terça-feira, 19 de outubro de 2021

A ORAÇÃO DO PAI NOSSO nas Institutas de João Calvino, Outubro 2021

Esse texto contém um resumo e citações do "Resumo das Institutas de João Calvino" desenvolvido por J P Wiles. Institutas da Religião Cristã. Tópico 20. A ORAÇÃO. "Por meio da oração temos acesso aos tesouros que estão guardados para nós no coração do nosso Pai celestial, pois tudo quanto colocou diante de nós como objeto de esperança também mandou que procurássemos mediante a oração. As palavras nunca poderão expressar plenamente a necessidade e a utilização deste exercício." Mas, afinal, se Deus sabe das nossas necessidades e tem entendimento do que é melhor para nós, não é um engano chamar sua atenção através de orações, como se ele precisasse ouvir de nós estes pedidos? Quem pensa assim ainda não entendeu o propósito da oração. Ainda que Deus esteja continuamente nos protegendo e abençoando, quando nem mesmo sabemos o que ocorre em nossas vidas, devemos aprender como é importante buscar diretamente a Sua presença, até compreender como Ele é o nosso refúgio principal nas necessidades. A prática habitual de pedir o que está em nosso coração e de clamar o que nos preocupa vai nos ensinar o Temor que irá nos deixar sem medo de invocar seu Nome em toda ocasião e situação. "Para orarmos corretamente, quatro regras devem ser observadas: 1. Que nosso estado de coração e postura de mente seja tal como é apropriado para os que procuram comunhão com Deus. 2. Que em todos os nossos pedidos verdadeiramente sintamos necessidade das coisas que pedimos e sinceramente desejamos obtê-las. 3. Que deixemos de lado toda a vanglória e toda a confiança no próprio eu, humildemente dando toda a Glória somente a Deus. 4. Que, apesar da nossa auto-humilhação, sejamos encorajados a orar pela expectativa segura que Deus escutará nossas orações e as responderá, pois assim é o mandamento de Cristo: "Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá." (Mc 11.24). Sabemos que nenhum ser humano pecador tem condições de comparecer diante da Presença Santa de Deus Pai celestial, e por isso, Deus enviou Jesus Cristo para ser o Advogado e Mediador de nossas orações e súplicas, já que Deus jamais irá recusar um pedido de seu Filho. EXPOSIÇÃO DO PAI NOSSO. "As primeiras palavras nos lembram que a oração deve ser dirigida a Deus em nome de Cristo somente, porque quando chamamos Deus de nosso Pai, inferimos que estamos pleiteando o nome de Cristo. Quem entre nós poderia ousar arrogar a si mesmo o título de filho de Deus, se não fossemos adotados como filhos em Cristo? João diz. "Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus." (João 1.12). De acordo com isso, Deus Se chama nosso Pai, e deseja que assim O chamemos." "Quando a oração diz que Ele está "no céu" não suponhamos que Ele esteja confinado a certos limites ou que habite nalguma região circunscrita; lembremo-nos pelo contrário, daquilo que Salomão diz: "Os céus, mesmo os mais altos céus, não podem conter-te. Muito menos este templo que construí." (1 Reis 8.27). "A primeira petição é que o nome de Deus seja santificado." Deus demonstra Seu poder, sabedoria, justiça, misericórdia e verdade no propósito de tocar nosso coração para admirar sua Majestade e cantar em seu louvor; "no entanto, a humanidade rouba d´Ele a glória que lhe é devida. Daí surgir a necessidade de orarmos: "Santificado seja o teu nome." "A segunda petição é: "Venha o teu reino." "Deus reina onde os homens negam o próprio eu, elevam-se acima do nível do mundo e seguem a justiça, de modo que possam aspirar à vida celestial." Portanto, há dois aspectos do reino que Deus vem realizar em nossas vidas, nesta petição: primeiro, Ele vem corrigir através do seu Espírito os desejos pecaminosos da nossa natureza; e segundo, "Ele molda todos os poderes da nossa alma em obediência ao Seu governo." Assim, quem faz essa oração pede que Deus venha purificar o seu coração de todos os