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RELIGIÃO E PÓS MOD, Texto 6. Kuyper, a Nova verdade, 2025.

Conteúdo de citações e resumos para objetivo didático no Seminário presbiteriano do sul - extensão Curitiba, 2025. 1. UMA AGENDA PARA O FUTURO. Kuyper observou que a sociedade ocidental estava desprezando o cristianismo como fonte de conhecimento, ao mesmo tempo em que negava algumas virtudes e bençãos históricas que essa religião havia ofertado para a humanidade. "A filosofia moderna considerava o cristianismo como superado, supérfluo, entrando na era pós-cristã." (p. 110). Nesse contexto e situação, Kuyper buscou um conteúdo religioso cristão que pudesse orientar os cristãos e sociedade no conhecimento do Cristianismo bíblico, e entendeu que seria o calvinismo. O autor do artigo faz breve análise sobre as mudanças sociais que Abraham Kuyper liderou na Holanda, destacando a organização de um partido político conservador e democrático, além da criação da Universidade Livre de Amsterdã. Kuyper também foi o responsável por uma transformação social inovadora, na qual as diferenças entre as pessoas e comunidades foram mais ideológicas do que baseadas na economia e classe social. Desta forma, cada movimento de pensamento tinha a liberdade e a condição de criar e administrar "instituições sociais e políticas com mínima interferência governamental e de acordo com suas próprias persuasões ideológicas." (p. 114). "Ele pretendia oferecer um programa alternativo para uma renovação cultural e política, diferente daquele oferecido pelos ideais iluministas da Revolução Francesa, a qual, acreditava-se, estava fazendo um estrago na sociedade holandesa em todos os níveis. Com sua persistente agitação para maiores liberdades educacionais, sociais e políticas para os grupos minoritários na sociedade, Kuyper pretendeu ser um líder progressista e inovador." (p. 115). Conclusão. Citações. "As ideias teológicas de Kuyper não devem ser simplesmente copiadas para os dias de hoje. Ele mesmo se oporia a isso. O que deve ser feito é um estudo dos princípios por trás dos seus ensinamentos para poder aplica-los em nossa realidade presente, em concordância com os ensinamentos da Palavra. {...} boa prática seria promover estudos aprofundados da vida e obra de Calvino para poder avaliar de que forma Kuyper se apropria dos princípios calvinistas na sua cosmovisão. {...} Finalmente, se Kuyper está certo quanto a ser o calvinismo atualizado uma legítima biocosmovisão, em condições de poder representar de maneira consistente o cristianismo, então ele pode ser aplicado a todas as áreas da vida, de maneira a revitalizar profundamente o relacionamento do homem com Deus, consigo mesmo e com o próximo - por fim, com o mundo onde ele vive " (p. 119 - 122). 2. 2. A IGREJA e as Afirmações sobre a VERDADE. (p 101 ss). Um formando de Harvad em 1991 afirmou que o termo para expressar o que haviam aprendido na universidade era simplesmente "confusão", pois as proposições expostas desejavam livra-los de toda e qualquer definição e certeza, de modo que eles poderiam se tornar "devotos a quaisquer valores que desejamos, com a mera condição de que não acreditemos que eles sejam verdadeiros". (p. 101). Trata-se de um problema recorrente a partir dos valores da nova tolerância, que ao definir a impossibilidade de se afirmar que algo está errado, é uma tolerância que "torna-se sinônimo de neutralidade ética ou religiosa". O contraste com a antiga tolerância é grande, já que aquela "requer que tomemos uma posição entre essas declarações éticas e declarações sobre a verdade antagônicas, pois se não fizermos isso, não estamos em posição de tolerar algo de que discordamos". (p. 102). Assim, entende-se que a crise existente nos mais diversos campos culturais da humanidade, desde a educação e política até a religião, tem origem no desprezo para com a antiga tolerância e no fortalecimento da nova tolerância. "Tanto a antiga tolerância quanto a nova tolerância, não são uma posição intelectual, mas sim uma reação social." A tolerância de antigamente traduz a posição de tolerar, conviver e aguentar valores e ideologias, pessoas e grupos de quem discordamos; enquanto a nova tolerância "é o compromisso social de tratar todas as ideias e pessoas de forma igualmente correta, exceto pessoas que discordam dessa perspectiva da tolerância". (p. 102). Os praticantes da nova tolerância desprezam qualquer raciocínio e sabedoria, propostas e princípios no objetivo de manter a superioridade da sua visão de tolerância. Todos que entendem valor na antiga tolerância devido a terem abraçado valores e posições como sua verdade, "são rotulados como intolerantes e excluídos, não merecendo mais lugar à mesa." (p. 102). "Em nenhum lugar esse conflito é mais profundo do que nas perspectivas contraditórias sobre a relgião, em geral, e sobre o cristianismo, em particular". (p. 102). Até defensores da pós-modernidade entendem que os que desejam