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NÃO SE DEIXE VENCER PELO MAL, MAS VENÇA O MAL COM O BEM. (Carta aos Romanos, cap 12.21)

Os cristãos devem enfrentar o mal! Mas, vencer o mal com o bem é um dos desafios mais profundos e complexos do Cristianismo num mundo que jaz no maligno e no qual os homens são pecadores. Ou seja, tem instintos e ideias contra Deus. Essa declaração virtuosa do Apóstolo Paulo para vencer o mal com o bem, foi escrita num contexto de ensino bíblico que indica a leitura dos capítulos 12 e 13 da Carta aos Romanos, para que possamos entender seu significado. O escritor e conferencista cristão John Stott orienta nosso entendimento, com sua admirável clareza e objetividade bíblica: "Conforme Romanos 12.19, não devemos procurar a vingança, mas "deixar com Deus a ira". De acordo com Romanos 13.4, a autoridade é "serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal... Não temos o direito de tomar a lei em nossas mãos e punir os ofensores. A punição do mal é prerrogativa de Deus, e no presente momento deve ser exercida pelas cortes de justiça." (p. 359, 2007). Os cristãos precisam vencer o mal! No entanto, às vezes, cristãos seguem o mau hábito de não enfrentar o mal para serem bonzinhos, ou então, enfrentam o mal com atos próprios do mal, e até dele se aproximam; algo que ocorre quando os princípios do mal conduzem o nosso coração e atitudes. Observe que esse desafio cristão não é nada simples, nem fácil de viver. Por isso mesmo, o Apóstolo Paulo escreveu dois capítulos em Romanos para apresentar essa questão, com quatro princípios: a) os cristãos devem ter outro padrão de valores ao invés de seguir os padrões pecaminosos da humanidade neste mundo (12.2); b) os cristãos devem praticar um amor sincero, apegando-se ao que é bom e detestando o que é mau, abandonando a ira e os atos de vingança, pois "Minha é a vingança; eu retribuirei", diz o Senhor." (12.9 e 19); c) os cristãos devem se sujeitar às autoridades ao invés de se rebelar, pois as autoridades são o modelo de ordem humanitária instituída por Deus na sociedade, sendo "serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal." (13.1 e 4); e, finalmente, d) os cristãos devem cumprir neste mundo a lei do amor, "pois estes mandamentos: "Não adulteráras", "Não matarás", "Não furtarás", "Não cobiçarás", e qualquer outro mandamento, todos se resumem neste preceito: "Ame o seu próximo como a si mesmo". (13.9-10). Agora, vamos resumir: para vencer o mal com atos do bem é preciso amar o nosso próximo como amamos a nós mesmos. Sendo algo que faremos ao praticar os mandamentos do amor divino na sociedade dos homens; como, não matar e não furtar e também qualquer outro mandamento da lei de Deus. Assim, enquanto estivermos desenvolvendo a vida em família e na sociedade, devemos organizar junto das pessoas estes mandamentos, em nome de Deus. Ao mesmo tempo, Deus também visita a humanidade com sua ira diante do pecado e através de ordens dadas às autoridades para coibir o mal que assola os seres humanos e arruína o mundo. E Deus faz isto na seara pública através de autoridades como os juízes e policiais, que agem como servos de Deus na sociedade, atuando como um "agente da justiça para punir quem pratica o mal." Tá entendendo? Observe o modo desafiador como Deus vence o mal neste mundo utilizando o bem, ao invés de abandonar a humanidade à própria sorte, sendo que Deus também não luta contra o mal, agindo como o mal atua. Eis o motivo porque os cristãos não são revolucionários, pois agindo desse modo, eles já estarão derrotados perante a face de Deus, antes da batalha iniciar. Mas, e quando as autoridades são servas do mal, e utilizam o cetro da justiça e da ordem social para promover o contrário do bem? Ou seja, o que fazer quando autoridades agem para desenvolver os princípios do mal ao invés dos mandamentos de Deus, desprezando os princípios divinos com os quais os cristãos devem vencer o mal neste mundo? Jesus tratou dessa questão, certa vez, afirmando: "Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus." (Marcos 12.17). Conforme