segunda-feira, 11 de setembro de 2023

RELIGIÃO E PÓS MODERNIDADE. Texto 4. Seminário Presbiteriano do sul extensão Curitiba.

Esse texto tem objetivo didático de orientação para a disciplina Religião e Pós modernidade do Curso de Teologia do Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba. O texto contém resumos e citações longas, devendo ser utilizado somente como apoio do estudo da disciplina. Professor Ivan Santos Rüppell Jr, 2023. O CRISTIANISMO DIANTE DE OUTRAS RELIGIÕES. Desde o início, a doutrina religiosa cristã foi colocada diante da religião judaica, sendo vista então, como uma prática decorrente do judaísmo, enquanto que no decorrer dos primeiros séculos, o cristianismo foi posicionado diante de tradições diversas, como do paganismo clássico na Europa, e a partir do século 5, na Índia, diante das tradições hindus que estavam debaixo do guarda-chuva do hinduísmo; enquanto que, igualmente se posicionou diante do islamismo no oriente. "Na era moderna, a questão do relacionamento entre o cristianismo e as demais tradições religiosas assumiu nova importância na teologia acadêmica ocidental, em parte devido ao surgimento do multiculturalismo na sociedade ocidental." (McGrath, p. 612, 2005). Algo fundamental no desenvolvimento deste tema é anotar o modo em que a cultura tem definido a conceituação de religião, sendo que já não mais cabe o entendimento clássico de que toda religião orienta a crença num ser superior, de forma que, a essência da religião na atualidade não surge de um ou outro elemento que estaria presente em todas elas, bem como, também é possível dizer que "não existe algo como religião. Temos apenas tradições, movimentos, comunidades, povos, crenças e práticas que possuem várias características que as pessoas associam àquilo que entendem por religião." (p. 612, 2005). Este entendimento é importante a fim de orientar o modo em que se deve desenvolver a relação entre as diversas religiões do mundo, sendo que hoje se compreende que mais do que religiões, deve-se decidir pela existência de vivências culturais que carregam consigo "aspectos religiosos", como há no budismo e confucionismo. Sendo que, a proposta de uma compreensão una da religião surgiu no pensamento iluminista que, a partir da biologia buscava anotar neste mesmo sentido, conceitos de outros aspectos da realidade, propondo que haveria uma gênero essencial da religião do qual surgiriam as demais. Observe que, o nosso propósito neste texto é propor uma análise da relação do Cristianismo perante as demais religiões dos homens, a partir do contexto da revelação do Evangelho, portanto, numa perspectiva cristã, voltada aos seguidores de Cristo. Neste contexto, há três posições: "o particularismo, que defende que somente podem ser salvos aqueles que ouvem e respondem ao evangelho cristão; o inclusivismo, que alega que, embora o cristianismo represente a revelação oficial de Deus, ainda há possibilidade de salvação para os que pertençam a outras tradições religiosas; e o pluralismo, que prega que todas as tradições religiosas da humanidade são caminhos válidos para a mesma essência da realidade religiosa." (p. 613, 2005). O PARTICULARISMO. O destaque dado por Hendrik Kraemer (1888-1965) na obra: Mensagem cristã em um mundo não cristão (1938) anotava que, "Deus havia revelado em Jesus Cristo o Caminho, a Verdade e a Vida, e queria que isso fosse revelado por todo o mundo". Observe que, tal doutrina definia a mensagem cristã como única e diferencial diante das outras religiões. Para McGrath, as declarações do autor ainda carregam certa tolerância diante das outras religiões, posto que através da história e do conhecimento, Deus poderia brilhar seu conhecimento aos homens, ainda que de forma confusa, surgindo o questionamento sobre como tal tipo de conhecimento geral pode ser validado religiosamente; como sendo um conhecimento capaz de ser atualizado em Cristo, ou então, somente o conhecimento surgido de uma estrutura religiosa cristã é que deve ser considerado como verdadeiro. (p. 613, 2005). Karl Barth entende que "não há conhecimento de Deus fora de Cristo", enquanto outros, como Kraemer, compreendem que Deus anuncia seu conhecimento de diversas formas, embora a sua interpretação correta somente irá ocorrer "à luz da definitiva revelação de Deus em Cristo." (p. 614, 2005). Neste contexto, ao