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A Espiritualidade da Misericórdia

"Eu procuro misericórdia, não religião"; disse Jesus, quando os mais dedicados religiosos do primeiro século reclamaram que ele estava "andando" com os "pecadores". As andanças de Jesus Cristo junto aos homens e mulheres de sua época acabavam quase sempre numa atitude de arrependimento ou humildade daqueles que se encontravam com ele, pois os olhares e atos, palavras e ensinos misericordiosos de Jesus sempre iniciavam mudanças na vida das pessoas a partir de seus espíritos. Enquanto isso, as chamadas atitudes "religiosas" dos homens quase sempre desejavam mudar as pessoas numa perspectiva mais exterior e judicial, pois anunciavam as leis já afirmando as condenações oriundas da desobediência. São maneiras distintas de se entender as pessoas e de se relacionar com elas, pois enquanto Jesus se esforça para compreender as dificuldades morais dos seres humanos, e por isso nos chama de "doentes que precisam de médicos"; os que colocam a religião antes da misericórdia estão mais interessados em sentenciar as fraquezas morais dos homens, razão pela qual já definem os que não estão do seu lado como sendo "pecadores", dos quais devemos nos distanciar. Jesus sempre soube que a humanidade toda era pecadora diante de Deus, pois é incapaz de viver a moralidade santa e saudável, satisfatória e pura que se encontra no coração e no Espírito da pessoa do Deus eterno. No entanto, Jesus veio como emissário das Boas Novas (o Evangelho) para oferecer perdão ao invés de condenação! Ora, é impossível anunciar ou oferecer, debater ou meditar sobre o perdão se nossa atitude e interesse é simplesmente definir o certo e o errado, já aplicando a condenação para o que entendemos ser uma falha na vida do próximo. Como bem destaca o bom religioso cristão John Stott; "de fato, pecadores são as únicas pessoas que Jesus acolhe. Se não acolhesse, não haveria esperança para nós!" Enfim, quando colocamos as expectativas da (boa) religião adiante e acima do sentimento de misericórdia para com a humanidade, nós não apenas valorizamos a administração eclesiástica dos homens em detrimento da governança de Deus sobre a religião, mas, bem mais complicado que isto, usurpamos o lugar de Jesus de Nazaré no senhorio único que somente Ele tem sobre a dispensação do Evangelho de Deus. Sim, a espiritualidade de Jesus Cristo é de Misericórdia, sempre!

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