segunda-feira, 30 de agosto de 2021

INSTITUTAS de João CALVINO. A busca religiosa do Homem e o Conhecimento de Deus!

"Deus fez tudo apropriado ao seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim ele não consegue compreender inteiramente o que Deus fez." (Eclesiastes 3.11). JOÃO CALVINO escreveu "As Institutas" (fundamentos) do Cristianismo em diversas edições publicadas entre 1536 e 1559. Ele desenvolveu o Credo Apostólico nos seguintes temas, ao tratar da Soberania e Glória de Deus, da Graça e Redenção dos homens existentes no dom de Jesus Cristo e da Iluminação e Santificação promovidas pelo Espírito Santo nos cristãos, que são aspectos essenciais da Obra divina realizada na história da humanidade. O texto a seguir utiliza a leitura das Institutas de Calvino e tem por base um resumo das Institutas de J P Wiles, no interesse de apresentar o conteúdo exposto pelo reformador protestante. DA SOBERANIA E GLÓRIA DE DEUS! TÓPICO 3: O CONHECIMENTO DE DEUS É IMPLANTADO NO CORAÇÃO DO HOMEM DE MODO NATURAL. Todos os seres humanos tem consciência da existência de Deus. O escritor Cícero disse que não há uma nação ou povo tão bárbaro, que não saiba que existe um Deus. A própria idolatria religiosa da humanidade comprova isto, já que os homens preferem adorar pedaços de madeira e pedras, ao invés de se declararem ateus. Esse é um dos motivos que nos permitem afirmar que a religião não é uma invenção humana, ainda que alguns tipos de homens dela se utilizem para submeter as pessoas. Pois até estes enganadores tem a sua crença e junto deles, alguns dos piores homens, como Caio Calígula, que despreza a Deus, mas treme diante do Altíssimo ao menor sinal da ira divina. Eis algumas das razões e sentimentos que nos fazem entender que a existência de Deus é um conhecimento que está presente no coração de toda humanidade. TÓPICO 4: ESTE CONHECIMENTO É ABAFADO OU CORROMPIDO PARCIALMENTE PELA IGNORÂNCIA E PARCIALMENTE PELA MALDADE. Texto Bíblico Base: Capítulo 1 da carta de Paulo aos Romanos. “Sabem a verdade a respeito de Deus, pois ele a tornou evidente. Por meio de tudo que ele fez desde a criação do mundo, podem perceber claramente seus atributos invisíveis: seu poder eterno e sua natureza divina.” (Romanos 1.19-20). Embora a humanidade tenha esta semente religiosa em si mesma, nenhum ser humano consegue faze-la amadurecer corretamente, sendo que o resultado de sua incapacidade é que não há piedade verdadeira no mundo, que seja realmente consagrada ao Deus Altíssimo. No entanto, esta tolice gravíssima não os livra de serem responsáveis por sua rebeldia e de serem culpados por sua vaidade. Pois são rápidos para definir superficialmente a pessoa de Deus, tendo como único padrão de avaliação a si próprios. Desse modo, naturalmente afastam-se do Deus verdadeiro, até se apaixonarem por um sonho do próprio coração, conforme esclarece o Apóstolo Paulo: “Dizendo-se sábios, tornaram-se tolos.” (Romanos, 1.22). As palavras de Davi: “Os tolos dizem em seu coração: “Não há Deus!”, se refere a estes homens que sufocam em si mesmos a luz da revelação natural da grandeza de Deus. Davi também afirma que eles negam a Deus quando não acreditam no seu governo Soberano, dizendo que o Senhor está ausente da história. O salmista explica que não há temor em seus corações, pois até se orgulham de suas maldades, no entanto, Deus os leva para seu tribunal vez ou outra, utilizando a voz da consciência, não importando o tamanho de seu desprezo pelo Senhor Deus. Tal orientação explica o modo como a religiosidade comum dos homens é algo vazio, a partir dos fundamentos falhos do conteúdo de seus ensinos, mesmo que eles desejem agradar a Deus com tais crenças. Eles esquecem que a religião verdadeira deve ser completamente definida pelo ensino autorizado e verídico de Deus. Eis a razão porque Paulo disse aos Efésios que eles continuariam distantes de Deus, caso permanecessem sem o conhecimento correto do único Deus verdadeiro. Essa culpa dos seres humanos se torna cada vez mais grave, pois buscam a Deus somente quando ficam com medo diante da realidade. Ocasiões em que rapidamente voltam a praticar as suas próprias regras e ritos, de um projeto religioso enganoso tentando agradar a Deus, esquecendo que tais atitudes os tornam ainda mais desobedientes diante das verdades divinas. Isso faz com que a desobediência seja o padrão e princípio de suas atitudes cotidianas, enquanto procuram ficar de bem com Deus praticando uma falsa religiosidade – algo que também apaga de seus corações as fagulhas do conhecimento de Deus que carregam em seu interior. Desprezam a Deus na riqueza e correm atrás dele nas dificuldades, revelando através de falsas orações curtas que não ignoram o Senhor, mas sim, agem para ocultar de si mesmos o conhecimento de Deus que foi plantado lá no profundo de seus corações. TÓPICO 5. O CONHECIMENTO DE DEUS RESPLENDE NA ESTRUTURA DO UNIVERSO E NO GOVERNO CONTÍNUO DO MESMO. “Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento demonstra a habilidade de suas mãos. Dia após dia, eles continuam a falar; noite após noite, eles o tornam conhecido. Não há som nem palavras, nunca se ouve o que eles dizem. Sua mensagem, porém, chegou a toda a terra, e suas palavras, aos confins do mundo.” (Salmo 19.1-4). “Como a sua natureza essencial é incompreensível e está oculta à inteligência humana, Deus gravou em cada uma de suas obras certos sinais da sua gloriosa majestade, pelos quais ele se dá a conhecer segundo a nossa diminuta capacidade.” É