domingo, 15 de outubro de 2017

a Espiritualidade no Cinema: dos SONHOS à Realidade: PASSAGEIROS

Como bem definiu minha esposa, PASSAGEIROS (Passengers, 2017) é um filme prazeroso de assistir porque além de ter um início interessante e um enredo envolvente, também tem um final de verdade pra chamar de seu. Algo importante de valorizar já que filmes com ideias criativas comumente acabam sem nunca terminar as suas histórias. Fazer o que, né... Enfim, eis outra boa razão pra assistir o filme. Segue uma breve sinopse (site: adorocinema) deste romance aventuresco com Jennifer Lawrence e Chris Pratt: "O ponto de partida desta ficção científica é interessantíssimo. A bordo de uma espaçonave transportando seres humanos para a vida em outro planeta, um homem e uma mulher acordam no meio do percurso, e ainda têm 90 anos para viverem – e morrerem – durante o trajeto...". Bem, ficamos por aqui na análise até porque o crítico Bruno Carmelo (site) entendeu que o potencial do enredo não foi bem aproveitado pelo diretor. Mas, enfim, isso já é uma outra história, pois o nosso tema é somente a espiritualidade do filme, certo? Neste sentido, o que rápido se remexe lá na alma assim que assistimos "Passageiros" é um denso drama existencial que rápido nos conduz para uma ansiosa reflexão espiritual, mais até do que seria da nossa vontade sentir e pensar. Pois "Passengers" traz de volta o antigo ideal adolescente de que um dia iriamos mudar (e ganhar) o mundo, à nossa maneira, lembra? Uma realidade que se revela bem complicada para a maioria da população, até porque muitas daquelas boas ambições nem sempre acontecem conforme o combinado assim que as conquistamos. E agora, José? O que fazer pra (bem) conviver com este drama interior de uma vida que às vezes parece não estar indo nada bem? O interessante é que o filme responde esta questão de maneira bem satisfatória, pois o mais idealista dos protagonistas abraça com risos e satisfação, uma existência bem diferente daquela que um dia sonhara pra si próprio, de verdade. Por isso mesmo, assistir de boa paz a esta aventura romântica é oferecer uma bela oportunidade pra alma entender que nossa particular história tem valores e (boas) razões de ser exatamente o que se tornou, ainda que seja diferente do que um dia planejamos. Eis o primeiro bom motivo pra acompanhar satisfeito e feliz a este romance surpreendente envolto em um desenrolar bastante (in)comum, que não deixa também, de ser atraente. Mas, ainda tem mais. Pois foi o rei e poeta Davi quem melhor escreveu sobre aqueles que cuidam de suas vidas sem se deixar dominar por vaidades e sonhos (irreais) demais pra ser mentira: "Senhor, meu coração não é orgulhoso, e meus olhos não são arrogantes. Não me envolvo com questões grandiosas ou maravilhosas demais para minha compreensão. Pelo contrário, acalmei e aquietei a alma..." (Salmo 131). É isso! A satisfação interior da alma e a realização existencial do espírito tem mais a ver com a descoberta do valor que há nos projetos mais diários da vida - familiares e profissionais, de amizade e cidadania, do que com as outras grandes conquistas que o mundo sugere. Até porque estas conquistas somente serão verdadeiras em nossa história se acontecerem junto daquelas pessoas, não é mesmo? É por isso que o tema mor de "Passageiros" é uma velha máxima da boa espiritualidade: pense globalmente e viva localmente! Bom filme.

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