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SÍMBOLOS DE FÉ DA IPB. SACRAMENTOS. Batismo e Ceia do Senhor, Confissão e Institutas. 2025.

Os Sacramentos do Batismo e Ceia do Senhor tem seu conteúdo bíblico desenvolvido nos Artigos 27 a 29 da Confissão de Fé de Westsminter, e no sentido de ter uma reflexão orientada destes textos, iremos utilizar no ITEM 1 da aula os apontamentos do Teólogo A.A. Hodge, conforme o título: CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER. Comentada por A. A. Hodge. Editora Os Puritanos, 1 ed, 2007. CAPÍTULO XXVII. Dos Sacramentos. Seção I. Os Sacramentos são santos sinais e selos do pacto da graça, imediatamente instituídos por Deus para representar a Cristo e a seus benefícios, e para confirmar nosso interesse nele, bem como para fazer uma diferença visível entre os que pertentecem à Igreja e o restante do mundo, e solenemente comprometê-los no serviço de Deus em Cristo, de acordo com sua Palavra. Seção II. Há em cada sacramento uma relação espiritual, ou união sacramental, entre o sinal e a coisa significada; daí o fato de que os nomes e efeitos de um são atribuídos ao outro. Catecismo Maior, questão 163. - Quais são as partes de um sacramento? - As partes de um sacramento são duas: uma é um sinal externo e sensível, usado segundo a própria determinação de Cristo; a outra é uma graça interior e espiritual significada pelo sinal. EXPOSIÇÃO (resumo de citações). "O termo "sacramento" não ocorre nas Escrituras. Em seu uso clássico designava obrigações... ou um juramento. Seu uso religioso retém seu sentido geral de sagrado, usado como o termo latino equivalente, mysterion, aquilo que é desconhecido até ser revelado; e portanto qualquer símbolo, tipo ou rito que possui um sentido espiritual latente. Consequentemente, o termo naturalmente veio a ser aplicado num sentido geral e vago às ordenanças cristãs do Batismo e da Ceia do Senhor, e com eles também a muitas outras doutrinas e ordenanças religiosas. É impossível determinar a natureza ou numero dos sacramentos a partir da etimologia ou do uso do termo "sacramento". Necessitamos de uma definição completa da coisa, não do nome. Isso só podemos fazer tomando o Batismo e a Ceia do Senhor... e fazendo um estrito exame de sua origem, natureza e usos, determinando: a. o verdadeiro caráter da classe de ordenanças à qual eles pertençam. b. se alguma outra ordenança pertence ou não à mesma classe. Foi assim que se formulou a definição de um sacramento apresentada em nossos padrões. Essa definição envolve os seguintes pontos: 1. Um sacramento é uma ordenança imediatamente instituída por Cristo. Catecismo Maior, questão 162, e Breve Catecismo, questão 92. 2. Um sacramento consiste sempre de dois elementos - um sinal externo, sensível; uma graça interna, espiritual, significada pelo sinal. 3. O sinal, em cada sacramento, está sacramentalmente unido à graça que o significa; e a partir desta união, o uso bíblico surgiu do fato de se atribuir ao sinal tudo quanto procede daquilo que o sinal significa. 4. Os sacramentos foram designados para representar, selar e aplicar aos crentes os benefícios de Cristo e do novo pacto. Breve Catecismo, questão 92. 5. Foram designados para ser penhores de nossa fidelidade a Cristo, obrigando-nos ao seu serviço, e ao mesmo tempo são emblemas de nossa profissão de fé, caracterizando visivelmente o corpo dos que confessam a Cristo, distinguindo-os do mundo." EXPLICAÇÃO. 