quarta-feira, 25 de julho de 2018

a ÉTICA Protestante e a TRANSFORMAÇÃO da Sociedade no Pensamento de J CALVINO

A REFORMA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DE JOÃO CALVINO: QUAL A INFLUÊNCIA DO PENSAMENTO CALVINISTA NAS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS GERADAS PELA REFORMA PROTESTANTE? RESUMO: Qual a importância de João Calvino para que a Reforma Protestante se tornasse um movimento religioso renovador da sociedade ocidental nos últimos cinco séculos? O presente texto busca responder esta questão a partir das doutrinas calvinistas acerca do conhecimento do homem e da criação social da humanidade. A partir de pensamentos do líder protestante, compreende-se que a contribuição de Calvino foi distintiva na história do Cristianismo para que o Protestantismo assumisse a vida em sociedade como um local essencial para que o fiel religioso cristão desenvolvesse sua vocação cristã no mundo. PALAVRAS CHAVE: Ética e Religião; Progresso Social e Pensamento Reformado; João Calvino e Reforma Protestante; Devoção Secular e Vocação Cristã. INTRODUÇÃO. Lançado no início do século 20, o livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo tornou-se obra clássica da Sociologia da Religião ao desenvolver um método de análise social a partir da percepção da influência da religião na estrutura da sociedade. Como a análise recaiu sobre comunidades de fé reformadas, e como a dedicação ao trabalho secular gerou um progresso e desenvolvimento diferenciais nas sociedades analisadas, utilizou-se o termo “espírito” do capitalismo para designar esta ética protestante que orientava o trabalho do homem enquanto uma devoção religiosa na sociedade. A Reforma Protestante gerou igualmente, transformações culturais inegáveis na sociedade ocidental nos últimos cinco séculos, enquanto uma força religiosa de proporções únicas na história da humanidade. A partir desta realidade, eis a questão: Qual seria o “espírito” pessoal e doutrinal gerador desta dedicação espiritual secular distintiva na economia e sociedade europeia e das Américas, a qual surge de modo tão avassalador e peculiar segundo alguns princípios e ações do protestantismo? Este artigo busca demonstrar que a doutrina precípua do Protestantismo enquanto um movimento de ação religiosa transformador da sociedade humana origina essencialmente de princípios reformados observados por João Calvino nas Escrituras, os quais vieram a se tornar o “espírito” do progresso social Protestante através da história. 1. O ESPÍRITO DO CAPITALISMO NA ÉTICA PROTESTANTE. No início do século 20 o sociólogo alemão Max Weber publicou sua obra clássica da Sociologia da Religião: A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, analisando a formação do capitalismo ocidental a partir de influências religiosas reformadas na sociedade. Suas análises demonstraram a realidade de uma interação profícua entre os valores religiosos dos homens e a estruturação de seu meio social. O título de Weber relacionando a Ética religiosa ao ramo Protestante advém do grupo social base de sua análise, já que ele se serviu do ramo reformado puritano ambientado na Nova Inglaterra dos séculos 17 e 18, para realizar suas avaliações sociológicas. O que ele percebeu foi a existência de um forte sentimento de origem divina no fiel reformado. Devoção que gerava uma especial dedicação ao trabalho secular, que quando associada à necessidade interior de comprovação da salvação pessoal relacionada à doutrina da eleição, determinava uma vivência econômica dos cristãos protestantes como se fora uma premissa essencial da fé. Eis o tema base que orienta a obra mais conhecida de Max Weber: A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. O propósito da obra foi analisar o capitalismo moderno que avançava pelo mundo, a partir de uma origem norte-americana e posicionamento diferencial em relação à atitude capitalista comumente observável em sociedades econômicas ativas no decorrer da história. Segundo Mcgrath, "Weber... defendia que um novo espírito do capitalismo havia surgido no século XVI. Portanto, não é bem o capitalismo, mas uma forma específica de capitalismo que precisa ser explicada." (2005, p. 539). Este novo capitalismo que Weber reconheceu apresentava-se sem inibições à conquista sequencial de riquezas, e igualmente sem desperdício dos ganhos já adquiridos, gerando uma progressão econômica contínua a partir do trabalho do homem, o que promovia um movimento novo dentro da história. "Mas nos tempos modernos, o Ocidente conheceu uma outra forma de capitalismo: a organização racional capitalista do trabalho (formalmente) livre do qual não se encontra em outra parte senão vagos esboços." (WEBER apud SANTOS, 1967, p. 487). O elemento que destacava este