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a ESPIRITUALIDADE da JUVENTUDE, no Cinema: FERRUGEN, de Aly Muritiba

"Uma combinação intrigante de drama familiar, suspense e conto moral", é como a ScreenDaily define o dramático novo filme do diretor brasileiro Aly Muritiba, que trata dos desencontros sociais causados pelos complicados encontros virtuais dos jovens nos dias atuais. Assim que a jovem Tati (Tifanny Dopke) perde o celular num fim de semana com amigos, logo na segunda-feira a escola inteira já decidiu que ela é uma vadia porque um vídeo da transa com um ex-namorado está agora disponível pra todo o povo nas redes sociais. Segundo a análise de Isabela Boscov (Revista Veja, 06/9), "começa aí, em FERRUGEM (Brasil, 2018), já em cartaz no país, um turbilhão que traga Tati com ferocidade espantosa, crescendo em força e perversidade à medida que o vídeo se espalha e viraliza." O resumo do enredo segundo a Variety, bem esclarece a profundidade e importância deste filme para os nossos tempos: um "drama sincero e resoluto de uma juventude em crise." É isso. A Espiritualidade natural de "Ferrugem" trata daquela incômoda culpa existencial que todo mundo leva na alma, e que pode nos tornar justiceiros violentos diante das situações que nos angustiam porque revelam da intimidade humana mais do que gostaríamos de saber. É sério! A Espiritualidade judaico-cristã do filme poderia vir junto de (boas) orientações para proteger nossos afetos enquanto cuidamos das carências e de (valiosos) provérbios acerca de como resguardar nossa individualidade de estranhos e até amigos das redes sociais que rápido se revelam inimigos. Mas, o assunto aqui é outro! Trata do princípio que Jesus começou a viralizar popularmente quando decidiu não condenar socialmente uma adúltera samaritana de 6 maridos, como igualmente não condenou uma adúltera prestes a ser apedrejada, que com sua desonra ao cônjuge afrontava a ordem social e familiar da região. Não mesmo! O negócio espiritual de Jesus era ensinar aos homens que todo juízo e bom tratamento da alma pertencem a Deus, ao mesmo tempo que orientava serem prerrogativas divinas toda e qualquer condenação social e relacional definitivas sobre as pessoas. Pois se é pra falar mesmo de possíveis desvios e fraquezas morais, Jesus veio falar direto e de uma vez por todas com os verdadeiros doentes. Logo avisando por aqui que o único saudável nessa história é o próprio Deus! Portanto, que atire a primeira pedra todo aquele que não for humano, tá entendendo? Parece incrível que uma raça que erra tão facilmente como a nossa, ainda se preste a condenar logo já amaldiçoando ao próximo - só porque os desacertos de todos nós ficaram visíveis (ou viralizaram) naquela vida (ou face) da gente. Mas, que droga, não? Veja que a própria juventude que a quase tudo experimenta e conhece nestes tempos de amizade fácil, é a primeira a derramar o sangue uns dos outros na arena virtual contemporânea de quase todo mundo - que desgraça! O desconforto do vazio da alma e a culpa das angústias morais da nossa eternidade jamais serão satisfeitos escolhendo bodes expiatórios de nossas fraquezas e pecados, só pra exibi-los em praça pública acompanhados de nossas piadas e maldades. Até porque essa maldição humanitária já foi resolvida numa sexta-feira santa há muito tempo atrás! A direção de atores e as decisões técnicas de filmagem tanto nos ajudam a vislumbrar a angústia atual da juventude, quanto nos permitem partilhar um drama comum da humanidade, que recai gravemente sobre os adolescentes e a moçada cada vez mais. Um reconhecimento ao diretor por essa interessante e necessária obra social sobre as opressões e desavenças da juventude virtual, de todos nós, os humanos. E como bem anotou, "The Hollywood Reporter": "Ferrugem constrói uma compreensão sutil de como algumas decisões ruins podem arruinar vidas." É verdade. Mas com tanta espiritualidade girando por aí, não precisava ocorrer com tanta frequência na vida da gente, não é mesmo? Boa meditação!

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