interesses e atitudes contra o Reino; e logo após, pede que Deus edifique as suas Igrejas em todo mundo, enriquecendo-as com dons, além de pedir que Deus "abata todos os inimigos da sã doutrina e da religião pura, anulando os seus conselhos e frustrando seus esforços. Mas a oração será completamente cumprida no último advento de Cristo, quando Deus será tudo em todos." "A terceira petição é que a vontade de Deus seja feita na terra como é no céu." Essa oração depende da primeira e somente será cumprida através daquela, mas é um pedido necessário, "porque somos lentos para perceber o que é o Reino de Deus." Trata-se de uma oração que esclarece a petição anterior, "mostrando como Deus será Rei no mundo, quando todos os homens se submeterão à Sua vontade", que é a sua vontade revelada a qual nos submetemos ao obedecer voluntariamente seus princípios. "Da primeira metade desta oração aprendemos que os que não procuram que o nome de Deus seja santificado, que seu Reino venha, e que Sua vontadade seja feita, não são dignos de serem considerados filhos e servos de Deus." "Quando oramos pedindo o nosso pão cotidiano, pedimos não somente o alimento, como também as roupas e todas as coisas necessárias para que possamos comer nosso pão em paz. Desta maneira, entregamo-nos aos cuidados e à providência de Deus, a fim de que nos alimente, cuide nós e nos preserve." "As petições, a quinta e a sexta, incluem tudo quanto é necessário para obtermos entrada na vida celestial nas alturas, o perdão dos pecados e a vitória sobre a tentação. Os pecados aqui são chamados "dívidas", porque estamos obrigados a pagar a penalidade proveniente deles, dívida essa que de modo algum poderíamos pagar a não ser que fossemos liberados dela mediante o perdão; e isso nos advém da misericórdia gratuita de Deus." Deus cancela a nossa dívida ao aceitar o pagamento dado por Cristo na cruz, ao morrer pelos pecados." Portanto, todo aquele que imagina que as suas próprias obras ou ainda, as obras de outros poderão satisfazer essa dívida, não irão experimentar esta redenção gratuita - livramento da condenação e reconciliação com Deus. "Na sexta petição, pedimos a Deus que assim nos arme e defenda para que obtenhamos a vitória contra todos os nossos inimigos: "não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal." "Há muitas formas de tentação, pois o termo inclui todos os conceitos corruptos da mente que nos predispõem a transgredir a lei de Deus, quer surjam de nós mesmos, quer sejam sugeridos pelo diabo. Além disso, coisas que em si mesmas não são malignas são transformadas em tentações pela arte de Satanás, sempre que servem para nos desviar de Deus; tais como riquezas, poder e honra, de um lado, ou pobreza, repreeensões e aflições de outro." Ao orar "livra-nos do mal", suplicamos o livramento tanto de Satanás quanto da prática do pecado, "pois embora Satanás pessoalmente seja nosso inimigo e procure nos destruir, o pecado é a arma pela qual ele tenta realizar seu propósito." Estas três últimas petições indicam que as orações dos cristãos devem ser tanto particulares, como também públicas, "tendo por seu objetivo a edificação da igreja e o proveito de toda a comunidade dos crentes." Esse entendimento não exige que utilizemos somente as palavras e expressões próprias da Oração do Pai Nosso em nossas orações, pois as Escrituras dão testemunho de súplicas diversas que são inspiradas pelo Espírito Santo. "Queremos apenas ensinar que ninguém deve buscar, esperar ou pedir coisa alguma que não seja realmente incluída nesta breve oração", pois tudo que é proveitoso para o bem dos homens e está conforme a Glória de Deus está descrito nesta oração. REFERÊNCIA: J. P. Wiles, As Institutas da Religião Cristã - um resumo - João Calvino. Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo, SP, 1966, p 265-270. Autor. Ivan S Rüppell Jr é Professor e Capelão Social.

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