capitalismo moderno tornando-o único e revelador da existência do que Weber iria definir como o novo espírito do capitalismo é o de uma perspectiva racional em relação ao trabalho secular profissional livre. Uma perspectiva que direcionava as conquistas da atividade econômica para seus fins específicos, definidos e determinados para a continuidade do progresso e geração de riquezas: “Weber irá demonstrar que o que possibilitou a formação do capitalismo dessa ordem, foram: uma contabilidade racional, uma separação legal da propriedade das empresas e da propriedade pessoal, o desenvolvimento das possibilidades técnicas, bem como uma organização racional do trabalho capitalista, havendo entre esses fenômenos e o capitalismo uma influência recíproca." (WEBER apud SANTOS, 1967, p. 487). Eis os princípios estruturais da distinta dedicação reformada às atividades de trabalho secular e suas consequentes atitudes racionalmente gerenciadas rumo a um objetivo de progresso. Valores geradores de um processo contínuo e crescente de acúmulo de riquezas para a sociedade, cujos homens nela labutavam à luz de alguns dos pensamentos cristãos do maior teólogo da Reforma, João Calvino. Eis como a ética protestante acabou por integrar, então, um novo “espírito” ao capitalismo, posto que este se desenvolveu na sociedade dos homens a partir de princípios doutrinários reformados. O objetivo deste artigo é semelhantemente perceber a existência dos diferenciais fundamentos protestantes geradores da atuação cristã na sociedade, a partir de uma origem reformada. No caso, busca-se resgatar o “espírito” peculiar não somente do calvinismo histórico, mas sim, dos escritos de João Calvino, pois é a partir de suas doutrinas que desejamos reconhecer como a Reforma Protestante se tornou uma das maiores forças culturais a transformar e fazer progredir a sociedade humana através dos últimos 500 anos. Neste sentido, iremos nos debruçar neste artigo pela busca de pensamentos singulares calvinistas que se tornaram definidores do modo protestante de ser e pensar, enquanto valores de uma atuação social cristã junto da humanidade. 2. DO CONHECIMENTO DE DEUS. O BOM CONHECIMENTO DO HOMEM. João Calvino nasceu na França e tornou-se um notável líder da Reforma Protestante do século 16 a partir tanto de seu tratado teológico “As Institutas da Religião Cristã”, bem como por sua atuação enquanto líder religioso e social na cidade de Genebra, até sua morte em 1564. Fundador da Universidade de Genebra, humanista cristão, dedicado estudioso da Bíblia e reconhecido como literato entre acadêmicos, Calvino irá fomentar através de sua doutrina e liderança o início de um movimento de transformação da religião e sociedade que permanece relevante na atualidade. As Igrejas Reformadas e igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil carregam consigo as doutrinas deste reformador, ao mesmo tempo em que qualquer movimento protestante jamais possa negar as influências teológicas e éticas que saíram do entendimento deste que, junto de Martinho Lutero, notabilizou-se como líder mor da Reforma Protestante. O supremo princípio doutrinário que irá mover o Protestantismo como um movimento cristão singular é aquele pelo qual Calvino objetivamente propõe uma reforma religiosa que atua em aproximação ao mundo: "Se houve qualquer movimento religioso, no século 16, que tenha tido uma atitude afirmativa em relação ao mundo, esse foi o Calvinismo. "(Mcgrath, 2004, p. 249). Esta é a perspectiva que dá unidade e rumo às práticas dos fiéis cristãos calvinistas enquanto uma reação de devoção religiosa diante de Deus e a partir de seus mandamentos. Trata-se de uma atitude afirmativa para com o homem e seu mundo que se realiza através de um olhar cristão reformado que percebe o ser humano “positivamente”, a partir de dois momentos: quando criado pôr Deus, e assim, bom, como toda a criação no seu início. E num segundo momento, evangelicamente, quando o homem é renovado pôr Deus em Jesus Cristo, e assim transformado para viver novamente junto e submisso ao Criador – aqui, o cerne do propósito religioso salvífico do cristianismo. O reconhecimento da existência destes dois momentos da vida do ser humano é o que irá prover à religiosidade protestante, especialmente ao calvinismo reformado, a perspectiva de que o homem e seu mundo errantes não devem ser renegados através da condenação, mas sim, respeitados e reconquistados ao propósito inicial do Criador. Pois um mundo e seres humanos originalmente criados por Deus não devem ser abandonados em seu estado de imperfeição e rebeldia, mas sim, observados à luz de sua origem e visualizados na esperança do dia em que tudo irá existir conforme somente o bom propósito de Deus. Uma proposição do evangelho que