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SÍMBOLOS DE FÉ DA IPB. SACRAMENTOS. Batismo e Ceia do Senhor. 2023.

Os Sacramentos do Batismo e Ceia do Senhor tem seu conteúdo bíblico desenvolvido nos Artigos 27 a 29 da Confissão de Fé de Westsminter, e no sentido de ter uma reflexão orientada destes textos, iremos utilizar na aula os apontamentos do Teólogo A.A. Hodge, conforme o título: CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER. Comentada por A. A. Hodge. Editora Os Puritanos, 1 ed, 2007. CAPÍTULO XXVII. Dos Sacramentos. Seção I. Os Sacramentos são santos sinais e selos do pacto da graça, imediatamente instituídos por Deus para representar a Cristo e a seus benefícios, e para confirmar nosso interesse nele, bem como para fazer uma diferença visível entre os que pertentecem à Igreja e o restante do mundo, e solenemente comprometê-los no serviço de Deus em Cristo, de acordo com sua Palavra. Seção II. Há em cada sacramento uma relação espiritual, ou união sacramental, entre o sinal e a coisa significada; daí o fato de que os nomes e efeitos de um são atribuídos ao outro. Catecismo Maior, questão 163. - Quais são as partes de um sacramento? - As partes de um sacramento são duas: uma é um sinal externo e sensível, usado segundo a própria determinação de Cristo; a outra é uma graça interior e espiritual significada pelo sinal. EXPOSIÇÃO (resumo de citações). "O termo "sacramento" não ocorre nas Escrituras. Em seu uso clássico designava obrigações... ou um juramento. Seu uso religioso retém seu sentido geral de sagrado, usado como o termo latino equivalente, mysterion, aquilo que é desconhecido até ser revelado; e portanto qualquer símbolo, tipo ou rito que possui um sentido espiritual latente. Consequentemente, o termo naturalmente veio a ser aplicado num sentido geral e vago às ordenanças cristãs do Batismo e da Ceia do Senhor, e com eles também a muitas outras doutrinas e ordenanças religiosas. É impossível determinar a natureza ou numero dos sacramentos a partir da etimologia ou do uso do termo "sacramento". Necessitamos de uma definição completa da coisa, não do nome. Isso só podemos fazer tomando o Batismo e a Ceia do Senhor... e fazendo um estrito exame de sua origem, natureza e usos, determinando: a. o verdadeiro caráter da classe de ordenanças à qual eles pertençam. b. se alguma outra ordenança pertence ou não à mesma classe. Foi assim que se formulou a definição de um sacramento apresentada em nossos padrões. Essa definição envolve os seguintes pontos: 1. Um sacramento é uma ordenança imediatamente instituída por Cristo. Catecismo Maior, questão 162, e Breve Catecismo, questão 92. 2. Um sacramento consiste sempre de dois elementos - um sinal externo, sensível; uma graça interna, espiritual, significada pelo sinal. 3. O sinal, em cada sacramento, está sacramentalmente unido à graça que o significa; e a partir desta união, o uso bíblico surgiu do fato de se atribuir ao sinal tudo quanto procede daquilo que o sinal significa. 4. Os sacramentos foram designados para representar, selar e aplicar aos crentes os benefícios de Cristo e do novo pacto. Breve Catecismo, questão 92. 5. Foram designados para ser penhores de nossa fidelidade a Cristo, obrigando-nos ao seu serviço, e ao mesmo tempo são emblemas de nossa profissão de fé, caracterizando visivelmente o corpo dos que confessam a Cristo, distinguindo-os do mundo." EXPLICAÇÃO. 1. A primeira seção afirma que um sacramento é uma ordenança "imediatamente instituída por Deus, para representar a Cristo" etc. Isso procede se o termo "sacramento" for usado em sentido geral para incluir também os sacramentos veterotestamentários da Circuncisão e da Páscoa. Mas ele é uma importante distinção dos sacramentos neotestamentários do Batismo e da Ceia do Senhor que foram ambos imediata e pessoalmente instituídos por Cristo. Daí a questão 162 do Catecismo Maior: "Um sacramento é uma santa ordenança instituída por Cristo em sua Igreja". 2. Cada sacramento consiste de dois elementos: - um sinal externo, sensível; e uma graça interna, espiritual, significada pelo sinal. NO BATISMO o sinal externo e sensível é a Água. A água é aplicada no nome do Deus Triúno à pessoa do batizando. A graça interior, espiritual significada pelo sinal é: a purificação espiritual pelo poder imediato e pessoal do Espírito Santo na alma; a habitação do Espírito Santo, resultando na união do batizando com Cristo, então a regeneração, a justificação, a santificação, a perseverança até ao fim, a glorificação etc. - isto é, todos os benefícios do novo pacto. NA CEIA DO SENHOR, os sinais externos sensíveis são: o pão e o vinho; e a consagração, o pão quebrado, o vinho derramado, distribuídos, recebidos, comido e bebido pelos comungantes. A graça interna, espiritual, significada pelo sinal é: Cristo crucificado (sua carne rasgada e seu sangue derramado) por nós, dando-se a nós para ser espiritualmente recebido e assimilado como o princípio de uma nova vida; e então, a união com Cristo, a habitação do Espírito, a regeneração, a justificação, a santificação etc. - isto é, todos os benefícios assegurados pela morte sacrificial de Cristo." (p 443-446). OUTRAS CITAÇÕES DESTACADAS DAS EXPLICAÇÕES DE A. A. HODGE sobre os