terça-feira, 25 de julho de 2017

a Espiritualidade da INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, no Cinema: A CHEGADA

O diretor Denis Villeneuve inicia o filme A CHEGADA sensibilizando a platéia com algumas lembranças maravilhosas da sétima arte: ele recria a cena favorita de Steven Spielberg em Contatos Imediatos do Terceiro Grau, nos faz retornar ao ambiente do planeta Alien o 8 passageiro de Ridley Scott, e ainda nos dá insights de 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Kubrick. Sensacional! Tudo isso pra nos deixar ainda mais inquietos e esperançosos à espera de seu "Blade Runner 2049". Já comprou seu ingresso? O blog AdoroCinema, pra variar, oferece uma análise objetiva e inteligente através do crítico Renato Hermsdorff: "A história se passa nos dias atuais, quando seres alienígenas descem à Terra em naves espalhadas por diversos pontos do planeta... E, para ajudar na comunicação com os ET´s, a Dra Louise Banks (Amy Adams), uma especialista em linguística, é convocada (...). Até o terço final do filme, a relação que Louise estabelece com os aliens soa confusa e carece de sentido - pelo menos, um sentido crível. A partir desse ponto, no entanto... ele começa a ser interligado (...). Apoiado na bela fotografia do experiente Bradford Young, Villeneuve se mostra também um esteta da imagem, alternando com maestria planos e enquadramentos variados, de forma a evocar o trabalho mais recente do cultuado Terrence Malick." É isso mesmo, gente. A CHEGADA é belíssimo no enredo e nas imagens, e sua história apresenta algumas das muitas dificuldades humanas que impedem um bom relacionamento entre as pessoas; tanto entre as que vivem no planeta Terra e também entre nós com seres de outro mundo. O desafio é apresentar os ganhos de uma comunicação entre seres vivos que possa ir além de uma conversa que somente realiza certa troca de informações entre eles. O convite é para superar o comum domínio relacional individualista que determina nossos encontros e desencontros sociais nestes dias de pós-modernidade. Pois o que os humanos mais praticam no filme é um convívio em constante conflito, oriundo de conversas que acontecem no objetivo de logo afirmar cada distinto interesse egoísta das partes. Em contraponto, os contatos primitivos entre a humana Dra Banks e os aliens Abott e Costelo informam pouco, mas estabelecem um relacionamento bem mais verdadeiro. Algo assim como ouvir uma música estrangeira que da letra pouco entendemos, mas que juntos muito partilhamos da melodia e movimento. Foi C S Lewis quem disse que encontrar Deus em espírito é como ser convidado para uma dança, afinal. Enfim, eis alguns pensamentos que o filme vai nos dando e que são mui importantes à Espiritualidade de quase todo mundo, já que relacionamentos espirituais requerem exatamente contatos movidos mais pelo desejo de ali estar, do que das informações e conclusões que dali se podem retirar. Afinal, os ansiosos em definir as questões pra só informar seus pontos de vista na situação, rapidamente transformam encontros relacionais em relações de poder e conquista. E haja afirmações cortantes e declarações finais pra rapidamente definir quem manda na relação. Enquanto a linguista norte-americana compartilha alguns sinais pessoais que revelam pouco a pouco, e cada vez mais algo real da sua personalidade, russos e chineses decidem fazer contato através de jogos - uma dinâmica em que o relacionamento entre os participantes está definido desde o início: é uma competição. Algo parecido com participar de uma reunião em Brasília, em que o tema são os 150 milhões de analfabetos funcionais brasileiros, e ao mesmo tempo em que você pensa "educação", o outro pensa só em marketing político pra ganhar a eleição. É desse jeito, enfim, que a história da comunicação entre humanos e aliens vai chegando ao seu climax - de um confronto sem solução, claro. Mas, a proximidade da briga também faz surgir uma espécie de contato físico que até cria um interesse de compaixão pelo outro. E agora, José: vamos partir para o abraço, ou vamos sair no braço? As dúvidas da visitação alien ao nosso planeta se tornam, então, uma sala de avaliação do nosso constante desafio vivencial da comunicação. Há alguma novidade pra melhor discutir a relação? Ou a competição irá prevalecer, bastante, pra variar? O enredo do filme constrói ideias que seguem na contramão dessas nossas alianças de ocasião, pois valoriza uma atitude relacional que busca construir uma imersão nossa pra dentro da cultura do outro, o alien, a fim de que seja possível uma reprogramação cerebral das percepções humanas, quase sempre egoístas demais. E são os extraterrestres que nos oferecem a boa resposta: somente uma sacrificial doação da personalidade de cada uma das partes irá transformar este confuso contato em um encontro do bem pra todo mundo. Integração é a palavra que explica o bom objetivo de qualquer comunicação. E a Dra Banks isso experimenta tanto ao revelar honestamente seus sentimentos aos aliens, como também quando humildemente reconhece pra onde vai seu coração assim que junto deles partilha algo novo de sua vivência, existencial. A sinceridade diante do outro e de nós mesmos é essencial ao bom aprendizado acerca de como viver os relacionamentos da vida em comunidade, e até na particularidade. Por ora, é isso. Eis algumas das ideias que o filme A CHEGADA nos permite visualizar para melhor vivenciarmos alguns dos encontros humanos que dia a dia partilhamos. Valores importantes pra nossa vida social, desde sempre. Agora, importa perceber como são essenciais para nossa vida espiritual, também. Seja tanto para um auto-conhecimento que começa a levar em conta o espírito que vive dentro de mim, ou ainda, para as relações místicas que irei desenvolver através de minha religiosidade espiritual. Pois o que muito dificulta o bom encontro de nós mesmos com nosso ser interior, e também, impede que aproveitemos a possibilidade de estar junto de Deus, que é exterior. É sim, o nosso constante egoísmo existencial. Algo que nos faz conviver, sempre, em habitual competição. Atitude que impede a vivência de qualquer boa comunicação relacional, especialmente, a espiritual. Foi o Apóstolo Tiago que definiu a imaturidade de nossas conversas, humanoides ou diante de Deus, expondo o propósito peculiar que temos de somente falar pra definir posições, sempre cheios de desejos e paixões. Quase sempre, particulares e interesseiras demais, pra ser verdade. E como são. Fala Tiago: "De onde vêm as guerras e conflitos que assolam o mundo? Vocês acham que acontecem sem razão? Raciocinem. As guerras acontecem porque vocês exigem: "é do meu jeito, ou nada feito". E para terem o que querem lutam com unhas e dentes (...) Sei que vocês nem têm coragem de pedir a Deus. É claro que não! Vocês sabem que estariam pedindo o que não devem. Vocês são crianças mimadas, cada um querendo as coisas do seu jeito... Se tudo que querem é benefício próprio e enganar os outros, acabarão inimigos de Deus." É isso. Egocentrismo demais transforma qualquer encontro diário em um confronto de informações que nos fazem passar longe de sequer, iniciar a boa prática das mais primitivas formas de comunicação. E sem comunhão, não há convívio e satisfação, gente. Nem entre uns e outros, e nem junto do nosso próprio eu interior. Imagine, então, com Deus, o Pai dos espíritos. Cuide-se!

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