BLADE RUNNER 2049 é um maravilhoso filme existencial!
Pois saber-se vivo sempre foi uma inquietação filosófica permanente da humanidade.
E foi pela importância da reflexão que o filósofo René Descartes afirmou no século 17 a sua mais expressiva declaração: Penso, logo existo!
O que pouco se diz nestes dias em que se nega qualquer proximidade entre o conhecimento dos homens e a racional espiritualidade da alma humana é que tal declaração sempre teve (mais) a ver com a transcendência da experiência de estar vivo, do que com a simples percepção de que tudo vai bem se estivermos respirando no ano que vêm.
Enfim, eis que a mais famosa defesa da existência humana legitimada pela realidade, acaba de ganhar um novo apelo poético de qualidade, daqueles que somente o melhor da Sétima Arte consegue produzir.
Pois se o sensacional Blade Runner original (1982) questionava serem os replicantes apenas robôs em busca de uma alma pra chamar de sua.
O filme atual, Blade Runner 2049 (Estados Unidos, 2017), analisa experiências de vida no objetivo de encontrar relacionamentos que realmente preencham os anseios existenciais da humanidade.
Eis o enredo da aventura dramática que o diretor Denis VILLENEUVE transformou em paradigma cultural assim que bem relacionou ideias do filme original às reflexões de seu filme anterior, "A Chegada.
Se tornar a segunda parte de um clássico em um filme próximo do primeiro já é uma façanha considerável, embora se diga que Francis Ford Coppola isso realizou em O Poderoso Chefão II.
Imagine então, superar um filme Cult original em sua própria continuação, sendo que aqui falamos simplesmente de BLADE RUNNER!
Dá pra imaginar?
Nossos parabéns à Mr Villeneuve, pois BLADE RUNNER 2049 não apenas aprofunda o original, como ainda dá vida e enredo para alguns dos instigantes pensamentos de Ridley Scott, tornando-os situações humanas profundas dentro de um enredo dramático crível demais.
E olhe que falamos aqui de um filme de ficção científica. Fala sério!
Isto porque o mítico Blade Runner (1982) contou uma história de ficção científica narrada como filme Noir para argumentar de maneira urgente, mas velada, acerca da maior dúvida existencial da humanidade.
Afinal, os seres humanos tem mesmo uma alma dentro de si, ou somos apenas o resultado de séculos de evolução celular?
Pois se os próprios replicantes já sofriam com a razoável inutilidade de uma existência sem alma; e por isso mesmo, quase sem presente e certamente nenhum futuro, imagine eu e você?
A questão é que os anseios do replicante ROY expunham não somente a brevidade da vida humana desde sempre, mas bem mais do que isso, também gritavam a realidade de uma morte "espiritual" constante que já experimentamos hoje, e continuamente, mesmo quando (bem) vivos imaginamos estar. Que horror!
Uma depressão existencial dos robôs de Blade Runner assim definida pelo "livro de cinema" (Globo Livros): "Batty e seus colegas replicantes estão fazendo uma revolução ao forçar seus criadores a vê-los como seres dotados de alma em busca de libertação."
Agora, relacione estes temas do filme original às questões existenciais do último filme do diretor Denis Villeneuve, e somente a partir daí é que você vai começar a participar da magical mistery tour de Blade Runner 2049, pra valer.
Pois no filme A CHEGADA, o diretor moveu seu enredo no objetivo de superar aquelas relações humanas que existem apenas pra realizar uma superficial troca objetiva de informações, burocráticas.
Pois as conversas somente "humanas" do filme ocorrem sempre no propósito de rapidamente afirmar cada distinto interesse egoísta dos envolvidos.
Em contraponto, os primitivos encontros da Dra Banks junto aos aliens Abott e Costelo tem poucas informações a oferecer, mas se revelam bem mais eficazes a partir da interação conjunta que realizam entre os seres.
A visitação alien ao nosso planeta fortalece, então, aquelas idéias que valorizam relacionamentos mais sinceros e integrais entre as pessoas.
Blade Runner 2049 vai elevar estas reflexões a um novo patamar artístico representativo das vivências humanas, pois os certeiros esclarecimentos que busca para as dúvidas existenciais da humanidade, atuam sempre no objetivo de que todos alcancemos maior satisfação dos nossos relacionamentos nesta vida. Pois afinal, é para ser "gente" de verdade que todos existimos, tá entendendo?
