quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

JESUS DE NAZARÉ. A REDENÇÃO DA HUMANIDADE, Institutas de João Calvino.

O Natal se aproxima e novamente buscamos nas Escrituras sagradas o conhecimento fundamental para bem celebrar o Nascimento do Messias, Jesus de Nazaré. Observe que a palavra redenção significa comprar algo que fora perdido, fazendo um pagamento pelo resgate. O significado religioso cristão dessa expressão apresenta o modo como Jesus de Nazaré é a Redenção através de Quem a humanidade foi liberta de uma existência maldita, já que distante de Deus. Sobre esse tema, vamos meditar no conteúdo das "Institutas da Religião Cristã", de João Calvino, em seu LIVRO III, Tópico 6: "O Homem Arruinado Precisa Buscar em Cristo a Redenção." Desde que o nosso representante Adão colocou toda humanidade num estado de ruína existencial, o potencial de vida e realizações da raça humana revela mais a nossa vergonha do que indica alguma dignidade acerca de todos nós. Sendo que essa realidade jamais será transformada, "até que Deus apareça como Redentor na pessoa do Seu Filho unigênito", pois, a existência corrompida pelo pecado tem sido a única obra desenvolvida pelos seres humanos. Dessa forma, de nada adianta alguém saber que Deus é o Criador, se não descobrir pela fé a maneira em que seremos capazes de enxergar Deus "como nosso Pai em Cristo", para nos tornar filhos de Deus, novamente. Observe que o caminho natural da existência humana era Temer e Amar a Deus, porém, a queda nos conduziu numa jornada maldita em que somos culpados pela ruína até da natureza e dos animais da criação, dados por Deus. Nesse contexto existencial, o Apóstolo Paulo esclarece a nossa situação de ignorância e o caminho do único conhecimento que pode transformar essa realidade: "Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que crêem por meio da loucura da pregação." (1 Coríntios 1.21). Portanto, todo aquele que não acreditar na louca pregação da mensagem da cruz, também estará impossibilitado de receber em sua vida o cuidado e benção paternal do Criador. Sendo que a única mensagem capaz de salvar a humanidade desde a queda do representante Adão é o conhecimento de Jesus Cristo como Mediador diante de Deus, "pois as palavras de Cristo aplicam-se a todas as eras do mundo", conforme lemos em João 17.3: "Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." Essa conclusão também retiramos das orientações de Jesus dadas para a mulher samaritana, "Vocês, samaritanos, adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus." (João 4.22). E aqui fica claro "que a herança do céu somente pertence aos filhos de Deus, e como podem ser considerados filhos de Deus quaisquer indivíduos senão os que são enxertados no Filho unigênito de Deus, os quais crêem no Seu nome - assim se tornando filhos de Deus? (João 1.12)". Portanto, desde a antiga aliança anunciada por Moisés e os Profetas, toda "misericórdia e a graça de Deus sempre foram demonstradas através do Mediador; e a felicidade da igreja sempre foi fundamentada sobre a pessoa de Cristo." Eis a razão para Paulo dizer que Jesus Cristo é "a semente" na qual os povos de todos os tempos poderiam ser abençoados, já que nem todo descendente natural de Abraão é também um descendente espiritual das bênçãos de Deus. Pois, não se pode esquecer de Ismael, e dos irmãos gêmeos, Esaú e Jacó, posto que um deles foi escolhido e o outro foi rejeitado, antes mesmo de haverem nascido, fazendo-nos compreender que o povo de Deus fora adotado pela graça do Mediador desde o início dos tempos. E ainda que esse ensino não estivesse bastante claro nos textos de Moisés, do qual todo judeu piedoso tem conhecimento, observe que antes mesmo de um rei ter sido nomeado para o povo, Ana deu firme declaração sobre esse tema: "Ele dará poder a seu rei e exaltará a força do seu ungido". (2 Samuel 2.10). "Com estas palavras ela quer dizer que Deus abençoará Sua igreja através de Cristo", pois "não há nenhuma dúvida de que o desígnio de Deus era exibir um tipo vivo de Cristo em Davi e nos seus sucessores." Sendo esse o motivo para que o salmista oriente os piedosos para saudarem o Filho, em respeito ao que o próprio Jesus diria oportunamente: "Aquele que não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou." Assim, vemos como após a ruína e desobediência das dez tribos, Deus seguiu honrando a aliança com Davi e sua linhagem, sendo que diante da própria queda de Jerusalém, o Senhor anunciou: "Entretanto, por amor ao seu servo Davi, o Senhor não quis destruir Judá. Ele havia prometido manter para sempre um descendente de Davi no trono". (2 Samuel 8.19). Neste sentido, "a preservação do povo sempre estava ligada com a preservação da linhagem de Davi, conforme diz, em consequência", no Salmo 28. 