tratar dos seres humanos que jamais ouviram ou irão ouvir o evangelho, John Hick afirma que, desta forma, a "vontade redentora universal de Deus" não tem lugar na visão particularista, enquanto que Barth defende que a salvação depende sim, somente de Cristo, e que a mesma irá surgir a partir de uma "ideia da vitória escatológica suprema da graça sobre a descrença (...) No futuro, a graça de Deus triunfará completamente, e todos crerão em Jesus Cristo. (...) Para Barth, a particularidade da revelação de Deus por meio de Cristo não se contradiz pela universalidade da salvação." (p. 614, 2005). No século 19, o escritor inglês Lesslie Newbigin defendeu a visão particularista, expondo uma crítica para o pensamento que defende uma única realidade transcendente para todas as religiões, vindo a valorizar a distinção e particularidade da pessoa de Cristo revelada somente na religião cristã. Acerca de uma revelação geral una para todas as religiões, ele afirma que "não existem quaisquer critérios pelos quais os distintos conceitos de Transcendente possam ser comprovados. Assim, a subjetividade absoluta faz-nos calar: é impossível conhecer o Transcendente." Segundo McGrath, "Newbigin reafirma aquilo que considera a posição cristã clássica - que Jesus Cristo é o único fundamento e o único núcleo de uma fé única e singular." Vale anotar que o termo particularismo se tornou o modo correto de expressar o entendimento da unicidade de Cristo como expoente de uma Salvação Religiosa, superando a expressão outrora usada, exclusivismo. (p. 614-615, 2005). O INCLUSIVISMO. O escritor jesuíta Karl Rahner desenvolveu 4 teses sobre o modo em que "todas tradições religiosas em geral, mesmo as não-cristãs, podem ter acesso à graça redentora de Deus." (p. 615, 2005). 1. "O cristianismo é a suprema religião que se fundamenta no evento único da auto-revelação de Deus em Cristo." Trata-se de uma revelação em período específico da história, de forma que, a vontade redentora de Deus vai observar os que viveram antes deste evento, ou os que no futuro não venham a ter conhecimento dele. 2. Assim, "as tradições religiosas que não são cristãs também são tidas como válidas e capazes de intermediar a graça redentora de Deus, até que o evangelho seja conhecido por seus membros", sendo que após ouvirem, somente o evangelho será legítimo. 3. "O adepto fiel e zeloso de uma tradição religiosa não-cristã deve ser considerado um "cristão anônimo." 4. Não haverá substituição das outras religiões pela cristã, de forma que a existência da humanidade será marcada pelo pluralismo religioso. Rahner apresenta a religião cristã na redenção de Cristo como a única tradição religiosa capaz de salvar, agregando o entendimento que, a partir da vontade redentora universal de Deus - que deseja que todos sejam salvos, não se faz necessário que todos tenham conhecimento de Cristo ou estejam unidos a Ele nas igrejas cristãs. (p. 615-616, 2005). Observando a diferença de entendimento entre autores, "Kraemer alega que as tradições religiosas não-cristãs não passam de meras criações humanas que servem de justificativa para si mesmas, ao passo que Rahner defende que tais tradições podem perfeitamente possuir elementos de verdade." (p. 616, 2005). Rahner utiliza uma interpretaçao peculiar do AT para defender sua tese, indicando que a religião própria do judaísmo tem alguns de seus temas validados pelo cristianismo no NT, sendo algo possível de ser realizado igualmente diante de outras tradições religiosas. "Assim, a graça redentora de Deus encontra-se disponível por intermédio das tradições religiosas não-cristãs, apesar de suas deficiências." Rahner apresenta o termo "cristãos anônimos", para aqueles que irão receber a graça divina, sem ter completo conhecimento deste fato. John Hick fez críticas a essa posição por seu "paternalismo", ao ofertar graça divina para os que jamais demonstraram interesse por ela, embora Rahner tenha se preocupado em qualificar aspectos da graça divina em outras tradições religiosas, que não a cristã, de forma que o acesso à graça cristã não depende do acesso à verdade da revelação em Cristo. Rahner entende que a tradição cristã é única e que não há comparação desta com as outras tradições religiosas, expondo porém, que as outras tradições possam vir ter algum tipo de acesso à graça redentora de Deus. (p. 