quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

A Narrativa Progressista da Bíblia e a Interpretação Reformada Protestante das Escrituras.

Há palavras fundamentais de Jesus que tem sido deixadas de lado no momento em que se busca utilizar sua autoridade para validar certos posicionamentos culturais; como, por exemplo, ao citar a passagem da "mulher samaritana", (evangelho de João, cap. 4). A mulher de Samaria carrega consigo três condições sociais que Jesus superou a fim de estar junto dela: ela era mulher numa época em que um homem não deveria ser visto em público junto de uma; ela era samaritana, numa época em que judeus não se davam com os samaritanos; e ela era uma pecadora num tempo em que um Rabi não deveria se aproximar de uma; sendo que esta última realidade foi destacada por Jesus de Nazaré: "Vá buscar seu marido", disse Jesus. "Não tenho marido", respondeu a mulher. Jesus disse: "É verdade. Você não tem marido, pois teve cinco maridos e não é casada com o homem com quem vive agora. Certamente você disse a verdade". (v. 16-18). Observe que esta conversa crucial de Jesus com a mulher samaritana é quase desconhecida, já que, quando esse texto é utilizado pra validar valores humanitários, o que ocorre é que somente o seu contexto social é anunciado, enquanto que o ensino sobre a necessidade de haver sinceridade existencial diante de Deus sobre quem somos e o que fazemos, para que seja possível se encontrar e relacionar com o Senhor, é esquecido; conforme as palavras de Jesus: "Pois Deus é Espírito, e é necessário que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade." (v. 24). Outra narrativa utilizada para promover transformações sociais a partir da autoridade de Jesus está no início do cap. 8 do evangelho de João, que apresenta líderes religiosos e uma multidão provocando Jesus ao lhe trazer uma mulher "pega em adultério". Eles foram questionar se ela deveria ser apedrejada direto, conforme o ensino da lei de Moisés, ou não? A breve leitura de toda narrativa, com a devida atenção às palavras ditas por Jesus, já resolveria boa parte das questões que as atualizações bíblicas estão deixando escapar; pois, segundo Jesus, a orientação para a multidão é de que "aquele de vocês que nunca pecou atire a primeira pedra"; enquanto que para a mulher pega em adultério, Jesus disse: "Eu também não a condeno. Vá e não peque mais." (v. 7-11). De novo, o desejo de propor só reflexões sociais a partir da autoridade do Messias, acaba ocultando as orientações que ensinam a necessidade da humanidade reconhecer o seu pecado para ser curada; sendo que, "vá e não peque mais" é a objetiva declaração de Jesus pra encerrar sua participação na situação. Tá entendendo? Desta forma, realizar interpretações abreviadas de textos bíblicos é uma postura que valoriza certos pontos de vista culturais e atualizações comportamentais, as quais, não representam a essencial preocupação revelada por Jesus nas narrativas utilizadas! Assim, vemos que ocorre um constante esquecimento das palavras de Jesus quando Ele é citado como autoridade de certos valores dos homens, sendo esta uma postura errática das leituras progressistas da Bíblia. Sendo que uma básica coerência literária e gramatical é o que se espera de um líder religioso cristão ou professor e mestre de letras, bíblicas ou não. Agora, vamos ao último texto bíblico de hoje, que vai esclarecer a atitude existencial que Jesus requer da humanidade para bem conseguir abençoa-la, conforme já vimos nas narrativas das mulheres samaritana e adúltera. O texto completo está na primeira carta de João, do verso 5 do capítulo primeiro até o verso 2 do segundo capítulo, com destaque aos seguintes versículos: "Esta é a mensagem que ouvimos dele e que agora lhes transmitimos: Deus é luz, e nele não há escuridão alguma (...) Se afirmamos que não temos pecado, enganamos a nós mesmos e não vivemos na verdade. Mas, se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se afirmamos que não temos pecado, chamamos Deus de mentiroso...". É isso, amigos! Agora, leia todo o texto bíblico indicado, e perceba como a "Luz" de Deus é uma situação de vida sem pecado, enquanto que as mais diversas situações vividas pela humanidade são realidades denominadas como "Trevas"; o que revela a distância fundamental do estilo de vida de Deus diante do modelo humano. Em meio a esta situação irremediável, o ser humano pecador é chamado para experimentar equilíbrio vivencial e paz no espírito através do desafio para que ele comece a viver... na Luz de Deus; sendo algo que requer tão somente a constante aceitação de que somos pecadores, e a consequente confissão de nossos pecados em arrependimento, diante d'Ele. Pronto. Eis o modo como a humanidade em "trevas" vai conseguir estar na "luz" divina, para que Deus venha ocupar cada vez mais espaço em nosso coração e sociedade, enquanto vai transformando nossa realidade. Sendo que Jesus superou os preconceitos sociais que submetiam as mulheres samaritana e adúltera exatamente no propósito de avisa-las amorosamente de seus pecados, posto que esta seria a única maneira de conduzi-las das trevas para a Luz. Infelizmente, o ensino do Amor de Deus que salva a humanidade das maldições de hoje, e de existir de maneira terrível pra sempre no juízo; é aquela Boa Nova Cristã que jamais será anunciada por quem utiliza Jesus para fortalecer suas atualizações bíblicas e solidariedade social, nas quais a palavra "pecado" permanece oculta. Neste sentido, o posicionamento progressista que não anuncia a totalidade dos ensinos e situações da vida de Jesus, se torna um valor enganoso que vai oferecer ao mundo somente sua paixão caridosa, enquanto nega para a humanidade a oportunidade de receber a completude do Amor de Deus. Afinal, o Senhor do Universo somente irá amar a Humanidade como Deus bendito, assim que realizar a disciplina de bom Pai sobre nós, ao revelar com veracidade o pecado dos homens! Pense nisso e vamos ler as Escrituras até o fim do texto bíblico que desejamos utilizar em nossas proposições, conforme define a boa interpretação reformada protestante, enfatizando a veracidade do que foi dito por Jesus segundo suas próprias Palavras, pois conforme definiu o Cristo, "quem comigo não ajunta, espalha." (Mt 12). p/ Rev Ivan Santos Rüppell Júnior

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