O novo filme de um dos mais importantes diretores norte-americanos de cinema já está disponível nos streamings desde o final de 2024 (Max).
Aos 94 anos, o excelente Diretor Clint Eastwood acaba de lançar pela WB o instigante e reflexivo drama de tribunal, 'Jurado N° 2'.
A sinopse traz a história de um homem chamado para compor o júri de um assassinato, até ele descobrir que pode estar envolvido na morte da vítima - por conduta imprudente na direção de automóvel. A partir daí, ele será confrontado sobre o que fazer diante da possibilidade de um inocente ser condenado, para que ele mesmo não venha a ser julgado.
Segue um diálogo esclarecedor do filme, que traz o momento em que o Jurado N° 2 começa a perceber a gravidade da situação pessoal que irá vivenciar como um membro do corpo de jurados:
(Jurado N°2) - "Mas se eu me apresentar voluntariamente, isso não conta? Se eu me apresentar e disser a verdade (...)."
(Advogado) - "Seus crimes por dirigir embriagado e o fato de que você estava em um bar dão à promotoria motivo para acusá-lo de homicídio praticado por motorista ou até homicídio doloso. Pode pegar 30 anos, no mínimo."
Inicialmente, as reuniões dos jurados no debate do caso parecem retomar a dinâmica do clássico magistral de 'cinema de tribunal' - 12 Homens e uma sentença, de Sidney Lumet, com Henry Fonda - em que observamos 11 jurados definindo o réu como culpado logo de cara, enquanto somente 1 entende que a decisão não deveria ser tão apressada, assim.
Mas logo, Clint Eastwood apresenta o seu próprio caso de tribunal de cinema, sendo que neste, os espectadores é que serão convocados a assumir as posições de jurados, num dilema que só aumenta a cada nova situação que o filme desenvolve na narrativa.
O tema que provoca os sentimentos e atitudes dos personagens desse drama de tribunal é a consciência moral da humanidade - tanto diante dos fatos do crime quanto da responsabilidade sobre como reagir diante deles.
De modo sábio e peculiar, o diretor Eastwood finaliza a narrativa com uma conclusão em aberto, deixando que os espectadores assumam a decisão para o dilema da história.
Assim, as duas horas de 'drama de consciência' que os personagens vivenciam durante a narrativa é algo que irá acompanhar os espectadores por um tempo ainda maior, após o término do filme.
Não há como escapar! Pois os seres humanos carregam consigo o dever de agir com valores morais. Sendo que essa experiência ética diante da vida origina da consciência de todos nós - conforme foi criada por Deus e segue governada por Ele na história.
Dessa forma, os espectadores irão se preocupar com o drama de julgamento do filme exatamente porque há um outro tribunal constante do qual todos partilhamos - o 'Tribunal de Deus'.
Nesse sentido, o comentarista bíblico John Stott esclarece os fundamentos dessa capacidade moral que toda humanidade carrega em si, explicando que, tal condição origina do fato de que fomos criados 'à imagem de Deus'. Essa reflexão entende que a humanidade somente é diferente dos animais a partir da realidade que nos faz parecidos com Deus, e a partir disto - somos racionais e conscientes de nossa existência, bem como, temos personalidades morais, com uma mente que nos desafia a agir corretamente, a partir da capacidade de sermos seres pensantes e capazes de fazer escolhas.
Nessa perspectiva, essa capacidade única do ser humano de viver consciente de si mesmo e da realidade em que existe, conduz o interesse e a preocupação dos personagens principais do filme.
Esse drama da consciência é a experiência ética que os acompanha e faz com que se movam existencialmente, expondo a condição humana essencial de sermos pessoas morais - criados 'à imagem de Deus'.
Nessa realidade moral, mesmo ao entender que o filme está terminado após a sentença do juiz, somos surpreendidos pelos personagens agindo em busca de tratar da consciência que os desafia para viver, com sinceridade.