John Stott, "Jesus não estava dizendo que havia duas esferas independentes (uma de César e outra de Deus)... Antes, ele estava dizendo que o povo de Deus devia dar o reconhecimento que lhe era devido, pois não poderia desfrutar das bênçãos do domínio romano (com paz, justiça, educação e estradas) sem contribuir com algo. No entanto, havia limites àquilo que era devido a César... Ainda hoje há regimes totalitários de esquerda e de direita que exigem fidelidade incondicional, que os cristãos não podem oferecer... Os cristãos são cidadãos leais, que dão a César o que é de César, mas reservam sua adoração a Deus somente, dando a Deus o que é de Deus." (p 222, 2007). Leia de novo esse breve texto acima, pois os comentários de John Stott dão um conhecimento essencial sobre a Palavra de Deus. Desta forma, entendemos que organizar e apoiar Autoridades públicas para controlar o mal é uma forma autorizada por Deus para vencer o mal com o bem. E aqui, também aprendemos o princípio com que Jesus convoca os cristãos para não entregarem a cultura humana nas mãos de César. Ou seja, não podemos oferecer ao Estado e a seus políticos e juízes a condicão de definir e regular as artes e ciência, educação e religiosidade, lazer e esporte, trabalho e profissões, valores e princípios morais dos homens. Pois estas atividades foram dadas para a humanidade vivê-las diante de Deus, e não aos pés de César. São um dom de Deus aos homens que nos capacita a vivenciar a bendita liberdade e satisfação que pode-se alcançar nesse período da história. Os cristãos devem dar a César somente o que é de César, ou seja, o respeito e obediência devidos diante do Estado, como instituição da ordem e paz social. Contribuindo para que essa instituição cumpra os mandamentos de amor na sociedade, agindo como servos dignos de Deus, sendo um "agente da justiça para punir quem pratica o mal". Quando os cristãos deixam de lado a sua missão de fazer o bem na sociedade, vindo a entregar a organização e vivência social para o Estado e César administrarem do jeito que quiserem, então, também serão submetidos por estas autoridades e juízes, que poderão atuar como seguidores do mal. Nestas ocasiões, os cristãos tanto poderão entregar a sociedade nas mãos do mal, como serão tentados a se aproximar e até desenvolver o mal na sociedade, acreditando que por serem bonzinhos ou revolucionários, estão fazendo algum bem. Grave engano! Sem esquecer que, ao entregar a cultura para o Estado, os cristãos irão deixar a religião e o Evangelho nas mãos de César, que se sentirá no direito de decidir se a humanidade vai ouvir, ou não vai ouvir acerca do conhecimento de que Jesus é o Cristo de Deus para a salvação da humanidade. Daí a importância dos cristãos atuarem como cidadãos também na política, para controlar democraticamente o Estado, a fim de que suas Autoridades não venham a dominar de forma impositiva e arbitrária sobre a sociedade e instituições públicas. Pois o cristão como cidadão tem a oportunidade de eleger ou ser eleito como um Deputado que promova leis humanitárias de acordo aos mandamentos de Deus, para que o Estado venha a atuar na ordem e paz social protegendo inocentes e condenando criminosos, conforme ensinou o Apóstolo Paulo em Romanos cap. 13. Portanto, o verdadeiro cristão não deve desprezar o poder da influência e desgraça que o mal traz para a sociedade através de homens e ideologias. Por isso, deve assumir a responsabilidade de ser sal e luz no desenvolvimento do valor divino de que "o amor não pratica o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da lei." (Romanos 13. 10). E para concluir, facamos uma oração: "Senhor, trata com bondade os que fazem o bem, os que tem coração íntegro. Mas aos que se desviam por caminhos tortuosos, o Senhor infligirá o castigo dado aos malfeitores. Haja paz em Israel." (Salmo 125). REFERÊNCIAS: Stott, John. A bíblia toda o ano todo. Editora Ultimato, Viçosa MG, 2007. Autor. Ivan S Ruppell Jr é Professor de Ciências da Religião e Teologia, e Capelão Social.

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