616, 2005). Em relação ao pensamento católico, conforme exposto no II Concílio Vaticano (1965), pode haver aspectos da graça divina em outras religiões, no entanto, a reconciliação com Deus somente ocorre através do conhecimento de Jesus Cristo. Assim, "Rahner assume uma posição inclusiva tanto em termos de revelação quanto da salvação; o Vaticano II tende a ser inclusivo em termos da revelação, porém particularista em termos da salvação." O Pluralismo no Evangelicalismo. (p. 617, McGrath, 2005). O pensamento da grande maioria dos autores evangelicais é particularista, embora Clark Pinnock tenha escolhido ser universalista, utilizando argumentos da apologética que se serviam do Logos no séc I. Ele entende que o amor de Deus para com todo o mundo e seu desejo de que todos sejam salvos deve orientar o entendimento de "que todos devem ter acesso à salvação (...) Eles não podem perder a oportunidade simplesmente pelo fato de que alguém falhou em trazer o evangelho de Cristo até nós. A vontade redentora universal de Deus implica igualmente acesso universal à salvação para todas as pessoas." (p. 617, 2005). As dificuldades das visões particularista e exclusivista podem ser superadas pelo entendimento "inclusivista", para Pinnock; sendo esta última uma proposição bastante criticada, também, especialmente por aqueles que se dedicam a defender a abordagem "pluralista". O PLURALISMO. Cada religião apresenta uma visão própria, porém também válida sobre a realidade transcendente e superior, que pode ser identificada como "deus"; sendo que, os voltados a esse pensamento utilizam a expressão "realidade superior" ou "o Real", ao invés de Deus, para nominar essa realidade espiritual. John Hick é um dos maiores defensores dessa corrente e entende que deve-se parar de ensinar uma perspectiva cristocêntrica, para em seu lugar defender uma perspectiva teocêntrica. Deve-se abandonar a ideia de que o cristianismo é o centro das religiões, e também não se deve dizer que outras religiões giram ao redor do cristianismo. O objeto principal ao focar a essência das outras religiões acerca da compreensão da natureza de Deus deve ser "sua vontade redentora universal". (p. 617-618, 2005). Se Deus deseja que todos sejam salvos, é correto entender que isto não deve ocorrer com somente um pequeno grupo de seres humanos, sendo necessário compreender que todas as religiões levam a Deus, de forma que "os cristãos não possuem um acesso especial a Deus, pois ele está ao alcance de todas as tradições religiosas." O pensamento filosófico de Kant sobre a realidade superior no aspecto em que as religiões do mundo o representam posto que não se pode conhece-lo diretamente, orienta que nossa compreensão deve ser aquela dada pelas religiões - que são proposições humanas sobre o "Real" superior a que não temos acesso, como humanos, no mundo fenomenôlógico. "De acordo com sua ótica, as religiões devem ser vistas como percepções complementares de uma mesma realidade divina, em vez de ser entendidas como algo contraditório. Essa realidade se encontra no cerne de todas as religiões." (p. 619, 2005). O desenvolvimento histórico e as influências diversas de cada uma destas religiões é o aspecto e fundamento que as levou a serem diversas e com aspectos tão próprios. Trata-se de um pensamento que encontra paralelo na visão de existência de "uma religião natural, racional e universal", conforme foi dada por pensadores deístas, e que veio a perder conteúdo e essência no decorrer da história. Uma reflexão e ponderação que pode-se fazer sobre essa realidade de tantas e distintas religiões na história defendida por Hick, igualmente se torna um fator que demonstra a dificuldade de aceitar que as religiões não-cristãs estejam tratando do mesmo Deus que o Cristianismo. Ainda, sabe-se que o Cristianismo é conhecido a partir essencialmente de Cristo, algo que Hick busca tratar ou refletir em defesa de seu pensamento, quando ele define que prefere se dedicar ao aspecto teocêntrico, ao invês de cristocêntrico do conhecimento de Deus. Acerca deste ponto, ao afastar-se de Cristo como paradigma, Hick igualmente deixa de falar aos cristãos e assim, sua perspectiva religiosa não deve mais ser considerada cristã. "O debate acerca da perspectiva cristã no que concerne à relação entre o cristianismo e as demais tradições religiosas, alimentado