8-9: "o Senhor é a força do seu povo, a fortaleza que salva o seu ungido. Salva o teu povo e abençoa a tua herança! Cuida deles como seu pastor e conduze-os para sempre." Tudo isso "para demonstrar que a segurança da igreja está inseparavelmente ligada com o reino de Cristo", motivo pelo qual entendemos que as leis cerimoniais indicavam que o Cristo de Deus era "o objeto apropriado da sua fé", já que toda prática religiosa apontava para o Messias. Dessa forma, vemos como qualquer consolo e esperança oferecidos por Deus aos homens nasce sempre a partir do nome de Cristo: "Saíste para salvar o teu povo, para libertar o teu ungido. Esmagaste o líder da nação ímpia, tu o desnudaste da cabeça aos pés." (Habacuque 3.13). "E sempre que os profetas falam da restauração da igreja, lembram o povo da promessa dada a Davi a respeito da estabilidade do seu reino." Eis a razão porque Isaías utilizou o conhecimento do Messias para tratar do modo como Deus iria livrar seu povo, mesmo diante da rebeldia do rei Acaz, que se colocava em confronto diante de Deus: "Por isso o Senhor mesmo lhes dará um sinal: a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel." (Isaías 7.14). Isaías dava indicações de que a "aliança de Deus não ficaria nula, pois o Redentor viria no devido tempo", mesmo que o rei e toda nação não buscassem nem a Palavra e nem as promessas dadas por Deus a seu povo. "Em resumo, pois, todos os profetas, quando queriam dar segurança ao povo quanto à misericórdia de Deus, trouxeram à tona aquela promessa da estabilidade do reino de Davi, da qual dependiam a redenção e a salvação eterna", conforme também lemos em Isaías 55.3-4: "Vejam, eu o fiz uma testemunha aos povos, um líder e governante dos povos. Com certeza você convocará nações que você não conhece, e nações que não o conhecem se apressarão até você, por causa do Senhor, o seu Deus, o Santo de Israel, pois ele lhe concedeu esplendor." Da mesma forma, o Profeta Jeremias anuncia, "Dias virão", declara o Senhor, "em que levantarei para Davi um Renovo justo, um rei que reinará com sabedoria e fará o que é justo e certo na terra. Em seus dias Judá será salva, Israel viverá em segurança, e este é o nome pelo qual será chamado: O Senhor é a Nossa Justiça." (Jeremias 23.5-6). E junto deles, também o Profeta Ezequiel anuncia o mesmo conhecimento: "Porei sobre elas um pastor, o meu servo Davi, e ele cuidará delas; cuidará delas e será o seu pastor. Eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o meu servo Davi será o líder no meio delas. Eu, o Senhor, falei. Farei uma aliança de paz com elas e deixarei a terra livre de animais selvagens para que as minhas ovelhas possam viver com segurança no deserto e dormir nas florestas." (Ezequiel 34.23-25). Portanto, eu faço citação destes poucos textos para ensinar que a única esperança dos homens de fé jamais esteve amparada em outro, que não o próprio Messias, Mediador único perante Deus, pois "foi propósito de Deus que a mente da nação judaica ficasse permeada por estas profecias de tal maneira que os judeus sempre procurassem a libertação somente em Cristo." Sendo que nem toda a corrupção da existência os faria esquecer "do princípio geral de que Deus livraria Sua igreja pela mão do Messias de acordo com sua promessa a Davi", sendo algo confirmado assim que Jesus entrou em Jerusalém, na semana da Páscoa, quando o povo anunciou: "Hosana ao Filho de Davi." Conforme esse conhecimento das Escrituras, "apenas desejo que meus leitores mantenham firmes nas suas mentes que nunca tem havido e nunca haverá, nenhum conhecimento salvífico de Deus à parte de Cristo." REFERÊNCIA: J P Wiles. As Institutas da Religião Cristã - um resumo - João Calvino. Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo SP, 1966. p 140-143. Autor: Ivan Santos Rüppell Junior é professor de Ciências da Religião, e Capelão Escolar e Social.

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