Esse texto tem objetivo didático de orientação para a disciplina Apologética do Curso de Teologia do Seminário Presbiteriano do Sul - extensão Curitiba. O texto contém resumos e citações longas, de diversos livros e obras, devendo ser utilizado somente como apoio do estudo da disciplina. Professor Ivan Santos Rüppell Jr, 2025.
ITEM 1. MÉTODOS DE ESTUDO. APOLOGÉTICA.
MÉTODO CLÁSSICO OU TRADICIONAL. Reflexão. Acerca do texto de 1 Pedro 3.15, "santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração", eis que temos um compromisso do cristão diante de Jesus, sendo que, há pensadores e teológos que entendem que "este" compromisso não deverá ser anunciado no momento da apologética, mas sim, deve-se usar "critérios e padrões que o próprio descrente possa aceitar. Assim, lógica, fatos, experiência, razão e coisas como tais se tornariam fontes da verdade." Essa exclusão da autoridade das Escrituras parece ser bom senso, num "raciocínio circular" em que não desenvolvemos o pensamento cristão em argumentos aos de fora; sendo algo que, nessa situação, não iria ocorrer mediante uma proposta de evangelização, pois não se requer para essa conversa que o ouvinte creia e aceite a existência e autoridade de Deus. Para mover o diálogo entre cristãos e não cristãos, busca-se essa neutralidade, em padrões aceitáveis aos de fora, como "(lógica, fato, consistência ou o que seja)". "Esse tipo de apologética é, algumas vezes, chamado de método clássico ou tradicional, dado que reivindica que muitos o defenderam por intermédio da história da igreja, particularmente os apologetas do século 2 (Justino Mártir, Atenágoras, Teófilo e Aristides)" além de Tomás de Aquino (séc 13) e Joseph Butler, (séc 18). Observe que os "apologetas tradicionais" não estão negando o conteúdo e o compromisso cristão em sua comunicação, apenas buscam "um argumento neutro, um que não tenha pressuposições distintamente bíblicas." (Frame, p 14, 2010). No entanto, mesmo reconhecendo valor nesta tradição, o autor entende que a orientação do Apóstolo Pedro requer uma apologética junto de um compromisso diante do senhorio de Cristo. Deve-se santificar a Cristo no coração quando respondemos as questões necessárias. "Em um contexto mais amplo, Pedro está dizendo a seus leitores que façam aquilo que é certo, a despeito da oposição dos incrédulos (vs 13-14)." Pedro entende que a verdade em sua completude deve ser o nosso argumento na apologética. "O senhorio de Cristo não é somente último e inquestionável, não apenas acima e além de todas as autoridades, mas também cobre todas as áreas da vida humana", vindo a orientar todo pensar e refletir, saber e conhecimento. "O ponto não é se os descrentes são simplesmente ignorantes da verdade. Antes, Deus se revelou a cada pessoa com evidente claridade, tanto na criação (Sl 19; Rm 11.18-21) quanto na natureza do homem (Gn 1.26ss). Em certo sentido, o incrédulo conhece a Deus (Rm 1.21). Em algum nível de sua consciência ou inconsciência permanece tal conhecimento. (...) Isso significa não apenas que o apologeta tem de santificar a "Cristo como Senhor" em seu coração, mas também que seu argumento tem de pressupor esse senhorio. Nosso argumento tem de ser uma exposição do conhecimento e da sabedoria baseados no "temor do Senhor", não uma exibição de estultícias da incredulidade". (...) "Nosso testemunho será a sabedoria de Deus ou a estúlticia do mundo. Nada poderá haver no meio delas." (Frame, p. 15-17, 2010).
ITEM 2.
Nosso conteúdo programático requer estudo introdutório sobre "Métodos da Apologética", e, neste objetivo, indicamos o seguinte link para leitura, além do livro ali exposto sobre o tema: https://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/03/uma-introducao-as-cinco-visoes-sobre-apologetica/. CITAÇÃO. Artigo: (UMA INTRODUÇÃO ÀS CINCO VISÕES SOBRE APOLOGÉTICA).
