Assistir a um desenho de animação é bem diferente do que passar duas horas no cinema pra ver um filme. Isso porque as histórias do cinema vivenciadas por gente de carne e osso são íntimas demais pra nós. O que já não ocorre nas animações da Disney, Pixar, Dreamworks ou da Produtora LAIKA, que já nos presenteou com os instigantes Coraline e o Mundo Secreto, e ParaNorman; e agora nos brinda com KUBO e as CORDAS MÁGICAS.
Os desenhos são aqueles tipos de produção que parecem nos manter sempre protegidos de suas dores e tragédias. Tocam-nos de leve a alma e parece que ficaremos somente assim, em distante admiração, exatamente por falarem com sutileza sobre os seus dramas, só de animação. Mas, assim que suas ideias chegam ao coração, bem, o impacto é profundo, bastante. Lembro agora, de repente, de UP Altas Aventuras - pela sensibilidade, e de Coraline - pelo horror. Ambas animações com mensagens familiares muito fortes.
Pois bem, a mensagem de "KUBO" surge a partir dos sensatos conselhos que oferece para aquelas situações da vida da gente que são quase imutáveis. Ou, praticamente sem chance de virem a ser diferentes do que hoje são. Os temas são bem universais e humanos, assim como todos nós: falam da morte de gente próxima, e também das doenças que só pioram o estado do paciente, mental e fisicamente. E ainda expõe a luta diária pela sobrevivência ou a necessidade de ter sempre que buscar proteção, até dos familiares. O que fazer diante de uma vida cheia de "tudo isso"?
Calma, o desenho não é uma tragédia. E sua beleza artística e sensibilidade dramática garantem bons momentos pra todo mundo. De tal forma que suas realidades trágicas irão falar às nossas vidas lá no profundo da alma. O que não faz mal a ninguém. Pois fora da realidade também não se vive. A perspectiva espiritual surge de uma abordagem existencial que reconhece que nossas vidas - ou algumas situações já definidas dela, não são e nem um dia serão, vitoriosas ou histórias de conquista e solução. Pelo menos não na perspectiva de sucesso da última geração. Pois todo aquele que corre atrás da propaganda vivencial que indica uma vida de realizações ancorada em aparentes ótimas conclusões; vai, um dia, sim, se deprimir. Mais cedo ou mais breve.
Eis a pertinente mensagem de "KUBO", que nos recorda a realidade daqueles tempos em que nada de novo vai ocorrer em nossa história. O que não significa que somos, todos, uns desgraçados. E também não quer dizer que não há mais vida pra nós debaixo da terra. "KUBO" apenas chama a atenção de todo mundo para um tipo de vida que existe muito por aí, e que também acontece conosco. Pois somos todos humanos, e vivemos - de verdade, dias complicados da história. Até por isso buscamos desenvolver a Espiritualidade, que procura entender o dia de hoje, sem esquecer que haverá um novo dia, amanhã - na eternidade. Compreender isso é aprender a viver como RITAG YOUSSEF, garotinha síria de 8 anos, que TUDO perdeu em seu país; mas ainda assim, afirmou que gosta de viver no Brasil, pois aqui, "NÃO TEM GUERRA"! Seja só um ser humano, simples e bom. E siga em frente.
C. S. Lewis escreveu o livro de ficção teológica 'Cartas do Inferno' para apresentar a Batalha Espiritual pelas almas da humanidade no cotidiano comum de todos nós. Como bem esclarece o Apóstolo Paulo na Carta aos Efésios, "nós não lutamos contra inimigos de carne e sangue, mas com governantes e autoridades do mundo invisível, contra grandes poderes neste mundo de trevas e contra espíritos malignos nas esferas celestiais." (cap. 6, 12). Essa realidade da existência transcendente dos seres humanos surge no primeiro anúncio bíblico do Evangelho de Jesus, o Messias, quando Deus fala para a serpente as seguintes palavras: "Farei que haja inimizade entre você e a mulher, e entre a sua descendência e o descendente dela. Ele lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar." (Gênesis, 3.15). O site da produtora traz a seguinte sinopse ao filme "Oficina do Diabo", que se baseia no livro de Lewis: "O demônio Fausto subiu do inferno para ajudar Nata...
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