se cumprirá no fim dos tempos, mas que já está no meio de nós, e a religião cristã deve apregoar agora e viver desde sempre, os primeiros passos deste ideal último de Deus à criação e humanidade. São estas as razões, segundo Knudsen, em Calvino e sua influência no mundo ocidental, pelas quais "o Calvinismo teve em mira não a reforma na doutrina, na vida individual e na vida da igreja, mas também a transformação de toda a cultura, em nome de Cristo." (1990, p. 12) Eis como, segundo Calvino, uma gerência cristã da conduta humana em sociedade é um projeto da redenção dos talentos e capacidades especificamente entregues à humanidade conforme um propósito divino determinado desde a criação. Portanto, o Protestantismo entende a partir de Calvino que a mesma perspectiva que não amaldiçoa definitivamente o que é humano e secular neste mundo; ao contrário de proposta regular em outras religiões, que afirmam o afastamento do homem do mundo desgraçado, pois somente assim se fazem dignos de Deus. Torna-se, igualmente, uma perspectiva e princípio que visualiza e projeta um tratamento distinto e abençoador de toda a existência humana no planeta. Pois é um posicionamento que ocorre a partir do que lhe é originalmente bom - a vontade primeira de Deus para a humanidade e sua vivência social. Afinal, a existência cultural do homem não origina do homem sem Deus, mas bem ao contrário; nasce sim, da essência do ser humano que foi criado pôr Deus. E que junto de Deus já conviveu em completude e harmonia no início dos tempos. Calvino assim esclarece esta peculiar distinção representativa do momento em que a raça humana foi criada: “Deste conhecimento há dois ramos, a saber, o conhecimento do homem conforme originalmente foi criado, e o conhecimento da condição do homem desde a queda de Adão (...). Pois antes de tratarmos do estado miserável ao qual o homem caiu, vale a pena lembrar-nos daquilo que ele era originalmente (...). “(CALVINO, 1984, p. 80) 3. A GRAÇA COMUM. A CULTURA E A SOCIEDADE DOS HOMENS. Assim, é a partir deste entendimento reformado da criação do Ser humano que João Calvino irá desenvolver a doutrina que irá se tornar um dos princípios teológicos de maior relevância religiosa na história sócio cultural da humanidade. Trata-se da percepção calvinista que reconhece que nem tudo que há no mundo requer ser redimido, para só então obter algum valor, como se nada de bom carregasse em si naturalmente. Pois há humanidades e artifícios do agir do homem que conseguem ser edificados à luz da boa vontade de Deus, mesmo se reconhecidos como existentes dentro da premissa que afirma estar o homem distante e contrário ao plano original do Criador, a partir da Queda: “Atribuir ao homem total cegueira, que não lhe deixa inteligência alguma, não é apenas contrário à Palavra de Deus, mas também contrário à experiência e ao bom senso (...) Lembremo-nos, portanto, desta distinção: o conhecimento de assuntos terrestres é uma coisa, o conhecimento de assuntos celestiais é outra. Por assuntos terrestres quero dizer os que se referem à vida presente (...).” (CALVINO, 1984, p. 112). Calvino adverte que a situação de rebeldia do homem para com o Criador não impede a humanidade de viver debaixo da ação providencial de Deus, que tem o bom propósito de manter a continuidade e a boa vivência dos homens - é a Graça Comum de Deus, que permanece sobre todos os homens e as suas ações nesta vida: “Visto que o homem por natureza é de disposição social, está inclinado pelo instinto natural a estimar a sociedade e a conservá-la (...) Além disso, todos nós temos alguma aptidão para aprender as artes liberais e mecânicas; e esta é outra prova do vigor da mente humana (...) E embora a razão seja uma bênção comum que é outorgada a todos nós, cada um deve reconhecer que sua participação nela é um favor especial que Deus lhe conferiu.” (CALVINO, 1984, p. 112 – 113) Eis os princípios e alguns dos pensamentos de João Calvino que foram os promotores de uma distinta valorização da cultura humana por parte da religião, fatores que tornaram o protestantismo em um movimento que propiciou grande progresso à humanidade nos últimos séculos. Segundo Knudsen, as artes liberais e as ciências exatas eram percebidas com premissa positiva pelo Calvinismo, ao contrário de outros movimentos religiosos cristãos que as declaravam totalmente renegadas ou inicialmente percebiam-nas sob um olhar majoritariamente negativo. Dentro desta perspectiva, a cultura do homem não apenas se permitia ser redimida para continuar sendo uma abençoada, cultura - pois não se nega ao homem a vivência de suas humanidades enquanto ele busca sua santidade. Como, ainda, tornava possível a observação de que mesmo uma cultura desenvolvida em um mundo caído, era igualmente