O livro Five Views on Apologetics [Cinco Visões sobre Apologética], editado por Steven B. Cowan, leva o leitor a comparar e contrastar formas diferentes de “fazer” apologética; por Vinícius Musselmam). (*TEXTO COMPLEMENTAR: LUZEIRO, CRER E PENSAR. O que é Apologética).
"O objetivo da apologética é responder persuasivamente a objeções honestas que mantém as pessoas longe da fé em Jesus Cristo. O livro Five Views on Apologetics examina o “como fazer” da apologética, colocando cinco visões importantes sob o microscópio: clássica, evidencial, pressuposicional, epistemologia reformada e caso cumulativo. Oferecendo um fórum para apresentação, crítica e defesa, este livro permite que os contribuintes interajam com os pontos de vista diferentes. 4 ª capa, Five Views on Apologetics."
Citações iniciais de cada método: "Método Clássico, do artigo:
O método clássico é uma abordagem que começa empregando a teologia natural para estabelecer o teísmo como a cosmovisão correta. Após a existência de Deus ter sido assim demonstrada, o método clássico passa para uma apresentação das evidências históricas para a divindade de Cristo, a confiabilidade da Escritura, etc., a fim de mostrar que o Cristianismo é a melhor versão de teísmo, em oposição ao, digamos, judaísmo e islamismo. (*) "A ideia é apresentar provas e evidências da existência de Deus... (e) um dos seus principais objetivos é defender a veracidade teológica do cristianismo... além das evidências para a existência de Deus, ele foca em apresentar a divindade de Cristo e a veracidade da Bíblia... os apologetas clássicos aceitam a validade das provas tradicionais, como por exemplo o argumento moral (senso de bem e mal) que é considerado neste método." (...) O Método Evidencial.
O método evidencial tem muito em comum com o método clássico, exceto na resolução do problema com respeito ao valor dos milagres como evidência. O evidencialismo como método apologético pode ser caracterizado como uma abordagem “de um passo”. Os milagres não pressupõem a existência de Deus (como afirmam a maioria dos apologistas clássicos contemporâneos), mas podem servir como um tipo de evidência a favor da existência de Deus. Esse método é bastante eclético em seu uso das várias evidências positivas e críticas negativas, utilizando tanto argumentos filosóficos como históricos. (*) Próximo ao método clássico, mas sem "compromisso direto à teologia cristã", de forma que algumas vezes irá se dedicar a "apresentar evidências racionais... mas sem a cosmovisão Cristã de que Jesus é Deus, por exemplo... O método pode reforçar um deísmo e também o deísmo cristão, trabalhando evidências que reforçam os argumentos de sua veracidade".
(...) O Método do Caso Cumulativo.
O terceiro dos Quatro Grandes é o método do caso cumulativo. O termo “caso cumulativo” é usado por apologistas de maneiras diferentes daquela que estamos usando neste contexto, mas Basil Mitchell, um antigo proponente dessa visão, deu a esse método tal nome, e assim o usaremos aqui. O leitor cuidadoso sem dúvida observará que esse método pertence à mesma família ampla do método evidencial (e talvez clássico). Contudo, ficará evidente também que como uma estratégia argumentativa, o método do caso cumulativo tem algo distinto a oferecer. De fato, essa abordagem apologética surgiu por causa da insatisfação que alguns filósofos tinham com os outros métodos do tipo evidencial (i.e., os dois primeiros dos Quatro Grandes) (...) (*) Método próximo aos dois anteriores, mas com uma "abordagem exclusiva". Se apresenta como uma "grande tese de defesa, acumulando diversas evidências históricas e lógicas para construir um caso de defesa da fé."
O Método Pressuposicional.
