terça-feira, 18 de setembro de 2018

O FIM DOS TEMPOS CRISTÃO na Teologia de J CALVINO

ESCATOLOGIA CRISTÃ: A DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS NO PENSAMENTO DE JOÃO CALVINO. (p. Ivan Ruppell Jr). RESUMO: O tema da Escatologia ou doutrina das Últimas Coisas tornou-se um conteúdo essencial do pensamento protestante, posto que sempre foi um dos assuntos que maior número de dúvidas e de proposições gestou na história da Teologia Cristã. O teólogo João Calvino analisou o tema com a disciplina interpretativa e a sobriedade analítica que fizeram dele o maior comentarista bíblico da Reforma, razão pela qual suas reflexões irão tanto surpreender aos leitores curiosos da Escatologia, quanto eficazmente irão ensinar a essência bíblica a respeito deste assunto primordial. O Pensamento de J Calvino acerca das Últimas Coisas é que estas se resumem e realizam-se numa só realidade: a Ressurreição dos cristãos para experimentar a plenitude da vida humana na Presença do Deus único, Pai, Filho e Espírito Santo. Palavras-chave: Ressurreição, União com Deus, Eternidade, Comunhão, Últimas Coisas, Escatologia Cristã. INTRODUÇÃO. A Escatologia Cristã e o Pensamento Protestante. O pensamento do reformador protestante João Calvino acerca da Escatologia Cristã conforme exposto em três capítulos do Livro III de sua obra magna “As Institutas da Religião Cristã”, tanto corrobora a técnica interpretativa que ele considera um valor fundamental de análise das Escrituras, como mantém a coerência com que buscou apresentar o conhecimento do Cristianismo em todos os seus comentários: “Quanto ao estado entre a morte e a ressurreição, não nos é lícito, e nem útil, inquirir curiosamente... É loucura e temeridade perscrutar além daquilo que Deus nos permite saber... Contentemo-nos com os limites que Deus nos impôs... .” (III, 25, 6, Institutas). Na mesma perspectiva se posicionaram Lutero e Zuínglio, pois ambos afirmavam o perigo de realizar interpretações fantasiosas e declarar afirmações não ditas nas Escrituras. Uma virtude protestante da leitura das Escrituras que merecia especial cuidado no que refere ao entendimento do livro do Apocalipse, repleto de figuras e imagens oriundas da literatura apocalíptica bíblica, encontrada nos livros dos Profetas Ezequiel, Daniel e Zacarias, com suas visões plenas de elementos simbólicos. “Calvino repete à exaustão que a felicidade eterna é ensinada pela Escritura a partir de imagens tomadas de nosso mundo terreno, o que, naturalmente, não constituem a realidade.” (O Pensamento da Reforma, Strohl, p 163). A partir desta hermenêutica bíblica, o pensamento protestante definiu-se por uma Escatologia neo-testamentaria em duas visões complementares: havia tanto a espera pela vinda completa do Reino de Deus ao mundo, como também, a certeza de que a união com Cristo significava a comunhão eterna dos cristãos junto ao Deus único, Pai, Filho e Espírito Santo. Lutero sentia-se tão digno por tão somente servir ao Senhor, que afirmava que somente por este motivo já viveria para segui-Lo, independente do que lhe sobreviesse no futuro. Zuínglio igualmente celebra sua alegria em servir a Deus, e aproveita para declarar a certeza de uma vitória final do Senhor na chegada do reino do Messias. Já para o autor das Institutas, “mais que outros reformadores, Calvino insiste na escatologia individual.” (Strohl, p 161). De fato, a escatologia calvinista afirma uma experiência gloriosa do fiel cristão no paraíso a partir da ressurreição, a qual inaugura a plenitude da “comunhão do crente” com Deus! “Se Deus... possui em si a plenitude de todo o bem, é a ele que se devem voltar os que buscam o bem supremo... Todos os bens imagináveis estarão incluídos na graça de nossa comunhão com o Senhor” (III, 25, 10). Calvino se serve dos clássicos no entendimento de que a Graça Comum dava aos homens um discernimento estrutural dos conhecimentos de Deus, e neste sentido, cita Platão, que afirmou ser a união com Deus a maior grandeza oferecida aos homens. Ainda que Platão não a tivesse conhecido, bem esclarece João Calvino. E para os cristãos, bem, a essência do que os aguarda na eternidade será a completude do que