quinta-feira, 3 de novembro de 2016

a ORIGEM da RELIGIÃO. a Espiritualidade de WESTWORLD, Parte 3

"WESTWORLD, Onde Ninguém Tem Alma", estreou na TV (HBO) no início de outubro e seus robôs do Velho Oeste americano é que sofrem os primeiros dramas da série assim que os humanos visitantes lhes fazem sentir o que não foram criados para "ser". Uma certa ansiedade existencial que parece dominar os androides é parecida com aquela sensação que temos quando algo que vivenciamos parece não combinar direito com a pessoa que somos, ou queremos ser - interiormente. E se os robôs de "WESTWORLD" não foram criados para "sentir", nós - os humanos, não fomos criados para saber todo o conhecimento do Bem e do Mal que há no mundo, e Universo. Tem muita gente boa dizendo que vêm daí certa confusão existencial espiritual que faz com que eu e você não consigamos nem entender e tampouco bem existir a vida que por aqui levamos, muitas vezes. Salomão foi o Sábio de Israel que "pensou" esta quase sensação de incompetência pra viver que às vezes sentimos, e por isso também escreveu "Eclesiastes", observando que a própria "Vida não tem sentido". Mas também escreveu o livro de "Provérbios", e nele anotou situações diversas e relacionamentos cotidianos de todos nós que, bem vivenciados, fazem (quase) tudo valer bastante a pena nesta vida. Ou seja, como bom sábio que é, Salomão escreve sempre sobre os dois lados de uma só moeda. Ele não facilita a realidade pra ninguém. Os "Provérbios" de Salomão são conselhos didáticos que buscam fazer eu e você olhar para as muitas coisas boas que temos pra viver por aqui - ao invés de gastar um bom tempo só procurando solucionar a vida que parece nos ter escapado pelas mãos. Pois a nossa história até parece uma existência pela metade, já que somos limitados pelo espaço físico do planeta, e também pelo (curto) tempo de vida que a morte não nos cansa de anunciar. Mas o livro de Provérbios deseja atenuar este dilema dando orientações objetivas pra que eu e você aproveitemos esta vida na Terra e todos os anos temporais que por aqui passamos. Afinal, o tempo não para, como bem já dizia Cazuza. Mas nem só de Provérbios viverá o homem. Pois o espírito - ansioso, estremece dentro de nós à procura da verdadeira história de quem realmente somos. Ansiedade espiritual é isso. E está sempre por perto, sem jamais nos deixar. Trata do nosso vazio pessoal e de tudo que nos falta para sermos o que tanto desejamos "ser" nesta vida que continua nos desafiando, sempre, a melhor viver. Parece que temos uma alma chorosa dentro de nós, por motivos às vezes desconhecidos, ou complicados demais pra saber do que trata tudo isso que, sim, nos entristece. Será que seremos uma espécie infeliz, afinal? Quem nos livrará disso tudo? A série "WESTWORLD" também mexe nesse (bom) vespeiro espiritual, existencial. E faz isso logo no fim do primeiro capítulo, quando a androide mais antiga do Velho Oeste é desligada diante do seu... Criador. E quem está lá pra brincar de "Deus" é o maravilhoso ator Anthony Hopkins, o inventor de "Westworld". É possível sentir uma tensão histórico existencial atemporal no ar assim que e o engenheiro cérebro e a robô primeva ficam a poucos metros de distância um do outro. Esse encontro entre criatura e criador é o modo pelo qual a série dá um salto dramático diante de nossos olhos surpresos, e corações já bastante sensíveis pela dor existencial dos robôs que, agora, bem de perto compartilhamos. Pois é dor nossa, também. Enfim, é este o encontro que inicia, então, a história da religião - o momento exato quando a humanidade olha pra cima ou pra dentro de seu espírito atrás de respostas para uma existência que já não sabe bem se é realmente a sua. Ainda que não haja outra à vista pra seguir e abraçar. Será isso mesmo? Ora, para isso existem os Profetas, certo? E a boa religião, também. Bom filme, na TV.

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