1. A primeira seção afirma que um sacramento é uma ordenança "imediatamente instituída por Deus, para representar a Cristo" etc. Isso procede se o termo "sacramento" for usado em sentido geral para incluir também os sacramentos veterotestamentários da Circuncisão e da Páscoa. Mas ele é uma importante distinção dos sacramentos neotestamentários do Batismo e da Ceia do Senhor que foram ambos imediata e pessoalmente instituídos por Cristo. Daí a questão 162 do Catecismo Maior: "Um sacramento é uma santa ordenança instituída por Cristo em sua Igreja". 2. Cada sacramento consiste de dois elementos: - um sinal externo, sensível; e uma graça interna, espiritual, significada pelo sinal. NO BATISMO o sinal externo e sensível é a Água. A água é aplicada no nome do Deus Triúno à pessoa do batizando. A graça interior, espiritual significada pelo sinal é: a purificação espiritual pelo poder imediato e pessoal do Espírito Santo na alma; a habitação do Espírito Santo, resultando na união do batizando com Cristo, então a regeneração, a justificação, a santificação, a perseverança até ao fim, a glorificação etc. - isto é, todos os benefícios do novo pacto. NA CEIA DO SENHOR, os sinais externos sensíveis são: o pão e o vinho; e a consagração, o pão quebrado, o vinho derramado, distribuídos, recebidos, comido e bebido pelos comungantes. A graça interna, espiritual, significada pelo sinal é: Cristo crucificado (sua carne rasgada e seu sangue derramado) por nós, dando-se a nós para ser espiritualmente recebido e assimilado como o princípio de uma nova vida; e então, a união com Cristo, a habitação do Espírito, a regeneração, a justificação, a santificação etc. - isto é, todos os benefícios assegurados pela morte sacrificial de Cristo." (p 443-446). OUTRAS CITAÇÕES DESTACADAS DAS EXPLICAÇÕES DE A. A. HODGE sobre os Artigos da Confissão de Fé. OS SACRAMENTOS: "Para representar os benefícios de Cristo e o novo pacto. São sinais ou ilustrações das verdades que representam, e por isso apresentam essas verdades aos olhos e outros sentidos dos recepientes de uma maneira análoga àquilo que são apresentados aos ouvidos na pregação da Palavra...". "Foram designados para ser "selos" dos benefícios do novo pacto. O evangelho é representado sob a forma de um pacto. A salvação e todos os benefícios da redenção provinda de Cristo são oferecidos sob a condição de fé..." "Os sacramentos foram designados para "aplicar" - isto é, realmente comunicar - aos crentes os benefícios do novo pacto. Se são "selos" do pacto, devem naturalmente, como uma forma legal de investidura, realmente comunicar a graça representada àqueles a quem ela pertence...". Catecismo Maior, questão 162. "A graça revelada nos sacramentos, ou por meio deles, devidamente usados, não é conferida por qualquer poder neles existente." "A eficácia do batismo não se limita ao momento em que ele é administrado; contudo, pelo devido uso desta ordenança, a graça prometida é não só oferecida, mas realmente manifestada e conferida pelo Espírito Santo". DE MODO QUE ESSA VIRTUDE QUE CONFERE GRAÇA DEPENDE DE DUAS COISAS: - A soberana vontade e poder do Espírito Santo; - A fé viva do recipiente. O sacramento é um mero instrumento; mas é um instrumento da designação divina. - Os sacramentos, sendo selos do pacto da graça - imediatamente penhora a fidelidade de Deus para conosco e a nossa obrigação para com ele -, naturalmente; - Marcam-nos como propriedade divina e nos obrigam ao cumprimento de nosso dever; e então são... Emblemas de nossa profissão de fé, e, caracterizando uma diferença visível entre aqueles que pertencem à Igreja e o restante do mundo, imprimem visibilidade à Igreja e distinguem seus membros do mundo." SEÇÃO III - Exposição. "Havendo asseverado que os sacramentos conferem a graça que representam aos que os recebem com dignidade... procede a proteger esta verdade do abuso... - Essa graça