domingo, 29 de outubro de 2017

a Espiritualidade da Reforma PROTESTANTE, no cinema: LUTERO

Há 504 anos atrás um monge da Igreja Católica ficou mais preocupado com o espírito do homem do que com a instituição religiosa dos homens. Quando suas propostas de renovação foram rejeitadas, um grupo de fiéis "protestou"; situação que deu nome à Reforma Protestante do Cristianismo, no século 16. O filme LUTERO (Luther, 2003: Alemanha/Estados Unidos) condensa de forma objetiva o drama espiritual do homem Lutero e, os debates doutrinários e as consequências sociais, políticas e religiosas ocorridas à época. Pois o Cristianismo se organizou em Três movimentos religiosos espirituais através da História desde a vinda de Jesus Cristo ao mundo: a Igreja Católica Apostólica Romana, a Igreja Ortodoxa Oriental (1054), e a Igreja Protestante, que surgiu em outubro de 1517, sob a liderança de um monge agostiniano e professor de teologia, o alemão Martinho Lutero. O filme tem uma produção qualificada conforme requer a realização de um drama histórico, apoiado em boas interpretações e uma eficiente direção junto da marcante presença de Peter Ustinov no seu último filme. Sendo que o enredo cinematográfico vai apresentar em cenas consistentes um bom número de situações vivenciadas pelo reformador, como irei desenvolver a seguir. O protagonista Lutero surge de forma autêntica na atuação de Joseph Fiennes, que representa de forma impactante a personalidade do líder da Reforma. Uma presença personalista que comprova que até mesmo contextos históricos "prontos" para serem transformados, ainda assim, requerem lideranças humanas como agentes de renovação da realidade. Afinal, as visões de mundo da Idade Média somente foram sobrepujadas pelo Renascimento assim que alguns homens assumiram o encargo de conduzir as mudanças necessárias que o horizonte apontava. E como ocorre muitas vezes na história, as transformações culturais da Reforma Protestante iniciaram em razão de um despertamento interior lá no espírito do homem, assim que ele enxerga na própria alma os vazios e angústias que ali residem. E foi vivenciando incertezas existenciais bastante reais, que Lutero atemorizou-se diante de Deus assim que um raio caiu perto dele, na época em que iniciava seus estudos de Direito na Universidade de Erfurt. Situação que o fez meditar na realidade da morte e da condenação ao inferno, oriundos da Justiça de Deus, numa experiência religiosa que resultou na decisão de tornar-se monge. Pois cada homem age espiritualmente dentro de seu conhecimento e segundo a cultura de seu tempo. Daí a importância de buscar um melhor entendimento das verdades espirituais da humanidade para oferecer respostas benditas à nossa alma em ocasiões oportunas. E foi esta busca existencial que transformou a vida de Martinho Lutero dali em diante, pois tornar-se um monge foi sua primeira opção para fugir da condenação espiritual. Isto porque a mais piedosa espiritualidade alemã cristã da época ensinava que somente depois de praticar boas atitudes morais é que o homem receberia um retorno favorável de Deus; sendo este, então, um dos tantos projetos religiosos que prometiam livrar os homens do juízo divino para bem salvar as suas vidas, na eternidade. E dessa maneira, Lutero acabou se tornando um dos religiosos mais disciplinados de seu tempo. Só que a alma, essa desgraçada, continuava amargurada; e bastante assustada diante de Deus e da morte que continuava levando consigo a humanidade. Em meio a tais aflições e ansiedades espirituais, Lutero se dedicou mais profundamente aos estudos teológicos na Universidade de Wittenberg a partir de 1512. Buscava acalmar e dar direção a seus dilemas espirituais, o que o fez tornar-se um aprendiz de Agostinho de Hipona, e o resultado foi que a Bíblia se transformou na sua principal fonte de conhecimento sobre Deus. E "dentro" da Bíblia, Lutero se tornou discípulo de São Paulo; algo que o levou para um encontro direto com a própria Pessoa Espiritual do Deus do Universo, a partir dos ensinos da "justificação pela fé" da Carta aos Romanos 1.17: "As boas-novas revelam como opera a justiça de Deus, que, do começo ao fim, é algo que se dá pela fé. Como dizem as Escrituras: "O justo viverá pela fé". É por aí mesmo, meu amigo! Lutero foi desafiado a parar de procurar um contato com Deus baseado nas suas melhores obediências religiosas, para, ao contrário disso, ir logo encontrar Deus Pai em Pessoa pela fé através de Jesus Cristo! As boas obras viriam somente depois, como consequência dele ter experimentado aquele encontro inicial com Deus; o que lhe permitiria renovar sua maneira de viver a partir dali. Eis a razão porque este projeto de religião (religação de um relacionamento) com o próprio Deus através da Pessoa de Jesus Cristo, chama-se, então: Cristianismo! Veja que no Cristianismo, o medo do juízo divino sobre a alma dos homens em razão de seus pecados, é superado pela promessa do amor de Deus que perdoa, e acolhe os homens pecadores para os transformar, conforme ensinado no Evangelho; que por isso mesmo é chamado de as "Boas Novas" de Jesus. Essa é a mensagem espiritual mais transformadora da história, pois ao invés de prometer bênçãos divinas como um resultado do esforço humano; oferece uma vida junto da Pessoa de Deus de maneira graciosa a partir da fé do fiel. E a espiritualidade da humanidade e a organização da religiosidade de quase todo mundo seguem adiante através de boas cenas do filme, trazendo reflexões e debates, além de certas decisões pessoais, sociais e políticas importantes. Martinho Lutero vai praticar o princípio espiritual de que se deve adorar a Deus "em espírito e em verdade", pois irá negar qualquer doutrina que sua espiritualidade racional o oriente a discordar, pois pretende ter convicção do que crê! Também irá promover a tradução dos livros da Bíblia do latim para o alemão, no objetivo espiritual de que o povo germânico mais comum consiga aprender por si próprio o caminho, a verdade e a vida de Deus conforme os ensinos e as palavras do próprio Jesus Cristo. E um bom número de situações sociais e políticas iniciadas à época da Reforma Protestante de Outubro de 1517 igualmente estão no filme, revelando as boas e más atitudes que movem os homens em tempos de renovação da sociedade a partir dos anseios do espírito. Pois uma espiritualidade saudável requer ser assim, sempre renovando a realidade de todos nós. E quando vier, que venha com Amor a Deus e Amor ao próximo, pois destes dois mandamentos dependem toda a Lei de Deus. Bom filme.

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