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'OS DESCENDENTES' (2011): um tempo juntos como família, no CINEMA.

O diferenciado diretor de cinema Alexander Payne, autor do excelente drama-comédia 'Os Rejeitados' (2023), já está no bom caminho de aprofundar as relações humanas em filmes desde o valioso 'Os Descendentes', (com George Clooney, 2011). Neste filme, Clooney é um advogado no Havaí cuja família será transformada a partir de um acidente de barco que coloca sua esposa em coma no hospital. A família que antes tinha cada membro vivendo sua vida de forma pessoal e isolada, agora vai passar um tempo junto. O pai Matt King (Clooney), a fiha pequena Scottie, a filha adolescente Alexandra e seu amigo fiel vão andar juntos como familia por um período de tempo. E as últimas palavras do marido para a esposa no leito de hospital, pouco antes dela morrer, serão a descrição perfeita de uma 'vida em família' - que todos temos! Mas, às vezes, só descobrimos o valor dessas experiências quando somos obrigados a vivencia-las quase todas de uma vez, num período intenso e único da nossa história. Algo que ocorre em momentos críticos de nossas famílias. Dá uma olhada, então, nas palavras do marido para a esposa, que afirmam de modo resumido, quase 'tudo' que somos uns para os outros, vivendo juntos em família: - "Adeus, Elizabeth. Adeus, meu amor. Minha amiga. Meu sofrimento. Minha alegria. Adeus. Adeus. Adeus." Sim, família traz alegrias, mas também causa sofrimentos. Afinal, somos seres humanos falhos e quando convivemos algum tempo, certamente iremos gerar dores ou criar dificuldades uns aos outros. Mas, também vamos ser companheiros e nos cuidar, sorrir e até brincar, tomara! Nesse contexto, o filme 'Os Descendentes' apresenta facetas e sentimentos diversos da humanidade, desenvolvendo-os de um modo interessante e também profundo, através das relações familiares do protagonista Matt King. A situação de dores e enfermidade obriga que os membros da família vivam agrupados numa convivência forçada, o que também vai gerar um tratamento de seus relacionamentos. Uma experiência vivencial humana valiosa que o diretor Alexander Payne apresenta em ambientes leves e realistas, através de palavras e sentimentos fortes - o que equilibra e aprofunda essa amostra do que é o drama familiar e relacional de todos. Inclusive, vemos no filme aqueles encontros obrigatórios de família que conseguimos vivenciar sem conviver, pois ao invés de estar atentos uns aos outros, queremos logo resolver nossas questões de negócios. E aqui, o contraste entre estes dois encontros familiares - de convívio ou de negócios, traduz as fraquezas e dificuldades de não dedicarmos valor ao encontro familiar. Acerca da espiritualidade desse tema, conseguimos visualizar na história do filme a importância do princípio com que Deus Pai criou a família, e também o modo como orientou seu convívio para abençoar a humanidade. Inicialmente, Deus Pai cria a família definindo que, "o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne" (Génesis 2.24), numa orientação bíblica que significa uma relação de compromisso pessoal e físico entre os dois, assumidos publicamente. E para desenvolver esse projeto relacional para a humanidade, Deus Pai acrescenta as virtudes que deve-se buscar para que o nosso necessário convívio familiar seja produtivo e próspero: "Sujeitem-se uns aos outros por temor a Cristo. Esposas, sujeitem-se cada uma a seu marido, como ao Senhor... Maridos, ame cada um a sua esposa, como Cristo amou a igreja. Ele entregou a vida por ela... Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, porque isso é o certo a fazer. 'Honre seu pai e sua mãe'... Pais, não tratem seus filhos de modo a irritá-los; antes, eduquem-nos com a disciplina e a instrução que vem do Senhor." (Efésios 5.21 6.4). É isso! Observe que Deus cria a família e depois organiza nossos sentimentos para que consigamos permanecer convivendo, pois é somente juntos que iremos tratar nossas faltas e construir bons relacionamentos. Neste sentido, observamos as incríveis dificuldades de relacionamento entre o pai cinquentão e as filhas jovens no filme, como um retrato do conflito de gerações que se alarga na atualidade pós moderna - sendo algo em que os mandamentos de Deus Pai esclarecem como nos posicionar, para o bem da família. Bom filme! autor. Ivan Santos Rüppell Jr é prof de ciências da religião, e publicou o livro, Resenhas espirituais de meditações cinematográficas, edit dialética, 2020.

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