quinta-feira, 10 de setembro de 2020

SOBRE A TRINDADE, O ESPÍRITO, E DEUS! Devocionais nas INSTITUTAS de Calvino, p/ Ivan S. Rüppell Jr.

Devocionais nas Institutas de João Calvino, Semana 11, Tópico 13, parte 2, Set/2020. A obra teológica “Institutas” do reformador protestante, contém uma explicação completa do conhecimento de Deus segundo o Cristianismo. Esse texto apresenta breves devocionais no objetivo de comunicar o pensamento doutrinário das “Institutas”. 13: AS ESCRITURAS ENSINAM QUE A ESSÊNCIA (OU SEJA, O SER) DE DEUS É UNA, E QUE CONTÉM TRÊS PESSOAS. (parte 2). “No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia, a escuridão cobria as águas profundas, e o Espírito de Deus se movia sobre a superfície das águas.” (Gênesis 1.1-2). João Calvino destaca a importância do conhecimento de Deus, conforme foi revelado nas Escrituras, pois, "nas mesmas fontes documentárias devemos procurar a prova da Deidade do Espírito Santo." Afinal, Moisés começou a apresentar esta verdade já nos primeiros registros da criação, ao dizer que o Espírito de Deus pairava sobre as águas, ocasião em que Ele manifestava o seu poder sobre o caos. E há um outro testemunho como este, que nos foi dado pelo Profeta Isaías, ao dizer: "Agora, o Senhor Soberano e seu Espírito me enviaram com esta mensagem..."; a fim de enaltecer a presença do Espírito na autoridade dada aos Profetas, evidenciando a majestade divina de sua Pessoa. Mas, penso que a melhor confirmação desta verdade ocorre em nossa experiência como cristãos, ao reconhecer os atributos santos da divindade presentes na Pessoa do Espírito, sabendo que Ele está em todos os lugares, nos sustenta e traz vida, enquanto nos renova para uma vida incorruptível. "Ora, as Escrituras nos ensinam em muitos lugares que por uma energia que não Lhe foi emprestada, e sim que pertence a Ele mesmo - Ele é o Autor da regeneração. E não somente da regeneração, mas também da futura imortalidade." Observe que é o próprio Espírito Santo que nos capacita para que sejamos sábios e tenhamos eficácia em nossas palavras, sendo que estes poderes pertencem ao Deus Jeová; pois, "vêm d´Ele o poder, a santificação, a verdade, a graça e toda bênção concebível."; conforme as orientações dadas por Paulo, que atribuem ao Espírito todo poder, a fim de esclarecer que Ele é uma pessoa divina: "Tudo isso é distribuído pelo mesmo e único Espírito, que concede o que deseja a cada um." (1 Co 12.11). Sobre o conhecimento da divindade do Espírito Santo, devemos meditar em "um testemunho que requer atenção especial": Paulo declara que nós somos o templo de Deus, sendo que a ocorrência desta promessa decorre da profecia de que receberíamos o Espírito em nossas vidas. Conforme a explicação de Agostinho: "Se tivéssemos sido ordenados a edificar um templo de madeira e de pedra para honrar o Espírito, essa teria sido prova clara da Sua Deidade: quanto mais clara então, a prova que diz que não devemos edificar, mas sim, ser o templo d´Ele! E o Apóstolo Paulo diz num lugar que somos templo do Espírito Santo, com o mesmo significado. Além disso, quando Pedro repreende Ananias por ter mentido ao Espírito Santo, acrescenta: "Não mentiste aos homens, mas a Deus". (At 5.3-4). Observe que o Autor das profecias é o Senhor Jeová, sendo reconhecido desta forma pelos profetas como o “Senhor dos Exércitos”, ao mesmo tempo em que Ele é confirmado por Cristo e pelos Apóstolos, como sendo igualmente o Espírito Santo. A majestade divina do Espírito também se torna conhecida quando entendemos que Ele é tomado por tristeza, diante da rebeldia do povo (Isaías 63.10), e pelo fato de que os pecados cometidos contra Ele devem ser considerados como uma blasfêmia sem perdão, segundo as escrituras; (Mateus 12.31; Marcos 3.29, e Lucas 12.10). Sobre os testemunhos da Palavra de Deus acerca da divindade da Trindade, observamos que "quando Cristo veio ao mundo, Deus Se revelou mais claramente do que nunca e, portanto, ficou sendo mais intimamente conhecido a nós no que diz respeito às Suas três pessoas. E dentre as muitas passagens relevantes no Novo Testamento, bastará uma, (Efésios 4.5): "Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual está sobre todos, em todos, e vive por meio de todos.". O argumento apresentado neste texto é muito claro, e podemos perceber isso da seguinte forma: "visto haver uma só fé, pode haver um só Deus; e visto haver um só batismo, pode haver uma só fé." Eis a razão porque devemos ser batizados no Nome do único Deus verdadeiro, o qual, conforme Cristo ordenou, será em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. As Escrituras ensinam a distinção entre as três pessoas da Trindade, sendo que a revelação desse