não está contida nos sacramentos propriamente ditos, nem é "conferida por qualquer poder inerente a eles". - A eficácia dos sacramentos não depende nem da piedade pessoal nem da "intenção" da pessoa que os administra... - A eficácia dos sacramentos, porém, depende - de sua designação divina como meios e canais de graça... - a eficácia do sacramento reside na soberana agência pessoal e sempre presente do Espírito Santo, que usa os sacramentos como seu intrumento e meio de operação. O Espírito é o executivo de Deus. Ele toma das coisas de Cristo e no-las mostra. Através dele, até mesmo a humanidade de Jesus é virtualmente onipresente, e todos os benefícios assegurados por seu sacrifício são revelados e aplicados." SEÇÃO IV- Só há dois sacramentos ordenados por Cristo, nosso Senhor, no evangelho, ou seja: o Batismo e a Ceia do Senhor. Nenhum dos quais pode ser administrado senão por um ministro da Palavra, legalmente ordenado. - penitência, confirmação e extrema unção não são instituições divinas. O matrimônio foi instituído não por Cristo, mas por Deus; e as Ordens foram instituídas por Cristo. Mas nenhuma dessas ordenanças: - consiste de um sinal externo, visível, significando uma graça interna, espiritual; - nenhuma delas "representa", sela ou confere Cristo e os benefícios do pacto.... Visto ser a Igreja uma sociedade organizada, sujeita a leis executadas por oficiais regularmente designados, é evidente que as ordenanças - as quais são emblemas de membresia eclesiástica, as portas do aprisco, os instrumentos da disciplina, e selos do pacto formulado pelo grande Cabeça da Igreja com seus membros vivos - só podem ser apropriadamente qualificados e de caráter legal, aqueles que são comissionados para tratar com os homens no nome dele." SEÇÃO V. Os sacramentos do Velho Testamento, quanto às coisas espirituais por eles significadas e representadas, eram, em substância, os mesmos do Novo Testamento. Já vimos (cap 5 e 6) que a antiga e a nova dispensações tinham apenas dois modos diferentes nos quais um só pacto da graça, imutável, era administrado e suas bênçãos comunicadas. Os selos sacramentais do pacto devem ser, pois, essencialmente os mesmos outrora e agora. Eis a diferença: 1. Outrora eram mais prospectivos e típicos, e agora são mais comemorativos. Então, significavam uma graça a ser revelada no futuro; agora, significam uma graça já revelada. 2. Outrora, era, quanto à forma, mais grosseiros e carnais; agora, são mais espirituais. E assim o Batismo tomou o lugar da circuncisão como um rito de iniciação. Ambos significam a regeneração espiritual. Dt 10.16; 30.6. A Circuncisão era o batismo cristão, e o Batismo é a circuncisão cristã. Gl 3.27,29; Cl 2.10-12. E assim a Ceia do Senhor nasceu da Páscoa. Jesus tomou o antigo pão e o antigo cálice e lhes imprimiu uma nova consagração e um novo significado. Mt 26.26-29. "Cristo, nossa Páscoa, é sacrificado por nós." 1 Co 5.7". ITEM 2: INSTITUTAS DE CALVINO, Vol. 3. Capítulo X. Os Sacramentos. (citações introdutórias ao entendimento dos sacramentos no Cristianismo, Batismo e Ceia). Somente a doutrina correta irá nos orientar sobre a finalidade da instituição e o modo correto de ministração dos sacramentos. Sacramento "é um sinal exterior pelo qual o Senhor representa para nós e nos testifica a sua boa vontade para conosco, para sustentar, confirmar e fortalecer a fraca fé. Também se pode definir diferentemente o sacramento e descrevê-lo como um testemunho da graça de Deus, testemunho declarado mediante um sinal exterior. Com isso vemos que jamais o sacramento é apresentado sem a Palavra de Deus, que o precede. Ele é acrescentado à Palavra de Deus como um