transformar o texto bíblico em um tema de literatura nas universidades acabam sacrificando da Bíblia o que os cristãos dizem que ela é, a verdade. Jesus também surge como um modelo da nova intolerância, para os que defendem que Ele é "infinitamente tolerante"; sendo que a verdade bíblica apresenta que Deus é não somente tolerante, mas também bondoso e paciente diante da anarquia existencial de nossos pecados, com o destaque de que não é uma tolerância infinita, pois Profetas e Jesus afirmaram sobre o dia da ira do Senhor, e da volta do Cristo ao mundo nesse momento de juízo. Observe que Jesus ensina a não julgar no propósito de não condenar, e foi essa a atitude de Jesus diante de todos os tipos de pecadores, no entanto, Jesus mesmo afirmou a importância de saber e escolher entre o certo e o errado, além de anunciar a existência do inferno como lugar de julgamento aos homens. (p. 106/7). A atuação da nova tolerância em perseguir aos que contrariam seu pensamento avança não apenas na cultura em geral, mas também dentro de instituições que existem exatamente a partir de posições de verdade e valores próprios, como a Igreja. Quando a Igreja Católica afirma ser contra o aborto, e políticos católicos decidem votar a favor do aborto na regulação das leis, e em consequência, são disciplinados dentro de suas paróquias, a mídia afirma que estas igrejas agem com intolerância por agirem apenas no resguardo interno do que acreditam, e diante dos fiéis que ali estão porque crêem. Daí, surge a questão: "Será que nenhuma igreja, na qualidade de organização privada, tem o direito de disciplinar seus adeptos segundo suas crenças e políticas declaradas? (...) Muitos se lembram do discurso bastante conhecido do presidente Abraham Lincoln (...) - "Vocês dizem que acham que a escravidão é errada, mas censuram qualquer tentativa de contê-la. Há alguma coisa que vocês consideram errada, com a qual não estão dispostos a lidar como errada? Por que vocês são tão cuidadosos, tão sensíveis a esse mal e não a outro? (...) não devemos chamar de errado na política, pois isso seria trazer a moralidade para dentro da política e não devemos chamar de errado no púlpito porque seria trazer a política para dentro da religião (...) e não há nenhum lugar, segundo vocês, em que uma coisa errada pode ser chamada de errada." (p. 108). 3. ASPECTOS das afirmações CRISTÃS sobre a VERDADE. (p. 114 ss). O fato é que os cristãos que acreditam na bíblia irão definitivamente abraçar e defender a existência de certas verdades, sendo que, neste contexto, "as ideias seguintes são sugestivas, mas não exaustivas", no desenvolvimento de nosso autor: A verdade fundamentada na revelação, que apresenta que o conteúdo bíblico foi dado aos homens em eventos miraculosos. A verdade associada à história cristã primitiva, sendo algo que demonstra o modo como os apóstolos e líderes da igreja cristã inicial buscaram defender e manter a verdade do evangelho de modo intencional e correndo risco de morte. A verdade e o amor, sendo conceitos que a nova tolerância coloca como contrários, enquanto que o apóstolo João esclarece na sua primeira carta o teste da verdade, teste do amor e teste da obediência para os cristãos, sendo "que esses três testes devem ser aplicados juntos: não se trata de dois melhores dos três, nem existe a opção de passar em um deles e ser reprovado nos outros dois (...) Pois conforme C S Lewis destacou, 'Se Deus é Amor, ele é, por definição, algo mais do que simples bondade. E parece... apesar de ter nos repreendido e condenado tantas vezes, (que) jamais se referiu a nós com desprezo. Ele nos prestou o intolerável cumprimento de nos amar, no sentido mais profundo, mais trágico e mais inexorável". (p. 124/25). A verdade e a evangelização, como um conteúdo essencial da verdade pra se estabelecer diante do mundo e apresentar às pessoas, pois o "cristianismo insiste que em seu cerne residem boas novas sobre o que Deus fez em Jesus Cristo, novas a respeito de Deus que são verdadeiras, novas acerca do que Deus fez em Jesus Cristo que são verdadeiras, novas que podem salvar pessoas da ira que está por vir, então os cristãos devem falar sobre Cristo e trazer os outros para ele. Seria inconcebível não fazê-lo, não apenas porque é a verdade, mas porque é uma verdade de importância enorme e inimaginável". (p. 125). REFERÊNCIAS. VEITH JR, Gene Edwards. Tempos pós-modernos. Uma avaliação cristã do pensamento e da cultura da nossa época. tradução: Hope Gordon Silva, Editora Cultura Cristã, São Paulo SP. KUYPER, Abraham. Calvinismo. São Paulo, Edit Cultura Cristã, 2003. Ruppell Jr, Ivan Santos e Andrade, Marli. O Cristianismo e a Civilização Ocidental. Edit Intersaberes, Curitiba Pr, 2020. Carlos Souza, artigo. Viçosa,MG, Edit Ultimato, 2006. Kuyper, Abraham. Calvinismo. São Paulo, Edit Cultura Cristã, 2003. Autor. Ivan Santos Rüppell Jr é Professor de ciências da religião e Teologia.

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