pelo surgimento do multiculturalismo na sociedade ocidental, ainda se prolongará por um tempo considerável." (p. 620, Mcgrath, 2005). O EXISTENCIALISMO E O NIILISMO PÓS MODERNO. O fato de estar consciente de sua própria existência e os questionamentos sobre essa realidade é a essencial diferença dos seres humanos diante do restante da criação. "O surgimento da filosofia existencialista é acima de tudo uma reação a essa percepção crucial. Nós não somente existimos: também compreendemos a dimensão disso, temos consciência de que existimos e de que um dia nossa existência terminará com a morte." (McGrath, p. 232, 2005). O existencialismo se posiciona contra os que desprezam a realidade pessoal e consciente do ser humano que distingue a humanidade. Há dois sentidos para o existencialismo: o primeiro se dedica a observar a experiência direta e imediata que vivenciamos diante da realidade, relacionado a um movimento forte entre 1938/68 a partir dos escritos de Soren Kierkegaard. "Esse filósofo destacou a importância da decisão individual e de uma consciência dos limites da existência humana." (p. 233, 2005). O pensador Martin Heidegger trouxe reflexão fundamental acerca do existencialismo a partir da teologia, com pensamentos que influenciaram Rudolf Bultmann na busca de "uma narrativa existencialista cristã a respeito da existência humana, e a forma como ela é iluminada e transformada pelo evangelho." (p. 233, 2005). Heidegger reflete o termo "ser" na perspectiva de alguém "estar lá, estar no mundo", fazendo uma diferenciação entre o significado de existência precária e existência autêntica, sendo algo utilizado por Bultmann em sua interpretação da mensagem do NT. Assim, há duas formas de existência percebíveis no NT, para Bultmann: "Primeiro, temos a existência incrédula, não-redimida, que representa uma forma de existência precária. Nela, os indivíduos recusam a admitir aquilo que realmente são: seres dependentes de Deus para sua felicidade e salvação (...) Essa tentativa humana de ser auto-suficiente é chamada de "pecado", tanto no Antigo como no Novo Testamento." (p. 233, 2005). Os que abandonam essa vida e passam a confiar em Deus, vivenciam a denominada existência crédula, em que se percebe o engano da auto-suficiência e se busca a dependência de Deus. Busca-se abandonar os bens transitórios do mundo para crer em Deus, e se procura confiar na justiça dada por Deus como dom da graça, reconhecendo a fragilidade da existência e o fato da vitória sobre a finitude na ressurreição de Cristo. "O surgimento do existencialismo, no período moderno, reflete a importância atribuída ao mundo interno da experiência humana." (p. 234, 2005). Essa perspectiva está presente nos textos e pensadores das Escrituras, desde o AT e NT, passando por Agostinho até Lutero, que dizia que "a experiência faz o teólogo" ao tratar do modo como o julgamento de Deus sobre o pecado deve ser uma vivência real ao estudante da Bíblia. "(...) O movimento literário conhecido como romantismo atribuiu uma grande importância ao papel dos "sentimentos", abrindo um caminho para um novo interesse ligado a esse aspecto da vida cristã." (McGrath, p. 234, 2005). "No século XX surgia uma nova visão de mundo, que aceitava os fatos nus do materialismo e ao mesmo tempo oferecia sentido para o indíviduo. Essa visão de mundo é o existencialismo." "Não há sentido nem finalidade inerente na vida" é uma frase que representa o pensamento existencialista acerca da vida e experiência humana, a partir de uma análise da ordem natural e lógicas racionalistas, buscando apresentar o fato de que "as leis naturais não tem sentido. A esfera objetiva é absurda, vazia de qualquer significação humana." O aspecto evidenciado pelo existencialismo indica que não há sentido algum nas esferas objetivas da realidade que possa servir ao ser humano, sendo que cabe a cada pessoa de forma livre e particular descobrir e assim construir suas próprias regras de sentido, sendo que, esse sentido peculiar e individual igualmente não serve para outro ser humano. "Cada um deve determinar seu próprio significado, que deve permanecer particular, pessoal e desligado de qualquer sorte de verdade objetiva." Deste modo, entende-se que "o existencialismo oferece a base lógica para o relativismo contemporâneo. Visto que cada um cria seu próprio significado, todos