apêndice ordenado para simbolizá-la, confirmá-la e certificá-la mais fortemente em nosso interesse...". (Calvino, Vol. 3, p. 181, 2006). Entendemos no estudo da Palavra que a circuncisão não foi ministrada em Abraão para a sua justiça, mas como um selo da aliança diante de Deus, como demonstração e na base da confiança e da garantia que Abraão já tinha sido justificado. Assim, ensinamos que a promessa é igualmente selada na ministração dos sacramentos, posto que uma é sempre confirmada na outra: (..) Portanto, os sacramentos são exercícios praticados com a finalidade de nos tornar mais certos e seguros da Palavra de Deus e de Suas promessas. E como somos carnais, os sacramentos também nos são dados em coisas carnais, a fim de que eles nos instruam conforme a capacidade da nossa rude condição e nos dirijam e nos conduzam como os mestres fazem com as crianças que estão aos seus cuidados. Por isso, Agostinho chama ao sacramento palavra visível, porque nos mostra, como numa pintura, as promessas de Deus, e as representa vividamente para nós." (p. 142/143, 2006). Outras figuras. "Também podemos chamá-los espelhos, nos quais podemos contemplar as riquezas da graça de Deus, por ele distribuídas. Sim, pois, como já foi dito, ele se manifesta a nós à medida que a nossa entorpecida mente o pode conhecer, e por eles testifica a sua boa vontade para conosco. (...) Concluímos, pois, que os sacramentos são legitimamente chamados testemunhos da graça de Deus e selos do favor que Deus por eles nos faz. Assim, sinalizando e consignando em nós a graça de Deus, eles consolam e animam a nossa fé, e a alimentam, fortalecem e aumentam." (p. 144, 2006). Tríplice benefício da ação divina em nós. "Mas, para um benefício da graça de Deus que eles consideram, nós reconhecemos estes três: primeiro, o Senhor nos ensina e nos instrui por sua Palavra; segundo, ele nos confirma e nos fortalece pelos sacramentos; terceiro, pela luz do seu Espírito ele esclarece o nosso entendimento e dá entrada em nosso coração à Palavra e aos sacramentos, os quais, sem essa obra divina em nós, só bateriam em nossos ouvidos e se apresentariam aos nossos olhos, mas não penetrariam o nosso íntimo e não comoveriam o nosso coração." (p. 146, 2006). Assim, o ofício dos sacramentos é para confirmar e aumentar nossa fé exatamente porque Deus os instituiu para esse propósito, não porque carreguem em si mesmos alguma capacidade. Produzem o sua eficácia quando o Senhor espiritualmente "lhes acrescenta sua virtude, único poder capaz de penetrar o coração, sensibilizar nossos afetos e possibilitar a entrada dos sacramentos em nosso interior. Se esta ação do Espírito de Deus faltar, os sacramentos não poderão oferecer ao nosso espírito mais que aquilo que a luz do Sol pode oferecer aos cegos, nem mais que o que uma voz altissonante pode dar a ouvidos surdos. Por isso eu traço essa diferença entre o Espírito e os sacramentos: que o poder de ação reside no Espírito, só restando aos sacramentos a função de instrumentos dos quais o Senhor se serve a nosso favor, sendo que serão inúteis e vãos sem a operação do Espírito. Grande é, porém, a sua eficácia, quando o Espírito age internamente." (p. 146, 2006). 