A interessante investigação critica de Isabela Boscov (Revista VEJA), assim fotografa o filme para nós: "Nos filmes de Villeneuve, porém, tudo o que é tópico ou político converge de maneira inexorável para o pessoal. (...) Da mesma forma, as alusões de Blade Runner 2049 à escravização ou sub-humanização rapidamente adquirem outras cores. Os protagonistas de Villeneuve viajam sempre para dentro de si mesmos. E nenhum vai tão longe na jornada quanto K, para quem o mais confiável de todos os pontos de partida - a condição humana - nem sequer existe. Assim, enquanto a paisagem grandiosamente devastada de Blade Runner 2049 serve como metáfora da aridez existencial das relações cada vez mais mediadas pela tecnologia... (os replicantes) voltam-se para dentro de seu íntimo e buscam um senso de si mesmos."
Blade Runner 2049 segue adiante na abordagem de valores vivenciais que guardam consigo, sempre, os anseios de vida mais íntimos da alma humana. Pois não basta apenas ser capaz de pensar, é preciso aprender a se relacionar, pra ser (boa) gente!
Um projeto existencial que desafia a realidade interior da nossa alma a surgir concretamente e com sinceridade no exterior da personalidade da gente. Pois é necessário que logo nos tornemos a pessoa que realmente somos. Ou então, não dá nem pra começar a querer (aprender) a viver.
Mas ainda tem mais, pois uma nova e grave questão espiritual acontece assim que começamos a igualar nosso ser exterior com a pessoa interior que quase ninguém conhece.
Pois uma pessoa interior plena de dores e mágoas, iras e maldades, vai acabar nos tornando reféns de nós mesmos.
Afinal, uma personalidade interior doente irá rapidamente deletar na vida cotidiana, todos os melhores sonhos que poderíamos almejar para a nossa existência neste mundo.
Desgraça pouca é bobagem. Mas, não desanime, jamais!
Pois ainda existe uma cura existencial da própria personalidade sempre à disposição, para os espirituais de plantão.
"Se alguém quiser vir após mim, então negue-se a si mesmo.", disse Jesus. É isso! O maior Profeta da espiritualidade logo ensinou aos homens como tratar seu próprio interior confuso, desafiando-os continuamente à milenar prática piedosa da... confissão, ela mesma. Por que não?
Ou seja, aquele que pretende colher flores de sua alma interior assim que a coloca pra existir na sua personalidade exterior, deverá primeiro arrancar de si próprio as sementes de erva venenosa que guarda (bem) escondidas, lá no coração.
Enfim, mudar a visão de si mesmo removendo convicções (quase) solidificadas lá na alma da gente, é uma vivência espiritual incomum e bastante revolucionária, experiência bem próxima de uma situação que reinventa grandemente o enredo do filme, logo apontando ao seu final.
Mas, fique atento ao filme todo, sim, pois em Blade Runner 2049 as relações existenciais mais verdadeiras acontecem tanto em razão de convívios virtuais, quanto pela descoberta de histórias conjuntas de vida.
Nesta última, uma sensível sensação de pertencimento acaba por dominar o cinema, quando compartilhamos do encontro essencial de duas vidas, assim que apenas um "toque" tudo explica e faz acontecer, apenas num instante.
Já um certo distanciamento da vaidade que o próprio ambiente tecnológico consegue gerar, acaba criando a mais pura manifestação de intimidade entre dois seres que no lar, finalmente, agora residem juntos.
E eis que se tornam, então, uma só carne, de alma.
Pois compartilham conversas plenas de detalhes pessoais e sinceros olhares afetivos como poucas vezes assistimos no cinema, e na vida, também.
Mas que são reais, certamente, pois se tornam possíveis demais pra todo mundo, assim que dois seres que imaginavam apenas um espaço no planeta ocupar"; em verdade, agora também são (boa) gente. Logo, eles existem. Bom filme!
Esse texto tem objetivo didático na disciplina de Símbolos de Fé no Seminário Presbiteriano do Sul extensão Curitiba. Daí a utilização de resumos e citações mais longas no interesse de oferecer aos alunos o conteúdo apropriado para o entendimento necessário aos debates e explanações em aula. CONTEÚDO de Aula: CONTEXTO HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO DOS SÍMBOLOS DE FÉ DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL. TEOLOGIA REFORMADA. "Trata-se da teologia oriunda da Reforma (calvinista) em distinção à luterana. O designativo "reformada" é preferível ao calvinista... considerando o fato de que a teologia reformada não provém estritamente de Calvino." (Maia, p. 11, 2007). OS CREDOS E A REFORMA. "Os credos da Reforma são as confissões de fé e os catecismos produzidos nesse período ou sob sua inspiração teológica. Os séculos 4 e 5 foram para a elaboração dos credos o que os séculos 16 e 17 foram para a feitura das confissões e dos catecismos. A razão parece evidente: na Reforma, as...
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