desde agora já experimentam; nada mais, nada menos, que sua pessoal comunhão com Deus na Pessoa do Espírito Santo. Portanto, a Escatologia Cristã toma forma no pensamento de J Calvino exatamente a partir do reconhecimento da comunhão com Deus que a ressurreição irá propiciar ao cristão pela eternidade. E já que os cristãos experimentam desde agora as primícias desta bênção maior dos homens, é este o tema que se deve investigar acerca dos últimos dias. A Escatologia Cristã segundo o pensamento de João Calvino é a própria Ressurreição do cristão! Um conhecimento teológico que o reformador desenvolve valorando mais a vida futura do que a presente época. Pois é na vida eterna que receberemos os cuidados integrais do Senhor, pelos quais iremos superar as dores atuais da existência, já que somente após a Ressurreição é que iremos experimentar em plenitude a Personalidade completa de nosso Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Observemos a seguir a argumentação destes princípios, conforme ensinados nas “Institutas” da Religião Cristã. 1. MEDITAÇÕES ACERCA DA VIDA FUTURA DA HUMANIDADE. Calvino esclarece que a Soberania de Deus governa completamente a história dos homens, um entendimento que requer ser observado se desejamos adquirir bom conhecimento acerca das doutrinas da Fé Cristã. Pois há uma ação constante de Deus sobre a terra para que diante do brilho que a vida presente exerce sobre a humanidade, nossa raça igualmente possa enxergar a realidade da vida futura dos homens. Pois Deus sabe que nossa natureza corre ansiosa atrás das sensações da vida atual e passageira, um movimento que ocorre em detrimento das aspirações da vida futura e eterna. “Certamente que nenhum de nós há que não aspire à imortalidade (...) mas, com efeito, se examinares os planos, os esforços, os feitos de cada um, outra coisa aí não verás senão terra.” (p 184, Institutas) Calvino adverte que a mente humana fica facilmente deslumbrada pelas emoções do orgulho e nosso coração rapidamente se ocupa das sensações da vaidade, o que nos faz assumir as felicidades da Terra como as conquistas maiores da existência. Daí a necessidade de que haja um firme governo de Deus na história pela sua Providência, movendo dificuldades e perdas, desilusões e insatisfações em todos os lugares e relações, épocas e atividades do cotidiano terreno dos homens a fim de que a mortalidade e fragilidade da vida presente se tornem tão reais quanto verdadeiramente o são. “Ora, se Deus tem necessariamente de instruir-nos, de nossa parte temos o dever de dar-lhe ouvidos enquanto nos chama e nos sacode o desânimo, para que, desprezado o mundo, nos apliquemos, de todo o coração, à meditação sobre a vida futura.” (p 186, Institutas). O que não significa que não há muito para viver e agradecer a Deus pela existência humana no mundo. “Portanto, uma vez que esta vida nos serve para compreender a bondade de Deus, porventura a desdenharemos como se não contivesse nenhuma migalha de bem?” (p 186). Importa recordar que o raciocínio de Calvino tem o bom propósito de oferecer eficaz entendimento ao tema de sua meditação: a “vida futura” dos cristãos. Portanto, seus argumentos não desejam desprezar bênçãos da vida atual e muito menos a Providência bondosa de Deus para os nossos dias. Neste sentido, faz-se necessário compreender o real valor desta época da história, a fim de que alcancemos o conhecimento devido da vida eterna da humanidade que sobrevirá nos últimos dias. “Não há por que temer a morte; ao contrário, ante a glória da vida futura, ela deve ser acolhida com vívida expectativa, em vista da redenção que nos aguarda.” (p 188). Calvino movimenta sensações profundas na alma dos cristãos ao advertir que o pavor da morte não deveria estar junto daquela sensação de extrema alegria que certamente hão de experimentar todos que são chamados para viver na Presença de Deus. “No entanto, se ponderará que nada há que não almeje continuar a existir. Estou de pleno acordo, e por isso contendo que nos é necessário atentar para a imortalidade futura, onde se depare condição estabilizada que na terra jamais se evidencia. Ora, Paulo ensina, com muito acerto, que os fiéis avançam jubilosamente para a morte, não porque queiram ser desvestidos, mas porque desejam ser supervestidos (2 Co 5. 