Esse texto é um resumo abreviado com citações, do artigo: "Como a Reforma Protestante moldou a cultura européia", do teólogo, professor e pastor Franklin Ferreira, publicado no jornal gazeta do povo, em 10/05/2021.
Franklin Ferreira graduou-se em teologia pela Escola Superior de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, tendo pós graduação na Universidade Luterana do Brasil e Mestrado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, sendo autor de diversos livros, dentre eles; 'A Igreja Cristã na história', 'Contra a Idolatria do Estado', 'O Credo dos Apóstolos'; e publica periodicamente na Gazeta do Povo, artigos com história, valores e perspetivas protestantes diante da realidade contemporânea.
TEXTO. O século 16 foi um período instigante da história em que líderes religiosos e políticos, intelectuais e filósofos buscavam formatar a nova sociedade recém saída da Idade Média, ao mesmo tempo em que os líderes reformadores, Lutero, Zuinglio e Calvino publicavam textos doutrinários para responder às inquietações do espírito, diante dos temas relacionados à morte, culpa e sentido da vida. Esses líderes estabeleceram cinco valores doutrinários em seu propósito de promover um retorno da Igreja e religião cristãs aos padrões bíblicos: - que as Escrituras são a única regra de fé (sola Scriptura), - que Cristo é o único redentor (solus Christus), - que a salvação é somente pela graça (sola Gratia), - que a salvação se adquire somente pela fé (sola Fide).
Acerca da impactante transformação cultural que a Reforma Protestante veio a desenvolver no mundo ocidental nos séculos seguintes ao início do movimento, destaca-se o quinto princípio doutrinário. Esse valoriza toda a criação e os atos de Deus na história dos homens e na sociedade, de modo que os cristãos são chamados a entender a realidade da vida cultural no mundo de forma apropriada e bendita, conforme o destaque de nosso autor orienta: "Um dos principais temas desenvolvidos por estes foi o anseio pela glória de Deus (soli Deo gloria), o que conduziu os reformadores a afirmar um importante princípio: a aceitação do mundo como ele é, criado e sob os cuidados de Deus, mas corrompido pelo pecado e carente de restauração. Eles também afirmaram a noção de que não seria necessário santificar a arte, a música e a ciência, subordinando-as a interesses morais ou religiosos, pois para eles a criação seria uma esfera legítima em si mesma. Assim, o ensino da Reforma permitiu que as expressões humanas se tornassem um empreendimento puramente comum."
No campo das artes e música, os artistas se dedicaram a pintar gravuras e compor músicas utilizando seu talento para apresentar situações bíblicas, da natureza e da vida humana comum. Buscavam nas artes, expor a ética oriunda da tradição cristã em um formato e riqueza distinto do que era alcançado através das palavras. No destaque do autor para a obra do compositor Johann Sebastian Bach - que escrevia música para cultos e entretenimento, como fazia um grande número de artistas à época que atuavam naturalmente nas esferas religiosa e popular, percebe-se "o impacto da Reforma na música. Quase todas as suas obras têm no seu princípio as letras “J. J.” e, no seu final, “S. D. G.”. No início da obra, Bach pedia Jesu Juva! (“Jesus, ajuda!”) e, depois de escrever a última nota, gravava Soli Deo Gloria! (Glória somente a Deus!)."
No campo da literatura, entende-se que um período frutuoso dessa área na Inglaterra surgiu a partir das perspectivas culturais da reforma, com o desenvolvimento dos textos de Shakespeare, Spencer, Herbert e Milton.
Na área da ciência e educação, Richard Sibbes entendia que toda verdade é uma verdade de Deus, e assim a busca e demonstração do verdadeiro conhecimento será sempre um valor aos homens tementes a Deus. De forma que, "crendo na revelação geral de Deus por meio da criação, assim como na sua revelação especial na Escritura, os seguidores da Reforma abraçaram o estudo científico do mundo físico." A partir desse entendimento, a Suiça e Inglaterra, Países Baixos e França aprovaram o desenvolvimento do conhecimento e avanço científico, sendo um valor que impulsionou o surgimento da ciência moderna.