11. Ação do Espírito Santo mediante a Palavra e os sacramentos. "De semelhante maneira age em nós o Espírito. Para que a Palavra não fira em vão os nossos ouvidos e os sacramentos não sejam apresentados inutilmente aos nossos olhos, ele nos revela que é Deus que fala por ela e por eles e amolece a dureza do nosso coração, preparando-nos assim para a obediência devida à sua Palavra. Finalmente, ele transfere tanto a Palavra como os sacramentos dos ouvidos para a alma." Assim, os sacramentos cumprem o propósito divino de fortalecer e confirmar a nossa fé demonstrando a bendita vontade do Senhor sobre nós, sendo que igualmente o Espírito sustenta e da vigor à nossa fé ao imprimir essa confiança em nosso coração. Dos Sacramentos. Cada dispensação da aliança do Senhor conduz os sacramentos numa ordem devida, sendo que Abraão e sua descendência receberam assim a circuncisão, bem como os sacríficios e purificações das leis mosaicas; sendo estes os sacramentos judaicos até a vinda de Jesus Cristo. Neste sentido, os sacramentos dos judeus igualmente aos dois sacramentos cristãos tem um mesmo propósito - servir como figuras e imagens, representação para tornar conhecidos, e como selos para confirmar, sempre, as promessas de Deus feitas pelo Senhor em Jesus Cristo. "Há somente uma diferença entre os sacramentos antigos e os novos. È que aqueles prefiguravam a Cristo prometido, quando ainda se esperava a sua vinda, ao passo que os novos, os nossos, testificam e assinalam que ele já nos foi dado e manifestado." (p. 154, 2006). 25. O Batismo e a Ceia do Senhor. "Quanto aos nossos dois sacramentos, eles nos apresentam Jesus Cristo tanto mais claramente quanto mais de perto ele se manifestou aos homens, desde quando nos foi dado e revelado pelo Pai, como pelo Pai nos tinha sido prometido. Porque o Batismo testifica que somos lavados e purificados, e a Ceia da eucaristia, que fomos redimidos. A água representa a purificação, o lavamento; o sangue, a satisfação. As duas coisas se encontram em Jesus Cristo, o qual, como diz o apóstolo João, veio "com a água e com o sangue", quer dizer, para limpar e redimir; e "três são os que testificam na terra: o Espírito, a água e o sangue, e os três são unânimes num só propósito". Na água e no sangue, temos testemunho da nossa purificação e da nossa redenção. E o Espírito Santo, que é a principal testemunha, dá-nos a certeza desse testemunho, nos capacita a crer nele, a entendê-lo e a reconhecê-lo e confessá-lo, pois, de outro modo, não o poderíamos compreender." Importa anotar que tanto os sacramentos da antiga quando os da nova dispensação (lei e graça) apresentam e ministram aos homens a real graça de Deus em seu ofício, "pois o apóstolo não extalta mais uns do que os outros quando ensina que os nossos pais "comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte espiritual" que nós, e logo explica que esse manjar e essa fonte é Cristo." (p. 156, 2006). O BATISMO. O batismo foi dado aos cristãos para confirmar a nossa fé diante de Deus e para dar testemunho de nossa fé diante dos homens. Deus pretende que o batismo "seja um símbolo e sinal de nossa purificação", de forma que pelo batismo Deus nos anuncia e confirma que "todos os nossos pecados foram perdoados, cobertos, abolidos e cancelados", e assim, estes pecados jamais serão considerados por Deus e diante d´Ele novamente. Eis a razão para que os cristãos que creêm no evangelho e se arrependem dos pecados sejam todos batizados, para a confirmação da remissão de todos os seus pecados. (...) "O segundo consolador benefício que nos faz o Batismo é que nos mostra a nossa mortificação em Jesus Cristo e também a nossa nova vida nele. Porque, como diz o apóstolo Paulo, "em Cristo fomos batizados em sua morte" e fomos "sepultados com ele na morte pelo batismo; para que... também andemos nós em novidade de vida." Trata-se de uma exortação para que à luz do batismo assumamos a morte de nossas cobiças e abracemos uma vida de justiça. (...) Finalmente, pelo Batismo a nossa fé recebe também esta reconfortante bênção: não somente nos é dada a certeza de que estamos inseridos como enxerto na morte e