Devido aos efeitos noéticos do pecado, os pressuposicionalistas geralmente sustentam que não existe terreno comum suficiente entre crentes e incrédulos que permitiria os seguidores dos três métodos anteriores alcançar os seus objetivos. O apologista deve simplesmente pressupor a verdade do cristianismo como o ponto de partida apropriado na apologética. Aqui a revelação cristã nas Escrituras é o quadro através do qual toda a experiência é interpretada e toda a verdade é conhecida. Várias evidências e argumentos podem ser estabelecidos em favor da verdade do cristianismo, mas esses no mínimo pressupõem implicitamente premissas que podem ser verdadeiras apenas se o cristianismo for verdadeiro. Os pressuposicionalistas tentam, então, argumentar transcendentalmente. Isto é, eles argumentam que todo significado e pensamento – na verdade, todo fato – pressupõe logicamente o Deus das Escrituras. (*) Há uma pressuposição de que o Cristianismo deve ser apresentado como um sistema de pensamento suficiente e absoluto em si mesmo, "ou seja, ele não precisa de fatores externos para comprova-lo... já que a verdade Bíblica será superior a qualquer outro método de raciocínio, seja baseado em sensações ou razão... A verdade de que Deus Todo Poderoso criou o universo é tão evidente que são os ateus que precisam argumentar em contrário...".
(...) A Abordagem da Epistemologia Reformada
“Desde o Iluminismo”, diz Clark, “tem havido uma demanda para expor todas as nossas crenças às críticas esquadrinhadoras da razão” (…). Dizem-nos que se uma crença não é apoiada por evidência de algum tipo, é irracional crer nela. A epistemologia reformada desafia essa suposição epistemológica “evidencialista”. Aqueles que defendem essa visão sustentam que é perfeitamente racional uma pessoa crer em muitas coisas sem evidência. De maneira mais impressionante, eles argumentam que a crença em Deus não requer o apoio de evidência ou argumento para que isso seja racional. A apologista da epistemologia reformada não evita necessariamente estabelecer argumentos positivos em defesa do cristianismo, mas ele argumentará que tais argumentos não são necessários para a fé racional. Se Calvino está correto que os seres humanos nascem com um sensus divinitatis (senso do divino) inato, então as pessoas podem correta e racionalmente chegar a ter uma crença em Deus imediatamente, sem o auxílio de evidências.
Para o epistemologista reformado, então, o foco tende a estar na apologética negativa ou defensiva, à medida que desafios à crença teísta são encontrados. No lado positivo, contudo, o epistemologista reformado irá, nas palavras de Clark, “encorajar os incrédulos a se colocarem em situações onde as pessoas são tipicamente apanhadas pela crença em Deus” (…), tentando despertar nelas seu senso latente do divino. (...) (Fonte: Cowan, Steven B. (editor), Five Views on Apologetics, Zondervan, Grand Rapids, Michigan, 2000. Páginas 15-20. Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – abril/2011 – monergismo.com). (*) "Esse método diz que a crença em Deus é algo natural do ser humano, ou seja, é uma crença básica e que não precisa de defesa. Esse argumento encontra base bíblica nos dois primeiros capítulos da carta de Paulo aos Romanos. A ideia ganhou força com João Calvino, na Reforma Protestante, que dizia que todo homem nasce com um senso do divino."
AUTOR. Ivan S Rüppell Jr é professor de ciências da religião e teologia, Igreja Presbiteriana do Brasil.
C. S. Lewis escreveu o livro de ficção teológica 'Cartas do Inferno' para apresentar a Batalha Espiritual pelas almas da humanidade no cotidiano comum de todos nós. Como bem esclarece o Apóstolo Paulo na Carta aos Efésios, "nós não lutamos contra inimigos de carne e sangue, mas com governantes e autoridades do mundo invisível, contra grandes poderes neste mundo de trevas e contra espíritos malignos nas esferas celestiais." (cap. 6, 12). Essa realidade da existência transcendente dos seres humanos surge no primeiro anúncio bíblico do Evangelho de Jesus, o Messias, quando Deus fala para a serpente as seguintes palavras: "Farei que haja inimizade entre você e a mulher, e entre a sua descendência e o descendente dela. Ele lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar." (Gênesis, 3.15). O site da produtora traz a seguinte sinopse ao filme "Oficina do Diabo", que se baseia no livro de Lewis: "O demônio Fausto subiu do inferno para ajudar Nata...
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