impossível enxergar a beleza da natureza e continuar ignorando a Pessoa de Deus, pois Ele se revela na estrutura do mundo, ainda que seu Ser essencial permaneça oculto e desconhecido aos que só veem a criação. Eis a maneira como o Salmo 19 descreve a criação em movimento a fim de apresentar o próprio Deus, algo que o Apóstolo Paulo explicou ser o modo como Deus anuncia seu grandioso poder através das coisas que foram criadas. (Romanos 1.19). “Estamos cercados por todos os lados pelas provas da maravilhosa sabedoria do Criador.” Observe que existem obras de Deus que estão visíveis a todas as pessoas e há outras que somente os cientistas conseguem entender, como as órbitas e movimentos dos planetas e estrelas; que são segredos da sabedoria divina. A própria anatomia do corpo humano revela a destreza e exatidão do Criador da humanidade, o que motivou filósofos a definirem o “homem (como) um microcosmo, um pequeno mundo, porque ele é uma amostra tão maravilhosa do poder, da bondade e da sabedoria de Deus.” Portanto, Deus não está longe de cada um de nós (Atos 17.27), mas é preciso buscá-lo além do conhecimento que temos enquanto analisamos somente nosso próprio organismo e a natureza. Diante de tudo isso, percebemos a ingratidão dos seres humanos perante a Pessoa de Deus, pois cada vez que notam algum traço de grandeza e sabedoria em si mesmos ou na natureza, rapidamente exaltam a si próprios ou correm para valorizar outra "obra" realizada pela natureza. Ao pensar assim, eles desprezam a Deus e o conhecimento que Ele está revelando dia a dia para nós na terra. Alguns homens enganadores ensinam que a própria alma humana tem uma existência restrita somente ao corpo do homem, desenvolvendo de forma falsa a afirmação de Aristóteles, de que a alma teria seus próprios órgãos assim como o corpo. Negam a grandeza de Deus e exaltam a natureza em seu lugar. Ignoram o conhecimento científico e as próprias sensações do espírito humano, que são bastante superiores à nossa natureza física elementar. “O que devemos dizer acerca de tais coisas, senão que as marcas da imortalidade são indelevelmente impressas sobre a natureza humana? Aquilo que alguns tagarelas falam acerca de uma inspiração secreta que vivifica o universo inteiro não é apenas fraco – é totalmente ímpio. Como pode a piedade ser produzida e nutrida nos corações dos homens por esta vã especulação acerca de um intelecto que anima e vivifica o universo?” O correto é dizer que a Pessoa de Deus mesmo estabeleceu e organizou a natureza a fim de jamais confundirmos o Criador com as obras de sua criação. “Ademais, quantas manifestações ilustres do poder de Deus nos compelem a pensar n´Ele! Ele sustenta pela Sua própria palavra este arcabouço ilimitado do céu e da terra...”. Deus faz brilhar os céus com trovões e tempestades, enquanto movimenta fortemente as ondas do mar até as disciplinar pelas mãos para que fiquem calmas. O Livro de Jó e as profecias de Isaías dão testemunhos diversos acerca do poder de Deus que visualizamos na natureza. Assim, Deus vai revelando seu poder aos homens enquanto governa suas atitudes e a própria história através dos atos da sua Providência. Pois a cada novo dia Ele abençoa a todos, ao mesmo tempo que declara a sua bondade para com os justos e seu juízo para com os maus. E também sabemos que Deus castiga certos crimes no dia de hoje, enquanto outros somente serão penalizados no futuro. “Esta providência de Deus é ensinada no Salmo 107.” Deus ajuda os aflitos e protege os perdidos, cura enfermos e levanta os humildes até derrubar os orgulhosos. Tudo que os homens consideram uma obra do destino ou acaso são provas das atitudes e do cuidado providencial de Deus no mundo. E como o verdadeiro e fidedigno conhecimento de Deus é aquele que deve servir ao nosso bem existencial, somos orientados a investigar a vida e a criação para engrandecer a Deus, não somente para saber algo mais dos mistérios de Sua personalidade gloriosa. Pois é importante não desprezar que este conhecimento de Deus que estou apresentando é apenas uma prévia da vida futura completa que existe. Todas as desgraças e injustiças que vemos dia a dia serão tratadas e julgadas por Deus no tempo oportuno, pois como diz Agostinho, se todo pecado fosse castigado hoje, não haveria um juízo completo no futuro e nem uma providência bendita no tempo presente. Mas a ignorância dos homens continua grande, pois acreditam facilmente no acaso da vida e esquecem que Deus governa a história cotidiana da humanidade pela sua providência. Por essa razão é que o apóstolo Paulo afirma que negar a verdadeira religião da revelação dada por Deus nas Escrituras é rejeitar a própria fé! Afinal, somente o Evangelho de Jesus Cristo pode dar aos homens um conhecimento verdadeiro que irá capacita-los a adorar a Deus de forma digna. Eis alguns dos motivos pelos quais sabemos que o maravilhoso brilho da criação e natureza a cada manhã, não é capaz de orientar a humanidade no caminho correto do conhecimento da Pessoa de Deus. Sim, todos “precisamos de outro guia, de uma luz mais brilhante, para nos trazer ao verdadeiro conhecimento do nosso Criador. Desse guia passarei agora a falar.” “A lei do Senhor é perfeita e revigora a alma... Os preceitos do Senhor são justos e alegram o coração... O temor do Senhor é puro e dura para sempre.” (Salmo 19.7-9). REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. (págin(páginas 23 a 36, e p 55 a 69 das Institutas, vol 1).

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