domingo, 21 de janeiro de 2024

a Espiritualidade da INTEGRIDADE do Estado, no CINEMA. Segredos Oficiais, 2019.

O filme "Segredos Oficiais", do Diretor Gavin Hood, com Keira Knightley e Ralph Fiennes, (Prime Vídeo) é uma pequena jóia do cinema que merece ser visto. Além de equilibrar com boa técnica e atuações interessantes uma eficaz apresentação da história, o filme combina com talento o gênero drama pessoal com suspense de tribunal, junto ainda, de uma investigação jornalística. E tudo isto pra contar uma historia fundamental baseada em fatos reais. Mas a cereja do bolo que abrilhanta esse discreto e competente filme político é mesmo a sua Espiritualidade da Integridade. A atriz protagonista interpreta a funcionária pública britânica Katharine Gun, acusada de traição contra seu país, por ter revelado que a Inglaterra iria espionar alguns países da ONU para que fossem chantageados a apoiar a guerra dos EUA contra o Iraque no inicio do sec. 21, 2003. Mais de uma vez a cidadã britânica Katharine Gun declarou e assumiu não se arrepender de ter vazado documentos da proposta de espionagem inglesa, já que ela entendia que seu dever era com os cidadãos de seu pais que iriam para uma guerra ilegal, ao invés de obedecer ao Governo de Tony Blair. É isso. A Espiritualidade da Integridade é aquela virtude nascida no espírito humano que torna uma pessoa genuina, agindo com autenticidade consigo mesma e o próximo, sendo uma personalidade com coerência moral, a sinceridade existencial. Virtude simples que se torna uma atitude poderosa na vida das autoridades de Estado e todo funcionário público, exatamente porque seus cargos e funções existem para que a população de seus países seja atendida e protegida, a partir da informação e capacidade técnica dos servidores. Neste sentido, vemos como a Integridade supera a ambição egoista e a atitude profissional burocrática de submissão ao poder transitório, somente quando o valor transcendente da religião confere ao ser humano a real dimensão desta virtude humanitária essencial. O teólogo cristão anglicano John Stott explicou o modo em que as autoridades (cargo) foram instituidas por Deus em nosso mundo, ensinando que são posições públicas ou familiares criadas para serem "sal da terra". Pois os pecados do egoísmo da avareza e da vaidade que oprime são uma atitude corrosiva comum da humanidade, gerando caos social e amoralidade nas relações humanas. Daí a importãncia de valorar a "instituição da autoridade" conforme dada por Deus como um sal da terra, com atos de virtude ao Estado, para que a sua atividade diante da humanidade venha reprimir e limitar a degradação da sociedade. Afinal, essa instituição pública existe para a promoção dos direitos humanos e proteção dos inocentes. Bom filme! Ivan S Rüppell Jr é professor de ciências da religião e ministro da Igreja Presbiteriana. Autor do livro, Resenhas espirituais de Meditações cinematográficas, edit. Dialética, 2020.

Nenhum comentário:

Postar um comentário