os significados são igualmente válidos." A experiência religiosa é absolutamente pessoal e particular, de forma que todas tem seu valor, o qual deve ser somente individual, e jamais deverá ser imposto a qualquer outra pessoa. "O conteúdo de seu significado não faz diferença alguma, somente o compromisso pessoal: para dar sentido à vida Sartre optou pelo comunismo; Heidegger escolheu o nazismo; Bultmann o Cristianismo. Cada um habitou sua própria realidade particular. "O que é verdadeiro para você pode não ser verdade para mim." (Edwards Jr, p. 31, 1999). A moralidade é proposta e decidida na perspectiva da vontade pessoal, não havendo necessariamente uma decisão a favor ou contra o aborto, por exemplo, mas sim, a orientação de que cada mulher deve decidir por si mesma. "O existencialismo começou no século XIX, mas na metade do século XX emergiu como o maior movimento filosófico. Hoje o existencialismo não é mais da alçada única dos romancistas avant garde ou de intelectuais franceses reunidos em cafés. O existencialismo entrou para a cultura popular (...) O existencialismo é a base filosófica do pós-modernismo." (Edwards Jr, p. 32, 1999). NIILISMO. conceito básico. "O Niilismo é uma concepção filosófica baseada na ideia de não haver nada ou nenhuma certeza que possa servir como base do conhecimento. Ou seja, nada existe de fato. Assim, em sua extensão para o existencialismo, o niilismo é a compreensão de que a vida não possui nenhum sentido ou finalidade. O conceito está pautado na subjetividade do ser, onde não existe nenhuma fundamentação metafísica para a existência humana. Ou seja, não há “verdades absolutas” que alicercem a moral, os hábitos ou as tradições. Do latim, o termo “nihil” significa “nada”. Trata-se, portanto, de uma filosofia, que apoiada ao ceticismo radical, é destituída de normas indo contra os ideais das escolas materialistas e positivistas. Note que o termo niilismo é utilizado de diferentes maneiras. Para alguns estudiosos é um termo negativo, pessimista, associado à destruição e negação de todos os princípios (sociais, políticos, religiosos). https://www.todamateria.com.br/niilismo/. Conceito. "Niilismo é uma corrente filosófica que opera de forma radicalmente cética e pessimista sobre as interpretações acerca da realidade. O termo niilismo vem do latim “nihil”, que significa nada. No limite, o niilismo se fundamenta nas ideias de vazio, de ausência de verdades absolutas, de não explicação para a existência, de desvalorização ou aniquilamento do sentido e da não existência de um télos (fim ou finalidade). É importante ressaltar que o niilismo não é limitado a uma única escola filosófica. Muitos pensadores conceituaram e utilizaram a noção niilista nas suas teorias – não necessariamente como o objeto central. Dada a forma como a humanidade está se desenvolvendo, pode-se dizer que o niilismo é uma, dentro muitas outras, das respostas possíveis para compreender o que é a vida e o existir humano. A resposta niilista é que não existe um sentido e devemos aprender a viver com isso." DESENVOLVIMENTO E ESTABELECIMENTO DA MODERNIDADE. Conceitos e pensamentos. CITAÇÕES. (livro: A experiência de Deus na pós modernidade). "No livro Âmbitos da pós-modernidade (os âmbitos da reconstrução do sujeito), falava da crise do sujeito moderno (entendendo por crise a iminência de uma transformação mais ou menos profunda, mudando de orientação, processo ativo que traz consigo desorientação, embora também imaginação e criatividade, falta de rigidez e possibilidade de novas visões.)". Três âmbitos da crise: "o âmbito antropológico (que inclui o âmbito ético - relação do ser humano consigo mesmo e com os outros -, o âmbito cívico - relação do indivíduo com as microcoletividades orgânicas, tais como o grupo, o bairro, a cidade - e o âmbito político - relação da pessoa com as macrocoletividades sociais); o âmbito ecológico, que afeta especialmente as relações do homem com a natureza, e o âmbito transcendente, que afeta as relações do homem com o sagrado". (p. 15, 1997). CRISES e Consequências: "A crise do âmbito antropológico acarreta, acima de tudo, uma crise de ideologias (conjunto de crenças e valores de natureza secular aos quais se confere uma transcendência social e coletiva e, ao mesmo tempo, um sentido histórico). A crise de âmbito ecológico traz uma série de atuações, de relações... com a natureza. A crise de âmbito transcendente, porém, comporta uma mudança na experiência interior do homem - em sua identidade, religiosa - como uma transformação significativa no núcleo da fé". (p. 16, 1997). Os âmbitos antropológico e religioso atuam na chamada "crise de crenças" - "de assentimentos ou manifestações da vontade, sobre os quais fundamentamos a vida humana, com que contamos e naquilo que somos...". A CRISE DO ÂMBITO TRANSCENDENTE. 