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AUTONEGAÇÃO. Semana 4. “A Verdadeira Vida Cristã”, de João Calvino. Julho, 2020. p/ Ivan S Rüppell Jr.

RESUMO do livro “A Verdadeira Vida Cristã”, de João Calvino. “Calvino foi um exegeta notável, tornando-se o mais importante modelo da aplicação do método histórico-gramatical. Sua atitude de profundo respeito para com as Escrituras fez de Calvino um comentarista extremamente cuidadoso e confiável.”* Cap. II, parte 3. Devemos buscar o bem dos demais crentes. 1. “Como é extremamente difícil nos preocuparmos com o bem do nosso vizinho, a menos que deixemos de lado todas as preocupações egoístas e esqueçamos de nós mesmos!” (p 35). Não há como se dedicar ao outro se não houver alguma renúncia pessoal. “O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento, nem presunçoso. Não é orgulhoso, nem grosseiro. Não exige que as coisas sejam à sua maneira. Não é irritável, nem rancoroso. Não se alegra com a injustiça, mas sim com a verdade.” (1 Cor 13.4-6). 2. Além de praticar o amor ao próximo, faz-se necessário pressionar a nossa velha natureza egoísta, pois não estamos dispostos a deixar de lado os nossos interesses. É preciso buscar o benefício do outro enquanto também renunciamos a nossos direitos. Observe que as Escrituras ensinam que os favores que recebemos do Senhor devem servir para o benefício comum da Igreja. “Todas as bênçãos de que gozamos são depósitos divinos que temos recebido com a condição de distribuí-lo aos demais.” (p 36). 3. Os talentos que temos devem ser comparados com os membros do corpo humano, pois nenhuma parte do corpo utiliza sua força pra si mesmo, mas sim, para o proveito dos demais. “Qualquer habilidade que um fiel cristão tenha, deve dedica-la ao serviço de seus companheiros crentes... como também deve submeter... seus próprios interesses ao bem estar comum da Igreja.” (p 36). Esta regra de conduta cristã deve se tornar um valor de todos, pois distribuir o que temos recebido nos fará cumprir a lei do amor, sem esquecer que iremos dar conta de nossos atos diante de Deus um dia. Ao fazer algo bom para o próximo, o importante é reconhecer o valor dessa atitude, ao invés de valorizar o que viermos a receber ao agir corretamente. 4. A lei do amor deve ser praticada nos menores atos do dia a dia. Deus ensinou para Israel que deveria dedicar sempre os primeiros frutos a Ele, indicando ser incorreto aproveitar alguma bênção sem antes oferta-la ao Senhor. Praticamos um abuso pecaminoso toda vez que não dedicamos a Deus, os dons que temos recebido de nossa vida santificada. Devemos buscar o bem de todos, amigos e inimigos. 5. “Conhecendo nossa predisposição natural, o apóstolo nos ensina a que não cansemos de fazer o bem, e ademais acrescenta que “o amor é paciente... não se irrita.” (1 Cor. 13. 4-5). Deus manda que façamos o bem a todos, ainda que alguns não mereçam. A Escritura nos ensina a compreender o valor real do ser humano, que se baseia na criação de nossa espécie à luz da imagem de Deus. Os cristãos tem uma boa condição de valorizar a imagem de Deus na humanidade, já que temos sido restaurados nessa imagem por meio do Espírito Santo. 6. “De modo que se alguém aparece diante de vocês necessitando de seus amáveis serviços, não há razão alguma em recusar-lhes tal ajuda.” (p 37). Ainda que a pessoa que esteja diante de você seja um estranho ou um ser vil e mau, e que você não tenha obrigação de atende-lo e que ele seja indigno de receber qualquer atenção, e mesmo que não seja alguém amável, mas, ao contrário, tenha insultado você; saiba que a imagem de Deus nessa pessoa indica que ele é digno de receber seu favor e usufruir suas posses e ter seu afeto. Pois Deus ordena que devemos perdoar as ofensas recebidas dos homens, entregando-as nas mãos do Senhor. “Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos e orem por quem os persegue. Desse modo vocês agirão como verdadeiros filhos de seu Pai, que está no céu.” (Mateus 5.44-45). 7. “Este é o único caminho para obter aquilo que não só é dificultoso, mas que também é repugnante à natureza humana: amar a quem nos odeia, corresponder às injúrias com amabilidade e devolver bênçãos por insultos.” (p 38). É preciso esquecer a maldade do homem e perceber que ele carrega em si a imagem de Deus. Ao perceber que a humanidade carrega em si a dignidade da imagem de Deus, logo seremos induzidos a ama-los de coração. “Por isso, sempre que tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé.” (Gálatas 6.10). Uma boa conduta cívica não é suficiente. 8. “Se não cumprirmos com todos os deveres do amor, nunca poderemos praticar uma negação real do Eu.” (p 38). A prática do bem ao próximo não deve ser somente uma atitude externa, pois a falta de sentimento no coração significa que estamos longe de atingir a meta das Escrituras. O orgulho e a insolência fazem com que poucos consigam dar sequer uma esmola, sem agir com arrogância e desdém. 9. “Ao praticar uma caridade, os cristãos deveriam ter mais do que um rosto sorridente, uma expressão amável, uma linguagem educada.” (p 39). Devem se colocar no lugar daquele que ajudam e simpatizar como se sofressem junto, demonstrando uma misericórdia humanitária que os faça agir de forma espontânea e rápida. “A piedade que surge do coração fará com que se desvaneça a arrogância e o orgulho.” (p 39). Quando todo o organismo se volta para cuidar de um membro do corpo machucado, não faz isso com desprezo, mas sim, na melhor boa vontade e interesse. 10. “A ajuda mútua que as diferentes partes do corpo oferecem umas às outras (deve ser considerada) como algo lógico e normal.” (p 39). Assim, aquele que presta um favor a outro não deve entender que ficou livre de outras obrigações, pois oferecer algum apoio econômico não significa que estamos livres pra negar atenção e afeto. “Por mais importante que seja, cada homem deve dar-se conta que é devedor a seu próximo, e que o amor lhe manda dar até o limite de sua capacidade.” (p 40). REFERÊNCIAS: CALVINO, João. A Verdadeira Vida Cristã. tradução: Daniel Costa. Novo Século. São Paulo, SP, 2000. (p 35-40). *Introdução, de Ricardo Quadros Gouvêa, p 5-6.

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