quinta-feira, 3 de setembro de 2020

SOBRE A TRINDADE E O FILHO! Devocionais nas INSTITUTAS de J Calvino, p/ Ivan S Rüppell Jr.

Devocionais nas Institutas de João Calvino, Semana 10, Tópico 13, parte 1. Setembro de 2020. A obra teológica “Institutas” do reformador protestante João Calvino contém uma explicação completa do conhecimento de Deus segundo o Cristianismo. O texto a seguir, utiliza um resumo das “Institutas” de Calvino no objetivo de comunicar seu pensamento teológico através de breves devocionais semanais. 13: AS ESCRITURAS ENSINAM QUE A ESSÊNCIA (OU SEJA, O SER) DE DEUS É UNA, E QUE CONTÉM TRÊS PESSOAS. "As Escrituras nos informam que Deus é um Ser infinito e que Ele é Espírito." Porém, um antigo teólogo confundiu bastante a natureza do Ser divino, "ao dizer que tudo quanto vemos e tudo quanto não vemos é Deus." Esse engano é um dos motivos pelos quais Deus fala pouco sobre a sua Pessoa, revelando-nos somente algo acerca da sua grandeza, para que não procuremos medi-lo com nossas próprias mãos. Por isso mesmo, Deus está sempre esclarecendo para toda a humanidade que Ele é "Espírito", a fim de que não procuremos compreende-lo a partir do que é terreno e físico. O Senhor também afirma que Ele habita nos céus para elevar os nossos pensamentos acerca d´Ele, ainda que muitos homens tenham "pensamentos antropomórficos acerca de Deus; ou seja, atribuem a Ele uma forma humana porque as Escrituras falam d´Ele como tendo boca, olhos, mãos e pés." No entanto, essas expressões não representam a Deus, pois o objetivo delas é tratar da nossa dificuldade para compreender a natureza divina; sendo que o motivo para que sejam utilizados estes termos “humanos” é o de procurar revelar algum conhecimento válido sobre a Pessoa de Deus, que nos seja possível entender. "Mas há outra característica especial por meio da qual Deus Se faz mais distintamente conhecido a nós. Ele não somente nos diz que é Uno, mas sim que três pessoas devem ser conhecidas e distinguidas n`Ele." Preste atenção, pois este conhecimento é fundamental para todo aquele que deseja realmente conhecer o Deus verdadeiro! Pois, "quando o autor sagrado chama Cristo de a expressa imagem da pessoa do Pai, sem dúvida atribui ao Pai uma certa subsistência na qual é diferente do Filho - se posso assim traduzir a palavra grega hypostasis empregada em Hebreus 1.3." Sim, pois o escritor não fala neste texto da essência de Deus! - que é uma essência indivisível, sendo algo que tanto o Pai como o Filho têm completamente em si mesmos. O que ele deseja ensinar é que "visto que o Pai se expressou completamente no Filho, diz-se muito corretamente que o Filho é a expressa imagem da pessoa do Pai." Portanto, o texto bíblico indica que há uma essência "particular" de Deus Pai que resplandesce completamente na pessoa do Filho, dando a entender, ainda, que há uma outra "essência" particular (peculiar) no Filho, que igualmente o torna uma Pessoa distinta do Pai. "O mesmo argumento se aplica ao Espírito Santo, que é Deus, mas mesmo assim deve ser distinguido do Pai. Neste sentido, temos recebido o testemunho das Escrituras de que há três pessoas (hipóstases) em Deus." Alguns desprezam o uso da expressão "pessoas" para diferenciar as três personalidades do único Deus, posto que tal termo não está nas Escrituras. "Mas como pode ser ilícito explicar em palavras mais claras aquelas passagens das Escrituras que, para nossa compreensão, são difíceis e obscuras?" Afinal, alguns homens tementes foram convocados na história para apresentar com precisão e clareza nossa crença cristã, no objetivo de que homens maus não continuassem causando confusão. Observe que o homem Ário, por um lado, afirmava que Cristo era Deus e Filho de Deus, e de outro lado, também negava a sua eternidade, declarando que havia sido criado junto de outras criaturas. Daí a necessidade de esclarecer que o Filho é da mesma essência do Pai! Outro a falar deste tema foi Sabélio, que declarou que os termos Pai, Filho e Espírito Santo são somente maneiras distintas de expressar os atributos diferentes de Deus; pois, "ele mantinha que o Pai era o Filho, e o Espírito