sábado, 17 de dezembro de 2016

a ESPIRITUALIDADE dos Anjos MALIGNOS, no Cinema!

Nada mais terrível do que perceber o cotidiano normal nosso de cada dia como algo maligno. Uma percepção da vida humana que a Bíblia afirma ser verdadeira ao declarar que o nosso "mundo jaz no maligno". Algo que o filme "A BRUXA" desenvolve através da narração de diversas situações familiares que ocorrem dentro desta distinta realidade mística da humanidade. Pois o meticuloso enredo do filme descreve os demônios como seres capazes de (con)viver razoavelmente integrados às experiências de vida mais comuns de todos nós. Trata-se de um um olhar cinematográfico bastante incomum, pois na maioria das vezes em que se deseja apresentar algo acerca das ações malignas atuantes sobre nossas almas; bem, elas surgem sempre como graves interferências que transformam a naturalidade da vida. Este é o padrão de bons filmes do ramo, como "Advogado do Diabo", "O Exorcista" e "O Bebê de Rosemary". Jamais ocorrem entre nós com a "naturalidade" com que "A Bruxa" as expõe através de cotidianas cenas familiares no lar. Daí a força do filme! Pois a tensão e os conflitos relacionais da família-personagem movem-se diante de nossos olhos e o que logo percebemos é a grande influência da cultura no que lhes acomete e faz sofrer. Seja a cultura familiar e social deles, ou ainda, a cultura religiosa e espiritual. A partir disto entendemos melhor algumas atitudes do convívio familiar, sendo que salta aos olhos como os encontros e confrontos de pais e filhos, marido e mulher e entre irmãos são recheados de influências culturais oriundos da uma existência humana no planeta que é bastante comum a todos nós. Pois a família-personagem de "A Bruxa" é normal demais, gente. Dentro desta perspectiva mística é que o filme desenvolve a ideia de que há ações malignas agindo entre nós de modo absolutamente natural, pois são geradas em acordo à nossa cultura, e se desenvolvem em meio à experiências de vida bem próximas das que consideramos normais que assim sejam conosco. É assim que as atitudes e sensações mais simples da nossa existência humana bastante natural e comum tornam-se uma experiência de vida que ocorre debaixo de graves influências sobrenaturais malignas. Pois a ação espiritual demoníaca na premissa do filme implica que causar certa confusão emocional e mental, sentimental e relacional em todos nós é exatamente o objetivo dos demônios. Algo que requer um ambiente de normalidade para alcançar sua melhor eficácia. Os demônios atuam em tentação e influência no objetivo de que consideremos (aceitemos) certas experiências da vida como se fossem a mais comum e simplória existência humana de todos nós, nada pra tirar nem pôr. Um jeito de viver pra humanidade que acontece a partir de um plano maligno dissimulado pelo qual se deseja travestir as ações e intenções de um ser mal e consciente, como se fossem apenas ideias e comportamentos culturais comuns à toda nossa espécie. Eis uma ilusão existencial e espiritual que não se deve quieto (aceitar) vivenciar, pois algo que o filme "A Bruxa" deixa bem claro é que certos estilos de vida considerados naturais demais, também carregam consigo algo bastante sobrenatural, do mal. Uma realidade de vida que jamais será benéfica pra nós. Portanto, que o próprio Deus "não nos deixe cair em tentação, mas livre-nos do mal." Já o filme “ADVOGADO DO DIABO” é o melhor thriller dramático espiritual capitalista que já se viu desde a criação da sétima arte. Al Pacino encontrou seu segundo (primeiro?) melhor personagem e Keanu Reeves ultrapassou seu habitual e só comum carisma; pois os dois alcançam valorosas atuações em suas malignas sinceridades. O que se revela um aspecto poderoso do enredo do filme, já que a ação espiritual ruim planeta Terra adentro ocorre dentro (ou bem perto) dos humanos, na maioria das vezes. E nossos Advogados vivem tal realidade em uma (in) feliz espiritualidade humanoide gravemente naturalista – que amedronta e assusta muito, de verdade. Isso porque a interação maligna que cresce gravemente na vida de nossos Advogados, e de seus colegas e familiares, não origina de cerimônias místicas nebulosas e nem ocorre em lugares obscuros e fétidos, mas sim, acontece à luz do mais belo dia que temos visto - seja na mais linda sala de um apartamento na Quinta Avenida ou junto do melhor escritório corporativo de Manhatan. É isso. A realidade, e verdade, dos encontros espirituais malignos entre homens e demônios está aqui (bem) posta. E assim, a perspectiva espiritual de que os humanos se aproximam dos ruins espíritos, que dos humanos também chegam perto - a partir do interesse comum pelas mais desgraçadas paixões e maldades destes, e daqueles; significativamente bem se descreve e desenvolve no filme “Advogado do Diabo". Como se fora um bom prato executivo, com tudo em seu devido lugar – humana, social e culturalmente falando. Não há exageros nem enganos na história