Na perspectiva da educação, o reformador escocês John Knox liderou uma transformação que tornou uma nação analfabeta em morada de acadêmicos virtuosos, vindo ele nesse sentido, a exortar o 'Grande Conselho' de seu país, para que as “vossas senhorias sejam ao máximo cuidadosos da educação virtuosa e da santa instrução dos jovens desta região”.
Segundo Michael Horton, os principais centros acadêmicos e universidades européias "foram ou fundadas ou restauradas por aqueles que estavam resolvidos a fazer a teologia da Reforma influir num mundo em mudança”, sendo esse um valor que se repetiu na América do Norte nos séculos 17 e 18, conforme descrito nos 'estatutos do Emmanuel College', Cambridge: “Há três coisas as quais acima de tudo desejamos que todos os alunos desta faculdade atendam, a saber, o culto a Deus, o crescimento da fé e a probidade da conduta”.
Na área da política, Lutero e Calvino escreveram sobre o valor e importância das instituições do Estado e da Igreja, refletindo sua necessária relação de tensão diante das responsabilidades do cristão para com essas duas 'áreas da cidadania'.
"Os reformadores enfatizaram que não se deve centralizar o poder nas mãos de algumas poucas pessoas, mas dividi-lo entre poderes claramente separados e equilibrados, e entre o maior número possível de pessoas." Em decorrência desses princípios e reflexões, a democracia moderna se desenvolveu grandemente no ocidente, além do protestantismo orientar a área política como uma vocação para diversos cristãos no decorrer nos séculos.
Nesse sentido, entende-se que a Reforma Protestante foi tanto um movimento de retorno ao padrão religioso e de vida cristã conforme estabelecidos nas Escrituras, como também, "um amplo movimento de reordenação da sociedade à luz da revelação de Deus em sua Palavra."
Após mais de 500 anos passados desde o início da Reforma, os cristãos protestantes e influenciados por esse movimento seguem sendo desafiados a servir a Deus em todo o tempo e todas as áreas da vida. Especialmente na atualidade, os cristãos devem utilizar seus talentos para abençoar o mundo, pois a sociedade aguarda e necessita em receber influências benditas e conhecimentos virtuosos; como convoca o reformador Zuinglio, falando diretamente aos cristãos: “Você é a ferramenta de Deus. Ele quer desgastá-lo pelo uso e não pela ociosidade. Oh homem feliz, a quem Ele chama para o Seu trabalho!”
REFERÊNCIAS.
https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/franklin-ferreira/como-a-reforma-protestante-moldou-a-cultura-europeia/.
autor. Ivan Santos Rüppell Jr é professor de teologia e ciências da religião, Igreja Presbiteriana do Brasil.
C. S. Lewis escreveu o livro de ficção teológica 'Cartas do Inferno' para apresentar a Batalha Espiritual pelas almas da humanidade no cotidiano comum de todos nós. Como bem esclarece o Apóstolo Paulo na Carta aos Efésios, "nós não lutamos contra inimigos de carne e sangue, mas com governantes e autoridades do mundo invisível, contra grandes poderes neste mundo de trevas e contra espíritos malignos nas esferas celestiais." (cap. 6, 12). Essa realidade da existência transcendente dos seres humanos surge no primeiro anúncio bíblico do Evangelho de Jesus, o Messias, quando Deus fala para a serpente as seguintes palavras: "Farei que haja inimizade entre você e a mulher, e entre a sua descendência e o descendente dela. Ele lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar." (Gênesis, 3.15). O site da produtora traz a seguinte sinopse ao filme "Oficina do Diabo", que se baseia no livro de Lewis: "O demônio Fausto subiu do inferno para ajudar Nata...
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