2,3).” (p 189). 2. RECOMPENSA E GALARDÃO NA ETERNIDADE. Um assunto recorrente entre os cristãos encontra-se no capítulo XVII, onde Calvino argumenta acerca das Promessas da Lei e do Evangelho, ali desenvolvendo o tema das recompensas de Deus aos fiéis, ou seja, o Galardão das Boas Obras. Calvino recupera o ensino da Parábola dos Trabalhadores na Vinha (Mt 20. 1-10), esclarecendo que não existe um galardão devido ao cristão por suas obras em momento algum da caminhada dos homens com Deus; afinal, o que ali se recebe não são bens, mas sim, dádivas da graça: “Portanto, não pensemos que o Espírito Santo, com promessa desta natureza esteja enaltecendo a dignidade de nossas obras, como se elas merecessem tal recompensa.” (p 293). Pois a essência da recompensa de Deus para a humanidade ocorre na adoção dos homens de fé para que se tornem seus filhos. É este o momento em que tanto recebem a Vida Eterna junto do Altíssimo, como igualmente, são libertos da condenação de existir separados d´Ele para sempre. A partir disso, compreende-se que a verdadeira recompensa e galardão do cristão são os próprios cuidados e benesses eternais que a Presença de Deus irá lhes propiciar na vida celestial. “Por essa razão, nada impede que à vida eterna, segundo o exemplo da Escritura (2Co 6.13; Hb 10.35; 11.26), chamemos recompensa, porque nela o Senhor afasta aos seus dos labores ao descanso, da aflição a um estado próspero e desejável, da tristeza à alegria, da pobreza à afluência, da ignomínia à glória, enfim, todos os males que tem sofrido ele converta em bens maiores.” (p 294). Eis porque a própria santidade temporal do cristão se torna um caminho para adquirir as recompensas futuras do Senhor, posto que Deus irá glorificar amanhã aos que hoje santifica (Rm 8.30), em sua presença. Calvino esclarece que assim como não temos obras para oferecer a Deus para que sejamos salvos, igualmente não há obras que possamos praticar pelas quais venhamos a ser merecidamente condecorados. No entanto, há boas obras para os cristãos praticarem, sim, e da vivência destas é que originam algumas benditas recompensas que iremos usufruir na Vida Eterna. Nesta compreensão, veja como tanto as riquezas que iremos partilhar na vida futura, como igualmente as recompensas que lá iremos receber, se manifestam em nossa personalidade a partir da experiência relacional de submissão e serviço diante de Deus que a Fé Cristã nos convoca a vivenciar desde agora. Um entendimento que vêm clarificar o melhor conhecimento calvinista acerca da Escatologia: que se cristaliza tanto na experiência da ressurreição quanto na consequente comunhão eterna dos homens com Deus. A partir daí, para João Calvino, há realmente pouco mais que se faz necessário saber, ou experimentar. 3. A RESSURREIÇÃO FINAL E A MENSAGEM ESSENCIAL DOS ÚLTIMOS TEMPOS. Calvino analisou objetivamente o tema da Escatologia no Livro III das Institutas, em seu Capítulo XXV: Da Ressurreição Final. Sendo que o essencial acerca da doutrina das Últimas Coisas está exposto no próprio título do segundo tópico, o qual resume e potencializa a teologia escatológica calvinista: “O Sumo Bem, nosso e de toda a Criação, reside na União com Deus, pelo que a Redenção final, a culminar na Ressurreição, é a grande Aspiração de nosso Viver.” (p 447). Calvino aprofunda o valor da ressurreição ao recordar que todo bom combate cristão nos dias atuais deve sempre vislumbrar esta experiência, que é a própria essência da fé: “(a) razão porque Paulo diz que “a fé e o amor dos piedosos atentam para a esperança que está posta nos céus”, é a que mesmo quando vivendo em graves dificuldades sua existência na Terra, dirão: “nosso coração está onde está nosso tesouro” (Mt 6.21).” (p 446). A didática calvinista sempre buscou anunciar as verdades das Escrituras ao mesmo tempo em que indicava os erros dos homens acerca dos temas analisados. Eis o motivo pelo qual ao tratar da ressurreição dos homens, Calvino recorda que tal experiência irá ocorrer pelo “ressurgir” de nossos próprios corpos terrenos, em glória: conforme Paulo: “Se os mortos não ressuscitam, tampouco Cristo ressuscitou” (1Co 15.13). Pois, para o reformador, a experiência de Cristo irá alcançar plenamente o povo da fé: “(eis) que se começou no Cabeça o que é necessário que se cumpra em todos os membros, segundo o grau e a ordem de cada um.” (p 449). E acerca da questão crucial sobre “como” os nossos corpos enterrados em pó na terra poderão um dia ressurgir, Calvino pronuncia um princípio essencial das Obras de Deus no Universo: “(algo que) não seria tão difícil de crer, se prestássemos atenção como deveríamos a tantos milagres como se oferecem a nossos olhos em todas as partes do mundo.” (p 451). O reformador enumera exemplos do poder com que Deus age na história a fim de cumprir seus desígnios, recordando que a própria incredulidade dos judeus de que Deus iria faze-los regressar do exílio, gerou o ensino do Profeta a partir de uma visão dos ossos secos. Pois ali mesmo, Deus ordenou que recebessem carne e nervos (Ez 37. 1-10). “Posto que, sob essa figura, Deus eleva o povo à esperança do regresso, contudo, ele toma da ressurreição a base da espera, assim como ela nos é o modelo primordial de todos os livramentos que os fiéis experimentam neste mundo”. E de igual modo, ensina o Senhor Jesus: “Não vos admireis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a voz do Filho de Deus e deles sairão”. (João 5.28). (p 452). Calvino reconhece que o desejo de ocultar a realidade da ressurreição do cotidiano dos homens é uma estratégia de Satanás, seja pelo pensamento dos filósofos e até mesmo dos saduceus – que negam a ressurreição do corpo, aos quais se unem aqueles que limitam o reinado de Cristo a mil anos. “E, em verdade, a ficção desses é por demais infantil para que tenha necessidade de refutação ou seja ela digna. Tampouco Apocalipse lhes empresta suporte, do qual certamente tiraram pretexto para seu erro, quando do número milenário (Ap 20.4), pois não se trata da eterna bem-aventurança da Igreja, mas apenas de agitações várias que aguardavam a Igreja a militar na terra. Além disso, toda a Escritura proclama que jamais haverá fim para a bem-aventurança dos eleitos, nem para o suplício dos réprobos (Mt 25. 41, 46).” (p 453). Para o reformador, tais enganos são capazes de afastar o fiel cristão daquele que é o conhecimento essencial da escatologia – a Ressurreição, o que requer a sua grave argumentação contrária: “Outros dois desvarios, além destes, foram introduzidos por homens indevidamente curiosos. Uns pensaram que as almas haverão de ressuscitar com os corpos, como se todo o homem perecesse ao morrer; outros, embora admitam que os espíritos são imortais, sustentam que eles haverão de ser revestidos de novos corpos, com isso negando a ressurreição da carne.” (p 454). A orientação para estes enganos surge pela constatação de que o corpo humano que se tornou o templo do Espírito de Deus no tempo presente jamais será desprezado, citando Paulo: “convém que o que é corruptível se revista de incorruptibilidade; e o que é mortal se revista da imortalidade” (1Co 15.53) (p 456). De igual modo, a continuidade da vida da alma após a morte se confirma tanto pela experiência do ladrão que na tarde da sexta-feira da paixão estaria com Jesus nos céus, quanto pelas palavras de Estevão, que prontamente entregava as almas dos homens a Cristo assim que morriam na terra (At 7.59). E a estes argumentos, Calvino acrescenta as palavras do próprio Jesus: “Destruí este templo e em três dias o reerguerei” (Jo 2.19) (p 457). CONSIDERAÇÕES FINAIS. Certamente que um dos temas mais atrativos acerca da Escatologia é a maneira e lugar pelos quais a vida acontece na personalidade daqueles que chegam aos céus entre as datas históricas da Ressurreição e da Volta de Cristo. Porém, como em tantas outras de suas reflexões bíblicas, também aqui Calvino permaneceu fiel a seu conhecimento das Escrituras: “Entretanto, questionar de seu estado intermediário, com demasiada curiosidade, não é lícito, nem convém. Muitos se atormentam em demasia, disputando que lugar ocupam as almas nesse estado e se porventura já desfrutam ou não da glória celestial. Com efeito, é estulto e temerário indagar de causas