O filme ''Uma Vida - a História de Nicholas Winton', com Anthony Hopkins, apresenta dados e situações do modo como o cidadão britânico N. Winton organizou em 1938 a retirada de quase 700 crianças judias da Tchecoslováquia para abriga-las em lares na Inglaterra, salvando-as da perseguição nazista que recém iniciava sua escalada de horrores e assassinatos na Europa.
Sim, não se pode deixar de lembrar de 'A Lista de Schindler' (1993), filme de Steven Spielberg que narra os fatos verídicos do modo como o empresário alemão Oskar Schindler salvou 1200 judeus dos campos de concentração nazistas, em meio ao horror do holocausto da segunda guerra mundial. E cada um destes filmes tem seu devido valor histórico e cinematográfico, com suas diferentes produções e enredos se integrando de modo eficaz ao modelo de narrativa que cada um deles buscou realizar ao filmar suas distintas, mas tão próximas histórias. A 'Lista de Schindler' de Spielberg é um épico intimista e grandioso dedicado a narrar a amplitude do horror nazista contra o povo judaico, com destaque para a compaixão e coragem de um empresário alemão que se dedicou a salvar o maior número possível de judeus, retirando-os de dentro dos campos de concentração para protegê-los em sua fábrica de utensílios de guerra. '
A história de Nicholas Winton' é uma narrativa de cinema simples e quase documental, que não desenvolve cenas de impacto e nem situações gravemente dramáticas, tanto no resgate das crianças judias na Thecoslováquia como na chegada delas em Londres. O filme desenvolve um enredo próximo do que costumávamos assistir na 'sessão da tarde' nas décadas de 80 e 90 na TV brasileira. Embora o enredo pudesse ter uma apresentação mais dramática em certas cenas e situações, não podemos negar que a sua narrativa simplória e pouco emocional traz consigo a essência da personalidade de seu protagonista. Afinal, mesmo após 50 anos dos fatos ocorridos - já que a história da salvação das crianças se tornou conhecida através de um programa de TV inglês somente em 1988, Nicholas Winton segue sendo um homem mais preocupado em se proteger das dores de recordação das crianças que não conseguiu salvar, do que propriamente promover a salvação maravilhosa que liderou. No destaque do filho de Winton, Nick, sobre o que importava a seu pai, entendemos um pouco mais de seu caráter: "A mensagem do meu pai é encorajar as pessoas a fazerem a diferença, em vez de esperar que algo aconteça ou esperar que outra pessoa o faça". (BBC News Mundo).
E aqui, anotamos o princípio essencial da virtude de Schindler e também de Winton, sendo este a virtude da compaixão. Valor existencial tão valioso que o seu ensino religioso tornou-se tema de uma das parabolas mais conhecidas de Jesus de Nazaré; a do 'Bom Samaritano'. Certa vez, Jesus se deparou com um mestre da lei que lhe perguntou sobre qual seria o caminho da vida eterna, e após Jesus retornar a questão, perguntando qual era o ensino da lei sobre o tema, o homem respondeu com a declaração de que se deve 'Amar a Deus de todo coração e alma, forças e entendimento', e junto disso, que deve-se igualmente 'Amar o próximo'. Jesus concordou com a resposta do mestre da lei, que porém, logo perguntou a Jesus: " - Quem é o meu próximo?". Jesus então contou a parábola do bom samaritano, que narra o modo em que um homem foi espancado e assaltado a caminho de Jericó, sendo deixado a sofrer no caminho, numa situação em que passaram por ele dois importantes homens religiosos e nada fizeram, enquanto que um samaritano parou para atender o homem e prestou cuidados, levando-o ao médico e cobrindo as despesas para que ficasse bom. Após contar a história, Jesus perguntou ao mestre da lei: "- Qual destes três lhe parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos ladrões? O intérprete da lei respondeu: - O que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: - Vá e faça o mesmo." (Evangelho de Lucas, capítulo 10, versos 25 a 37).
Nesse sentido, é valioso analisar as relações humanas vistas em narrativas cinematográficas, no objetivo de que possamos perceber as virtudes dos seres humanos a partir de suas bases filosóficas e espirituais, conforme se apresentam no desenvolvimento dessas histórias.
O valor moral do Bom Samaritano se torna uma virtude oriunda do espírito humano que capacita nossa personalidade a fazer o bem imediato em certa situação, conforme a necessidade se apresenta e segundo as condições que temos de fazer a boa diferença naquele momento, sem maiores delongas e demoras. Uma vivência de valores que é tanto uma satisfação como sempre uma esperança para a nossa espécie errante e idealista.
Bom filme!
Referências. (https://www.bbc.com/portuguese/articles/c72ypen7peo).
Autor. Ivan Santos Rüppell Jr é autor do livro, Resenhas espirituais de meditações cinematográficas, publicado pela Editora Dialética, 2020.
C. S. Lewis escreveu o livro de ficção teológica 'Cartas do Inferno' para apresentar a Batalha Espiritual pelas almas da humanidade no cotidiano comum de todos nós. Como bem esclarece o Apóstolo Paulo na Carta aos Efésios, "nós não lutamos contra inimigos de carne e sangue, mas com governantes e autoridades do mundo invisível, contra grandes poderes neste mundo de trevas e contra espíritos malignos nas esferas celestiais." (cap. 6, 12). Essa realidade da existência transcendente dos seres humanos surge no primeiro anúncio bíblico do Evangelho de Jesus, o Messias, quando Deus fala para a serpente as seguintes palavras: "Farei que haja inimizade entre você e a mulher, e entre a sua descendência e o descendente dela. Ele lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar." (Gênesis, 3.15). O site da produtora traz a seguinte sinopse ao filme "Oficina do Diabo", que se baseia no livro de Lewis: "O demônio Fausto subiu do inferno para ajudar Nata...
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