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APOLOGÉTICA AULA 2. Resumo e citações. Seminário Presbiteriano do sul - extensão Curitiba, 2025.

Esse texto tem objetivo didático de orientação para a disciplina Apologética do Curso de Teologia do Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba. O texto contém resumos e citações longas, devendo ser utilizado somente como apoio do estudo da disciplina. Professor Ivan Santos Rüppell Jr, 2025. AULA 2. ITEM 1. A partir do conteúdo do livro, Breve Cartilha de Apologética, de James W Sire, iremos estudar o desenvolvimento do tema nos textos bíblicos. ANÁLISE DE TEXTOS BÍBLICOS. Texto 1. 1 Pedro 3. 13-17. "O núcleo intelectual da apologética está no coração dessa passagem. Os cristãos da Ásia Menor devem estar prontos para apresentar sua defesa (apologia) da esperança especial que possuem. Mas esse núcleo intelectual é estabelecido em meio à situação social que os cristãos estavam enfrentando." "No grego antigo, apologia era um termo associado com a resposta a uma acusação em juízo". (p. 12, 2023). Texto 2. "Apologética como explicação e proclamação." Atos 2. Na vinda do Espírito Santo no Pentecostes, o Apóstolo Pedro "explicou o que estava acontecendo, estabeleceu a ligação com a profecia hebraica, e então lhes explicou quem era aquele a quem haviam, há pouco, crucificado, o que havia sucedido posteriormente (a ressurreição) e, novamente fazendo referência às Escrituras, o que tudo aquilo significava." (p. 14, 2023). Texto 3. 1 Coríntios 2.1-5. "Apologética como uma forma de demonstração de humildade espiritual". Paulo deixa Atenas e segue até Corinto, vindo a ensinar nas sinagogas, aonde foi rejeitado, decidindo então, residir na casa de Tício, homem "temente a Deus - gentio atraído à crença e adoração judaicas". Essa residência se tornou um local "neutro", em que Paulo ministrou durante 1,5 ano, com muitas conversões, inclusive do oficial da sinagoga, Crispo. Na leitura de 1 Coríntios, anotamos uma mensagem paulina com "apelo emocional", que mais do que rejeitar a mensagem "intelectual" anterior de Atenas, parece sugerir que "ele estivesse novamente adaptando sua abordagem para servir em um novo contexto." Diante dos intelectuais em Atenas, Paulo deu respostas intelectuais, e na "agitada cidade portuária" de Corinto, "sua mensagem era a mesma, mas ele casava sua abordagem à audiência." Uma ministração somente filósofica para uma comunidade tão cheia de questões práticas e comportamentais não daria tanto resultado como o modo em que Paulo buscou expor o pensamento cristão naquele local. (p. 15-16). Texto 4. 1 Coríntios 9. 19-23. Esse texto traz uma apologética de defesa da pessoa e missão de Paulo, sendo uma "apologética íntima, participativa, característica de um estilo de vida, e pessoalmente engajada. É o evangelho sendo vivido." (p. 16). Texto 5. 2 Coríntios 10.1-6; Judas 3. Prestes a retornar para Corinto, Paulo foi acusado de ser alguém "inconsistente", especialmente entre sua mensagem escrita e quando atuava pessoalmente, com uma acusação de que ele agia com "disposições de mundano proceder". Numa situação de contexto de "disciplina eclesiástica", Paulo afirma que irá realizar tal ação pessoalmente, caso seja necessário, especialmente para tratar "a apostasia e mau comportamento" na igreja. Paulo deseja submeter todos os pensamentos e disposições contrárias "à obediência em Cristo", ao definir que não irá ministrar na "força humana de seu caráter, ou o poder de sua racionalidade, mas (pelo) divino poder espiritual da verdade do próprio Deus." Observe que levar todo pensamento cativo a Cristo, nesse texto, não trata de audiências intelecutais e acadêmicas, mas de uma audiência de membros da igreja. Embora o objetivo seja o mesmo, de anular o que se levanta contra o conhecimento de Deus, as audiências são diferentes e os argumentos também deverão ser. Ensinar que todos os seres humanos devem se submeter a Jesus através do conhecimento do modo em que Deus é Criador e Sustentador de tudo que existe - portanto, de "tudo e de todos", requer anotar se a argumentação será intelectual ou exortativa. Paulo age de forma disciplinadora e grave, seguindo o modelo de Jesus, quando o Senhor tratava com os escribas e fariseus. (p. 16-17). Texto 6. 