maligna mística da vida dos personagens do filme. Exceto, claro, o romance bi-dimensional e seus apocalípticos propósitos. Mas de resto, entre 90 a 95% do filme, é conhecimento espiritual dos bons, conquanto muito ruim o seja. Mas daí vêm sua qualidade, que é a nossa realidade. E a vaidade continua sendo nosso pecado predileto. Pois foi o primeiro, afinal. E pra não dizer que não falei das flores, lá vai: "O EXORCISTA", de William Friedken, 1973. O filme é bem verdadeiro, todo ele. E pra melhor perceber a sua realista espiritualidade utilizamos pra comparação outro clássico do suspense espiritual - o Bebê de Rosemary, de Roman Polanski, 1968. Pois o "Bebê" é irreal em sua abordagem básica espiritual já que a conjunção carnal mística com propósitos malignos não têm base e fundamentos, pelo que se sabe. Mas, bem ao contrário, as razoáveis experiências místicas do filme "O Exorcista" são possíveis, sim, boa parte das vezes. E eis aqui um paradoxo, pois é a comunhão espiritual desregrada e libertária do grupo "espiritual" de "O Bebê de Rosemary", que vai gerar a oportunidade de espíritos perdidos nos visitarem localmente e até dentro de nós. E aí, o resultado será, e pode ser mesmo, experimentar as graves vivências da possessão de O Exorcista. Pois, ainda que o filme clássico de W Friedken aglutine em apenas duas horas de filme extensas experiências místicas de possessão, unindo em uma só pessoa as dores de diversos endemoninhados, o que importa aos espirituais é perceber a narrativa de construção da experiência mística. E as experiências espirituais que se tornam desgraças físicas no "Exorcista" se constroem a partir das práticas relacionais sociais do filme "O Bebê de Rosemary". Foi Paulo, um dos maiores místicos do primeiro século, quem apontou esta possibilidade quando afirmou que reuniões comunitárias idólatras facilmente se transformam em relações místicas espirituais junto de demônios. Sendo que o resultado só irá aparecer mais tarde, já na possessão, às vezes continuada e quase silenciosa, ou exponencial e gritante como a que domina a pobre garota personagem de "O Exorcista". Cuidado! Outro filme interessante e que vale o registro é: "DIABLO", chamado El Diablo aqui no Brasil, e que foi lançado nos EUA em janeiro de 2016, em exibição pela NET TV. Escrito e dirigido por Lawrence Roeck, aproveita o nome e rosto de Scott EASTWOOD para desenvolver um "western spaghetti" do século 21. E dá certo. Isso porque o clima e o mistério, os tiros e a ação às vezes melancólica dos western spaghetti originais bem aparece no filme. Pra quem não sabe, um dos maiores diretores do cinema americano atual, Clint Eastwood, alcançou boa fama internacional a partir da década de 1960 ao estrelar alguns dos mais belos westerns do italiano Sergio LEONE. Filmes como "Por um Punhado de Dólares" e "Três Homens em Conflito", sendo que o melhor foi realizado sem Clint, o belíssimo "Era Uma vez no Oeste". Enfim, o bom filho de Eastwood ao Oeste volta, acrescido agora, de boa dose de espiritualidade. Pois é a peculiar espiritualidade do enredo de EL DIABLO que traz ao filme muito do bom mistério dos antigos werstens spaghetti. Algo que, com Eastwood pai e o grande Sergio Leone, surgia mais da persona e estilo do que do misticismo do personagem da história. Surpresa instigante esta, que observamos Scott Eastwood vivenciar quando assume ser um jovem bandoleiro que, mesmo anos após o fim da guerra civil, ainda carrega consigo graves dramas oriundos de suas batalhas. O rapaz surge em luta consigo mesmo algumas vezes, e com uma selvageria que a guerra incluiu em sua personalidade - pois aparenta ser boa pessoa, lá na essência, o rapaz. Mas, o "espírito" da guerra ainda está lá, firme e forte. Cruelmente violento. E assim caminha o filme, só que não. O fato é que, de verdade, amigos, o filme "Diablo" apresenta aspectos místicos muito mais graves e, porque não, realistas acerca da existência humana do que comumente notamos. Dá até pra dizer que "Diablo" leva ao cinema algo que a boa série Twin Peaks (anos 90) trouxe à TV. (Twin Peaks, seriado de David Lynch, diretor de O Homem Elefante e Veludo Azul.) Ou seja, desenvolve um pouco da experiência humana cheia de iras e confrontos como o resultado de influências espirituais conscientes sobre todos nós. O interessante é que essa perspectiva constrói e move a trama, até seu incrível desfecho, em um drama que vai se revelando místico de forma surpreendente, e bastante inteligente. E faz isso com bom talento tanto ao descrever a personalidade humana quanto pra conseguir escrever um enredo cinematográfico. Fica até a vontade de termos (vermos) um algo mais acerca da complexa existência humana, tão instigante é a proposta, e também os resultados do filme assim que desenvolve a mística figura do personagem principal. Um homem repleto de demônios interiores, e exteriores também. Interessante.

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