1. O núcleo da fé dos homens se mantém como outrora foi estabelecido, ou tem mudado ao se configurar a novas sensações do homem? 2. A "aventura da modernidade" tem influenciado e afetado de que forma o núcleo da fé? a secularização, atuação filosófica e nova ciência tem marginalizado o cristianismo? O cristianismo tem dialogado com estes movimentos? A modernidade perdeu o interesse pela "questão de Deus" e a religião? "Qual é, então, o saldo ou balanço final desta etapa no que se refere ao cristianismo?". (p. 16, 1997). As novas realidades oriundas da pós-modernidade transformaram o núcleo da fé cristã e vivência religiosa dos homens, ou as dificuldades das ideologias dão oportunidade para que a teologia cristã seja uma "proposta original e renovada?". "Tratar-se-ia, portanto, de partir da suposição de que as mudanças culturais e sociais afetaram também, diretamente e não perifericamente, a fé, a sua firma pública de apresentação e a sua popularidade, como também à consciência e à identidade cristã dos fiéis. Tratar-se-ia de definir a troca de horizonte mental de referência em que nos movemos, compreender assim a condição pós-moderna e a atual complexidade cultural para, partindo desta, vislumbrar o possível espaço cultural do cristianismo... os erros que deveriam ser citados e, acima de tudo, a partir das análises das dificuldades que o homem de hoje encontrar para crer, programar uma nova discussão sobre a questao de Deus, que abra caminhos para uma nova compreensão da questão". (p. 17, 1997). A PÓS-MODERNIDADE. "A pós-modernidade poderia ser catalogada como filosofia da incessante finitude, enquanto deixa de questionar ou negar as referências a Deus e passa a considerá-las como irrelevantes. Estaríamos assim vivendo o exílio de Deus ou, ainda mais, a impossibilidade e pensar-comunicar com Deus. Apesar disso, a pós-modernidade, por outro lado, supõe também recusa de um modelo de sujeito do conhecimento excessivamente racionalizado, o qual pode permitir a incorporação, a abertura ou a interação com um princípio heterônomo não fundado pelo sujeito, embora presente nele". (p. 19, 1997, Angel Castineira). Acerca das dificuldades para que o homem moderno e pós-moderno venha a crer, poderia se refletir em dois aspectos, para formular um "discurso sobre a questão de Deus: "o nível propriamente teológico, que incorporaria as novas buscas do sagrado e os caminhos possíveis para uma nova compreensão de Deus sob a condição cultural pós-moderna"; "e em nível propriamente filosófico que encontraria seu desenvolvimento, por um lado, na suposta crise da ideia de Deus na filosofia moderna e, por outro lado, e particularmente, na impossibilidade de delinear de novo a experiência de Deus sob uma concepção fechada da subjetividade que negue toda abertura à alteridade..."; (entendida do ponto de vista do homem e do ponto de vista do transcendente). (p. 19-20, 1997). https://www.todoestudo.com.br/filosofia/niilismo. Para busca de conteúdo amplo, segue link: https://descomplica.com.br/blog/niilismo-significado-movimento-e-frases/. CONTEÚDO. Unidades 5 a 7. Desconstrucionismo. Pragmatismo. Hedonismo e Sexualidade. (Edward Jr, Gene. Tempos Pós-modernos. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 1999). REFERÊNCIAS. CASTINEIRA, Angel. A experiência de Deus na pós modernidade. tradução Ralfy Mendes de Oliveira. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. MCGRATH, Alister. Teologia sistemática, histórica e filosófica. uma introdução à teologica cristã. São Paulo, sheed publicações, 2005. EDWARD JR, Gene. Tempos pós-modernos. tradução: Hope Gordon Silva. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 1999. Autor. Ivan Santos Rüppell Jr é professor de teologia e ciências da religião, advogado e ministro licenciado da Igreja Presbiteriana do Brasil.

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