sexta-feira, 14 de maio de 2021

A ESPIRITUALIDADE do CRISTIANISMO, no filme: PAULO, APÓSTOLO DE CRISTO

O diretor italiano Sergio Leone (Era uma vez no Oeste) foi um dos maiores cineastas da segunda metade do século 20, e definiu com as seguintes palavras seu estilo autoral: "Conto fábulas: é um excelente modo de se chegar o mais próximo da verdade." É isso! O filme PAULO, APÓSTOLO DE CRISTO (Drama, EUA, 2018) é uma fábula sim, com um conteúdo plenamente espiritual! E a razão disso não é porque as palavras do Apóstolo Paulo ditas no filme não sejam verdadeiras, nem porque as situações ali vivenciadas pelos cristãos não sejam coerentes com a realidade do cristianismo do primeiro século. Ao contrário, as declarações de Paulo e a perseguição aos cristãos no filme são exatamente aquelas que o evangelista Lucas e os historiadores romanos anotaram em pesquisas. Porém, como o diretor e roteirista Andrew Hyatt decidiu contar em menos de duas de horas, a essencial história espiritual do cristianismo primitivo, e ainda aproveitou para destacar a liderança do maior teólogo cristão, bem; eis aqui um enredo que tomou forma numa objetiva integração de experiências cristãs atemporais, junto de um contexto cultural e religioso diverso, tudo pra transmitir em pouco tempo uma rica história de décadas de fé. Enfim, o diretor alcançou sucesso no desafio! A perspectiva espiritual do filme é esclarecida na frase existencial que o Apóstolo São Paulo utilizava para explicar o seu relacionamento cotidiano com a Pessoa do Deus do Universo: "O justo viverá pela fé." Um conceito que também pode ser entendido como, "um homem de fé que anda junto de Deus, enquanto vive o seu dia a dia." Afinal, Paulo de Tarso começou a experimentar aquela convivência entre Deus e os seres humanos que a teologia ensina ser o resultado da reconciliação que toda religião do planeta busca concretizar entre a terra e céus. E nesse entendimento, eis como duas sinopses apresentam a essência da história deste filme religioso: "Paulo (James Faulkner) era conhecido como um dos perseguidores de cristãos mais cruel de seu tempo. Mas tudo muda quando ele tem um encontro com o próprio Jesus. A partir desse momento, esse jovem se torna um dos apóstolos mais influentes do cristianismo."(sinopses) "A trama espera bastante tempo para fornecer alguns flashbacks explicando em linhas gerais a trajetória de Paulo, que perseguiu os cristãos até encontrar o amor de Jesus."(www.adorocinema) O fato é que as religiões surgiram na história da humanidade no propósito de realizar uma reconciliação (religião significa religação) dos seres humanos físico-espirituais junto da pessoa espiritual de Deus. E nos dicionários mais comuns, Reconciliação "é o ato ou efeito de reconciliar-se", e "ato de restituir a harmonia ou tornar novamente amigável"; enquanto que na teologia cristã, "a reconciliação é o fim da separação entre Deus e a humanidade causada pelo Pecado Original - num restabelecimento de relações". O roteiro desenvolve os efeitos desta reconciliação religiosa na vida de Paulo, através de uma narração pessoal do Apóstolo enquanto ele se encontra preso em Roma, pois se tornou uma vítima da perseguição aos cristãos determinada pelo Imperador Nero. Essa história é compartilhada pelo evangelista Lucas na vida real e no filme, que é um discípulo cristão que se tornou amigo de Paulo, e que descreveu sua caminhada espiritual no livro bíblico de Atos dos Apóstolos. A proposta básica do enredo é que as visitas de Lucas ao Apóstolo Paulo na prisão, junto da narrativa de situações que revelam o contexto vivencial dos cristãos e dos romanos à época, ajudem o espectador a compartilhar dos dramas religiosos protagonizados pelo Apóstolo. Eis a tarefa técnica e dramática que o diretor realizou dignamente, a partir de um estilo autoral que vale, sim, uma reflexão cinematográfica. Pois o protagonista do filme escapa da pessoa de Paulo e passa adiante dos fiéis, resultando na valorização da Pessoa de Jesus e seus ensinamentos; sendo uma opção dramática que São Paulo assinaria embaixo. Enfim, o que transparece gravemente no filme, fazendo jus à espiritualidade do grande líder teológico do Novo Testamento, é a fundamental transformação existencial da sua personalidade e do sentido da sua vida. E tudo começou na conversão de Paulo a Jesus Cristo, ocorrida numa interessante experiência de reconciliação espiritual e justificação religiosa vivenciada na estrada de Damasco, região da Síria, no ano de 34 d.C., quando ele se encontrou com Jesus de Nazaré, o Messias. E assim, o homem religioso e eficaz que antes perseguia cristãos até à morte; acabou se tornando ele próprio, um seguidor da fé e dos cristãos que antes oprimia. Foi uma mudança de rumo existencial ocorrida via um encontro pessoal, que gerou um relacionamento espiritual que se tornou uma fonte contínua de transformação da personalidade interior do Apóstolo. Ufa. Haja religião (religação) espiritual natural e física aí, hein... Afinal, essas transformações originaram do básico encontro e do posterior relacionamento espirituais de Paulo, com a Pessoa de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Pois o relacionamento espiritual do Apóstolo Paulo ocorreu exatamente através dos contatos que vivenciou junto de dois espíritos: primeiro, no encontro que teve com Jesus Cristo, lá na estrada de Damasco. E, depois, pelo encontro que se tornou um relacionamento constante no restante de sua vida na Terra, junto da pessoa do Espírito Santo de Deus. Eis a experiência inicial e o relacionamento posterior duradouro que são a razão de considerarmos São Paulo um grande homem espiritual do Novo Testamento; pois a marca essencial da sua vida passou a ser uma convivência diária com o Espírito Santo. Dessa forma, entendemos que ocorreu uma integral "reconciliação" espiritual entre a pessoa de Paulo e a Pessoa de Deus, sendo algo que transformou um religioso-legalista em um novo homem espiritual, e fez um ser apaixonado e mordaz virar alguém amoroso e disciplinador, o que acabou moldando um homem ideólogo e ansioso numa pessoa idealista e satisfeita; e assim Paulo parou de agir como um julgador mortal para se tornar uma alma perdoadora e pacificadora. O homem passou a carregar na sua pessoa interior um edificante Ser espiritual celestial, gerador de uma nova existência pessoal para ele, sem que isto fizesse a sua personalidade perder-se dele mesmo. Ao contrário, o Apóstolo finalmente "se achou" consigo próprio, já que passou a obedecer intimamente as regras da lei que sempre considerou as mais essenciais de sua religião. Uma novidade de vida tão extraordinária que não passou em branco na crítica do filme da revista Preview, de abril/2018: "Na prisão, (Paulo) recebe o discípulo e médico Lucas, para quem narra sua transformação de cruel assassino dos seguidores de Jesus em um dos maiores difusores do Cristianismo... É uma produção pouco ambiciosa, mas emociona e tem valor histórico." E agora, aproveite o filme para mover a sua busca existencial a fim de logo vivenciar uma experiência "religiosa" tão saudável de reconciliação espiritual como a de Paulo, Apóstolo de Cristo. E não esqueça de ficar atento ao final da história, pois todas as pessoas espirituais do mundo que desejam saber como foi o reencontro de Jesus com o ladrão no reino dos céus, poucas horas após a morte de ambos aqui na Terra; então, isto logo vão saber conforme uma magnífica cena que ocorre nos minutos derradeiros do filme. Não perca!

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