tempo presente, ouvindo e obedecendo a Palavra de Deus, até o dia em que nem o livro do Apocalipse será necessário: "Não ensinará jamais cada um ao seu próximo... porque todos me conhecerão (Jr. 31.34)." (p. 232). Autor. Professor Ivan S Rüppell Jr. Professor de Ciências da Religião e Teologia. Curitiba, 2023.

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