Artigos da Confissão de Fé. OS SACRAMENTOS: "Para representar os benefícios de Cristo e o novo pacto. São sinais ou ilustrações das verdades que representam, e por isso apresentam essas verdades aos olhos e outros sentidos dos recepientes de uma maneira análoga àquilo que são apresentados aos ouvidos na pregação da Palavra...". "Foram designados para ser "selos" dos benefícios do novo pacto. O evangelho é representado sob a forma de um pacto. A salvação e todos os benefícios da redenção provinda de Cristo são oferecidos sob a condição de fé..." "Os sacramentos foram designados para "aplicar" - isto é, realmente comunicar - aos crentes os benefícios do novo pacto. Se são "selos" do pacto, devem naturalmente, como uma forma legal de investidura, realmente comunicar a graça representada àqueles a quem ela pertence...". Catecismo Maior, questão 162. "A graça revelada nos sacramentos, ou por meio deles, devidamente usados, não é conferida por qualquer poder neles existente." "A eficácia do batismo não se limita ao momento em que ele é administrado; contudo, pelo devido uso desta ordenança, a graça prometida é não só oferecida, mas realmente manifestada e conferida pelo Espírito Santo". DE MODO QUE ESSA VIRTUDE QUE CONFERE GRAÇA DEPENDE DE DUAS COISAS: - A soberana vontade e poder do Espírito Santo; - A fé viva do recipiente. O sacramento é um mero instrumento; mas é um instrumento da designação divina. - Os sacramentos, sendo selos do pacto da graça - imediatamente penhora a fidelidade de Deus para conosco e a nossa obrigação para com ele -, naturalmente; - Marcam-nos como propriedade divina e nos obrigam ao cumprimento de nosso dever; e então são... Emblemas de nossa profissão de fé, e, caracterizando uma diferença visível entre aqueles que pertencem à Igreja e o restante do mundo, imprimem visibilidade à Igreja e distinguem seus membros do mundo." SEÇÃO III - Exposição. "Havendo asseverado que os sacramentos conferem a graça que representam aos que os recebem com dignidade... procede a proteger esta verdade do abuso... - Essa graça não está contida nos sacramentos propriamente ditos, nem é "conferida por qualquer poder inerente a eles". - A eficácia dos sacramentos não depende nem da piedade pessoal nem da "intenção" da pessoa que os administra... - A eficácia dos sacramentos, porém, depende - de sua designação divina como meios e canais de graça... - a eficácia do sacramento reside na soberana agência pessoal e sempre presente do Espírito Santo, que usa os sacramentos como seu intrumento e meio de operação. O Espírito é o executivo de Deus. Ele toma das coisas de Cristo e no-las mostra. Através dele, até mesmo a humanidade de Jesus é virtualmente onipresente, e todos os benefícios assegurados por seu sacrifício são revelados e aplicados." SEÇÃO IV- Só há dois sacramentos ordenados por Cristo, nosso Senhor, no evangelho, ou seja: o Batismo e a Ceia do Senhor. Nenhum dos quais pode ser administrado senão por um ministro da Palavra, legalmente ordenado. - penitência, confirmação e extrema unção não são instituições divinas. O matrimônio foi instituído não por Cristo, mas por Deus; e as Ordens foram instituídas por Cristo. Mas nenhuma dessas ordenanças: - consiste de um sinal externo, visível, significando uma graça interna, espiritual; - nenhuma delas "representa", sela ou confere Cristo e os benefícios do pacto.... Visto ser a Igreja uma sociedade organizada, sujeita a leis executadas por oficiais regularmente designados, é evidente que as ordenanças - as quais são emblemas de membresia eclesiástica, as portas do aprisco, os instrumentos da disciplina, e selos do pacto formulado pelo grande Cabeça da Igreja com seus membros vivos - só podem ser apropriadamente qualificados e de caráter legal, aqueles que são comissionados para tratar com os homens no nome dele." SEÇÃO V. Os sacramentos do Velho Testamento, quanto às coisas espirituais por eles significadas e representadas, eram, em substância, os mesmos do Novo Testamento. Já vimos (cap 5 e 6) que a antiga e a nova dispensações tinham apenas dois modos diferentes nos quais um só pacto da graça, imutável, era administrado e suas bênçãos comunicadas. Os selos sacramentais do pacto devem ser, pois, essencialmente os mesmos outrora e agora. Eis a diferença: 1. Outrora eram mais prospectivos e típicos, e agora são mais comemorativos. Então, significavam uma graça a ser revelada no futuro; agora, significam uma graça já revelada. 2. Outrora, era, quanto à forma, mais grosseiros e carnais; agora, são mais espirituais. E assim o Batismo tomou o lugar da circuncisão como um rito de iniciação. Ambos significam a regeneração espiritual. Dt 10.16; 30.6. A Circuncisão era o batismo cristão, e o Batismo é a circuncisão cristã. Gl 3.27,29; Cl 2.10-12. E assim a Ceia do Senhor nasceu da Páscoa. Jesus tomou o antigo pão e o antigo cálice e lhes imprimiu uma nova consagração e um novo significado. Mt 26.26-29. "Cristo, nossa Páscoa, é sacrificado por nós." 1 Co 5.7" REFERÊNCIA. HODGE A. A. Confissão de Fé de Westminster. Comentada por A.A.Hodge. Editora Os Puritanos, 1 ed, 2007. Autor. Ivan Santos Rüppell Júnior é Professor de ciências da religião e Teologia.

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