E não somente eles, mas também nós, espectadores. Pois ainda iremos visualizar duas breves cenas, que farão a narrativa recomeçar do zero.
A partir daí, o filme termina. Mas todos seguimos vivendo nossas histórias diante do transcendente Tribunal de Deus - em que vamos adiante, avançando para a maioridade da personalidade.
Pois o drama existencial do filme Jurado N°2 trata da consciência da humanidade, e de como estabelecemos conteúdos éticos na realidade moral conforme a veracidade dos fatos.
Único modo de amadurecer a personalidade com decisões nascidas da integridade que gera a dignidade - graça dada por Deus para que não sigamos o caminho da bestialidade.
Ora, enquanto houver a consciência dada ao homem no bendito Tribunal de Deus, haverá também a condição de existir sempre melhor. Bom filme!
autor. Ivan S Rüppell Jr é professor de ciências da religião, autor do livro, 'Resenhas espirituais de meditações cinematográficas', editora Dialética, 2020.
TEXTO ORIGINAL
Diálogo esclarecedor do filme:
(Jurado N°2) - "Mas se eu me apresentar voluntariamente, isso não conta? Se eu me apresentar e disser a verdade (...)."
(Advogado) - "Seus crimes por dirigir embriagado e o fato de que você estava em um bar dão à promotoria motivo para acusá-lo de homicídio praticado por motorista ou até homicídio doloso. Pode pegar 30 anos, no mínimo."
O novo e talvez último filme de um dos cinco maiores diretores norte-americanos de cinema desde 1970, já está disponível nos streamings.
Clint Eastwood acaba de lançar pela WB o valioso e interessante drama de tribunal, 'Jurado número 2' (disponível no Max).
A sinopse traz a história de um homem chamado para compor o júri de um assassinato, até ele descobrir que pode estar envolvido na morte da vítima - por conduta imprudente na direção de automóvel. A partir daí, ele será confrontado sobre o que fazer diante da possibilidade de um inocente ser condenado, para que ele mesmo não venha a ser julgado.
Inicialmente, as reuniões dos jurados no debate do caso parecem retomar a dinâmica do clássico magistral de 'cinema de tribunal' - 12 Homens e uma sentença, de Sidney Lumet, com Henry Fonda.
Mas logo, Clint Eastwood apresenta o seu peculiar caso de tribunal de cinema, em que os espectadores serão convocados a assumir as posições de jurados, a cada nova situação que o filme desenvolve na narrativa.
O tema que provoca os sentimentos e atitudes dos personagens desse drama de tribunal é a consciência moral da humanidade - tanto diante dos fatos do crime quanto da responsabilidade sobre como reagir diante deles.
De modo sábio e instigante, o diretor Eastwood finaliza a narrativa com uma conclusão em aberto, deixando que os espectadores assumam a decisão para o dilema da história.
Assim, as duas horas de 'drama de consciência' que os personagens vivenciam durante a narrativa é algo que irá acompanhar os espectadores por um tempo ainda maior, após o término do filme.
Não há como escapar! Pois os seres humanos carregam consigo o dever de agir com valores morais. Sendo que essa experiência ética diante da vida origina da consciência de todos nós - conforme foi criada por Deus e segue governada por Ele na história.
Dessa forma, os espectadores irão se preocupar com o drama de julgamento do filme exatamente porque há um outro tribunal constante do qual todos partilhamos - o 'Tribunal de Deus'.
Nesse sentido, o comentarista bíblico John Stott esclarece um pouco da origem dessa capacidade moral que toda humanidade carrega, a partir do fato inicial de que fomos criados 'à imagem de Deus': essa expressão trata de "todas aquelas qualidades ou capacidades humanas que nos diferenciam dos animais e nos aproximam de Deus... a primeira delas é que, como seres humanos, somos racionais e temos consciência de nós mesmos. A segunda é que somos seres morais; temos uma consciência que nos conclama a fazer o que percebemos como certo. (...) Assim, somos os únicos seres capazes de pensar, escolher, amar e adorar." (p. 18, 2007).
