segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

a Espiritualidade do TEMOR Religioso, no Cinema. O MAURITANO, 2021.

Assistir o filme baseado em fatos reais, O Mauritano, é obrigatório. ("The Mauritanian", do diretor Kevin Macdonald, 2021). Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 em território americano, o Governo dos Estados Unidos iniciou uma caçada a Bin Laden, líder maior da organização responsável pelos ataques. Junto de outros países e agências de inteligência, o Estado norte-americano do Pres. George W Busch e do Secretário de Defesa Donald Rumsfeld prenderam suspeitos por todo o mundo, e criaram a Prisão de Guantanamo para inicialmente interrogar os terroristas. Até que no decorrer dos anos, o local se tornou um campo de tortura com centenas de homens mantidos ali sem provas ou qualquer julgamento e sem o devido processo legal. Nesse contexto, o filme "O Mauritano" narra fatos reais da prisão do cidadão Mahammedou Slahi, nascido na Mauritânia e que foi mantido preso sem provas em Guantanamo por 14 anos pelas administrações de Busch e Obama. O filme traz a atriz Jodie Foster como Advogada de Defesa, em contraponto ao tenente-coronel do Exército que se dedica a preparar a acusação, interpretado por Benedict Cumberbatch e que será protagonista da experiência de temor religioso que se destaca no filme. Ambos os atores representam em atuações contidas e fortes, o que valoriza a temática judicial do enredo em seu objetivo de demonstrar o modo como o Estado e a Sociedade Civil se encontram, agem juntos ou em contrarieade tendo a vida dos cidadãos nas mãos. Na produção o filme conta com a costumeira agilidade na direção e edição, além da perfeição técnica de fotografia e de som na construção das cenas, que é marca dos filmes americanos de suspense envoltos no que se chama, "dramas de tribunal". A Espiritualidade do Temor religioso se manifesta de forma esplêndida e realista a partir de uma celebração cristã de batizado, em que os fiéis repetem compromissos de serem íntegros diante de Deus e dos homens. Especialmente, que eles deverão defender a justiça entre os homens na sociedade. É o momento em que o Advogado de acusação do Exército, que atua em favor do Estado contra o réu "mauritano" se dá conta de que carrega em seus ombros a decisão por acusar sem provas um homem que foi torturado para confessar um crime. A partir dali ele decide manter os valores de sua fé cristã em sua atuação na sociedade, o que gerá atitudes transformadoras na situação. Vimos tema parecido ocorrer no grandioso filme "Amistad" de Steven Spielberg (1997, baseado em fatos reais ocorridos no navio "La Amistad", em 1839), quando prestes a julgar o pedido de libertação de escravos trazidos da África aos EUA, o Juiz da causa entra numa Igreja Católica e ali reza para ser forte e fiel a seus princípios religiosos. O Juiz do condado vai até a Igreja para fortalecer com temor a sua consciência pra que sua atividade profissional possa ser regida pelos valores da integridade. Essa experiência o faz agir com correção, justiça e coragem para enfrentar todo o Estado e sociedade escravagistas norte-americanos. Assim, o Juiz decide justamente em favor dos escravos, ao definir que todos os homens e mulheres negros acorrentados no tribunal são, sim, cidadãos africanos; e devem ser libertados. Assistir ao filme "O Mauritano" esclarece o motivo porque a nova sociedade ocidental intolerante da "nova tolerância" persegue o Cristianismo, afinal, homens e mulheres de verdadeiro temor religioso são os que conseguem escapar da atitude determinada pelo Estado e pelo marketing da Mídia. Pois buscam agir com integridade na sociedade, ao serem capazes de pensar por si mesmos a partir dos desafios de consciência gerados em sua religião, para então virem a declarar a sua ética e valores existenciais na vida pessoal e especialmente na sociedade, de forma virtuosa. Bom filme! Autor. Ivan Santos Rüppell Jr é professor, advogado e ministro da Igreja Presbiteriana, tendo publicado livro, Resenhas espirituais de Meditações cinematográficas, com quase 40 resenhas de filmes na temática da espiritualidade, Dialética, 2020.

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