desconhecidas mais profundamente do que Deus nos permita saber. A Escritura não avança além de dizer que Cristo está presente com elas e as recebe no Paraíso, para que desfrutem de consolação, e que as almas dos réprobos sofrem tormentos segundo seu merecimento. Que douto ou mestre, agora, nos revelará o que Deus ocultou? Quanto ao lugar, a questão não é menos imprópria e fútil, quando sabemos que a alma não tem a dimensão que tem o corpo.” (p 455). A partir daqui, Calvino recupera para seus leitores o ensino fundamental da Escatologia, que se torna o próprio título do item 10 do capítulo acerca da ressurreição: “O Sumo Bem, nosso e de toda a criação, reside na união com Deus, pelo que a Redenção final, a culminar na Ressurreição, é a grande aspiração de nosso Viver.” (p 447, Institutas, V III). E prossegue argumentando sobre o conhecimento cristão que considera ser o mais valioso para os Últimos Dias: “Ora, por mais que seja verdadeiro o que ouvimos, de que o reino de Deus haverá de ser cheio de esplendor, de alegria, de felicidade, de glória, no entanto, aquelas coisas que se enumeram, permanecem mui remotas de nosso senso e como que envoltas em obscuridade (...) Todavia, visto que, por outro lado, é necessário que nosso coração se inflame no amor e desejo dela, é preciso que nos detenhamos neste pensamento: se Deus contém em si a plenitude de tudo que é bom, como uma fonte inexaurível, nada devem buscar além dele os que lutam pelo sumo bem e por todos os elementos da felicidade, como somos ensinados em muitos lugares da Escritura: Diz o Senhor a Abraão: “Eu sou tua mui grande recompensa” (Gn 15.1), sentença que ecoa em Davi: “Minha porção é o Senhor: caiu-me a sorte excelentemente” (Sl 16. 5,6). De igual modo, em outro lugar: “Quedar-me-ei satisfeito com a visão de teu rosto” (Sl 17.15). De fato, Pedro declara que os fiéis foram chamados para isto: para que sejam feitos participantes da própria natureza divina (2Pe 1.4)”. (p461). Eis que esta declaração do Apóstolo Pedro oferece a J Calvino a oportunidade de retomar seu pensamento essencial acerca da Escatologia cristã e suas benesses vivenciais ao povo de Deus. E o que Calvino observa bem poderia ser o conteúdo existencial das palavras de Jesus aos discípulos, quando lhes afirma: “Já não os chamo de servos, agora vocês são meus amigos, pois eu lhes disse tudo o que meu Pai me disse.” (João 15.15). Isto porque o ensino de Calvino esclarece que o galardão do cristão é a própria herança fundamental dos fiéis: sua adoção como filhos de Deus! Uma adoção que serve para partilhar da própria Personalidade existencial de Deus, a qual vivenciamos desde agora pelos dons do Espírito Santo, que nos permitem usufruir virtudes da vida do Senhor. Bênçãos que são para todos os cristãos, e especialmente, daqueles que serão recompensados nos céus, como os Doze Apóstolos que se assentarão nos tronos diante das doze tribos. Numa governança que os fará reinar junto de Cristo exatamente para realizar a boa administração dos dons que originam da própria Pessoa de Deus que se move na vida de seu povo. Será o tempo final da excepcional comunhão entre Deus e os homens no Paraíso celeste, naquele que será o dia da realização da Escatologia dos cristãos - a própria doutrina das Últimas Coisas do Cristianismo. Sim, a Escatologia cristã em João Calvino é tão somente a Ressurreição dos cristãos para existir na Presença de Deus! REFERÊNCIAS BIÉLER, André. A Força Oculta dos Protestantes. São Paulo: Cultura Cristã, 1999. BÍBLIA. Estudo de Genebra. São Paulo: Cultura Cristã, 1999. CALVINO, João. A Verdadeira Vida Cristã. São Paulo: Edit Cristã Novo Século, 2000. CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã: edição especial. São Paulo. Cultura Cristã, 2006. CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã. Edição Clássica. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. McGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica. São Paulo: Shedd Publicações, 2005. McGRATH, Alister E. A Vida de João Calvino. São Paulo: Ed Cult Cristã, 2004. STROHL, Henri. O Pensamento da Reforma. São Paulo: ASTE, 2 Ed. 2004

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