Especialmente, vamos observar uma declaração que traz o princípio existencial dessa experiência crucial da nossa personalidade diante de Deus. Um conteúdo que indica a realidade mais profunda e essencial dos fundamentos da culpa e responsabilidade do ser humano,
conforme está descrita no Salmo 130, verso 1: "Das profundezas clamo a ti, Senhor; ouve, Senhor, a minha voz!".
No decorrer do salmo, vemos angústias da alma que a consciência traz à tona para que saibamos dessa realidade moral e busquemos tratar da mais grave enfermidade humana - como já dizia o Rei Davi: Pequei contra ti, contra ti somente, Óh Deus!
Segundo John Stott, o salmista se encontra vivendo "em águas profundas, e dessas profundezas ele apela a Deus para resgatá-lo. Uma vez que ele clama por misericórdia, é evidente que as águas profundas representam o pecado, a culpa e o remorso; ele está ciente do juízo de Deus sobre ele e sobre a nação com a qual se identifica (...) "Mas contigo", ele acrescenta imediatamente, "está o perdão" (v. 4)." (p. 99, 2007).
Essa capacidade única do ser humano de viver consciente de si mesmo e da realidade em que existe, conduz o interesse e a preocupação dos personagens principais do filme.
Esse drama da consciência é a experiência ética que os acompanha e faz com que se movam existencialmente, expondo a condição humana essencial de sermos pessoas morais - criados 'à imagem de Deus'.
Nessa realidade moral, mesmo ao entender que o filme está terminado após a sentença do juiz, somos surpreendidos pelos personagens agindo em busca de tratar da consciência que os desafia para viver!
E não somente eles, mas também nós, espectadores. Pois ainda iremos visualizar duas breves cenas, que farão a narrativa recomeçar do zero.
A partir daí, o filme termina. Mas todos seguimos vivendo nossas histórias diante do transcendente Tribunal de Deus - em que vamos adiante, avançando para a maioridade da personalidade.
Pois o drama existencial do filme Jurado N°2 trata da consciência da humanidade, e de como estabelecemos conteúdos éticos na realidade moral conforme a veracidade dos fatos.
Único modo de amadurecer a personalidade com decisões nascidas da sinceridade da dignidade - graça dada por Deus para que não sigamos o caminho da bestialidade.
Ora, enquanto houver a consciência dada ao homem no bendito Tribunal de Deus, haverá também a condição de existir sempre melhor. Feliz Ano Novo!
autor. Ivan S Rüppell Jr é professor de teologia e ciências da religião, autor do livro, 'Resenhas espirituais de meditações cinematográficas', editora Dialética, 2020.
Referências. STOTT, John. A bíblia toda o ano todo. tradução de Jorge Camargo. Viçosa MG, editora Ultimato, 2007.
C. S. Lewis escreveu o livro de ficção teológica 'Cartas do Inferno' para apresentar a Batalha Espiritual pelas almas da humanidade no cotidiano comum de todos nós. Como bem esclarece o Apóstolo Paulo na Carta aos Efésios, "nós não lutamos contra inimigos de carne e sangue, mas com governantes e autoridades do mundo invisível, contra grandes poderes neste mundo de trevas e contra espíritos malignos nas esferas celestiais." (cap. 6, 12). Essa realidade da existência transcendente dos seres humanos surge no primeiro anúncio bíblico do Evangelho de Jesus, o Messias, quando Deus fala para a serpente as seguintes palavras: "Farei que haja inimizade entre você e a mulher, e entre a sua descendência e o descendente dela. Ele lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar." (Gênesis, 3.15). O site da produtora traz a seguinte sinopse ao filme "Oficina do Diabo", que se baseia no livro de Lewis: "O demônio Fausto subiu do inferno para ajudar Nata...
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