na vida de Jesus Cristo, mas também que estamos de tal modo unidos a ele que ele nos faz participantes de todos os seus bens. Porque por essa razão, ele consagrou e santificou o Batismo em seu corpo, para que fosse um firme laço da comunhão e da união que ele quis ter conosco. Tal é o significado disso que o apóstolo Paulo prova que somos filhos de Deus pelo fato de que pelo Batismo fomos revestidos de Cristo." (p. 159-162, 2006). SOBRE A CEIA DO SENHOR. "O outro sacramento instituído pelo Senhor e por ele dado à igreja cristã é o pão santificado pelo corpo do Senhor Jesus Cristo e o vinho santificado pelo seu sangue, como os antigos costumavam falar. E nós lhe chamamos Ceia do Senhor, ou Eucaristia, porque por ele somos alimentados e fortalecidos espiritualmente pela benignidade do Senhor, e, de nossa parte, lhe rendemos graças por sua bênção." (p. 5, Calvino, Vol. 4, 2006). A promessa anunciada na instituição da Ceia nos revela seu propósito, pois afirma que o "Corpo do Senhor Jesus Cristo foi entregue uma vez por nós de tal maneira que agora é nosso, e o será perpetuamente; e, igualmente, que o seu sangue foi derramado uma vez por nós de tal maneira que será nosso para sempre." Neste sentido, declaramos o valor dos sacramentos como "uma forma de exerícios de fé, dados para mantê-la, fortalecê-la e aumentá-la. Porquanto são estas as palavras do Senhor a esse respeito: "Este é o cálice da nova aliança no meu sangue"; quer dizer, é um sinal e um testemunho de uma promessa. E onde há promessa, ali a fé tem sobre o que se apoiar e com que se consolar e se fortalecer." (p. 5, 2006). (...) "Portanto, a finalidade principal do sacramento não é simplesmente apresentar o corpo de Jesus Cristo, mas simbolizar, significar e confirmar a promessa na qual Jesus Cristo nos diz que sua carne é "verdadeira comida" e seu sangue é "verdadeira bebida", pelos quais somos sustentados para a vida eterna." Assim, o sacramento nos conduz até a Cruz de Cristo, aonde essa promessa foi cumprida eficaz e completamente. (p. 7, 2006). PRESENÇA REAL, SIM. FÍSICA, NÃO. Não se faz necessária a presença física e carnal do corpo de Cristo na ceia para dele participarmos na comunhão, posto que "o Senhor Jesus nos estende esta bênção por seu Espírito, fazendo-nos um com ele em corpo, Espírito e alma. Portanto, o laço desta junção é o Espírito Santo, pelo qual somos rejuntados e unidos; e como um canal ou conduto pel qual tudo o que Cristo é e possui desce até nós... Por isso a Escritura, falando da participação que temos de Cristo, reduz toda a virtude e poder dessa participação ao seu Espírito." Este princípio se torna argumento do apóstolo Paulo nos versos 10 e 11 de Romanos 8, em que ele nos ensina que "Cristo habita em nós por seu Espírito", dando entendimento ao fato de que a comunhão do seu corpo e sangue não deve ser negada, mas sim, vivenciada no "Espírito (que) é o único meio pelo qual temos Cristo e o temos habitando em nós. Tal comunhão do seu corpo e do seu sangue testifica o Senhor na Ceia. E deveras O oferece e dá a todos os que recebem esta refeição espiritual. Por essa razão, diz o apóstolo: "O pão que partimos é a comunhão do corpo de Cristo", e o cálice que santificamos pelas palavras do evangelho e pelas orações é "a comunhão do seu sangue.". (p. 5-17, Vol. 4, 2006)." REFERÊNCIA. CALVINO, João. As Institutas. Volumes 3 e 4. Tradução de Odayr Olivetti. São Paulo. Cultura Cristã, 2006. HODGE A. A. Confissão de Fé de Westminster. Comentada por A.A.Hodge. Editora Os Puritanos, 1 ed, 2007. Autor. Ivan Santos Rüppell Júnior é Professor de ciências da religião e Teologia.

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