era o Pai, sem ordem ou distinção." Portanto, por causa destes enganos, entendemos que foi necessário definir que há três pessoas distintas em Deus, e que na unidade de Deus há uma trindade de pessoas. É importante saber que a expressão "pessoa" deseja definir o que é peculiar e particular à uma das pessoas divinas, diante das outras duas pessoas. "E com a palavra "subsistência" quero dizer alguma coisa diferente da "essência" ou do "Ser". Pois, se o Verbo fosse simplesmente Deus, e nada de particular tivesse em Si, João não poderia ter dito que "o Verbo estava com Deus." Ao mesmo tempo, ao dizer que, "e o Verbo era Deus", ele conduz os nossos pensamentos de volta à unidade da essência divina." "Concluímos, portanto, que quando a palavra "Deus" é usada de modo simples e indefinida, ela pertence ao Filho e ao Espírito tão verdadeiramente quanto pertence ao Pai." E quando o Pai é colocado ao lado do Filho, ao falar que o ama ou que o enviou ao mundo, cada pessoa divina se torna distinta em sua subsistência pessoal, diante da outra pessoa. "Agora passarei a dar provas da Deidade do Filho e do Espírito Santo." Observe que ao ler nas Escrituras algo acerca da "Palavra de Deus", não somos simplesmente informados de que Deus declarou algo, mas sim, que se trata daquela eterna Sabedoria que “está” com Deus! Ora, veja que aprendemos nos escritos de Pedro (1 Pd 1.11) que tanto os profetas antigos quanto os apóstolos falavam pelo "mesmo" Espírito de Cristo. E como o Cristo de Deus, conforme o vimos, ainda não havia sido manifestado ao mundo na época dos profetas, eis que entendemos que Pedro utilizava a palavra Cristo para designar o Verbo eterno do Pai. Uma realidade que Moisés observou desde o momento da criação; "pois atribui à Palavra uma participação na Criação ao dizer expressamente que Deus “disse” em todas as suas obras: haja isto ou haja aquilo." Os Apóstolos interpretam as Escrituras ensinando que o mundo foi feito pelo Filho (Hb 1.2), igualmente ao que Salomão (Pv 8.22) e o próprio Cristo afirmam: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também." (Jo 5.17). No princípio de seu evangelho, João "claramente demonstra como Deus, ao falar, criou o mundo"; enquanto também ensina que o Verbo é a causa primária de tudo que existe, sendo eterno Deus como o Pai, mas também distinto na pessoa de Deus Filho. "Seria bom dar aqui uns testemunhos bíblicos à divindade de Cristo." O Salmo 45 afirma: "Teu trono, ó Deus, permanece para todo o sempre." Em Isaías, o Cristo é "Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da Paz" e o Emanuel: "Deus conosco". Em Jeremias 23.6, lemos: "E este será seu nome: "O Senhor é nossa justiça." Observe que "é especialmente digno de nota que as predições no Velho Testamento sobre os atos de Deus são consideradas pelos apóstolos como tendo sido cumpridas em Cristo... (enquanto que) Isaías disse que o Senhor dos Exércitos seria uma pedra de tropeço para Judá e Israel"; sendo que Paulo afirma que esta sentença foi cumprida na Pessoa de Cristo, diante de quem iremos comparecer no tribunal divino, conforme Romanos 14.10-11. O evangelista João testifica que a glória de Jeová vista por Isaías era a glória do próprio Cristo (cap. 6). O próprio Tomé adorou a Cristo com estas palavras: "Senhor meu e Deus meu!" Saibam que todos os milagres de Jesus são uma prova de sua divindade, pois os praticava a partir de um poder inerente em si mesmo, ao contrário dos apóstolos. (*continua na próxima semana). ORAÇÃO: Pai Nosso que estás no céu, que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam conosco. Derrama sobre nós o Espírito da Verdade, para que venha testemunhar ao nosso coração sobre a Pessoa de Cristo. Pois no princípio a Palavra já existia, a Palavra que estava com Deus e era Deus. Assim, a Palavra se tornou ser humano, carne e osso, e habitou entre nós. E vimos a sua glória, a glória do Filho único do Pai. Amém! Ivan Santos Rüppell Jr. Teólogo, Cientista da religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. (pgs 51 a 71 do Resumo das Institutas de J P Wiles).

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