mistério deve nos causar grande temor, nas palavras de Gregório de Nazianzo: "Logo que contemplo um, estou cercado pela glória dos três; logo que meus pensamentos distinguem os três, são levados de volta ao um." Portanto, devemos saber que ao reconhecer a Trindade, nós honramos de forma devida a unidade do Deus único, pois o ensino das Escrituras indica que há uma distinção sem divisão, entre Eles. O Verbo estava com Deus e desfrutou de Sua glória porque era distinto d´Ele. O Pai igualmente criou todas as coisas pelo Verbo porque é distinto d´Ele, sendo que não foi o Pai que desceu ao mundo, morreu e ressuscitou; mas sim, aquele que foi enviado pelo Pai, o Filho. E ainda, "Cristo infere que há uma distinção entre o Espírito e o Pai, ao dizer que o Espírito procede do Pai; e distingue o Espírito de Si mesmo ao chamá-LO "outro"; quando diz: "O Pai vos dará outro consolador". Não pretendo tratar desse mistério através de ilustrações naturais, ao mesmo tempo em que não posso me calar sobre uma distinção tão clara, conforme foi dada nas Escrituras. "É da seguinte natureza: ao Pai é atribuído o começo da operação, a fonte e origem de todas as coisas; ao Filho, a sabedoria e o conselho, a dispensação de todo o governo; ao Espírito, o poder e a eficácia demonstrados na ação." E ainda que as três Pessoas sejam igualmente eternas, como o único Deus é eterno; "no entanto, a observância de uma certa ordem em falar das pessoas divinas não é vã nem supérflua: o Pai é assim considerado o primeiro, o Filho é da parte do Pai, e o Espírito é da parte de ambos. Nossa mente pensa instintivamente em Deus como sendo o primeiro, e depois, da Sua Sabedoria que procede da parte d´Ele, e finalmente, do poder do Espírito pelo qual os decretos do Seu conselho são executados. (...) Em nenhum lugar é isto mais claramente apresentado do que no cap. 8 de Romanos, onde o mesmo Espírito é primeiramente chamado o Espírito de Cristo, e depois, o Espírito d´Aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos." Pedro confirma esse entendimento para nós, pois esclarece que os Profetas falaram pelo Espírito de Cristo, enquanto as Escrituras ensinam que foi pelo Espírito de Deus Pai que eles falaram; o que nos faz compreender que todos Eles são igualmente Um! Segundo Agostinho: "Cristo, quando considerado somente em relação a Si mesmo, é chamado Deus; em relação ao Pai, é chamado o Filho. E, outra vez, o Pai, considerado em Si mesmo, é chamado Deus; com respeito ao filho, é chamado o Pai. O Pai não é o Filho, e o Filho não é o Pai, mas o Pai e o Filho são o mesmo Deus." Observe que "esta distinção entre as pessoas, em vez de ser oposta à unidade da essência divina fornece uma prova disso. A unicidade do Filho com o Pai aparece nisto: que Eles têm um só Espírito; e o Espírito não pode ser algo diferente do Pai e do Filho por esta mesma razão, que Ele é o Espírito do Pai e do Filho. De fato, em cada pessoa está a Deidade inteira, ao mesmo tempo que cada uma tem Sua própria personalidade distinta." Portanto, é necessário declarar com sobriedade que cremos num só Deus: "único e indiviso, em quem há três pessoas; e, portanto, quando usamos o vocábulo "Deus" de modo indefinido, queremos dizer o Filho e o Espírito tanto quanto o Pai." E para respeitar à ordem dada na revelação acerca da Trindade divina, devemos utilizar a palavra “Deus” somente para a pessoa do Pai, quando o citamos junto da pessoa do Filho, como quando dizemos: o Filho de Deus e o Espírito de Deus. Pois, quando honramos esta ordem das Pessoas de forma correta, nós também reverenciamos a essência Única de Deus, ao mesmo tempo em que não desprezamos a Divindade do Filho e do Espírito Santo. ORAÇÃO: Pai Nosso que estás no céu, ilumina o nosso conhecimento mental e as sensações do nosso coração, para que estejamos sempre diante da tua Majestade integral, ao invocar o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Não nos deixa confusos ou no engano acerca do Senhor, pois queremos adorar o teu nome com a devida reverência e honra, gratidão e amor. Bendito seja o Deus Único de toda terra para sempre, Exaltado seja o seu Nome em todo lugar, Magnificado seja Deus, o Pai, o Filho, e o Espírito Santo. Amém! Ivan Santos Rüppell Jr. Teólogo, Cientista da religião e Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil. REFERÊNCIAS: CALVINO, João. AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Editora Cultura Cristã, SP, 2006. WILES, J. P. Ensino sobre o Cristianismo – uma edição abreviada de AS INSTITUTAS DA RELIGIÃO CRISTÃ, Publicações Evangélicas Selecionadas, São Paulo/SP. (pgs 51 a 71 do Resumo das Institutas de J P Wiles).

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