1 João 1.1-4. "Apologética como testemunho pessoal". João utiliza e faz referência ao texto inicial de seu Evangelho, como base de sua apologética. "João declara sua autoridade para escrever: ele mesmo havia testemunhado o Verbo da vida... A aceitação da encarnação - o Verbo que se fez carne - é, em si mesma, o que atesta o verdadeiro profeta (1 Jo 4.1-3)." (p. 17). Ainda que João escreva aos crentes nas igrejas, ele faz uma defesa da fé cristã no objetivo de que os discípulos devem seguir Jesus de forma integral em tudo que se refere à existência humana. Texto 7. João 20.30. "Apologética como apresentação de Jesus Cristo como Deus." Aqui, vemos como a apologética é igualmente desenvolvida através de textos e documentos. "A própria estrutura retórica do evangelho de João fundamenta isso. O chamado prólogo (Jo 1.1-18) estabelece o fundamento epistemológico para o argumento. Há cinco razões entrelaçadas para o porquê de podermos conhecer quem é Deus, o que ele é, bem como, o que são a humanidade e o universo." Deus existe, conhece tudo que existe, sendo Ele a própria inteligência e significado, com esse conhecimento sendo cristocêntrico, revelando que o próprio Jesus é pessoalmente o criador, modo em que tudo adquire sentido, pois Deus ilumina os homens para que tudo isso saibam e creiam. "A argumentação do restante do evangelho repousa sobre esse fundamento ontológico: O Deus Que Existe é também o Deus Que Conhece." "A segunda seção do evangelho de João (1.19-12.49) narra os encontros de Jesus com uma variedade de homens e mulheres", em encontros que demonstram aceitação e negação da Pessoa de Jesus, que está se revelando como aquele que carrega em si as declarações iniciais do evangelho, sendo que esse tema apologético é concluído no cap. 12. (p. 18-19). Nos caps 13 a 17, Jesus fala particularmente aos discípulos, dando conhecimentos profundos da espiritualidade cristã; enquanto que os caps 18 a 20 narram a paixão, morte e ressurreição, sendo "eventos (que) servem como um selo para o argumento. Um homem como esse verdadeiramente é o Filho de Deus, enviado pelo Pai para nos possibilitar a vida eterna junto a Deus." (p. 19). Ainda que os evangelhos sinóticos não sejam formatados como "argumentos", eles oferecem informações e testemunhos sobre "Quem é Jesus", tornando as suas respostas em texto apologético. "Os evangelhos dão testemunho dele, nos fazem encará-los e nos apresentam sua ordem de tomarmos uma decisão. Não há apologética mais forte que essa." (p. 19, Sire, 2023). Texto 8. "Apologética como confrontação". Atos 17. 16-34, Paulo atua diante dos filosófos na academia. "Os gregos não conheciam as Escrituras, mas mesmo que as conhecessem, não lhes dariam qualquer credibilidade. A abordagem de Paulo foi traçar distinções entre o evangelho (e a cosmovisão cristã, em geral) e a cosmovisão dos Epicureus, Estoicos, e gregos, em geral. (...) Esse evento em Atenas, dizem alguns, é o modelo por excelência de apologética no contexto dos debates de conhecimentos, como as atuais universidade." (p. 13-15, 2023). REFERÊNCIAS. MCGRATH, Alister. Teologia sistemática, histórica e filosófica. Uma introdução à teologia cristã. Shedd publicações. tradução Marisa de Siqueira Lopes. São Paulo, 2005. MCGRATH, Alister. Apologética pura & simples. Como levar os que buscam e os que duvidam a encontrar a fé. Alister McGrath. Ed Vida Nova, São Paulo, 1 ed, 2013. SIRE, James W. Breve cartilha de Apologética. tradução de Rodrigo Carrijo e Silva. - São Paulo : Cultura Cristã, 2023. AUTOR. Ivan Santos Rüppell Jr é professor de ciências da religião e teologia, Igreja Presbiteriana do Brasil. Referências:

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