eficaz e necessária em muitos aspectos – um entendimento positivo e tanto enquanto premissa religiosa que deseja propor uma orientação devocional à vida do fiel em sociedade. Importa ressaltar a realidade de uma proximidade e complementaridade entre os pensamentos de nossos mais distintos reformadores, Lutero e Calvino, acerca desta visão cristã protestante da sociedade humana, conforme anotada por Andre Biéler, em sua obra: A Força Oculta dos Protestantes. Pois nesta, o autor reconhece uma diferença maior de ênfase, apenas, entre o pensamento de ambos. Algo que ocorre mais em razão do peculiar momento histórico, tanto religioso quanto social, com que cada um deles se deparou. E assim, perante tais e distintas ocasiões buscaram oportunamente atuar, e responder, enquanto teólogos e líderes do novo movimento religioso que ambos gestavam, a histórica Reforma Protestante do Cristianismo. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir desta convicção teológica acerca da criação do mundo e do ser humano, o teólogo João Calvino vai desenvolver as mais amplas possibilidades de vivência social cristã ao fiel reformado, perfazendo uma experiência religiosa dentro do mundo que resultará naquilo que Henri Hauser denominou de "secularização do sagrado" e, que, segundo Mcgrath, "envolvia trazer toda a esfera da existência humana para dentro do âmbito da santificação divina e da dedicação humana." (2004, p. 250). Eis, portanto, o fundamento da doutrina calvinista que oportuniza ao cristão protestante uma atuação ativa em sociedade, a qual irá se desenvolver enquanto ética abençoadora na cultura da humanidade – um reconhecimento do próprio chamado de Deus ao homem para viver no mundo a partir do governo soberano do Criador. Um princípio reformado responsável por realizar uma grave e contínua revolução social na história, a qual a Reforma Protestante protagonizou exatamente a partir do “espírito” de João Calvino. Pois o que Calvino bem compreendeu foi o quanto um compromissado relacionamento do homem com Deus pode socialmente transformar o mundo. Eis a origem de sua essencial Ética Protestante, que se baseia na força da própria Presença de Deus no homem cristão. Comunhão divinal que o desafia e conduz para gerar vida, e Vida em abundância, em todo lugar e relacionamentos sociais que o fiel reformado vier a experimentar no mundo, assim como prometera Jesus ocorreria através da vida de seus discípulos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira e QUINTANEIRO, Tania. Um Toque de Clássicos. Marx, Durkheim e Weber - Belo Horizonte, Editora UFMG, 2002. BIÉLER, André. A Força Oculta dos Protestantes. Tradução de Paulo Manoel Protasio - São Paulo: Cultura Cristã, 1999. BIÉLER, André. O Pensamento Econômico e Social de Calvino. Tradução de Waldyr Carvalho da Luz. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana S/C, 1990. CALVINO, João. A verdadeira vida cristã. Tradução Daniel Costa. São Paulo: Editora Cristã Novo Século, 2000. _______________João. As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa / tradução Odayr Olivetti. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. COSTA, Herminsten M. P. Raízes da Teologia Contemporânea. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. COSTA, Herminten M. P. Calvino de A a Z. São Paulo: Editora Vida, 2006. DE LIBERAL, Márcia de Mello Costa. Liberal. A religião como fonte de ética: revisitando alguns paradigmas. 2002 / pg 65-68, (Revista Portuguesa de Ciências das Religiões, ano 1, nº 2). GOMES, Antonio Máspoli de Araújo. Ética Cristã, educação e responsabilidade social em Lutero e Calvino. Ética: reflexões contemporâneas / De Liberal, Márcia Mello Costa e Souza Neto, João Clemente (Org.): Arauco Editora, 2005. McGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, histórica e filosófica: uma introdução a teologia cristã. Tradução Marisa K. A de Siqueira Lopes. São Paulo: Shedd Publicações, 2005. McGRATH, Alister E. A Vida de João Calvino. Tradução de Marisa Lopes, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004. MENDONÇA, Antonio Gouvêa. Editor . O Pensamento de João Calvino - São Paulo: Editora Mackenzie, 2000 - (Série Colóquios; v.2) KNUDSEN, Robert D, REID, W. Stanford (Ed.). Calvino e sua influência no mundo ocidental. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana S/C 1990. WEBER, Max. A Ética Protestante e o "Espírito" do Capitalismo. Tradução José Marcos Mariani de Macedo; revisão técnica, edição de texto, apresentação, glossário, correspondência vocabular e índice remissivo Antônio Flávio Pierucci. - São Paulo: Companhia das Letras, 2004. (este ARTIGO foi publicado originalmente na REVISTA TEOLÓGICA FATESUL, n 1 vol 1, 2018)

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